sábado, 5 de abril de 2025

Brasil x Paraguai: suspeita de interferência dos EUA também motivou espionagem, diz fonte

A espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Paraguai tinha como um dos focos identificar se agentes estrangeiros, ou agências de espionagem de outros países, especialmente a CIA, estavam incentivando, ou até mesmo financiando a campanha para o endurecimento do acordo do uso da hidrelétrica de Itaipu. A informação é de uma fonte da Abin, que pediu anonimato.

A revisão do acordo teria impactos na produção industrial do Brasil por conta do aumento do preço da energia, diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Uma informação que vazou de um inquérito tocado pela Polícia Federal (PF) causou um incidente diplomático. Um servidor da Abin relatou no depoimento uma suposta invasão aos sistemas do governo paraguaio com a intenção de obter vantagens nas negociações de Itaipu.

Já a versão da fonte ouvida dá um caráter de defesa dos interesses nacionais, e não de uma espionagem para obter vantagens.

<><> Campanha de ONG

De acordo com a fonte, o que chamou atenção da Abin foi a campanha liderada por uma ONG, que também foi monitorada. Segundo o relato, palestras do Centro para a Democracia, a Criatividade e a Inclusão Social (Demos) eram realizadas em espaços sob administração americana.

A ONG Demos fazia campanha pública para cobrar do Brasil o que considerava uma “divida espúria” relacionada à Itapu Binacional.

No dia 8 de abril de 2019, a Demos promoveu uma palestra em que expôs as estratégias para alcançar seus objetivos: suscitar simpatia no exterior, cultivar aliados, criar uma consciência nacional e gerar empatia. Um dos pontos sugeridos no encontro era evitar o discurso anti-brasileiro para conseguir apoios até dentro do Brasil.

<><> Suposta interferência dos EUA

A conferência ocorreu no Teatro de las Américas del CCPA, em Assunção, no Paraguai. O local é gerido por um Comitê Executivo integrado por paraguaios e norte-americanos em igualdade de número, como mostra o site do teatro.

Isso originou a desconfiança de que os EUA poderiam estar turbinando a campanha, que teria reflexos na indústria do Brasil, aumentando custos com energia e diminuindo a competitividade de produtos brasileiros no comércio internacional.

A Demos é uma organização fundada pelo cientista político Miguel Carter. Ele sustenta que o Paraguai deixou de ganhar US$ 75,4 bilhões com os acordos da Itaipu. Carter defende que o Paraguai possa vender o excedente de energia produzido por Itaipu para outros países, e não apenas para o Brasil. O que também enfraqueceria a indústria nacional. Um dos discursos de Cárter é o de que o acordo empobrece o Paraguai e enriquece a indústria paulista.

Nas apresentações, todas públicas, ele usa imagens da história bíblica de David derrotando Golias. No caso, David é o Paraguai e Golias, o gigante derrotado, é o Brasil.

<><> Ataque hacker

Além da suspeita de interferência estrangeira, um funcionário da Abin relatou à Polícia Federal uma suposta invasão aos sistemas do governo paraguaio com a intenção de obter vantagens nas negociações de Itaipu, o que gerou atrito entre os países e suspendeu negociações.

As informações sobre a acusação do ataque hacker foram publicadas pelo portal UOL, e a TV Globo teve acesso a trechos do depoimento. O caso gerou protesto do governo paraguaio, que cobra explicações do Brasil, e informou que paralisou as negociações sobre a comercialização da energia gerada por Itaipu.

¨      Espionagem como atitude imperialista. Por Danilo Espindola Catalano

A espionagem brasileira ao governo paraguaio elucida ainda mais a posição de superioridade pela qual se caracteriza a relação diplomática entre os dois países desde o fim da Guerra da Tríplice Aliança, (conhecida pelo povo brasileiro por Guerra do Paraguai).

Tomando conhecimento do ocorrido, que se concretiza por uma denúncia de espionagem por parte da ABIN - Agência Brasileira de Inteligência aos membros dos três poderes (Legislativo, Executivo e Jurídico), do governo paraguaio durante os anos de 2022 e 2023, é protagonizada por um governo que se sente superior ao outro, como se pudesse fazer com o outro, (o paraguai), o que lhe convenha no momento que lhe convenha.

Parecendo ser uma “brincadeira” do dia da mentira, (1 de abril), a notícia veio a público e logo o governo paraguaio convocou para uma reunião o embaixador brasileiro, para dar explicações.

O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, ao tomar conhecimento mandou finalizar qualquer tipo de operação de vigilância que se mantivesse desde então ao governo paraguaio ou todo o seu território. Isso porque, ele tomou conhecimento do ocorrido ao mesmo tempo que foi divulgado ao mundo, pois foi na administração do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que foi dada a ordem para tal investigação.

Não é nenhuma surpresa que tenha sido protagonizada a espionagem durante a administração anterior a Lula, pois ela não veria aos países vizinhos como iguais, o que justifica agir da forma estadunidense para com a administração daqueles que são irmãos e nossos iguais.

Refletindo sobre o contexto, me parece pertinente entendermos um pouco da história da relação entre Brasil e Paraguai, após a Guerra da Tríplice Aliança, se configura por uma passividade em que um se caracteriza por quase ser uma “colônia” ou um estado do outro, apropriando-se do discurso de amizade e reparação como apagamento dos males protagonizados pelo Império Brasileiro.

Assim podemos concluir, que a espionagem da ABIN, é mais uma atitude “imperialista” por parte do Brasil para com o Paraguai, como se o país não fosse independente e tivesse leis adequadamente estabelecidas que protegem seu governo de qualquer interferência externa, fazendo-o ser vítima de uma atitude que beira ao que só presenciamos constantemente como protagonista os Estados Unidos.

<><> Ação hacker contra Paraguai foi contraespionagem, dizem fontes

A suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o governo do Paraguai foi uma ação de contraespionagem ao país vizinho, segundo integrantes da Abin ouvidos pela CNN.

Sob reserva, funcionários da agência afirmaram que o Paraguai teria investigado o Brasil primeiro, durante as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.

Já fontes do Itamaraty alegam que a ação dos paraguaios teria ocorrido em 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Foi naquele ano que as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina hidrelétrica – começaram.

O Anexo C deveria ter sido revisto em 2023, após 50 anos de vigência do Tratado de Itaipu, mas o acordo que não foi firmado até hoje.

Diante disso, fontes da Abin alegam que a espionagem conduzida pelo Brasil foi uma resposta ao Paraguai — uma ação conhecida como Contrainteligência.

Segundo interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas, algo que, para esses servidores, é uma prática comum entre agências de inteligência em todo o mundo.

Em conversa com a reportagem, os profissionais de inteligência citaram um exemplo de 2015, quando os Estados Unidos grampearam o telefone da então presidente Dilma Rousseff (PT).

A informação foi divulgada pelo site WikiLeaks, que revelou documentos sigilosos da diplomacia norte-americana e uma lista classificada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) como “ultrassecreta”.

Para as fontes da Abin, à época, os norte-americanos não se desculparam pelo ocorrido. “Essas ações fazem parte do serviço de inteligência. Esse serviço tem de ser bem-feito. É uma questão nacional e não pode deixar vazar (esse tipo de informação)”, explicou um servidor da agência.

<><> Entenda

A informação sobre a suposta espionagem brasileira ao Paraguai foi revelada na segunda-feira (31) pelo portal UOL.

Nesta terça-feira (1), a Polícia Federal informou ter aberto inquérito para apurar o possível vazamento do depoimento de um servidor da Abin que teria revelado a ação contra o país vizinho.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores negou, na segunda-feira (31), que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha feito qualquer ação hacker contra o governo do Paraguai ou que exista qualquer medida de inteligência do tipo em curso.

O Itamaraty, no entanto, informou que tal ação ocorreu no fim do governo de Jair Bolsonaro (PL), autorizada em junho de 2022, mas tornada sem efeito pelo então diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, no início do terceiro mandato de Lula.

Procurado novamente nesta quarta (2) sobre as declarações a respeito da suposta espionagem brasileira enquanto resposta ao Paraguai, o Itamaraty ainda não se pronunciou.

Já o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai não respondeu aos questionamentos da CNN.

Em nota, a assessoria de imprensa da Presidência do Paraguai afirmou que ministros do país já expressaram, em coletiva de imprensa, a posição oficial do governo, que uma “solicitação de esclarecimento foi entregue ao embaixador do Brasil no Paraguai, e que “aguarda resposta oficial” do governo brasileiro.

¨      À CNN, ex-ministro da Inteligência do Paraguai nega espionagem ao Brasil

O ex-ministro da Inteligência do Paraguai, Esteban Aquino, negou que seu país tenha espionado o Brasil em 2022, o que fontes da Agência Brasileira de Inteligência alegam que teria motivado a operação de inteligência contra o país vizinho.

“Em nenhum caso minha administração autorizou, planejou ou executou nenhum tipo de espionagem contra nenhum paraguaio ou algum governo ou agência estrangeira”, disse Aquino em entrevista por telefone à CNN.

Ex-ministro da Inteligência entre 2018 e 2013, durante o governo do ex-presidente Mario Abdo Benítez, Aquino estava no cargo no ano em que fontes afirmaram à CNN que a suposta espionagem ao Brasil teria ocorrido.

“Isso não é verdade de nenhuma maneira”, desmentiu Aquino, afirmando que as alegações são “fábulas”.

Ele disse ainda que uma ação do gênero, de invadir a privacidade de cidadãos nacionais ou estrangeiros, violaria a legislação paraguaia, e que colocar a mão no fogo por todos os seus companheiros da época de que desempenharam “um trabalho profissional, institucional, e em nenhum momento foi realizada nenhuma tarefa contrária à lei dentro nem fora do país”.

Segundo o ex-ministro, em 2022, a agência de inteligência do Paraguai nem teria recursos suficientes para promover espionagem estrangeiras. “Éramos uma agência recém-formada, com um orçamento escasso, o que havia era muito patriotismo e pelo que sei, o orçamento ainda é precário”, expressou.

¨      Suposta contraespionagem

As declarações de Aquino foram feitas após funcionários da Abin afirmarem à CNN sob reserva que a operação de inteligência contra o Paraguai ocorreu porque o país vizinho teria investigado o Brasil primeiro, durante as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.

Já fontes do Itamaraty alegaram que a ação dos paraguaios teria ocorrido em 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Foi naquele ano que as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina hidrelétrica – começaram.

Diante disso, fontes da Abin alegam que a espionagem conduzida pelo Brasil foi uma resposta ao Paraguai — uma ação conhecida como Contrainteligência. Segundo interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas.

 

Fonte: g1/Brasil 247/CNN Brasil

 

Nenhum comentário: