segunda-feira, 1 de maio de 2023

Fila do SUS tem mais de meio milhão de pessoas à espera de cirurgias eletivas

Dezesseis estados e o Distrito Federal informaram ao Ministério da Saúde que mais de 566 mil pessoas estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de cirurgias eletivas. O número aparece no relatório mais recente da pasta sobre o andamento de um novo programa do governo federal, que pretende repassar recursos para reduzir a espera por cirurgias, exames e consultas na rede pública de saúde.

💉 Contexto: Lançado em janeiro, o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF) foi uma das bandeiras dos primeiros 100 dias da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

🩺 Na primeira etapa, a prioridade são as cirurgias eletivas, que são procedimentos já marcados e sem urgência.

Pelas regras do programa, cada estado deverá apresentar suas demandas ao ministério, com detalhamento sobre a quantidade de pessoas na fila e os procedimentos cirúrgicos mais aguardados.

📝 Estados aprovados: Até o dia 27 de abril, o Ministério da Saúde tinha aprovado os planos de 17 unidades da federação: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.

  • No total, o tamanho da fila declarada por esses estados foi de 566.923 pessoas.
  • Dessas, 256.215 cirurgias serão realizadas por meio do programa do governo federal.
  • De acordo com o ministério, a redução da fila declarada até agora será de 45,2%.

📄 Estados pendentes: Ainda faltam informações sobre a espera por cirurgias eletivas no SUS em 10 estados: oito elaboram os planos para enviar ao Ministério da Saúde e dois aguardam a análise da pasta, de acordo com os dados mais atuais.

Até então, não havia um número exato de pessoas na chamada 'fila do SUS'. O detalhamento feito pelos estados está ajudando o governo federal a ter uma noção sobre a espera pelos procedimentos de saúde na rede pública de uma maneira nacional.

Ainda em janeiro, o secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Helvecio Magalhães, afirmou que era "um mistério completo esse número exato".

Nesta quinta-feira (27), durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), o diretor de programa da mesma secretaria, Aristides Vitorino De Oliveira Neto, afirmou que o caminho para a redução das filas do SUS "é longo".

"A gente sabe que [a fila] é ainda maior [que 566 mil]. Existe um esforço para a gente conseguir captar a totalidade desta fila em todo o território nacional, em parceria com os estados e municípios", disse.

"O percurso para que a gente atinja os objetivos é longo, mas a gente está trilhando, asfaltando essa estrada, para que a gente consiga chegar lá", afirmou ainda o representante do Ministério da Saúde.

·         Represamento pós-pandemia

A espera por cirurgias, consultas e exames no SUS sempre existiu, mas ficou ainda maior após a pandemia da Covid-19, quando cirurgias não urgentes foram paralisadas. E, consequentemente, as filas aumentaram.

Para a professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Marília Louvison, o programa do governo federal pode ser efetivo para resolver o represamento agravado nos últimos anos. Mas, segundo ela, é preciso avançar para uma melhor organização dos processos.

"Filas sempre existirão. É preciso fazer a gestão das filas pra garantir tempo oportuno para resolver as necessidades da população, em cada território", afirmou Marília.

As filas de espera, muitas vezes, não estão devidamente organizadas nos sistemas de regulação, estão desatualizadas ou até mesmo dispersas com os especialistas. É preciso qualificar e organizar adequamente essas demandas — Marília Louvison, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP.

A tendência, porém, é de que a fila não ande tão rápido como o esperado pelos pacientes. Um dos motivos está na contratação de mão-de-obra capaz de atender as demandas represadas, sem esquecer dos atendimentos de saúde que ocorrem fora das filas.

"Uma das dificuldades que faz o programa ter maior lentidão é a necessidade de identificar os prestadores capazes de assumir essa oferta adicional, porque a rotina continuará acontecendo normalmente, considerando especificidade, especialidade e complexidade cirúrgica", afirmou Marília Louvison.

Após as cirurgias eletivas, o governo federal planeja seguir com o programa para tentar reduzir as filas de espera por exames e consultas especializadas.

"Quando chegar nessa etapa, esse mapeamento e contratação dos prestadores de serviço talvez ficará ainda mais difícil", disse a professora Marília Louvison.

·         As cirurgias mais esperadas

A facoemulsificação com implante de lente intraocular dobrável, mais conhecida como cirurgia de catarata, é a que tem a maior fila declarada, com base nas informações de 16 estados e do DF: mais de 70 mil pessoas aguardam o procedimento nessas localidades.

A cirurgia de catarata é um procedimento simples e moderno, um dos mais feitos na oftalmologia, e é a única forma de tratamento para a doença, que deixa a lente interna do olho opaca, gerando perda de visão. Com a cirurgia, o paciente pode voltar a enxergar.

