Ossos
em perigo: atente-se aos sinais da osteomielite
Caracterizada
como uma infecção rara que ataca os ossos, a osteomielite é causada, em sua
maioria, por bactérias ou fungos. A doença se desenvolve quando esses
micro-organismos patogênicos invadem os ossos, por meio de feridas não
cicatrizadas, durante uma cirurgia; das mucosas, por ingestão de alimentos
contaminados; ou da corrente sanguínea, quando a infecção vem de outro lugar do
corpo.
Um caso
de grande repercussão foi o da ex-BBB Letícia Santiago, que enfrentou um grande
susto após ser diagnosticada com a doença. O problema surgiu após um implante
dentário malsucedido, que levou à inflamação da área afetada e fratura da
mandíbula. Em suas redes sociais, Letícia contou que ficou internada por 13
dias após fortes dores e inchaço, e precisou passar por uma cirurgia para
retirar o implante.
De
acordo com Sergio Costa, médico ortopedista, pessoas com doenças pré-existentes
são as mais vulneráveis à doença, por conta da saúde fragilizada.
"Pacientes com diabetes, especialmente se tiverem feridas nos pés que
demoram para cicatrizar, com sistema imunológico comprometido, seja por HIV,
câncer ou uso de medicamentos que baixam a imunidade, também são mais
vulneráveis. Quem já fez cirurgia ortopédica ou teve fraturas expostas e
usuários de drogas injetáveis correm risco, pois agulhas contaminadas podem
levar bactérias diretamente para o osso", afirma.
Uma das
maiores complicações relacionadas à doença é que ela pode ser aguda, com
evolução rápida em algumas semanas, ou crônica. "Osteomielites agudas têm
maior risco de se agravarem e ocasionarem quadros de infecção sistêmica, e
quando não tratadas, podem progredir para osteomielites crônicas. Já a forma
crônica da doença, a longo prazo, vai causar deterioração do osso, com perda de
sua funcionalidade e aumento de sua fragilidade, o que, por sua vez, favorece a
ocorrência de fraturas patológicas", explica Luciana Medeiros,
infectologista do Hospital Sírio-Libanês.
Em sua
maioria é causada pela bactéria Staphylococcus aureusé. Em casos mais graves, a
osteomielite pode levar a complicações sérias, como a destruição e deformidade
óssea, ou até a necessidade de amputação do membro afetado.
• Sintomas
Podem
variar de acordo com a gravidade, mas os principais são:
-Dores
localizadas
-Dificuldade
para movimentar a região afetada
-Febre
-Fadiga
-Inchaço
e vermelhidão no local
-Calor
local característico
-Secreção
e necrose (em casos graves)
Segundo
o ortopedista Sergio Costa, os sintomas da osteomielite podem ser confundidos
com os de outras condições, como artrite séptica (infecção nas articulações),
celulite (infecção na pele, não a de gordura) ou até tumores ósseos.
• Diagnóstico
Para se
ter um diagnóstico preciso, é feita uma combinação de exames. "O médico
avalia os sintomas, solicita exames de sangue para verificar sinais de infecção
e complementa com exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia,
que ajudam a detectar a infecção óssea. Em alguns casos, pode ser necessária
uma biópsia para confirmar o diagnóstico", explica Sergio Costa, médico
ortopedista.
• Tratamento
O
tratamento é indicado por um profissional de acordo com o caso de cada
paciente, que pode envolver o uso prolongado de antibióticos intravenosos ou
orais. Em casos mais graves, a cirurgia pode ser indicada, caso a infecção não
melhore apenas com o tratamento medicamentoso, para remover toda área
comprometida ou contaminada. Em alguns casos, as bactérias desenvolvem
resistência aos antibióticos, e o osso pode sofrer danos tão graves que não
consegue se regenerar adequadamente.
De
acordo com a fisioterapeuta Kelly Letícia Boscato, a oxigenoterapia hiperbárica
pode ser utilizada para potencializar e acelerar a recuperação durante o
tratamento, juntamente com o acompanhamento fisioterapêutico, que é fundamental
para manter a função do membro afetado e evitar complicações.
Sem o
tratamento adequado, há o risco de novas fraturas e a infecção se espalhar para
outras áreas do corpo. O risco de recorrência existe, mas com um tratamento
precoce e apropriado, as chances de cura são maiores.
• Prevenção
É
possível reduzir as chances de desenvolver a doença com algumas medidas
preventivas, principalmente relacionadas à higiene pessoal, tratamento rápido
de lesões e infecções, e ao controle de doenças crônicas que prejudicam o
sistema imunológico. "Prevenir e controlar doenças como diabetes e
insuficiências vasculares periféricas, junto com acompanhamento especializado e
adoção de medidas de mudança de hábitos de vida, reduz as chances de
complicações, como o surgimento de úlceras e lesões cutâneas, que aumentam o
risco de osteomielite. Além do cuidado com higiene de unhas e pés, evitando
rachaduras e micoses que abrem portas para a entrada de infecções de pele que
podem progredir posteriormente para osteomielite", sugere a infectologista
Luciana Medeiros.
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Palavra do especialista - Kelly Letícia Boscato é fisioterapeuta e professora
do curso de fisioterapia do Ceub
• Em alguns casos, é necessário realizar
cirurgia? Quando e por quê?
Sim. A
cirurgia pode ser necessária quando há formação de abscessos, necrose óssea ou
falha no tratamento clínico com antibióticos. O procedimento pode incluir a
remoção do tecido ósseo infectado, a drenagem de pus ou, em alguns casos, a
substituição de segmentos ósseos para restaurar a função.
• A fisioterapia deve ser iniciada
imediatamente após o diagnóstico ou existe um tempo de espera após o tratamento
médico, como antibióticos ou cirurgia?
Dependendo
da gravidade do quadro e da abordagem multidisciplinar, a fisioterapia deve ser
iniciada precocemente para manter a mobilidade e a funcionalidade global do
paciente. Nos casos cirúrgicos, o fisioterapeuta atua conforme a fase de
recuperação, priorizando a redução da dor, a prevenção de contraturas, o ganho
de mobilidade e a reabilitação funcional.
• Em casos de osteomielite crônica ou
recorrente, como a abordagem fisioterapêutica muda?
Na
osteomielite crônica ou recorrente, a fisioterapia é direcionada para melhorar
a função dos membros afetados e aliviar a dor persistente. Para isso, são
utilizadas técnicas e equipamentos que reduzem a inflamação, controlam a dor e
promovem a mobilidade articular, a funcionalidade e o fortalecimento muscular,
ajudando a prevenir deformidades e a melhorar a qualidade de vida do paciente.
Fonte:
Correio Braziliense
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