Putin:
'Rússia vive momento de autodeterminação e exercerá sua soberania sem regras
impostas'
Putin afirmou que a Rússia luta diretamente pela
autodeterminação, em uma época em que tudo que vem de Moscou tenta ser anulado
ou distorcido devido aos sentimentos russofóbicos decorrentes do conflito na
Ucrânia.
Em um vídeo por ocasião da inauguração da Academia
de Indústrias Criativas no cluster de arte Tavrida, o presidente russo,
Vladimir Putin, destacou a importância das contribuições culturais que a nação
eurasiana deu ao mundo, mas lamentou que a Rússia não é reconhecida no mesmo
sentido.
Ao mesmo tempo, Putin aproveitou para enviar uma
mensagem clara de que o Estado russo não precisa de ordens ou ditames de outros
países para exercer sua soberania.
"Temos um enorme respeito pelo patrimônio da
cultura mundial. Em nosso país, é simplesmente impossível imaginar tentativas
de 'defasá-lo'. Mas o que está acontecendo no mundo, entendemos cada vez com
mais clareza: não precisamos de referências ou imposições estrangeiras
grosseiras que suprimem qualquer originalidade e singularidade de
desenvolvimento", afirmou.
O líder russo também acrescentou que "este é
essencialmente um momento de autodeterminação para nós, uma luta pelo direito
de sermos nós mesmos".
Por fim, Putin condenou o fato de a cultura e as
artes estarem sendo campos que atualmente utilizados como "epicentros de
confronto geopolítico", quando na realidade deveriam servir como
instrumentos de coesão entre os povos.
"Tudo que se relaciona à Rússia tenta ser
'cancelado', apagado do patrimônio da civilização […] Dessa forma, tais
'figuras' [do Ocidente] punem, antes de tudo, a si mesmos, pois privam seu
próprio povo e seus cidadãos da oportunidade de desfrutar verdadeiras
obras-primas", finalizou o presidente em seu discurso.
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'Grande erro' pensar que a Ucrânia vencerá, diz
embaixador da Rússia no Reino Unido
Andrei Kelin deu uma entrevista à emissora britânica
BBC. Ele advertiu que a Rússia tem muitos recursos no conflito, e que os países
ocidentais estão escalando a situação com novos suprimentos de armas.
A Rússia nem sequer começou a "agir com muita
seriedade" na Ucrânia, declarou Andrei Kelin, embaixador da Rússia no
Reino Unido, em uma entrevista à emissora britânica BBC.
"É um grande erro idealista pensar que a
Ucrânia prevalecerá. A Rússia é 16 vezes maior que a Ucrânia. Temos recursos
enormes e ainda não começamos a agir com muita seriedade", disse ele em
declarações divulgadas no sábado (28).
Enquanto o Reino Unido, os EUA e os outros aliados
da OTAN continuam suprimindo a Ucrânia com armas para sustentar o regime do
presidente Vladimir Zelensky, como os mísseis de cruzeiro Storm Shadow
fornecidos pelo Reino Unido, eles correm o risco de trazer uma "nova
dimensão" ao conflito, alertou o diplomata.
"Isso depende da escalada da guerra que está
ocorrendo. Mais cedo ou mais tarde, essa escalada poderá ter uma nova dimensão
que não precisamos e não queremos. Podemos fazer a paz amanhã, se o lado
ucraniano estiver preparado para negociar, mas não [há] condições prévias para
isso", apontou o enviado.
Kelin clarificou que, para entender a verdadeira
natureza do regime escondido em Kiev, é preciso reconhecer que as autoridades
ucranianas estão travando uma guerra contra os residentes de Donbass desde
2014.
"Nós queremos paz. Não queremos que a Ucrânia
ameace a Rússia, isso é uma coisa, e em segundo lugar, que os russos na Ucrânia
sejam tratados como todas as outras nações do mundo. Como um francês na Ucrânia
[...] Estamos apenas defendendo as terras que estão sob controle e ajudando o
povo russo por lá. Estamos reconstruindo o Donbass", disse Andrei Kelin.
"Se o fornecimento de armas for interrompido,
ele será interrompido depois de amanhã. Por favor, parem com isso".
Em 2014, um golpe de Estado pró-ocidental expulsou
do poder o recém-eleito presidente ucraniano Viktor Yanukovich. Em seguida
começou um conflito na região de Donbass entre as forças de Kiev e as
separatistas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk, com crimes de guerra e
perseguições de russófonos na região. Além disso, a região da Crimeia regressou
à posse da Rússia.
Ø Especialista: por que a OTAN não tem o direito de reclamar sobre armas
nucleares russas em Belarus?