💊 Ranking dos procedimentos com mais demanda

No ranking dos 10 principais procedimentos cirúrgicos com maior demanda até agora e que serão realizados, em parte, pelo programa do governo federal, também estão:

  • colecistectomia (retirada da vesícula biliar);
  • hernioplastias (tratamento de hérnia em diferentes partes do corpo);
  • histerectomia (remoção do útero);
  • hemorroidectomia (remoção das hemorroidas).

Os dados podem mudar à medida que os estados enviem ao governo federal as informações sobre as filas e procedimentos mais represados.

💰 Envio de dinheiro para mutirões

O Ministério da Saúde pretende transferir R$ 600 milhões para estados e municípios realizarem mutirões de cirurgias eletivas, exames e consultas ao longo deste ano - mais de R$ 200 milhões somente para cirurgias eletivas.

Os repasses começaram em março. Até agora, 11 estados já foram beneficiados, segundo levantamento feito pelo g1 com base nas publicações do Diário Oficial da União (DOU).

·         Com funciona? 

O ministério envia um terço do dinheiro previsto após a aprovação do plano estadual e o restante é repassado depois da realização dos procedimentos.

Confira os estados que já receberam recursos para redução das filas no SUS:

  • Acre: R$ 2.550.776,40
  • Alagoas: R$ 9.465.746,06
  • Amazonas: R$ 12.010.244,50
  • Distrito Federal: R$ 8.703.429,35
  • Espírito Santo: R$ 11.556.028,89
  • Maranhão: R$ 20.120.029,55
  • Minas Gerais: R$ 60.225.464,06
  • Piauí: R$ 9.251.808,75
  • Rondônia: R$ 5.105.845,00
  • Roraima: R$ 1.835.890,37
  • Santa Catarina: R$ 20.640.973,81

 

Ø  Catarata, hérnia, laqueadura e mais: veja as 10 cirurgias mais procuradas por pacientes na fila do SUS

 

Em 16 estados e no Distrito Federal, mais de 566,9 mil pessoas estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de uma cirurgia eletiva, ou seja, uma cirurgia já marcada e sem urgência.

Os dados estão sendo coletados pelo Ministério da Saúde com ajuda dos estados para o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), uma iniciativa do governo federal para tentar reduzir a espera por procedimentos de saúde no SUS, agravada nos últimos anos por conta da pandemia da Covid-19.

🩺 Na primeira etapa do programa, serão priorizadas as cirurgias eletivas - após, também virão os exames e as consultas especializadas.

O governo federal fez uma lista das cirurgias a serem realizadas por meio do programa. Já os estados elaboraram planos locais e enviaram ao ministério, com um levantamento da quantidade de pessoas na fila e dos procedimentos cirúrgicos aguardados pelos pacientes.

Até o dia 27 de abril, foram aprovados os planos de 17 unidades da federação: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.

>>>>> Confira abaixo o ranking das 10 cirurgias mais procuradas no SUS nessas unidades da federação:

·         1. Cirurgia de catarata

A facoemulsificação com implante de lente intraocular dobrável, mais conhecida como cirurgia de catarata, é a que tem a maior fila declarada, com base nas informações de 16 estados e do DF: mais de 70 mil pessoas aguardam o procedimento nessas localidades.

  • A cirurgia de catarata é um procedimento simples e moderno, um dos mais feitos na oftalmologia;
  • É a única forma de tratamento para a doença, que deixa a lente natural do olho (cristalino) opaca, gerando perda de visão. Com a cirurgia, o paciente pode voltar a enxergar.

👁🗨 Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a facoemulsificação é a técnica cirúrgica mais avançada para a correção de catarata. É feita uma pequena abertura na córnea, através da qual a catarata é emulsificada e aspirada ao mesmo tempo. Após a retirada da parte opaca, o médico coloca uma lente intraocular para compensar o grau do cristalino normal.

🧓 A doença é mais comum na população idosa, com uma prevalência de mais de 70% nas pessoas acima de 75 anos. Dados do CBO estimam que haja 120 mil novos casos de catarata por ano no Brasil.

·         2. Colecistectomia

É a retirada da vesícula biliar, órgão que possui de 7 a 10 centímetros de comprimento e está localizado abaixo do fígado. A função da vesícula biliar é armazenar a bile, líquido que ajuda na digestão.

  • A cirurgia é indicada para tratamento de doenças relacionadas ao órgão, como a colelitíase (mais conhecida como pedras na vesícula) e a colecistite (uma inflamação da vesícula biliar).
  • O procedimento convencional remove a vesícula biliar por um corte no abdômen.
  • Essa intervenção é indicada em casos de inflamação no órgão, de acordo com um manual da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Mais de 58 mil pessoas estão na fila do SUS em 17 unidades da federação para a realização dessa cirurgia.

