Os irmãos que
mataram os pais e se encontraram na cadeia após 20 anos separados
Mais de duas décadas após a morte brutal de seus
pais, dois irmãos condenados pelo crime agora se reencontram na cadeia, nos
EUA.
O
caso causou comoção no país nos anos 1990, por sua "selvageria" e
reviravoltas judiciais. Hoje, Erik Menendez, 47, e Lyle Menendez, 50, cumprem
pena de prisão perpétua.
Segundo
relatos, ambos "foram às lágrimas" ao se reencontrar, na semana
passada, em uma unidade prisional de San Diego, na Califórnia.
Os
irmãos tinham 18 e 21 anos em 1989, ano do crime. Eles foram condenados por
atirar à queima roupa contra seus pais, o casal de milionários José e Kitty
Menendez, em sua mansão em Beverly Hills.
Durante
o julgamento, a Promotoria argumentou que os dois jovens haviam matado os pais
por causa da herança. Já a defesa argumentou que o crime era uma retaliação por
eles terem sido abusados sexualmente pelo pai, com conivência da mãe. No
entanto, durante o julgamento, não foi possível provar as alegações de abuso
sexual.
O
pai, à época um executivo de Hollywood com 45 anos, levou seis tiros da
espingarda que os irmãos haviam comprado dias antes dos homicídios.
A
mãe foi alvejada com dez tiros.
"Trabalho
nisto há 33 anos e vi poucos crimes tão selvagens quanto este", disse em
1990 o então chefe da polícia de Los Angeles, Marvin Iannone, à agência de
notícias AP.
Inicialmente,
os irmãos disseram à polícia que encontraram os pais assassinados ao voltar
para casa. Eles acabaram sendo presos depois de Erik Menendez ter sido
denunciado pela namorada de seu psicólogo, que disse aos policiais que o
terapeuta fora fisicamente ameaçado.
Vieram
à tona, então, fitas das sessões de psicanálise, em que os assassinatos dos
pais eram discutidos. As fitas acabaram sendo admitidas como provas do caso.
O
julgamento dos irmãos começou em 1993, mas em duas ocasiões os jurados não
conseguiram chegar a um acordo quanto à culpa ou inocência dos Menendez. O caso
então voltou a ser julgado em 1995, levando à condenação.
·
Separação
No
ano seguinte, a Justiça ordenou que eles fossem mantidos separados, depois de
um investigador do caso ter dito que eles poderiam planejar uma fuga juntos.
Nunca
mais eles haviam se encontrado ou falado ao telefone. Há relatos apenas de que
tenham escrito cartas um para o outro e jogado xadrez à distância, descrevendo
a movimentação das peças pelo correio.
Até
que, em fevereiro deste ano, Lyle Menendez teve seu nível de periculosidade
reduzido e foi transferido de prisão, para à Unidade Corretiva RJ Donovan, em
San Diego, com 3,9 mil detentos - sendo um deles Erik Menendez.
Na
última quarta-feira, eles receberam autorização para "interagir entre si e
com todos os detentos da unidade", segundo explicou à Associated Press a
porta-voz do departamento prisional do Estado, Terry Thornton.
Robert
Rand, jornalista que acompanha o caso desde 1989 e em 2017 deu consultoria a um
programa de TV sobre os Menendez, afirma que ambos "foram imediatamente às
lágrimas" ao se reencontrar.
Em
uma entrevista à TV americana no ano passado, Lyle disse que ele e seu irmão
têm "um laço muito forte".
Em
outro depoimento, ele falou sobre sua mãe, novamente trazendo à tona a acusação
de que ela teria feito vista grossa aos supostos abusos sexuais cometidos pelo
pai contra os dois meninos.
"Eu
amo a minha mãe, ainda choro por ela, e não a perdoo", disse Lyle em
setembro. "A vida dela terminou, e as nossas essencialmente também, por
causa dessa decisão dela de não contar (denunciar) o que aconteceu. Que tipo de
mãe deixa isso acontecer?"
Fonte:
BBC News Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário