Os
problemas de próstata são incrivelmente comuns nos homens. Veja por que e como
tratá-los
Muitos
homens não falam sobre seus problemas de próstata, mas ignorar esse problema de
saúde onipresente não fará com que ele desapareça. O Rei Charles 3º, por
exemplo, recentemente anunciou publicamente sua condição de saúde para
incentivar outros homens a fazer o exame de próstata.
E a
importância dos homens fazerem exames regulares é ressaltada especialmente com
a chegada desse mês, por conta do movimento do Novembro Azul – mês mundial de
combate ao câncer de próstata.
Cerca
de um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata durante a
vida, e metade de todos os que têm entre 51 e 60 anos sofrerá de um aumento
benigno da próstata. Esse número sobe para 70% entre os homens de 60 a 69 anos
e 90% entre os homens com mais de 85 anos.
Arvin
George, diretor do programa de câncer de próstata da Johns Hopkins Medicine,
nos Estados Unidos, diz que os especialistas não sabem a combinação exata de
fatores genéticos, ambientais, dietéticos ou outros que desempenham um papel
nos problemas de próstata à medida que os homens envelhecem.
Isso
significa que não há um caminho fácil para evitá-los. “Tanto para o aumento da
próstata quanto para o câncer de próstata, não existe uma 'maçã por dia' para
evitar isso”, afirma Arvin George.
Felizmente,
há maneiras de lidar com isso. Os homens que sofrem de problemas urinários têm
muitas opções de tratamento disponíveis. E, embora o câncer de próstata
continue a ser um problema comum, pesquisas emergentes sugerem que muitos
homens podem adiar o tratamento com segurança ou evitá-lo totalmente.
• O que é a próstata e
como ela aumenta?
A
próstata é uma glândula do tamanho de uma noz que ajuda a produzir o sêmen, o
fluido que leva o esperma ao óvulo após a ejaculação. Ela é enrolada ao redor
da uretra, o tubo que leva o sêmen e a urina para fora do corpo, o que
significa que o crescimento da próstata pode apertar a uretra.
A
hiperplasia prostática benigna (BPH), ou aumento da próstata, ocorre quando a
glândula dobra ou até triplica de tamanho em homens mais velhos – pense naquela
noz que cresce até ficar do tamanho de um limão. Isso pode dificultar a micção
e o esvaziamento completo da bexiga. Os pacientes também podem ter que urinar
com mais frequência, especialmente à noite, ou podem fazê-lo involuntariamente.
• O que causa o aumento da
próstata e como tratá-lo?
O
maior fator para o desenvolvimento de um aumento da próstata é simplesmente o
envelhecimento, provavelmente porque o corpo passa por mudanças no equilíbrio
dos hormônios sexuais. A BPH também é mais comum entre as pessoas com histórico
familiar da doença, e há algumas evidências de que os homens obesos ou com
fatores de risco para doenças cardiovasculares e diabetes podem ter maior
probabilidade de ter uma próstata aumentada. Não há absolutamente nenhuma
evidência de que fazer sexo cause problemas na próstata, diz George,
tranquilizadoramente.
Cerca
de metade dos homens com próstata aumentada não apresenta nenhum sintoma. “Se
não estiver causando sintomas, não há motivo para preocupação”, explica Nick
Ridgman, chefe de informações sobre saúde e suporte clínico da Prostate Cancer
UK, do Reino Unido.
Ocasionalmente,
a BPH pode causar problemas de saúde, como infecções urinárias frequentes ou
problemas renais. Mas os sintomas típicos são um problema de qualidade de vida
e os tratamentos se concentram em aliviar o incômodo dos problemas urinários.
A
simples redução da ingestão de líquidos, especialmente à noite, ou a limitação
de diuréticos como cafeína e álcool podem ajudar. Para aqueles que precisam de
mais alívio, os medicamentos podem relaxar os músculos ao redor da próstata ou
até mesmo encolhê-la, e os tratamentos cirúrgicos podem reduzir o tamanho da
próstata.
As
decisões de tratamento, diz George, são mais bem orientadas pelo grau de
incômodo do indivíduo com seus próprios sintomas. “Alguns homens acordam para
urinar várias vezes por noite, mas voltam a dormir e ficam bem”, diz ele.
“Outros podem não ter acesso regular a um banheiro, e isso pode realmente
afetar sua qualidade de vida.”
• Quais são os riscos de
contrair câncer de próstata?
