Brasil
x Paraguai: suspeita de interferência dos EUA também motivou espionagem, diz
fonte
A
espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Paraguai tinha como
um dos focos identificar se agentes estrangeiros, ou agências de espionagem de
outros países, especialmente a CIA, estavam incentivando, ou até mesmo
financiando a campanha para o endurecimento do acordo do uso da hidrelétrica de
Itaipu. A informação é de uma fonte da Abin, que pediu anonimato.
A
revisão do acordo teria impactos na produção industrial do Brasil por conta do
aumento do preço da energia, diminuindo a competitividade dos produtos
brasileiros no mercado internacional.
Uma
informação que vazou de um inquérito tocado pela Polícia Federal (PF) causou um
incidente diplomático. Um servidor da Abin relatou no depoimento uma suposta invasão aos sistemas do
governo paraguaio com
a intenção de obter vantagens nas negociações de Itaipu.
Já a
versão da fonte ouvida dá um caráter de defesa dos interesses nacionais, e não
de uma espionagem para obter vantagens.
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Campanha de ONG
De
acordo com a fonte, o que chamou atenção da Abin foi a campanha liderada por
uma ONG, que também foi monitorada. Segundo o relato, palestras do Centro para
a Democracia, a Criatividade e a Inclusão Social (Demos) eram realizadas em
espaços sob administração americana.
A ONG
Demos fazia campanha pública para cobrar do Brasil o que considerava uma
“divida espúria” relacionada à Itapu Binacional.
No dia
8 de abril de 2019, a Demos promoveu uma palestra em que expôs as estratégias
para alcançar seus objetivos: suscitar simpatia no exterior, cultivar aliados,
criar uma consciência nacional e gerar empatia. Um dos pontos sugeridos no
encontro era evitar o discurso anti-brasileiro para conseguir apoios até dentro
do Brasil.
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Suposta interferência dos EUA
A
conferência ocorreu no Teatro de las Américas del CCPA, em Assunção, no
Paraguai. O local é gerido por um Comitê Executivo integrado por paraguaios e
norte-americanos em igualdade de número, como mostra o site do teatro.
Isso
originou a desconfiança de que os EUA poderiam estar turbinando a campanha, que
teria reflexos na indústria do Brasil, aumentando custos com energia e
diminuindo a competitividade de produtos brasileiros no comércio internacional.
A Demos
é uma organização fundada pelo cientista político Miguel Carter. Ele sustenta
que o Paraguai deixou de ganhar US$ 75,4 bilhões com os acordos da Itaipu.
Carter defende que o Paraguai possa vender o excedente de energia produzido por
Itaipu para outros países, e não apenas para o Brasil. O que também
enfraqueceria a indústria nacional. Um dos discursos de Cárter é o de que o
acordo empobrece o Paraguai e enriquece a indústria paulista.
Nas
apresentações, todas públicas, ele usa imagens da história bíblica de David
derrotando Golias. No caso, David é o Paraguai e Golias, o gigante derrotado, é
o Brasil.
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Ataque hacker
Além da
suspeita de interferência estrangeira, um funcionário da Abin relatou à Polícia
Federal uma suposta invasão aos sistemas do governo paraguaio com a intenção de
obter vantagens nas negociações de Itaipu, o que gerou atrito entre os países e
suspendeu negociações.
As
informações sobre a acusação do ataque hacker foram publicadas pelo portal UOL,
e a TV Globo teve acesso a trechos do depoimento. O caso gerou
protesto do governo paraguaio, que cobra explicações do Brasil, e informou
que paralisou as negociações sobre a comercialização da energia gerada por
Itaipu.
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Espionagem como atitude imperialista. Por Danilo
Espindola Catalano
A
espionagem brasileira ao governo paraguaio elucida ainda mais a posição de superioridade
pela qual se caracteriza a relação diplomática entre os dois países desde o fim
da Guerra da Tríplice Aliança, (conhecida pelo povo brasileiro por Guerra do
Paraguai).
Tomando
conhecimento do ocorrido, que se concretiza por uma denúncia de espionagem por
parte da ABIN - Agência Brasileira de Inteligência aos membros dos três poderes
(Legislativo, Executivo e Jurídico), do governo paraguaio durante os anos de
2022 e 2023, é protagonizada por um governo que se sente superior ao outro,
como se pudesse fazer com o outro, (o paraguai), o que lhe convenha no momento
que lhe convenha.
Parecendo
ser uma “brincadeira” do dia da mentira, (1 de abril), a notícia veio a público
e logo o governo paraguaio convocou para uma reunião o embaixador brasileiro,
para dar explicações.
O atual
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, ao tomar conhecimento mandou finalizar
qualquer tipo de operação de vigilância que se mantivesse desde então ao
governo paraguaio ou todo o seu território. Isso porque, ele tomou conhecimento
do ocorrido ao mesmo tempo que foi divulgado ao mundo, pois foi na
administração do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que foi dada a ordem
para tal investigação.
Não é
nenhuma surpresa que tenha sido protagonizada a espionagem durante a
administração anterior a Lula, pois ela não veria aos países vizinhos como
iguais, o que justifica agir da forma estadunidense para com a administração
daqueles que são irmãos e nossos iguais.
Refletindo
sobre o contexto, me parece pertinente entendermos um pouco da história da
relação entre Brasil e Paraguai, após a Guerra da Tríplice Aliança, se
configura por uma passividade em que um se caracteriza por quase ser uma
“colônia” ou um estado do outro, apropriando-se do discurso de amizade e
reparação como apagamento dos males protagonizados pelo Império Brasileiro.
