sexta-feira, 7 de julho de 2023

Divergência entre Brasil e China sobre ampliação do BRICS e da ONU 'é visível', diz mídia brasileira

Apesar da forte parceria comercial e da amizade, Pequim e Brasília descordam da forma como a expansão do BRICS e do Conselho de Segurança da ONU deve acontecer, uma vez que os dois têm objetivos diferentes. Movimento chinês poderia até levar o Brasil a desengajar no BRICS, diz jornal brasileiro.

Em uma nova ordem mundial que começa a engatinhar para se estabelecer no mundo, um dos grupos com mais destaque é o BRICS, visto que é formado por países que acreditam no conceito de multipolaridade e queda da hegemonia.

Com esse viés, o BRICS tem atraído cada vez mais a atenção do mundo e, naturalmente, novos países pedem para entrar no organismo. Na reunião de ministros de Relações Exteriores do grupo em junho, 13 países manifestaram o interesse à adesão.

Entretanto, sobre a expansão do bloco, há uma divergência clara entre dois membros: China e Brasil. O lado chinês tem pressa para promover a ampliação, já o lado brasileiro está mais cauteloso e propõem uma expansão com matizes do que é feito no Mercosul.

Em reunião nesta semana em Durban, na África do Sul, o impasse continuou e o tema foi empurrado para a cúpula de líderes marcada para 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, segundo o jornal Valor Econômico.

Ministério das Relações Exteriores da Rússia, à esquerda, o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e o ministro das Relações Exteriores da Índia Subrahmanyam Jaishankar posa para foto de família durante reunião de chanceleres do BRICS, na Cidade do Cabo, África do Sul. Uso editorial apenas, sem arquivo, sem uso comercial. Ministério das

Portanto, haverá muita pressão para que uma decisão sobre a ampliação ocorra no retiro dos presidentes. Retiro é onde Luiz Inácio Lula da Silva e os outros líderes terão o "constrangimento" de estarem sós. Em meio a bajulação ou argumentos pesados ou ambos, pode ocorrer um movimento para a cúpula tomar algum passo, escreve o jornal.

A mídia afirma que o Brasil defende que a expansão consista em ter uma categoria intermediária de parceiros, para manter a unidade desse grupo que congrega países com características especiais.

Já Pequim, vê na ampliação uma coalizão de países em torno do polo chinês para contrapor-se à coesão do G7 que tenta frear as ambições mundiais da China. A divergência entre os dois pontos de vista é visível, diz a mídia.

O gigante asiático estaria buscando um movimento mobilização contra o bloco ocidental, em torno de agendas anti-G7, o que não seria do interesse do Brasil e nem da Índia.

A mídia ressalta que Nova Deli é ainda mais radical que o Brasil contra a expansão do BRICS, mas tem outras considerações políticas, como a disputa de influência com a China no Oriente Médio.

Ao mesmo tempo, Brasília tem defendido uma outra ampliação: a do Conselho de Segurança da ONU.

Neste ponto, o governo de Xi Jinping e de Lula também divergem, uma vez que, segundo a mídia, a China tem sido o país mais reacionário no Conselho de Segurança, já que enxerga risco de a reforma empoderar outros países, como o Brasil, Alemanha, Índia, que poderão ampliar sua capacidade de ter posições independentes, que podem coincidir ou não com a China.

Já a Rússia é a favor do ingresso de outros países no concelho, algo que ficou claro com as declarações dadas na semana passada pelo chanceler russo, Sergei Lavrov, quando defendeu a entrada de nações da América Latina, África e Ásia, conforme noticiado.

De volta ao BRICS, o jornal complementa que em vez de expansão ampla, a sinalização brasileira por uma categoria intermediária de parceiros lembra a figura de Estados associados ao Mercosul. Mas se a abertura do bloco ocorrer como Pequim pretende, o que pode acontecer com Brasília no grupo?

O Brasil pode promover um gradual desengajamento, onde ele participaria, mas iniciativas atuais de cooperação como no campo espacial, no grupo de vacinas e outras áreas de trabalho em ciência e tecnologia sofreriam fortemente, escreve o Valor Econômico.

Contudo, se o BRICS realmente impulsionar uma ampliação, no quesito América Latina, o candidato mais natural seria a Argentina, a qual já expressou publicamente em viagens do presidente Alberto Fernández à Rússia e China feitas no ano passado, sua intenção de aderir ao bloco.

 

Ø  Ante tendência do mercado global, Petrobras avança para negociar em moedas nacionais

 

A gigante energética brasileira Petrobras pode começar a negociar em moedas nacionais como o yuan, disse o CEO Jean Paul Prates à Sputnik.