Moscou e Minsk assinaram acordos esta semana sobre a
implantação de armas nucleares táticas russas em uma instalação de
armazenamento especial em Belarus. A implantação significa um aumento na
segurança de Minsk e ameaça desfazer toda a estratégia de defesa antimísseis da
OTAN, diz o analista de relações internacionais e segurança, Mark Sleboda.
O presidente belarusso, Aleksandr Lukashenko,
confirmou que a Rússia avançou com o envio de armas nucleares táticas para
Belarus.
"Tivemos que preparar áreas de armazenamento e
afins. Fizemos isso, então o movimento de armas nucleares já começou",
disse Lukashenko à mídia russa em Moscou, na última quinta-feira (25).
O governo Biden respondeu de forma previsível, com a
secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, criticando a
implantação nuclear como "mais um exemplo de escolhas irresponsáveis e provocativas" da Rússia e reiterando
o compromisso de Washington "com a defesa coletiva da aliança da
OTAN".
As observações de Jean-Pierre ecoam aquelas feitas
pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em março, quando Moscou e
Minsk delinearam pela primeira vez os planos para a transferência de armas
nucleares táticas para o solo belarusso. Naquela época, um porta-voz da aliança
chamou os planos da Rússia de "perigosos e irresponsáveis" e rejeitou
qualquer sugestão de que a decisão fosse uma resposta à política de longa data
da OTAN — incluindo o posicionamento de armas nucleares norte-americanas em
solo europeu.
Mark Sleboda rejeita essas desculpas. "Em
primeiro lugar, é preciso dizer, uma das primeiras justificativas que a Rússia
usou para fazer isso é que os EUA realmente têm armas nucleares táticas na
Europa há décadas, centenas delas, na verdade, e recentemente até foram
atualizadas para as ogivas nucleares táticas B61-12 [no lugar] de bombas de
gravidade mais antigas", apontou Sleboda à Sputnik, na sexta-feira (26).
"Eles estão localizados em vários países da
OTAN, incluindo Bélgica, Itália e Alemanha. Eles estão lá há décadas, e a
Rússia há muito reclama disso. E essa queixa de longa data, combinada com
outras escaladas da OTAN, convenceu a Rússia de que, se você estabelecer o precedente
e não considerar isso uma violação do Tratado de Não Proliferação de Armas
Nucleares [TNP], dificilmente poderá nos acusar de fazer o mesmo se o fizermos
em Belarus. Mas é claro que a hipocrisia não conhece limites", disse o
observador.
De acordo com Sleboda, a ação da Rússia não é tanto
um ato de "escalada" quanto "um ato de equidade" com a
decisão de enviar um "sinal definitivo" sobre o compromisso de
segurança da Rússia com Belarus e o futuro de qualquer potencial conflito
OTAN-Rússia.
Combinado com a implantação de sistemas de mísseis
russos Iskander-M e a modificação de jatos belarussos para transportar armas
nucleares, o analista espera que o movimento esfrie qualquer cabeça quente no
Pentágono, Varsóvia e OTAN como um todo.
·
Inoculação contra a Revolução Colorida
Apontar para a aliança de Belarus com a Rússia,
incluindo sua participação na Organização do Tratado de Segurança Coletiva e no
Estado da União Russo-belarusso, é "algo que não é frequentemente falado
com o Ocidente porque eles não gostam de reconhecer sua existência", disse
Sleboda, lembrando as ameaças regulares do Ocidente à segurança belarussa,
incluindo uma tentativa de revolução colorida no país em 2020.
"Na última semana, um general polonês e
ex-vice-ministro da Defesa, Waldemar Skrzypczak, apareceu na TV polonesa e
disse que haverá um levante em Minsk. Ele falou sobre um 'exército
pró-ucraniano' com o que presumo que ele se refira aos neonazistas belarussos
lutando pelo regime de Kiev — basicamente a ideia de que eles voltarão para
casa e derrubarão o governo belarusso, e que a Polônia deve estar preparada
para apoiá-los. Obviamente, este é exatamente um dos tipos de coisas das quais
esta colocação visa proteger em Belarus", disse Sleboda.
Além disso, estão as considerações estratégicas,
dadas as provocações nucleares da OTAN — como realizar exercícios de
bombardeiros com capacidade nuclear perto das fronteiras da Rússia nos mares
Negro e Báltico nos últimos anos, e os esforços de longa data para criar
defesas antimísseis na Europa Oriental para tentar tornar a dissuasão nuclear
russa obsoleta. A implantação nuclear em Belarus deve combater essas ameaças do
ponto de vista de Moscou, acredita Sleboda.