Assim
podemos concluir, que a espionagem da ABIN, é mais uma atitude “imperialista”
por parte do Brasil para com o Paraguai, como se o país não fosse independente
e tivesse leis adequadamente estabelecidas que protegem seu governo de qualquer
interferência externa, fazendo-o ser vítima de uma atitude que beira ao que só
presenciamos constantemente como protagonista os Estados Unidos.
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Ação hacker contra Paraguai foi contraespionagem, dizem fontes
A
suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra
o governo do Paraguai foi uma ação de contraespionagem ao país
vizinho, segundo integrantes da Abin ouvidos pela CNN.
Sob
reserva, funcionários da agência afirmaram que o Paraguai teria investigado o
Brasil primeiro, durante as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica
de Itaipu.
Já
fontes do Itamaraty alegam que a ação dos paraguaios teria ocorrido em 2022,
ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foi
naquele ano que as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C
do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina
hidrelétrica – começaram.
O Anexo
C deveria ter sido revisto em 2023, após 50 anos de vigência do Tratado de
Itaipu, mas o acordo que não foi firmado até hoje.
Diante
disso, fontes da Abin alegam que a
espionagem conduzida pelo Brasil foi uma resposta ao Paraguai — uma ação
conhecida como Contrainteligência.
Segundo
interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas, algo que, para
esses servidores, é uma prática comum entre agências de inteligência em todo o
mundo.
Em
conversa com a reportagem, os profissionais de inteligência citaram um exemplo
de 2015, quando os Estados Unidos grampearam o
telefone da então presidente Dilma Rousseff (PT).
A
informação foi divulgada pelo site WikiLeaks, que revelou documentos sigilosos
da diplomacia norte-americana e uma lista classificada pela Agência Nacional de
Segurança (NSA, na sigla em inglês) como “ultrassecreta”.
Para as
fontes da Abin, à época, os norte-americanos não se desculparam pelo ocorrido.
“Essas ações fazem parte do serviço de inteligência. Esse serviço tem de ser
bem-feito. É uma questão nacional e não pode deixar vazar (esse tipo de
informação)”, explicou um servidor da agência.
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Entenda
A
informação sobre a suposta espionagem brasileira ao Paraguai foi revelada na
segunda-feira (31) pelo portal UOL.
Nesta
terça-feira (1), a Polícia Federal informou ter aberto inquérito para apurar o
possível vazamento do depoimento de um servidor da Abin que teria revelado a
ação contra o país vizinho.
Procurado, o Ministério das
Relações Exteriores negou,
na segunda-feira (31), que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) tenha feito qualquer ação hacker contra o governo do Paraguai ou que
exista qualquer medida de inteligência do tipo em curso.
O
Itamaraty, no entanto, informou que tal ação ocorreu no fim do governo de Jair
Bolsonaro (PL), autorizada em junho de 2022, mas tornada sem efeito pelo então
diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, no início do terceiro mandato
de Lula.
Procurado
novamente nesta quarta (2) sobre as declarações a respeito da suposta
espionagem brasileira enquanto resposta ao Paraguai, o Itamaraty ainda não se
pronunciou.
Já o
Ministério das Relações Exteriores do Paraguai não respondeu aos
questionamentos da CNN.
Em
nota, a assessoria de imprensa da Presidência do Paraguai afirmou que ministros
do país já expressaram, em coletiva de imprensa, a posição oficial do governo,
que uma “solicitação de esclarecimento foi entregue ao embaixador do Brasil no
Paraguai, e que “aguarda resposta oficial” do governo brasileiro.
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À CNN, ex-ministro da Inteligência do Paraguai nega
espionagem ao Brasil
O
ex-ministro da Inteligência do Paraguai, Esteban Aquino, negou que seu país
tenha espionado o Brasil em 2022, o que fontes da Agência Brasileira de
Inteligência alegam que teria motivado a operação de inteligência contra o país
vizinho.
“Em
nenhum caso minha administração autorizou, planejou ou executou nenhum tipo de
espionagem contra nenhum paraguaio ou algum governo ou agência estrangeira”,
disse Aquino em entrevista por telefone à CNN.
Ex-ministro
da Inteligência entre 2018 e 2013, durante o governo do ex-presidente Mario
Abdo Benítez, Aquino estava no cargo no ano em que fontes afirmaram
à CNN que a suposta espionagem ao Brasil teria ocorrido.
“Isso
não é verdade de nenhuma maneira”, desmentiu Aquino, afirmando que as alegações
são “fábulas”.
Ele
disse ainda que uma ação do gênero, de invadir a privacidade de cidadãos
nacionais ou estrangeiros, violaria a legislação paraguaia, e que colocar a mão
no fogo por todos os seus companheiros da época de que desempenharam “um
trabalho profissional, institucional, e em nenhum momento foi realizada nenhuma
tarefa contrária à lei dentro nem fora do país”.
Segundo
o ex-ministro, em 2022, a agência de inteligência do Paraguai nem teria
recursos suficientes para promover espionagem estrangeiras. “Éramos uma agência
recém-formada, com um orçamento escasso, o que havia era muito patriotismo e
pelo que sei, o orçamento ainda é precário”, expressou.
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Suposta contraespionagem
As
declarações de Aquino foram feitas após funcionários da Abin afirmarem
à CNN sob reserva que a operação de inteligência contra o Paraguai
ocorreu porque o país vizinho teria investigado o
Brasil primeiro, durante
as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.
Já
fontes do Itamaraty alegaram que a ação dos paraguaios teria ocorrido em 2022,
ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foi
naquele ano que as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C
do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina
hidrelétrica – começaram.
Diante
disso, fontes da Abin alegam que a espionagem conduzida pelo Brasil foi uma
resposta ao Paraguai — uma ação conhecida como Contrainteligência. Segundo
interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas.
Fonte:
g1/Brasil 247/CNN Brasil
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