"Sim, vamos avançar para isso. Isso depende também das autorizações do Banco Central, do nosso Ministério da Fazenda. Mas hoje, com o atual governo, não temos resistência a isso. Temos falado sobre contratos em yuan. Estávamos falando de contratos para a Argentina, por exemplo, muito importantes, porque estão muito carentes de dólares. Então, quase seremos obrigados a lidar com esse tipo de alternativa em relação ao dólar", disse Prates à Sputnik nos bastidores do Seminário Internacional da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Viena.

A Petrobras também continua aberta a moedas digitais como o bitcoin e tem um departamento analisando essa opção, acrescentou o executivo.

Mais países estão se afastando do dólar americano no comércio bilateral. No setor de energia, Rússia e Índia vêm explorando a opção de negociar em moedas nacionais, contornando a necessidade de usar o dólar americano, já que o país do sul da Ásia é um grande comprador de energia russa. No entanto, as negociações entre Moscou e Nova Deli sobre a liquidação do comércio em rúpias foram suspensas em maio deste ano.

·         Indústria petrolífera brasileira

É esperado que a produção de petróleo do Brasil continue crescendo neste ano e em 2024 em cerca de 4-5%.

"Temos dois novos navios flutuantes de armazenamento e descarga [FPSOs, na sigla em inglês] que saíram agora, neste ano. Então, podemos ter outro incremento de 4% ou 5% [...] neste ano e no próximo também, pelos planos que já temos, de FPSOs que já estão sendo construídos e entrarão em operação muito em breve", disse Jean Paul Prates à Sputnik à margem do seminário internacional da OPEP.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que, em 2022, a produção de petróleo do país subiu para três milhões de barris por dia, registrando um aumento de 4% em relação a 2021. Enquanto isso, as reservas totais de petróleo do país aumentaram 10,6% em relação ao ano anterior, ou 26,91 bilhões de barris.

Ao mesmo tempo, as reservas comprovadas de petróleo do Brasil cresceram 11,5%, totalizando 14,9 bilhões de barris. Suas exportações de petróleo saltaram 68,3%, para 1,3 bilhão de barris por dia.

 

Ø  Lula afirma que 'não quer se meter na questão' do conflito entre Rússia e Ucrânia

 

Na nova avaliação do petista, o Brasil é um país que "se dá bem com todo mundo" e que o fato do país não ter problema com nenhuma nação deve ser aproveitado.

Durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não ter a intenção de ficar fazendo comentários sobre o conflito no Leste Europeu, uma vez tem muitos assuntos domésticos a tratar.

"Não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia. A minha guerra é aqui, é contra a fome, contra a pobreza, contra o desemprego", disse o mandatário citado pela Folha de São Paulo.

Lula também afirmou que o país tem bom relacionamento com todas as nações e que não pretende comprar briga com ninguém.

"O Brasil tem a chance que jamais teve. O fato de o país ter ficado exilado durante os últimos seis anos deu ao mundo uma sede, necessidade do Brasil. E precisamos tirar proveito, porque o Brasil não tem contencioso com ninguém. O Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil."

Em diversos momentos, desde que chegou pela terceira vez à presidência, Lula teceu comentários sobre o conflito. Um dos seus últimos comentários aconteceu em sua visita à Europa no fim do mês passado.

Anteriormente, o presidente já disse que os Estados Unidos e a União Europeia ajudam a perpetuar o conflito com o envio de armas para Ucrânia.

•        Lula diz que conversa com Joe Biden no G7 o incentivou a tentar reeleição: 'Sou mais novo que ele'

Em entrevista nesta quinta-feira (6), Luiz Inácio Lula da Silva voltou a considerar a possibilidade de concorrer à reeleição, algo que começou a ventilar em fevereiro deste ano.

O presidente afirmou que o encontro com Joe Biden no Japão serviu de incentivo e que, caso não concorra novamente, não permitirá campanha antecipada de ministros, relata o jornal O Globo.

"Nesses dias eu fui a Hiroshima, encontrei com o presidente Biden e eu perguntei se era verdade que ele iria concorrer. Ele falou 'vou'. Eu falei, 'isso é um estímulo', eu sou mais novo do que ele", disse Lula.

O mandatário também declarou que não vai permitir que ministro seu "faça política antes do tempo" e que o dado concreto, caso não tente a reeleição, "é trabalhar para que o governo tenha um candidato".

