quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Euforia, medo e luto coexistem na Síria após queda de Assad

Faz poucos dias que o ditador sírio Bashar al-Assad caiu, após tropas rebeldes chegarem a Damasco – capital de um país arrasado por quase 14 anos de guerra civil e dominado por um regime cujo fim, por muitos anos, pareceu impensável.

"A Síria te dá as boas-vindas", anuncia uma placa na chegada da fronteira com o Líbano. E, de fato, a entrada no país é feita sem problemas.

A estrada que leva a Damasco é cercada pelos dois lados por veículos militares incendiados. Aqui e ali avistam-se uniformes – tirados às pressas por homens que os trajavam até pouco tempo atrás –, além de um blindado militar igualmente abandonado. No primeiro posto de controle, fomos cumprimentados em tom amigável por quatro homens barbudos. Eles sorriem ao nos dar passagem. Sob Assad, esse checkpoint era conhecido por cobrar propina de viajantes.

·        Sonhos de um futuro melhor na Síria

A imagem da cidade de Damasco mal mudou desde o início da guerra. Mas tantos anos de conflito marcaram e exauriram a população – algo visível em muitos rostos ali. Ainda assim, à medida em que nos aproximamos da praça Umayyad, no centro da cidade, nos deparamos com muitos rostos que transparecem otimismo. Eles celebram e se alegram com a deposição de um regime que por mais de 50 anos os governou com punho de ferro. O som das risadas se mescla às de canções revolucionárias, dos mastros pendem as novas bandeiras nacionais – com três estrelas vermelhas em vez de duas verdes –, que antes eram carregadas pela oposição. Há jovens milicianos na praça, alguns tiram fotos ao lado de civis em festa. "Acredito num futuro melhor", diz uma jovem síria que carrega a nova bandeira nas mãos e pintada no rosto. "E finalmente posso sonhar com um futuro melhor", dispara a amiga dela.

A alguns metros dali está Nour. O estudante diz que tinha grande esperança na construção de uma nova Síria. "A situação está muito melhor do que esperávamos. Pedimos aos novos governantes que a mantenham, e que protejam as minorias." Nour diz que, apesar de toda a alegria, ele e seus amigos também têm medo do futuro. "Mas esperamos que os novos governantes não deem motivo para isso [ter medo]. O mais importante, agora, é que intelectuais e seculares participem da reconstrução da Síria e não deixem esse trabalho nas mãos de um único partido."

Também a jovem Sara relata olhar para o futuro com uma mistura de esperança e preocupação. "Os jovens de hoje têm uma consciência mais aguçada dos problemas do que aqueles que começaram a revolução em 2011", afirma. "Eles querem um lar para todos os sírios." Ao mesmo tempo, ela diz que os jovens também se questionam como o país irá se desenvolver sob os novos governantes. "Como membros do movimento de libertação, apoiamos o novo primeiro-ministro", frisa Sara. "Mas também insistimos em manter nossas liberdades. Como mulher, quero poder me expressar – assim como qualquer um que queira deve poder se expressar da forma que julgar correta."

O novo chefe interino de governo, Mohammed al-Bashir, foi nomeado por novos governantes que muitos observadores consideram como islamistas. Mas esses mesmos governantes dizem querer representar todos os sírios – inclusive as minorias étnicas e religiosas.

·        Luto pelos sírios assassinados dentro das prisões

Ao chegarmos na prisão de Sednaya, encontramos centenas de pessoas do lado de fora. Elas estão ali para identificar os corpos de entes queridos, muitos deles são opositores que foram torturados e assassinados. Em frente ao hospital, há fotos de 35 cadáveres. Famílias comparam as imagens com os registros guardados no celular de entes queridos "desaparecidos", na esperança de descobrir o seu paradeiro após mais de dez anos sem notícias. No necrotério, alguns dos corpos estão desfigurados, desmembrados. "Me disseram naquela época: 'Vamos matá-lo e jogar o corpo fora, e você nunca saberá onde ele está.' Finalmente encontrei o seu corpo", diz uma mulher às lágrimas. "Pelo menos agora eu sei onde estará sua sepultura e poderei visitá-la." Também Abu Nidal chora diante das fotos dos cadáveres. Ele procura o filho, que tinha 18 anos quando foi preso, dez anos atrás. Diz querer pelo menos ter certeza de que está morto.

