segunda-feira, 1 de maio de 2023

Contraofensiva ucraniana: metas, oportunidades, riscos

Uma autoestrada da Polônia na fronteira com a Ucrânia numa manhã de abril: um comboio formado por uma dúzia de caminhões militares verde-oliva retorna do país vizinho com seus reboques vazios. "Eu os vi uma semana atrás, eles levaram tanques de combate para a Ucrânia", conta um taxista. "Eram tanques bem grandes."

Nas próximas semanas e meses, a nação sob invasão russa necessitará cada um desses veículos: suas Forças Armadas estão concluindo os preparativos para uma contraofensiva. Anunciada meses atrás e aguardada com suspense, ela deverá ser uma guinada na massacrante guerra de exaustão em curso, e expulsar a Rússia dos territórios ocupados; poderá ser uma batalha decisiva, um ato de libertação.

Quem vai para Kiev por estes dias vivencia a literal calma antes da tempestade. Bombardeios aéreos russos, como o da última sexta-feira (28/04), tornaram-se raros. Nas bem cuidadas ruas da capital ucraniana, árvores e canteiros florescem, os cafés estão lotados, a guerra parece estar distante.

Entretanto o visitante é lembrado da existência dela constantemente: em cada esquina estão afixados cartazes convocando ao recrutamento voluntário ou a fazer doações para o Exército. Na Maidan, a Praça da Independência, são exibidos quase diariamente caixões de combatentes de destaque caídos na guerra.

Em Bakhmut, em especial, muitos estão morrendo. Há meses transcorrem os combates pela cidade na região de Donetsk, agora em grande parte sob controle russo. Mais o exército ucraniano não desiste – segundo a liderança estatal e militar, a fim de proteger outras cidades próximas.

Contudo Kiev não quer apenas subjugar as forças russas em Bakhmut, mas também ganhar tempo para os preparativos de contraofensiva. Por isso o exército tem poupado longamente suas reservas, ao preço de grandes baixas, cujos números exatos não são conhecidos.

·         Silêncio sobre os planos de contraofensiva

Também Andriy e Maxim (nomes alterados para proteger as identidades dos entrevistados) lutaram em Bakhmut. No momento, encontram-se novamente em Kiev, para um bem merecido descanso. "Torço mesmo para que tenha valido a pena", comenta Andriy a decisão de defender a cidade no leste do país, aparentando não estar seguro, ele mesmo.

Maxim relata sobre a superioridade numérica das tropas russas, a má preparação e armamento insuficiente de sua própria unidade. Assim como seu colega, ele espera da contraofensiva "finalmente territórios liberados". A planejada operação militar é tema constante na mídia ucraniana, porém os líderes militares mantêm silêncio: para todas as perguntas, a resposta é "aguardar".

Os motivos para tal são vários: por exemplo, ainda não chegaram todas as armas ocidentais esperadas. Desde o início de 2023, a Ucrânia recebeu, dos países-membros da Otan, muito "heavy metal", como se diz coloquialmente – em grande parte pela primeira vez, como tanques de combate e defesa de fabricação alemã e britânica, sistemas de defesa aérea americanos do tipo Patriot, aviões caças soviéticos.

O jornal online Ukrainska Pravda calcula que o Exército e a Guarda Nacional tenham criado pelo menos 16 brigadas adicionais, com um total de até 50 mil soldados. Essas novas unidades precisam de tempo para se preparar, também para se familiarizar com os novos armamentos.

Um desafio adicional é a mobilização coordenada de diversas tropas numa grande ofensiva, um tipo de manobra em massa com que, até agora, a Ucrânia teve pouca experiência. Segundo círculos especializados de Kiev, diferentes configurações e desdobramentos estão sendo estudados em simulações de computador.

Apesar da chegada da primavera, as condições meteorológicas ainda são desfavoráveis: chuvas deixaram muitas estradas rurais praticamente intransitáveis para tecnologia de guerra pesada. Além disso, os soldados ucranianos precisam esperar as árvores ganharem folhagem mais espessa para poder se camuflar melhor. Assim, ainda levará alguns dias até os palcos de guerra estarem convenientemente secos e verdes.

·         Ucrânia teme pressão para negociar paz com russos

Onde, quando e como a Ucrânia atacará é no momento um dos segredos mais bem guardados. A ofensiva deverá vir de pelo menos duas direções: assim as Forças Armadas nacionais procederam no terceiro trimestre de 2022, em Kharkiv e Kherson, com sucesso.

Em seu único artigo programático até agora, em dezembro de 2022, o comandante supremo do Exército ucraniano, general Valeriy Zaluzhnyi, apenas esboçou como poderia se desenrolar uma contraofensiva. Ele se referiu a "alguns contra-ataques consequentes, idealmente simultâneos", além de mencionar como uma meta estrategicamente importante a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Segundo diversos observadores de Kiev, essa seria o principal alvo bélico da Ucrânia. Pode-se também esperar surpresas e manobras de dissimulação, porém poucos creem que seu exército já seja capaz de capturar a península: para tal ainda faltam pessoal e equipamento.

Há muito a região de Zaporíjia, no sul do país, é considerada como principal foco para os ataques. A partir de lá, os ucranianos pretendem seguir até a Crimeia, a fim de cortar o abastecimento das tropas russas por via terrestre. Se isso der certo, seria uma grande vitória para Kiev, diz-se. Fácil, não será, contudo, já que a Rússia ergueu várias linhas de defesa. Além disso, ao contrário dos combates em Kharkiv e Kherson, ela poderá reagir com contra-ataques, o que conta entre os riscos da grande ofensiva ucraniana.

