Após decisão
do Supremo, Lira vai ao Alvorada chantagear por mais emendas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se reuniram na tarde desta
quinta-feira (26), no Palácio da Alvorada, de acordo com a agenda oficial da
presidência da República. A agenda emergencial é apenas a segunda do presidente
Lula nos últimos dias e ocorre em meio ao recesso parlamentar e da
administração pública federal.
Um novo impasse entre os
Poderes surgiu nesta segunda-feira (23), após o ministro Flávio Dino, do
Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a liberação de R$ 4,2 bilhões em
emendas parlamentares de comissão, e determinar a abertura de uma investigação.
A suspensão vale até que a Câmara dos Deputados apresente as atas das sessões
das comissões permanentes nas quais teriam sido aprovadas as destinações das
emendas.
Em meio ao impasse, o
governo federal e lideranças no Congresso vêm buscando blindar o Planalto. O
ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou, em
entrevista à CNN Brasil divulgada nesta quinta-feira (26), que
o governo do presidente Lula tenha atuado junto ao STF no bloqueio de emendas.
Ainda segundo a CNN Brasil, o líder do governo na Câmara, José
Guimarães (PT-CE), negou que o governo tenha atuado junto ao ministro Dino.
No início deste mês, o STF
confirmou por unanimidade a decisão do ministro Dino, que autorizou o pagamento
das emendas parlamentares, condicionando os repasses a novas regras de
transparência e monitoramento. A decisão abalou os interesses do
"Centrão", que ameaçou retaliar. Após a decisão mais recente de Dino,
Lira convocou uma reunião nesta quinta-feira com lideranças parlamentares. A
reunião de lideranças, no entanto, foi cancelada na tarde desta quinta-feira,
devido ao encontro entre Lira e o presidente Lula.
Nas últimas semanas, o
governo federal intensificou esforços para aprovar no Congresso Nacional o
pacote fiscal, com a liberação centenas de milhões de reais em emendas parlamentares.
<><> Lira convoca reunião de emergência com
líderes partidários após novo bloqueio de emendas
O presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou uma reunião de emergência com líderes
partidários na tarde desta quinta-feira (26) para discutir o bloqueio de R$4,2
bilhões do Orçamento após decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal
Federal (STF). A medida foi uma resposta à manobra de Lira que cancelou as
reuniões das comissões e liberou o dinheiro das emendas sem discussão ou
aprovação de um plano de trabalho. As informações são da jornalista Bela
Megale, do Globo.
De acordo com a decisão de
Dino, a liberação do dinheiro não seguiu os trâmites legais, uma vez que foi
feita com a assinatura de apenas 17 líderes partidários, sem a devida
especificação de destinação dos recursos. Além dos R$4,2 bilhões bloqueados,
foi autorizada a liberação de R$180 milhões em "novas indicações",
sendo que R$73 milhões (aproximadamente 40%) foram direcionados para Alagoas,
estado representado por Lira.
Nos bastidores, o presidente
da Câmara sinalizou que buscará apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) para reverter a decisão de Dino e liberar os recursos. Lira pretende pedir
uma reunião com o presidente para envolver o governo na disputa e pressionar o
STF. "Vamos tentar resolver a situação", afirmou um aliado de Lira.
Flávio Dino, em seu
despacho, ressaltou as diversas denúncias de desvios e irregularidades no uso
das emendas parlamentares, destacando que as ações do Legislativo não eram
compatíveis com os princípios da Administração Pública e das Finanças Públicas.
O ministro citou escândalos como obras malfeitas, desvios de verbas
identificados em auditorias e a apreensão de malas de dinheiro, em referência
às investigações da Operação Overclean.
Esta operação revelou um
esquema de corrupção envolvendo o Departamento Nacional de Operações contra a
Seca, com desvios que somaram cerca de R$1,4 bilhão, com um dos acusados, o
vereador Francisco Nascimento, jogando uma sacola com R$220 mil pela janela de
seu apartamento ao ser abordado pela Polícia Federal.
A Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) divulgou uma nota pública contestando a decisão de Dino.