·        Minorias na Síria temem extremismo

Enquanto na Mesquita de Umayyad predominam as novas bandeiras nacionais da Síria e diversas imagens do miliciano Ahmed al-Sharaa – também conhecido como Abu Mohammed al-Jolani e líder do principal grupo rebelde, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) –, o clima é outro nos bairros cristãos Bab Touma e Bab Sharqi. Muitos ali se dizem preocupados com o fato de o chefe do HTS ter no passado jurado lealdade à Al-Qaeda, ainda que depois ele tenha se distanciado do grupo terrorista – nem todos acreditam nisso, e principalmente as minorias estão assustadas. Por isso, e apesar de todas as promessas dos novos governantes, líderes cristãos aconselharam fiéis a celebrar o Natal de forma discreta.

Michel, dono de uma empresa que importa equipamentos médicos, é um dos que não escondem seu medo. Parentes dele trabalharam para o governo de Assad. "Mas no nível pessoal eu estou cautelosamente otimista, também porque o dólar caiu e pela perspectiva de um possível fim das sanções", comenta.

O antigo prédio do serviço secreto da Aeronáutica é patrulhado por jovens milicianos. Eles estão ali para proteger pastas e documentos que futuramente servirão para passar a limpo o regime de Assad. A instituição também mantinha prisões, e muitos de seus detentos nunca saíram delas com vida. Um dos que guarda a entrada é Ahmed, um jovem adulto na casa dos 20 anos. A família dele foi forçada a deixar Damasco em 2017. Ele diz querer aposentar a arma que carrega o mais rápido possível, assim que a batalha terminar, encontrar um trabalho e formar uma família. Mas, antes, ele quer ajudar a proteger os documentos do regime.

·        Qual é o futuro da Síria?

Além das milícias político-religiosas, há também atores seculares da sociedade civil participando da reconstrução da Síria. Eles estão principalmente interessados em evitar um monopólio do poder no país.

O advogado Anas Yudeh tem organizado nos últimos dias seminários e encontros para debater os próximos passos. Ele diz que a forma com que os novos governantes têm trabalhado preocupa, do ponto de vista político – daí a necessidade, argumenta, de um plano claro para a transição de regime. No entorno da oposição secular, a preocupação é com o papel forte de Al-Sahraa, afirma Yudeh. É ele quem lidera o país na prática, argumenta, e é ele quem está em contato com países estrangeiros, embora não tenha sido designado de forma legítima para o cumprimento desses papéis.

E o futuro, como fica? No pior cenário, a Síria poderia tomar um caminho parecido com o do Irã pós-revolução de 1979, convertendo-se em um regime islamista, afirma a ativista e feminista Raja Tanjour. Mas ela pondera que, ao menos por enquanto, as pessoas têm liberdade para se manifestar nas ruas. Uma outra mulher que participa da conversa acrescenta: caso novas forças extremistas prevaleçam na Sìria, só restará como opção abandonar o país.

 

¨      Como a guerra civil destruiu a economia da Síria

Em 2011, quando começou a guerra civil na Síria, o Produto Interno Bruto (PIB) do país era de 67,5 bilhões de dólares. A Síria ocupava o 68º lugar entre 196 países na classificação global do PIB, com uma economia comparável à do Paraguai ou da Eslovênia. No ano passado, o PIB sírio havia caído para o 129º lugar nessa mesma tabela de classificação, tendo encolhido 85%, para apenas 9 bilhões de dólares, de acordo com estimativas do Banco Mundial. O país está, assim, no mesmo nível do Chade e dos territórios palestinos.

