A
escola de Papai Noel que já formou mais de mil bons velhinhos
No final do ano, um personagem toma conta da nossa
rotina, aparece nos shoppings, nas ruas, nas festas, nos sonhos das crianças. O
que muita gente nem imagina é o trabalho que dá ser Papai Noel.
Não basta colocar uma roupa vermelha para vestir o
personagem. Papai Noel tem que aprender a interpretar, a cantar, ter jogo
de cintura para escapar daquelas perguntas indiscretas que só criança faz.
“As crianças perguntam muito, querem saber muito e
se o bom velhinho não estiver pronto para responder à altura, acaba
decepcionando a criança", diz Limachem Cherem, diretor da Escola de Papai
Noel do Brasil.
A escola de Papai Noel que fica em Realengo, na Zona
Oeste do Rio de Janeiro, já
formou mais de mil bons velhinhos. Foi criada 31 anos atrás pelo ator Limachem
Cherem, que no fim do ano via a bilheteria do teatro infantil onde trabalhava
esvaziar. Aí ele pensou no personagem que sempre tem trabalho no Natal. E esse
tanto de Papai Noel para lá e para cá movimenta um mercado bastante peculiar.
No final do ano, todo mundo corre para se arrumar -
fazer o cabelo, as unhas, a barba no caso dos homens... Com o Papai Noel não é
diferente. Ele pode passar horas sentado em uma cadeira de um salão de beleza,
se preparando para a grande. A equipe do Jornal
Nacional encontrou um Papai Noel retocando os fios. O
Paulo Aguilar começou a trabalhar como Papai Noel em 2019. Para ficar grande, a
barba não é cortada desde março.
“A gente fica com aquele espírito de Papai Noel
mesmo. Moro no Polo Norte e faço brinquedo para criançada, entrego brinquedo,
sou o único”, diz Paulo Aguilar, músico e Papai Noel.
Cada Papai Noel é único, mas muitos vão até o salão
da Grey Armas. A venezuelana diz que, desde novembro, atendeu uns 15 - para
desespero das outras clientes.
“Minhas clientes falavam: ‘Grey, e cadê meu
agendamento?’. Eu falei: ‘Gente, deixa eu primeiro atender o Papai Noel que vai
dar presente a essas crianças e depois vem vocês’”, conta.
O Paulo Mendes é ator e treina candidatos a Papai
Noel em São Paulo. Começou em 1991, quando o mundo era outro. Diz que daquela
imagem que a gente sempre teve na cabeça, só ficou uma característica.
“Tem que ter uma barba. Agora a cor, a raça não
importa. O importante é que a pessoa, quando se predispõe a fazer esse
personagem, tenha a responsabilidade de passar toda essa magia do Natal para a
criança”, afirma Paulo Mendes, ator e diretor da Cia do Bafafá.
É o primeiro Natal do Flávio como Papai Noel
profissional. Mas ele conta que no trabalho, na família, já encarna o
personagem há anos - nem tira mais a barba.
“O Papai Noel preto está tendo seu espaço hoje.
Incorporar mesmo o espírito natalino e o personagem. Você, quando coloca essa
roupa, você é o Papai Noel”, afirma o psicólogo Flávio Teles dos Santos.
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No Amazonas, Papai Noel recebe ajuda de voluntários
para chegar até crianças indígenas e ribeirinhas
Em
comunidades ribeirinhas do Amazonas, o Papai Noel está recebendo a ajuda de
voluntários para chegar até as crianças.
Ele se transforma para transformar o Natal de muita
gente. Em meio às dificuldades da seca, lá vai ele de barco, andando, pega
carona pela lama e até chega remando. Ser Papai Noel na Amazônia não é para
qualquer um.
“Basta ter coragem e paciência. A palavra certa é
‘amor’, quem tem amor faz tudo”, define Jorge Alberto Barroso, técnico em
eletrônica.
Um amor que contagia outras pessoas: são os amigos
do Papai Noel, como o programador Pedro Carvalho. São mais de 20 anos
arrancando sorrisos pelos rios em Manaus.
“Isso é que faz a alegria da gente. A gente tem
aqueles problemas de casa, do dia a dia, mas quando a gente vem para cá para
ver uma criança receber um presente, aquele sorriso e aquele abraço, não tem
coisa igual, não tem” , diz Pedro Carvalho.
Em 2024, mais de 5 mil
brinquedos foram doados para a ação. O
enfermeiro e artesão Laércio Valvassoura é de São Paulo. Ele faz parte do grupo
de artesãos que produz bonecas de pano para o projeto.
“A gente já começou a produção para 2025. Somos
duendes, amigos do Papai Noel de Manaus”, afirma Laércio.
O grupo começou com sete amigos, agora são dezenas de voluntários. Gente de Manaus e de outras partes do
Brasil que faz questão de dedicar um pouco do seu tempo para alegrar o Natal
ribeirinho. O sorriso das crianças na hora das brincadeiras é um
presente para quem participa da festa.
"É maravilhoso. É uma experiência que não tem
preço", diz uma voluntária.
Encontros que vão ficar na memória.
Repórter: Você já tinha visto o Papai Noel?
Alexandra Feitoza, estudante de
7 anos: Não.
Repórter: O que você ganhou dele?
Alexandra: Uma bola, um livro, uma boneca e uma escova de dentes.