Ainda assim, o clima em Kiev é cautelosamente otimista. "Essa ofensiva não pode fracassar de jeito nenhum, outras regiões vão ser liberadas", afirma um perito militar. "A questão é só: quanto e a que preço." O soldado Andriy se dá conta desse preço toda vez que confere a lista de contatos do seu telefone celular: "Muitos camaradas caíram. Não consigo apagar os números deles."

Também está no ar a questão de o que acontecerá depois da contraofensiva. Muitos temem que, caso o resultado fique muito aquém das expectativas, o Ocidente tente convencer a Ucrânia a uma solução negociada, com dolorosas concessões.

A liderança militar rechaça veementemente essa alternativa. Andriy assegura: "Não vai acontecer." Assim como muitos em Kiev, ele conta com uma longa guerra, que também não acabará depois da contraofensiva. Por isso, torce pela chegada de muitos outros comboios com equipamento pesado do Ocidente.

 

Ø  Rússia inicia produção de canhão autopropulsado com munições de detonação remota

 

A Rússia iniciou a produção do canhão autopropulsado antitanque 2S25M Sprut-SDM1, de 125 milímetros.

O equipamento militar é destinado às Forças Aerotransportadas russas, com um poder de fogo semelhante aos tanques modernos e alta manobrabilidade.

De acordo com especialistas, o Sprut-SDM1 pode ser usado na zona da operação especial para combater tanques e efetuar ataques surpresa às posições ucranianas.

O novo canhão antitanque autopropulsado 2S25M Sprut-SD recebeu novas munições com detonação remota, segundo a corporação estatal russa Rostec.

O sistema de armamento 2S25M também prevê o uso de modernas munições perfurantes de blindagem, cumulativas e explosivas de fragmentação com um alcance direto de alvos de até cinco quilômetros.

A arma autopropulsada pode ser transportada e implantada na área desejada por via aérea com a tripulação dentro, bem como percorrer até 500 km sem reabastecimento.

Além do Sprut-SDM1, os sistemas antitanque, drones kamikaze, artilharia e bombas aéreas guiadas são algumas das armas destinadas a combater os blindados ocidentais.

 

Ø  Instrutores alemães treinam militares ucranianos para contraofensiva, revela mídia

 

O jornal Bild relatou que instrutores alemães estão treinando soldados ucranianos na Alemanha para a contraofensiva contra a Rússia.

Segundo a mídia, os soldados de Kiev "estão se preparando para uma próxima ofensiva em 12 bases da Bundeswehr".

Reporta-se que Berlim também está treinando militares ucranianos para combater nas zonas urbanas, atacar trincheiras e sobreviver atrás das linhas inimigas.

Além disso, os militares de Kiev seguem recebendo treinamento para operar os tanques alemães.

Recentemente, o Ministério da Defesa da Ucrânia havia informado que as forças de Kiev estão quase prontas para sua contraofensiva.

"Assim que Deus quiser, o tempo e os comandantes decidirem, vamos realizá-la", destacou.

·         Reino Unido pretende obter mísseis com alcance de até 300 km para a Ucrânia

De acordo com o portal Defense24, as autoridades britânicas pretendem comprar e transferir à Ucrânia mísseis de longo alcance que possam atingir alvos a uma distância de 100 a 300 quilômetros.

Citando o Ministério da Defesa britânico, o portal afirma que o Reino Unido estaria interessado em mísseis lançados a partir de terra, mar e ar, com ogivas de 20 a 490 kg.

Além disso, os britânicos ainda desejam que os projéteis sejam imunes a interferências e de difícil interceptação pelos sistemas de defesa aérea.

Anteriormente, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que, quanto mais sistemas de longo alcance forem fornecidos à Ucrânia, mais a Rússia considerará isso uma ameaça.

·         Nenhum dos 20 obuseiros fornecidos pela Itália a Kiev em 2022 estava operacional, diz mídia

Enquanto alguns dos países europeus estão cumprindo suas promessas de fornecer armas a Kiev em termos de números, alguns estão falhando quando se trata da qualidade dessas promessas.

Nenhum dos 20 obuseiros autopropulsados ​​que a Itália entregou à Ucrânia, no início de 2023, estava apto para uso imediato em combate, disse um conselheiro anônimo do Ministério da Defesa ucraniano ao Financial Times (FT).

No dia 26 de abril, Mikhail Podolyak, conselheiro sênior do presidente ucraniano Vladimir Zelensky, revelou que o país ainda precisa de mais armas e equipamentos.

A agência observa que Kiev ainda não convenceu Washington a fornecer mísseis guiados com precisão de longo alcance ou caças F-16, e "há algum tempo há preocupações sobre se haverá munição e armas de artilharia suficientes".

Se a contraofensiva ucraniana não atender às expectativas do Ocidente, os críticos nos EUA e em outros países vão questionar a viabilidade de continuar a fornecer apoio militar à Ucrânia e podem forçá-la a um acordo com Moscou, observou a FT.

No geral, obter grandes ganhos territoriais contra as forças russas provavelmente seria uma tarefa difícil para Kiev, resumiu o veículo de comunicação.

A Rússia lançou sua operação militar especial na Ucrânia em resposta ao pedido das repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL), anteriormente reconhecidas por Moscou como Estados soberanos, por ajuda diante do genocídio de Kiev. Muitos países condenaram a operação e apoiaram Kiev com entrega de armas, doações, ajuda humanitária e sanções contra Moscou.

O Pentágono afirmou que a Ucrânia receberia 31 tanques Abrams dos EUA, mas nenhum deles foi entregue até agora e provavelmente deve levar meses para chegar ao campo de batalha.

 

Fonte: Deutsche Welle/Sputnik Brasil

 

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