Quase 14 anos de conflito, sanções internacionais e o êxodo de 4,82 milhões de pessoas – mais de um quinto da população – afetaram fortemente a economia do que já era, antes da guerra civil, uma das nações mais pobres do Oriente Médio. Outros 7 milhões de sírios, mais de 30% da população, são deslocados internos, segundo os dados de dezembro da agência de ajuda humanitária das Nações Unidas. O conflito devastou a infraestrutura, causando danos duradouros aos sistemas de eletricidade, transporte e saúde. Várias cidades, incluindo Aleppo, Raqqa e Homs, foram destruídas.

A moeda síria sofreu forte desvalorização, o que levou a uma enorme queda no poder de compra. Em 2023, o país teve hiperinflação, segundo o Syrian Center for Policy Research (SCPR), uma organização independente de estudos. Em junho passado, o SCPR afirmou que mais da metade dos sírios vivia na pobreza extrema e era incapaz de assegurar suas necessidades básicas de alimentação.

Os dois principais pilares da economia da Síria – o setor petrolífero e a agricultura – foram dizimados pela guerra. Em 2010, as exportações de petróleo haviam sido responsáveis por cerca de um quarto da receita do governo, e a produção de alimentos contribuiu com um percentual semelhante para o PIB. O regime do presidente Bashar al-Assad perdeu o controle da maioria de seus campos de petróleo para grupos rebeldes, inclusive a milícia terrorista Estado Islâmico, mas também para as forças lideradas pelos curdos no nordeste do país. Assim, uma das prioridades na reconstrução da Síria é o governo da província oriental de Deir Zor, que detém cerca de 40% das reservas de petróleo da Síria e vários campos de gás. A cidade de Deir Zor, capital da província, é a maior do leste do país e foi tomada pelos rebeldes curdos em meio à queda do regime de Assad. Os curdos mantêm um governo autônomo no nordeste da Síria.

<><> Debate sobre fim das sanções

E há ainda as sanções econômicas internacionais, que restringiram severamente a capacidade do governo de exportar petróleo, grãos e algodão. Com a produção de petróleo reduzida a menos de 20 mil barris por dia nas áreas controladas pelo regime, o país tornou-se altamente dependente de importações do Irã, que era um dos principais aliados do regime. O debate sobre o fim das sanções à Síria já começou. O especialista Delaney Simon, da organização independente International Crisis Group (ICG), voltada à prevenção e resolução de conflitos armados, afirmou que a Síria é um dos países mais sancionados do mundo e que deixar essas restrições em vigor equivale a "puxar o tapete da Síria no momento em que ela tenta se levantar". Sem o alívio das restrições, os investidores continuarão evitando o país, e as agências de ajuda humanitária poderão ficar receosas em fornecer ajuda humanitária vital à população.

<><> Governo indicado por islamistas

Alguns analistas alertam que pode levar quase dez anos para que o PIB da Síria retorne ao nível anterior à guerra civil e duas décadas para que o país seja totalmente reconstruído. E essas perspectivas podem piorar ainda mais se houver mais instabilidade política. Assim, antes da começar a enorme tarefa de reconstruir as cidades, a infraestrutura e os setores petrolífero e agrícola, é preciso clareza sobre o novo governo da Síria. Na terça-feira (10/12), os rebeldes que derrubaram Assad, liderados pelo grupo islamista Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS), anunciaram que o governo interino será comandado por Mohammed al-Bashir, que foi nomeado primeiro-ministro. Bashir disse que foi incumbido de ficar à frente do governo sírio até 1 de março. Em janeiro Bashir havia sido nomeado chefe do "Governo de Salvação", a administração da província de Idlib e de áreas adjacentes, ligada ao HTS.

O próprio HTS é alvo das rigorosas sanções internacionais, pois é classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas. Nações ocidentais e árabes temem que o grupo tente impor um governo fundamentalista islâmico na Síria. A agência de notícias Associated Press informou que o governo Biden estava avaliando a possibilidade de retirar o HTS da lista de grupos terroristas, citando dois altos funcionários da Casa Branca. Um deles justificou a decisão afirmando que o HTS é um componente importante no futuro a curto prazo da Síria. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os Estados Unidos vão dialogar com todos os grupos sírios, também no âmbito do processo liderado pelas Nações Unidas, para que haja uma transição rumo a um país "independente e soberano", com uma nova Constituição. Biden alertou que a Síria está enfrentando um período de risco e incerteza e que os Estados Unidos ajudarão onde puderem.