·         3. Hernioplastia inguinal/crural (unilateral)

É a cirurgia de hérnia. A hérnia aparece na parede abdominal quando parte de um órgão (geralmente alças do intestino delgado) se desloca através de um orifício na parede abdominal, causando alteração da forma do abdômen.

  • Há vários tipos de hérnia. A mais comum é a inguinal, que aparece na região da virilha.
  • Já a hérnia crural se localiza entre a extremidade da bacia e o púbis, como se fosse um cisto interno na coxa.
  • Com a hernioplastia, é possível reposicionar o órgão no seu lugar e realizar o fechamento do defeito (buraco ou anel herniário).

🥑 De acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), as hérnias podem surgir em qualquer idade, mas são mais frequente nos adultos. Elas surgem por vários motivos, como fraqueza na musculatura da parede abdominal, hereditariedade, esforço físico excessivo, entre outros.

No SUS, a cirurgia de hérnia mais comum é feita por corte, com anestesia local, custo menor e baixo risco de complicações graves. São 41,3 mil pacientes esperando pelo procedimento.

·         4. Colecistectomia videolaparoscópica

Também é a remoção cirúrgica da vesícula biliar, mas por outro método. É feito um pequeno corte na cicatriz umbilical e introduzido um instrumento chamado laparoscópio, que possui uma câmera que passa a imagem para um visor, possibilitando que o médico enxergue dentro do abdômen.

Mais de 38,4 mil pessoas aguardam na fila do SUS para a realização desse tipo de procedimento.

·         5. Hernioplastia umbilical

É outra cirurgia de hérnia, mas essa é feita no umbigo. A hérnia pode surgir nesse local pelo não fechamento adequado do orifício de passagem do cordão umbilical ou por aumento de pressão intra-abdominal (como gestação ou obesidade).

👶 Bebês são mais vulneráveis a este tipo de hérnia, mas normalmente ela desaparece sozinha nos primeiros anos de vida, segundo a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH).

No SUS, são 27 mil pessoas aguardando pela cirurgia.

·         6. Histerectomia total

É a remoção cirúrgica do útero. A histerectomia total é o tipo mais comum: o procedimento remove o útero e o colo do útero. Em alguns casos, também pode haver a remoção das tubas uterinas e dos ovários.

O procedimento é indicado em casos como aparecimento de miomas uterinos, hemorragias uterinas ou doenças na região, como câncer no colo do útero.

Na fila do SUS, são 20,9 mil pessoas na espera.

·         7. Hernioplastia inguinal (bilateral)

É o tratamento de hérnia que surge na região da virilha, mas, nesse caso, a doença afeta os dois lados da virilha do paciente (bilateral). A cirurgia de correção pode ser feita de forma simultânea.

Para essa cirurgia, a fila do SUS possui 13,5 mil pessoas em 16 estados e no DF.

·         8. Hemorroidectomia

É a cirurgia para hemorroidas. Ela é indicada para quem tem a doença, mas não vê melhora no tratamento clínico. Também é uma opção para diminuir os sintomas em graus mais elevados.

🩸 As hemorroidas são vasos internos, como "almofadinhas", que se enchem de sangue quando há pressão na região. Nos casos em que o reto está sensibilizado, ocorre um sangramento ao fazer força.

Mais de 13,8 mil pessoas estão na fila do SUS para fazer a cirurgia de hemorroida.

·         9. Laqueadura tubária

É um procedimento de esterilização feito em pessoas com o aparelho reprodutor feminino. A cirurgia interrompe o caminho entre o ovário e o útero com o corte das trompas. Isso impede o contato do óvulo com o espermatozoide e, consequentemente, uma gravidez.

📢 A laqueadura pode ser feita por quem tem mais de 21 anos ou pelo menos 2 filhos vivos. Não é mais necessária a autorização do cônjuge para realizar o procedimento. É uma cirurgia considerada simples e é irreversível.

12,5 mil pessoas aguardam na fila do SUS em 16 estados e DF para realizar o procedimento. De 2019 a 2022, foram realizados 324.272 procedimentos de laqueadura na rede pública. A média de idade das pessoas que realizaram o procedimento é de 30 a 34 anos.

·         10. Hernioplastia incisional

Mais um tipo de cirurgia de hérnia. As hérnias incisionais aparecem na parede abdominal no local de incisão de uma outra cirurgia feita pelo paciente.

  • Elas são identificadas como abaulamentos que aparecem em cima ou próximo de cicatrizes de cirurgias anteriores. Podem surgir dias após a cirurgia ou até anos depois.
  • De acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), esse tipo de hérnia ocorre em aproximadamente 12% das incisões realizadas.

No SUS, 10,3 mil pessoas aguardam na fila para fazer o procedimento em 17 UFs.

 

Fonte: g1

 

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