Repórter: E o que você deseja para as pessoas nesse Natal?
Alexandra: Feliz Natal!
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Casal goiano transforma apartamento na Casa dos Papais
Noéis
Há mais de 30 anos, a paixão pelo natal faz uma
goiana transformar o apartamento onde mora na casa dos Papais Noéis.
É só chegar o fim do ano que começa uma
movimentação diferente neste prédio, em Itumbiara, no sul de Goiás. São
caminhões lotados de caixas. O destino: este apartamento, onde somos recebidos
pela Míriam e o Rubens.
Durante nove meses do ano, lá funciona a sala de
estar, mas quando chega perto do Natal saem todos os móveis e o lugar se
transforma para receber uma superpopulação de Papais Noéis. E a gente encontra
de vários tipos e de todos os tamanhos.
Eles ficam pelo chão... Pendurados... Tocando
sax... E até juntando dinheirinho pros presentes. Os Noéis ocupam todos os
cômodos da casa de 500 metros quadrados.
Tudo começou com um Papai Noel em um calhambeque
vermelho. Um presente da mãe da Miriam no dia do casamento. O tempo passou e a
coleção se multiplicou. Hoje, a empresária tem 1.231 Noéis expostos no
apartamento, fora os que ainda ficaram no depósito.
"Sei de todos. Inclusive quando eu vou
adquirir algum, eu sei: esse eu já tenho, esse eu já tenho, esse eu não
tenho", afirma Miriam Cubas, empresária.
Dá trabalho manter uma coleção desse tamanho.
"Cada um tem uma caixa. Você não adianta
colocar um Papai Noel na caixa do outro que não aceita. Não cabe. Nessa última
montagem, nós começamos numa semana levantando 4h30 da manhã e indo até às
10h", diz Rubens Martins, empresário.
O casal adora receber visitas. Lucas e Carolina
levaram os filhos para conhecer a coleção. O Frederico de um ano ficou
encantado.
"Parece que você está em outro mundo. Você sai
da realidade para vir em um mundo de fantasia", destaca Lucas Coelho.
No local tem representantes de quase 180 países. As
bandeiras identificam a origem.
Miriam: "Muitas falam: para que isso? Por que
você gosta disso?",
Repórter: O que você responde?
Miriam: Ah, eu amo, né? Minha paixão, meu hobby, é
o que eu mais gosto. Cada um diferente um do outro, e eu fico assim encantada.
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ONG atende crianças que pediram cestas básicas como
presentes de Natal
Uma tradição do final do ano são as cartinhas que
as crianças escrevem para os Correios com pedidos de presentes. Nesse Natal, a Ação da Cidadania adotou essas mensagens pela
primeira vez.
Em 2024, Lucas foi eleito o melhor aluno na escola.
Ele sonha em ser advogado e todo ano escreve uma cartinha pro Papai Noel.
Repórter: No Natal do ano passado, o que você ganhou de presente?
Lucas Bicalho, estudante: Eu não consegui ganhar nada porque eu fiz a cartinha pro papai Noel, pro
nosso Velhinho e, infelizmente, eu não consegui ganhar.
Repórter: Esse ano, o que você pede?
Lucas: Eu peço uma bicicleta, uma cesta básica e um videogame.
Repórter: Por que uma cesta básica?
Lucas: Porque a comida lá em casa tá acabando, entendeu?
Lucas enviou a carta pra campanha “Papai Noel dos
Correios”, que conecta cidadãos voluntários aos pedidos das crianças.
A Lorena Marques também escreveu: “Olá Papai Noel.
Lembra de mim? Sou eu, Lorena, tentando ganhar um presente. Estão 3 opções de
presente: um, kit canetinha, dois, kit pulseira, e três, uma cesta básica”.
"Tá chegando o Natal e o Ano Novo, e é pra
fazer ceia, é para ajudar nas coisas lá de casa".
Os Correios receberam mais de 600 cartas escritas
por crianças de até 10 anos de idade pedindo comida como presente de
Natal. Essas cartas foram encaminhadas
para a Ação da Cidadania, que vai atender a todos os pedidos.
“Ao invés do mágico do Natal, a gente tem o básico,
que é o direito à alimentação e que elas não tem. Esse Natal Sem Fome,, na
verdade, é pra elas, porque não adianta você ter brinquedos se você tem fome.
Como é que uma criança ou qualquer pessoa consegue viver, quanto menos brincar,
se tá passando fome?”, diz Daniel Souza, presidente da ONG Ação da Cidadania.
Repórter: Alana ainda não escreve cartinha pro Papai Noel, né?
Verônica Reis Barbosa, mãe de
Alana: Não, ainda não. Ela pede
minha ajuda pra escrever a cartinha do papai Noel dela.
Repórter: E o que ela escreveu na carta?
Alana Reis Barbosa, 5 anos: Eu pedi uma boneca, uma cesta básica e uma roupa.
Alana teve o pedido atendido. Ganhou a cesta
básica, a roupa e a boneca. E que a felicidade da Alana e os desejos da Lorena
cheguem em todos os lares.
Repórter: Se você pudesse, num passe de mágica, mudar o mundo, o que você faria,
Lorena?
Lorena: Acabar com a fome.
Repórter: E o que você deseja pras crianças do Brasil inteiro nesse Natal?
Lorena: Saúde, felicidade e alegria.
Fonte: g1
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