A União Europeia comunicou que não está em contato com o HTS ou seus líderes e que vai avaliar não só as palavras, mas também as ações do grupo. O enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, declarou que os grupos rebeldes "têm enviado boas mensagens" sobre unidade nacional e inclusão, mas reconheceu que o principal desses grupos é considerado terrorista pela ONU. "Falando francamente, também vimos em Aleppo e Hama coisas tranquilizadoras."

 

¨      O dilema para tirar grupo sírio HTS da lista de terroristas

Terroristas sanguinários ou a maior esperança da Síria? A população do país está dividida em relação ao grupo rebelde Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS), que liderou a ofensiva que resultou na queda do ditador sírio Bashar al-Assad na semana passada. "Eles também são filhos do país", disse à DW Ghaith Mahmoud, 36 anos, que lutou contra as forças do governo sírio, mas vive na Alemanha desde 2016. "Não sei se eles podem governar o país. Mas sei que todos os jovens que lutaram como parte desses grupos agora só querem voltar para casa." Outros expatriados são menos compreensivos e têm receio de confiar no HTS, que lidera o esforço para estabelecer um novo governo de transição na Síria.

O HTS prometeu não impor sua política islâmica à nação religiosa e etnicamente diversa. Mas as fotos do primeiro-ministro interino nomeado pelo HTS, Mohammed al-Bashir, alarmaram alguns sírios. Ele aparece nas imagens sentado em uma mesa com duas bandeiras atrás de si – uma verde e preta da revolução síria e outra com uma oração islâmica inscrita. A oração aparece com destaque na bandeira da Arábia Saudita e também foi usada por grupos extremistas, incluindo o Talibã, no Afeganistão.

As políticas que devem ser implementadas por um novo governo de transição sírio, instalado com o apoio do HTS, também levantam questões se o grupo rebelde ainda deve ser classificado como uma organização terrorista. O HTS já foi ligado a grupos extremistas como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI). Por isso, os Estados Unidos o classificam como "organização terrorista estrangeira", e o Reino Unido o considera uma "organização terrorista proibida". A União Europeia tem duas listas de grupos terroristas: uma é autônoma e a outra segue o exemplo da ONU, explicou à DW um porta-voz de relações exteriores do bloco. Na lista da própria UE, o HTS não é listado como um grupo terrorista. Mas na segunda lista, baseada na ONU, o HTS continua classificado como terrorista devido à sua afiliação à al-Qaeda e ao EI desde 2013. Se a ONU retirar o HTS dessa lista, a UE fará o mesmo, acrescentou o porta-voz.

<><> Debate em torno da classificação de terrorista

No início desta semana, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, sugeriu que a designação terrorista do HTS precisava ser revista, tendo em vista acontecimentos recentes. "É preciso analisar os fatos e ver o que aconteceu nos últimos nove anos", disse Pederson durante coletiva à imprensa, em Genebra. "Já se passaram nove anos desde que a resolução [para colocar o HTS na lista de organizações terroristas] foi adotada e a realidade até agora é que o HTS e também os outros grupos armados têm enviado boas mensagens ao povo sírio; eles têm enviado mensagens de unidade, de inclusão."

Políticos dos EUA e do Reino Unido também sugeriram uma reavaliação, embora grande parte do debate tenha ocorrido a portas fechadas. Não está claro se isso ocorrerá, de acordo com Aaron Zelin, especialista em HTS e membro sênior do Washington Institute. "É compreensível que os governos estejam discutindo o assunto apenas por causa da mudança na situação [da Síria]", disse à DW. "Mas isso não se deve necessariamente ao fato de as pessoas não acharem que eles são extremistas. Na verdade, o HTS pediu que os EUA os retirassem da lista [de terroristas] em 2020." Embora a retirada da lista não tenha acontecido na época, a atual importância geopolítica da Síria para o Ocidente poderia contar a favor do HTS, sugeriu Zelin. Políticos de direita e anti-imigração na Europa já estão discutindo como podem enviar refugiados sírios de volta. Mas a lei internacional provavelmente proibiria o envio de pessoas diretamente para um país administrado por um grupo reconhecido como terrorista que não tem uma comunicação aberta e legítima com outros países.