A CNM argumenta que a medida levou ao bloqueio de recursos essenciais para a
saúde, sem vínculo com as emendas parlamentares e prejudicando a execução de
serviços públicos fundamentais.
¨ Governo e
lideranças buscam blindar Planalto após bloqueio de emendas
O ministro da Secretaria de
Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou, em entrevista à CNN
Brasil divulgada nesta quinta-feira (26), que o governo do presidente
Lula tenha atuado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) no bloqueio de
emendas na ordem de R$ 4,2 bilhões.
Nesta segunda-feira (23), o
ministro Flávio Dino, do STF, suspendeu a liberação desses recursos e
determinou a abertura de uma investigação. A suspensão vale até que a Câmara
dos Deputados apresente as atas das sessões das comissões permanentes nas quais
teriam sido aprovadas as destinações das emendas.
“A Suprema Corte tem
autonomia das suas decisões. Certamente o ministro Flávio Dino também não levou
em consideração isso para tomar sua decisão. Vamos respeitar a decisão que foi
tomada pela Suprem Corte”, disse Padilha.
Ainda segundo a CNN
Brasil, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), negou que o
governo tenha atuado junto ao ministro Dino.
No início deste mês, o STF
confirmou por unanimidade a decisão do ministro Dino, que autorizou o pagamento
das emendas parlamentares, condicionando os repasses a novas regras de
transparência e monitoramento. A decisão abalou os interesses do
"Centrão", que ameaçou retaliar. Após a decisão mais recente de Dino,
o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou uma reunião nesta
quinta-feira com lideranças parlamentares.
A reunião de lideranças, no
entanto, foi cancelada na tarde desta quinta-feira, devido a um encontro com o
presidente Lula, conforme a agenda do presidente.
Nas últimas semanas, o
governo federal intensificou esforços para aprovar no Congresso Nacional o
pacote fiscal, com a liberação centenas de milhões de reais em emendas
parlamentares.
¨ PF
investiga crimes de peculato e desobediência na liberação de R$4,2 bilhões em
emendas
A Polícia Federal (PF) abriu
um inquérito para investigar os possíveis crimes de peculato e desobediência à
ordem judicial em relação à decisão de liberar o pagamento de R$4,2 bilhões em
emendas de comissão, informa o Valor Econômico. Entre os possíveis
investigados, está o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A
abertura do inquérito foi solicitada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Flávio Dino, que também determinou a suspensão dos pagamentos desse tipo
de emenda.
O crime de peculato ocorre
quando um servidor público se apropria indevidamente de bens ou dinheiro
públicos, enquanto a desobediência à ordem judicial acontece quando alguém
descumpre uma ordem de uma autoridade legal. O delegado da PF Tiago Adão Coutinho,
no ofício que comunicou a abertura do inquérito ao STF, não citou diretamente
Lira, mas afirmou que "as práticas criminosas a serem depuradas teriam
sido cometidas por membros do Congresso Nacional". O inquérito também
investiga a existência de “elementos indiciários da prática do delito de
desobediência”, em razão do possível descumprimento de decisões anteriores.
A investigação foi motivada
por denúncias feitas por parlamentares que questionaram a liberação das
emendas. De acordo com a PF, existem suspeitas sobre irregularidades tanto no
processo de aprovação das emendas quanto na destinação e execução dos recursos.
Como primeira diligência, a Polícia Federal convocou para depoimentos o senador
Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e os deputados José Rocha (União-BA),
Adriana Ventura (Novo-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ), que teriam criticado a
manobra para liberar os recursos.
A apuração também vai
investigar se o processo de liberação das emendas recebeu "influência
ímproba de pessoas não parlamentares", como lobistas, o que poderia
configurar um esquema de favorecimento indevido. A decisão de Flávio Dino
apontou que Lira enviou ao governo um ofício assinado por 17 líderes
partidários solicitando o pagamento de 5.449 emendas de comissão sem
identificar os autores dessas emendas. No mesmo dia, a Mesa Diretora da Câmara
suspendeu as reuniões das Comissões Permanentes da Casa.
O estado de Alagoas,
representado por Lira, foi o maior beneficiado, com quase R$ 500 milhões
direcionados a emendas de sua autoria. A decisão de Dino e a abertura do
inquérito pela PF geraram um novo capítulo na disputa política sobre o controle
dos recursos do Orçamento, um tema que tem sido motivo de intensos embates no
STF nos últimos meses.
Para parlamentares do
Centrão, a decisão de Dino foi estrategicamente calculada, já que o ministro
aguardou a votação de projetos de contenção de gastos para suspender os
pagamentos, o que alimenta as desconfianças de que a iniciativa tenha sido
orquestrada com o governo, visto o estreito relacionamento de Dino com o
presidente Lula (PT). Em resposta, membros do Legislativo já discutem formas de
retaliação, como um possível atraso ainda maior na votação da Lei Orçamentária
Anual (LOA) de 2025, que foi adiada para o retorno dos trabalhos em fevereiro do
próximo ano.
Além disso, um movimento
crescente entre os parlamentares busca pressionar para que o próximo presidente
da Câmara, possivelmente Hugo Motta (Republicanos-PB), dê continuidade à
proposta de emenda constitucional (PEC) para transformar as emendas de comissão
em emendas parlamentares individuais, com execução obrigatória pelo governo
federal.
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Quatro políticos levam PF a investigar esquema bilionário em Brasília
No despacho que
instaurou o inquérito para investigar R$ 4,2 bilhões em emendas
bloqueadas pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) citou suspeitas
aventadas por quatro parlamentares para justificar a abertura da investigação.
O bloqueio desse montante foi determinado pelo ministro Flávio Dino, relator da ação que visa estabelecer
regras mais rígidas de transparência para as transferências feitas pelo
Congresso.
No resumo dos fatos
investigados, a PF escreveu: “Apurar possíveis práticas criminosas na
liberação/destinação de emendas parlamentares, notadamente a partir de
suspeitas aventadas pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), e pelos
deputados federais Adriana Ventura (Novo-SP), José Rocha (União-BA) e Glauber
Braga (PSol-RJ). Valor a apurar: R$ 4.200.000.000,00”.
Dino citou, na sua
decisão, declarações dadas pelos deputados José Rocha e Adriana Ventura
afirmando que os parlamentares das comissões temáticas não tinham participação
na escolha das emendas do colegiado. O estopim foi um documento enviado
por líderes partidários referentes a
mais de 5 mil emendas de comissão, mesmo com as reuniões dos colegiados
suspensas na última semana de votação.
Glauber Braga
entrou com um mandado de segurança no STF. “A ausência de aprovação prévia e
registro formal pelas comissões configura usurpação de competência e
descumprimento do rito legal, comprometendo a transparência e a rastreabilidade
necessárias à execução orçamentária. Tal conduta afronta, ainda, as decisões
proferidas por esta Corte no âmbito da ADPF 854, que vedam a destinação de
recursos sem transparência formal e identificação dos responsáveis”, argumentou
o parlamentar.
Na decisão que
bloqueou o pagamento dos R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão, Dino cita uma
fala do senador Cleitinho em plenário, no dia 17 de dezembro: “Queria até
sugerir aqui no Senado uma CPMI das emendas parlamentares. (…) O que a gente
tem que fazer com essas emendas que são pagas é trazer transparência para a
população. Não é deixar esses lobistas desviando dinheiro público, ganhando
dinheiro fácil em cima de emenda parlamentar. Que seja investigado. Que a PF
investigue tudo”.
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Movimento “certeiro”
Como mostrou a
coluna, lideranças do Centrão consideram que Dino fez uma nova ofensiva contra
o Congresso num momento certeiro. Quando o magistrado bloqueou as emendas em
agosto, o Legislativo estava em pleno funcionamento. Na ocasião, o presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reagiu e destravou uma Proposta de Emenda à
Constituição que limita decisões de ministros do STF.
O novo bloqueio,
porém, aconteceu num momento diferente. O Congresso entrou em recesso na última
segunda-feira (23/12) e, tanto na Câmara quanto no Senado, há vácuo de poder.
Ao mesmo tempo em que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco estão de saída, as duas
Casas só elegerão seus novos presidentes em fevereiro de 2025.
Fonte: Brasil 247/Metrópoles
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