"Uma das razões pelas quais eles os colocam lá
é, você sabe, o valor tático de ter armas nucleares mais perto das fronteiras
da OTAN, o que arruína todos os seus planos de defesa antimísseis.[...] Mas
também coloca o escudo nuclear da Rússia mais firmemente sobre Belarus. Não
haverá incursão militar em Belarus [porque] haverá armas nucleares lá. E da
mesma forma, torna qualquer tentativa futura de algum tipo de revolução
colorida ou insurgência do tipo Maidan para derrubar o governo belarusso
extremamente improvável porque a Rússia sempre terá uma desculpa para
intervir", disse ele.
Juntamente com o aumento da segurança, o acordo
nuclear pode significar a transferência de equipamento militar avançado
adicional para Belarus, e talvez alguns "adoçantes econômicos"
disfarçados para Minsk, como preços de gás mais baratos, sugeriu o observador.
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Mudança na postura nuclear da Rússia?
Questionado sobre o que a implantação nuclear em
Belarus significa para a doutrina nuclear da Rússia, e se isso sinaliza uma
mudança na disposição de Moscou de usar armas nucleares preventivamente —
inclusive na Ucrânia, como escrito repetidamente na mídia ocidental e nos think
tanks de Washington, Sleboda enfatizou que até que Moscou anuncie o contrário,
"a doutrina nuclear da Rússia não permite a capacidade de atacar
primeiro".
"A exceção é, claro, o uso de algum outro tipo
de arma de destruição em massa contra a Rússia, você sabe, armas químicas,
armas biológicas.[...] A outra situação, e esta é excepcional, é um ataque
convencional esmagador [isso pode] ameaçar a própria existência do Estado
russo, o que geralmente é interpretado como um gigantesco ataque convencional
da OTAN que conseguiria destruir os militares russos e marchar sobre Moscou ou
São Petersburgo", explicou.
"Eu diria que houve uma série de autoridades
russas e figuras políticas que foram muito frouxas com a conversa nuclear. Eles
falam sobre o uso casual de armas nucleares como fazem os congressistas dos
EUA, sabe, é como [o falecido senador do Arizona John] McCain dizendo que
devemos transformar algo em um 'estacionamento de vidro'. Mas essas declarações
'engraçadinhas' e retórica não têm nada a ver com a realidade. E devo dizer
que, nesta situação em particular, acho que o uso de ameaças nucleares — que
não fazem parte da doutrina nuclear da Rússia e, portanto, não têm sentido — é
menos do que construtivo", observou o analista.
Ainda segundo Sleboda "a doutrina nuclear da
Rússia é clara" e, a menos que alguém use armas nucleares ou outras armas
de destruição em massa contra a Rússia primeiro, uma resposta nuclear não
ocorrerá, inclusive na Ucrânia.
Ø Lavrov: há vozes no Ocidente contra o envio de F-16 para Kiev, mas não
são elas que decidem
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei
Lavrov, chamou os planos de entrega de caças F-16 à Ucrânia de "escalada
inaceitável". Ele acrescentou que no Ocidente há pessoas que são contra a
ajuda militar a Kiev, mas quem decide são Washington e Londres.
"Claro que é uma escalada inadmissível. Acho
que no Ocidente há quem entenda, mas quem manda são Washington, Londres e seus
satélites dentro da União Europeia [UE], sobretudo os Estados Bálticos, a
Polônia, que estão realizando diretamente no terreno a tarefa estabelecida
pelos EUA: enfraquecer a Rússia e infligir uma derrota estratégica a ela",
disse Lavrov ao canal de TV Rossiya 1.
Sergei Lavrov também observou que nos círculos
políticos ocidentais já se fala em "descolonizar a Rússia". O
chanceler russo explicou que por trás dessas intenções está a vontade de
"desmembrar a Rússia". No entanto, aqueles que promovem essa ideia
estão "brincando com fogo".
O diplomata pediu às pessoas sensatas que
"continuem evitando o apoio imprudente ao regime neonazista que o próprio
Ocidente criou".
Desde 24 de fevereiro de 2022, a Rússia continua uma
operação militar especial na Ucrânia cujos objetivos, segundo o presidente
russo, Vladimir Putin, são proteger a população do "genocídio do regime de
Kiev" e enfrentar os riscos à segurança nacional que representam o avanço
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste.
Um grande número de países condenou as ações da
Rússia na Ucrânia e busca apoiar Kiev com o fornecimento de armas e munições,
ajuda financeira e humanitária.
Moscou enfatizou que os Estados Unidos e outros
países da OTAN se envolveram no conflito enviando grandes quantidades de armas
às tropas ucranianas, que desde meados de fevereiro de 2022 intensificaram seus
ataques contra civis nas repúblicas populares de Donbass.
A Rússia alertou repetidamente que a OTAN está
"brincando com fogo" ao fornecer armas à Ucrânia, e que comboios de
armas estrangeiras seriam um "alvo legítimo" para seus militares do
outro lado da fronteira.
Fonte: Sputnik Brasil
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