<><> Contatos estabelecidos

Já existem contatos entre o HTS e pelo menos alguns dos governos que o classificam como organização terrorista. A Turquia tem um canal de diálogo com o grupo, e o Ministério do Exterior da Alemanha diz que tem meios de entrar em contato com o HTS, assim como seu homólogo americano. "Temos a capacidade de enviar mensagens a cada um dos grupos relevantes dentro da Síria", disse um porta-voz do Departamento de Estado americano na terça-feira, em Washington. Mas isso não significa que os EUA possam legalmente oferecer apoio material a uma organização estrangeira designada como terrorista, concluiu. E esse é um dos motivos para a classificação do HTS ser reconsiderada, apontam especialistas. Ela atrapalha o acesso à ajuda humanitária, a exemplo do que aconteceu após o terremoto devastador que atingiu a Turquia e o norte da Síria em fevereiro de 2023.

As sanções pré-existentes contra o regime de Assad e a classificação do HTS como grupo terrorista também dificultam muito as organizações que trabalham com desenvolvimento e reconstrução na Síria. O HTS anunciou que deseja administrar uma economia de livre mercado, mas as sanções teriam um "efeito inibidor" internacional, à medida que empresas e bancos podem ser extremamente cautelosos quando se trata de negociar com a Síria. Há outros motivos para prudência ao listar o HTS como terrorista, segundo observadores. O HTS nasceu de vários grupos extremistas na Síria, mas rompeu esses laços em 2016 e, desde então, de fato prendeu, expulsou e lutou contra membros da Al-Qaeda e do EI. O HTS também disse anteriormente que não permitiria que seu território fosse usado como base para ataques extremistas. "O HTS representa uma baixa ameaça para aqueles que estão fora de sua área de controle imediata", observou um resumo do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, em meados de 2023. "No entanto, o estilo autoritário de governança do HTS representa uma ameaça para a população local."

<><> Ações, não palavras

Desde cerca de 2017, o HTS controla uma área no norte da Síria com mais de 3 milhões de habitantes e, como todos os outros grupos de milícias de oposição no país, também foi acusado de abusos de direitos humanos. "Suas políticas são frequentemente aplicadas por meio de intimidação, assassinato de seus rivais e assassinato de ativistas da sociedade civil", explicou Joseph Daher, professor do Instituto Universitário Europeu e especialista em Síria, em uma entrevista à revista Tempest nesta semana. "Muitos sírios em áreas sob o controle do grupo expressam alívio com a relativa estabilidade no local, mas ressentimento com as práticas de mão de ferro do grupo."

Para sair da lista de terroristas e obter reconhecimento internacional formal, o HTS precisa agora provar seu valor, afirmaram especialistas do think tank europeu Crisis Group num comunicado publicado na quinta-feira. "Washington e outras capitais ocidentais devem (...) explicar ao [líder militar do HTS, Abu Mohammed] al-Golani o que ele precisa fazer para que a designação de terrorismo seja retirada", escreveram eles. "Al-Golani deve mostrar rapidamente aos sírios, especialmente àqueles que não compartilham de suas crenças islâmicas e às minorias do país, bem como aos vizinhos desconfiados e às capitais ocidentais, que seu movimento pode trabalhar com outros para conduzir o país a um futuro melhor. O mundo, por sua vez, deve lhe dar espaço para fazer isso." Se a comunidade internacional considerar as ações do governo sírio inadequadas, "as autoridades podem rapidamente reimpor a designação se julgarem necessário", sugeriu o Crisis Group.

 

Fonte: DW Brasil

 

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