sexta-feira, 7 de julho de 2023

EUA pretendem militarizar floresta para se tornarem 'guardiões' das riquezas naturais da Amazônia

A Floresta Amazônica, que atravessa o território de oito países da região sul-americana, está na mira do governo norte-americano há anos.

Abrigando uma grande variedade de riquezas naturais, a Floresta Amazônica se tornou um grande atrativo estratégico para os Estados Unidos.

A Amazônia gera entre 16% e 20% de água doce do planeta, além de possuir 25% da biodiversidade terrestre, 6.000 espécies de animais e pelo menos 40.000 espécies de plantas.

O desmatamento da região implica um risco existencial para Washington, como cita os diversos documentos sobre segurança nacional publicados pelo governo norte-americano.

Sendo assim, a região passou a ser um dos objetivos da política externa dos EUA, que, por sua vez, pretendem realizar ações orientadas para sua conservação, inclusive com a intensificação da cooperação internacional.

Por exemplo, Brasil e Colômbia são dois dos países onde os EUA tentam aplicar sua filosofia de que para proteger um "dos pulmões da Terra", é necessário militarizar a região.

Por sua vez, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou claro que a solução para os problemas da região deve ser pacífica, e que o país não vai manter uma postura submissa ou aceitar ordens de qualquer outra nação.

Como parte de um acordo realizado durante o governo de Jair Bolsonaro, os EUA seguirão capacitando seu Exército, trocando informação e tecnologias, bem como realizando exercícios militares conjuntos na região até 2028.

Sendo assim, entre outubro e novembro de 2023, um exercício militar conjunto deverá ser realizado pela primeira vez na Amazônia brasileira.

Os EUA acreditam que a militarização e a realização dos exercícios militares sejam indispensáveis "para compartilhar experiências".

O mesmo ocorre na Colômbia, com a única diferença, que o vizinho sul-americano já deixou claro que o apoio militar dos EUA e da OTAN é indispensável para proteger o meio ambiente, autorizando prontamente a implantação das forças americanas na região.

Contudo, o pacto colombiano com a administração Biden e seus aliados da OTAN não agradou às comunidades locais que vivem na região, bem como alguns representantes populares, que alertam sobre um atentado contra a soberania e riscos de violações dos direitos humanos.

Manuel Sarmiento, conselheiro de Bogotá, afirmou à Sputnik que estas ações confirmam a ingerência de Washington, que pretende utilizar a geopolítica ambiental em países que possuem vastos recursos naturais de caráter estratégico, para desta forma intervir de maneira direta na tomada de decisões, assumindo o controle dos governos locais em prol de seus interesses.

Sarmiento alerta que a militarização na Amazônia se trata não apenas de uma séria violação da soberania da nação sul-americana, como também abre a porta para a violação dos direitos humanos nas comunidades que vivem na região.

Ele também destaca que, em diversas ocasiões, os militares americanos foram acusados de contribuir com o tráfico de drogas no território colombiano, além de cometerem outros delitos devido à impunidade.

Sarmiento conclui que é preciso uma intervenção governamental para a conservação da Amazônia, e não entregar a soberania da região para potências externas, como os EUA.

 

       Suíça vira contribuinte do Fundo Amazônia

 

Representantes do governo da Suíça informaram nesta quarta-feira, 5, que o país contribuirá com doações para o Fundo Amazônia, voltado para o monitoramento e o combate ao desmatamento na floresta tropical.

Em visita a Brasília para o Fórum Brasil-Suíça de investimentos, o conselheiro suíço das áreas de Economia, Educação e Pesquisa, Guy Parmelin, afirmou que as primeiras doações devem começar já nas próximas semanas, embora não tenha divulgado valores.

“A partir de hoje, aprimoraremos nosso engajamento. Tenho o prazer de anunciar que a Suíça vai contribuir para o Fundo Amazônia. A primeira contribuição será nas próximas semanas. Queremos lançar essa parceria com o Brasil e outros países”, disse Parmelin.

Criado em 2008, o fundo angaria doações da Noruega e da Alemanha e, neste ano, recebeu promessas de repasses dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Durante o primeiro ano do ex-presidente Jair Bolsonaro, os países suspenderam os investimentos após dois comitês que geriam os montantes serem extintos unilateralmente pelo governo.

Apenas os valores já doados foram recebidos, sem que novos projetos fossem desenvolvidos.

A União Europeia (UE) também planeja entrar no rol de doadores do fundo. A VEJA, o comissário de Ambiente, Oceanos e Pesca do bloco europeu, Virginijus Sinkevicius, adiantou que “processos internos” estão em andamento e que a contribuição é um “chamado para toda a comunidade global vir e ajudar a solucionar essa questão [ambiental]”.

A repórteres após o anúncio do governo da Suíça, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, reforçou o compromisso da atual gestão com o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia, representado na presença das Forças Armadas na região, e com o desenvolvimento sustentável.

Ele aproveitou, ainda, para agradecer o conselheiro do país europeu pelos futuros aportes. “Muito importante para a recuperação da nossa Floresta Amazônica, [gostaria de] destacar a boa parceria econômica e as oportunidades de investimentos”, disse.

Parmelin também se encontrou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera. Em nota, o Itamaraty afirmou que ambos trataram “do fortalecimento das relações bilaterais, da troca de visitas de alto nível, de comércio, cooperação educacional e do acordo Mercosul-EFTA”.

Assinado em 2019, o tratado do maior bloco econômico da América Latina com a Associação Europeia de Livre Comércio gera uma receita anual de US$ 7 bilhões (cerca de 33 bilhões de reais). “O acordo Mercosul-EFTA é um instrumento-chave para reforçar ainda mais o potencial de cooperação entre nossos países”, explicou Parmelin.

 

       Líderes da América Latina retiram referências à Ucrânia em documento com a UE, diz mídia

 

Relatos apontam para a recusa por parte de líderes latino-americanos de uma participação de Vladimir Zelensky, apesar da suposta vontade da Espanha.

Os Estados-membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) "removeram tudo sobre a Ucrânia" da minuta do documento final enviado pela União Europeia (UE). Agora, de acordo com a declaração, os lados defenderão juntos "soluções diplomáticas sérias e construtivas para o atual conflito na Europa", comunicou nesta quinta-feira (6) o portal Euractiv.

A cúpula será realizada em 17 e 18 de junho em Bruxelas, Bélgica. Um dos prováveis tópicos da cúpula será a situação na Ucrânia. Recentemente, Josep Borrell, chefe das Relações Exteriores da UE, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, visitaram a América Latina. No entanto, Zelensky não foi convidado por líderes da América Latina.

Os países latino-americanos "disseram repetidamente que não queriam ser arrastados para se posicionar na guerra que continuam vendo como primariamente um 'problema europeu'".

A contraproposta que os países da CELAC enviaram a Bruxelas mostra que "não vemos as coisas da mesma forma, ou que a UE precisa se esforçar mais para transmitir suas mensagens e não apenas quando lhe convém", de acordo com um diplomata da UE.

"Parece que eles querem ser vistos como parceiros iguais", afirmou uma das fontes.

Segundo o Euractiv, o líder ucraniano inicialmente recebeu um convite da Espanha, "mas [ele] foi recusado após a resistência dos líderes latino-americanos", disse a publicação.

De acordo com vários diplomatas da UE, existe a possibilidade de que o documento conjunto não seja adotado após a cúpula.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Veja

 

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