Os
homens que vivem o suficiente provavelmente terão câncer de próstata; 70% das
pessoas com mais de 70 anos de idade têm algumas células cancerosas na
próstata, mesmo que não tenham sido diagnosticadas. Nos Estados Unidos e no
Reino Unido, o câncer de próstata é a segunda principal causa de mortes por
câncer entre homens, atrás apenas do câncer de pulmão e brônquios. A idade
média do diagnóstico é 67 anos e os diagnósticos são raros entre homens com
menos de 40 anos.
Os
cientistas ainda estão desvendando as mutações genéticas relacionadas ao câncer
de próstata, mas sabem que o risco está na família. Um homem que tem dois ou
mais parentes próximos do sexo masculino (pai ou irmãos) com câncer de próstata
tem de cinco a dez vezes mais chances de ser diagnosticado. Por motivos ainda
não totalmente compreendidos, os homens afrodescendentes correm um risco
especial: os homens negros têm 70% mais chances de contrair câncer de próstata
e também têm mais chances de morrer da doença.
O
câncer de próstata também pode se espalhar para os tecidos vizinhos ou, pior
ainda, se espalhar mais amplamente pelo corpo. Felizmente, a maioria dos casos
é localizada e oferece excelentes resultados; 95% dos homens diagnosticados com
câncer de próstata sobrevivem pelo menos 15 anos.
• Como saber se você tem
câncer de próstata?
George
observa que muitos homens que ele atende com sintomas urinários incômodos ficam
compreensivelmente preocupados com a possibilidade de terem um caso grave de
câncer de próstata. “Essa é provavelmente a concepção errônea mais comum entre
os pacientes e até mesmo entre a comunidade médica”, afirma ele.
Em
países como os Estados Unidos, onde o rastreamento é comum há décadas, o câncer
de próstata geralmente é detectado muito antes de a pessoa desenvolver
sintomas, explica ele. “Na maioria das vezes, quando um homem apresenta
sintomas, é muito improvável que eles estejam relacionados ao câncer de
próstata e, na maioria das vezes, estão relacionados apenas a um aumento da
próstata.”
A
American Urological Association recomenda que a maioria dos homens com idade
entre 55 e 69 anos faça o exame de câncer de próstata a cada dois anos, mas
conversar com um médico sobre seus próprios fatores de risco pode ajustar essa
recomendação. Aqueles com fatores de risco mais altos, como homens negros e
pessoas cujos parentes próximos têm câncer de próstata, devem fazer o exame
mais cedo e com mais frequência.
• Por que algumas pessoas
podem deixar o câncer de próstata sem tratamento
O
exame pode identificar cânceres de próstata com alto risco de disseminação e
permitir que os médicos os tratem precocemente, salvando vidas.
Mas
alguns especialistas afirmam que o rastreamento por muitos exames tem suas
desvantagens. Os exames de sangue do antígeno prostático específico (PSA), que
identificam as proteínas produzidas pela próstata, podem produzir resultados
falsos positivos e falsos negativos, o que pode causar estresse ou tratamentos
desnecessários. Para cada mil homens examinados entre as idades de 55 e 69
anos, cerca de uma morte será evitada.
Além
disso, muitos cânceres de próstata são de evolução lenta e nunca causam
problemas. Na verdade, pesquisas recentes mostram que muitos homens com câncer
de próstata podem se beneficiar se não o tratarem, mas simplesmente ficarem
atentos. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, em abril de
2023, mostrou que o monitoramento ativo do câncer de próstata tem as mesmas
altas taxas de sobrevivência em 15 anos do que intervenções muito mais
agressivas, como radioterapia e cirurgia.
O
mesmo estudo destacou os efeitos colaterais desses tratamentos, observando que
eles podem causar problemas persistentes na função sexual e na micção por mais
tempo do que se acreditava – até 12 anos. “Esses são aspectos bastante sérios e
de longo prazo para sobrecarregar as pessoas”, explica Ridgman.
“As
evidências mostram que os homens podem viver com câncer de próstata localizado
e de baixo risco por muitos anos, ou décadas, sem precisar de tratamento
ativo.” E embora os problemas urinários geralmente não signifiquem câncer, os
homens não precisam sofrer em silêncio quando há ajuda disponível.
“Se
tiver sintomas que o incomodam, pergunte ao seu médico”, diz George. “Não
queremos que as pessoas se resignem e pensem que é isso que está acontecendo
comigo e que tenho que lidar com isso.”
Fonte:
National Geographic Brasil
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