"É importante que a gente tenha muita paciência, muito cuidado. Eu não vou permitir que ministro meu faça política antes do tempo. Fazer política depois que chegar março ou abril de 2026, que ele tiver a convenção partidária, que ele quiser ser candidato, que quiser se afastar do governo ele pode ser candidato. Dado concreto é que eu trabalho muito para que governo tenha um candidato", afirmou.

Em julho do ano passado, nas vésperas da campanha eleitoral, o petista disse "não vou ser um presidente da República que está pensando na sua reeleição", relembra a revista Exame. No entanto, em fevereiro deste ano, Lula começou a ensaiar um discurso para 2026.

 

Ø  Liderada por Brasil e México, América Latina atrai investidores em ações emergentes

 

O jornal Financial Times destacou que os investidores estão afluindo para os títulos e moedas latino-americanos atraídos pelas altas taxas de juros da região, bem como baixa inflação e economias mais flexíveis.

De acordo com o jornal, com o controle da inflação e tendo cinco moedas no topo de desempenho mundial, bem como suas políticas agressivas e perspectivas de crescimento, a América Latina atraiu a atenção dos investidores.

A região tem acarretado uma sequência considerável de ganhos consecutivos, enquanto as ações do Leste Europeu, Oriente Médio e África estão prestes a sofrer suas maiores perdas.

Além disso, as previsões de lucro aumentaram 4% na América Latina este ano.

A mídia também ressalta a importância do Brasil, que possui uma das políticas mais agressivas e proativas do mundo, colocando o país em um ciclo de flexibilização.

Outro fator atraente foi o esforço do país de revisar as isenções fiscais para enfrentar o déficit orçamentário.

Liderando os investimentos ao lado do Brasil, o México está atraindo investidores por conta de sua localização. Fazendo fronteira com os EUA, o país oferece baixos custos de produção, evita gargalos logísticos e reduz a dependência da China.

Com um cenário favorável, os investidores passaram a acreditar que este seja o melhor momento para comprar títulos na região.

O Relatório de Investimento Mundial de 2023, publicado na quarta-feira (5), mostrou que o fluxo de investimento estrangeiro direto para a América Latina e o Caribe subiu em 51% em 2022.

Na América do Sul, o fluxo para o Brasil aumentou em 70%, para US$ 86 bilhões (R$ 417 bilhões), o segundo maior nível já registrado.

 

Ø  Índia aumenta empréstimos à África para competir com China: 'Diplomacia econômica'

 

"Volume de financiamento da China é maior do que o da Índia, mas Nova Deli permite que os governos decidam o que precisam e não os sobrecarrega com o tipo de projetos vaidosos pelos quais Pequim é frequentemente criticada", afirma diretora de banco de empréstimo indiano.

A África se tornou o segundo maior receptor de crédito da Índia. Na última década, 42 nações africanas receberam cerca de US$ 32 bilhões (R$ 206 bilhões) ou 38% de todo o crédito concedido pela por Nova Deli. Em entrevista à Bloomberg, Harsha Bangari, diretor-gerente do Export Import Bank da Índia, disse que o banco é um instrumento da "diplomacia econômica" indiana.

Bangari acrescentou que o país do sul da Ásia também abriu 195 linhas de crédito baseadas em projetos no valor de cerca de US$ 12 bilhões (R$ 59 bilhões) em toda a África, três vezes o número que possui em sua própria região na última década.

"A África tem feito bom uso das linhas de crédito, estendidas a projetos que incluem saúde, infraestrutura, agricultura e irrigação e a Índia está vendo um aumento constante da demanda […] se você vir os projetos que a Índia apoiou, verá que eles trazem muitos benefícios para a economia", afirmou.

Entretanto, apesar do esforço recente indiano, a nação ficou para trás de seu vizinho maior e mais rico em fazer incursões na África.

Segundo a mídia, embora os empréstimos da China para o continente africano tenham caído desde 2016, no geral nos dez anos até 2020, ela prometeu US$ 134,6 bilhões (R$ 663 bilhões) para nações africanas. Isso é quase 11 vezes mais do que a Índia tem oferecido.

No entanto, o governo do primeiro-ministro Narendra Modi pressionou por um maior alcance na África, aumentando os laços econômicos e diplomáticos.

Nos últimos nove anos, 18 das 25 novas embaixadas ou consulados indianos foram na África. Em fevereiro, a Índia recebeu 48 países africanos na cúpula da Voz do Sul Global.

"Estamos tentando pensar daqui a 25 anos e nos perguntemos onde provavelmente estaremos em 2047 e o que deveríamos estar fazendo agora para nos preparar para isso", disse o ministro das Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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