segunda-feira, 14 de abril de 2025

Tratamentos para Parkinson: quais são as novas opções no Brasil

A Doença de Parkinson é uma das condições neurodegenerativas mais comuns no mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente, dentre elas cerca de 200 mil brasileiros por ano, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

De caráter progressivo e ainda sem cura, a doença impacta apresenta sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e, em estágios mais avançados, alterações no equilíbrio, cognição e comportamento emocional. Apesar de avanços constantes na medicina, a busca por novas opções de tratamento, que melhor se enquadrem a cada paciente, são foco de médicos.

No Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado na sexta-feira (11), a CNN conversou com dois especialistas sobre o que se tem no cenário médico brasileiro de inovações no tratamento do quadro.

<><> Cirurgia DBS

Um dos procedimentos de terapia avançada mais comuns é a cirurgia DBS, realizada a partir do implante de eletrodos no cérebro que enviam sinais elétricos ao corpo para aliviar os sintomas.

Segundo Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o procedimento é indicado em aproximadamente 15 a 20% dos pacientes, porcentagem que corresponde àqueles em que o efeito da medicação não está mais presente.

“A gente chama isso de períodos de rigidez ou períodos de aumento do tremor. A cirurgia também é eficaz naqueles que apresentavam melhora com medicamentos, mas em determinado momento começam a ter complicações.”

A DBS é contraindicada para pacientes que tiveram nenhuma resposta à Levodopa já que, conforme explica o médico, as vias cerebrais onde o DBS age são similares às vias onde atua o remédio popular.

“Pacientes muito idosos também, acima de setenta e cinco anos, são pacientes que muitas vezes não lidam bem com o processo cirúrgico ou que apresentam quadros de demência diante de alterações cognitivas”, ressalta o profissional.

<><> Ultrassom

O chamado ultrassom focado guiado por ressonância é um tratamento novo no Brasil, indica Marcelo Valadares. “Ele é muito importante para pacientes que tem o predomínio do sintoma de tremor. Muito tremor, pouca rigidez”, diz o especialista.

O procedimento é feito em uma única sessão e Marcelo promete ser uma coisa “minimamente invasiva”. “Não tem corte, você faz uma lesão em uma estrutura milimétrica do cérebro através de ultrassom”, explica.

No entanto, ele é restrito à pessoas que têm sintomas de tremor predominante em apenas um dos lados do corpo. “Ele ainda pode ser usado em pessoas com idade mais avançada que não desejam ou não toleram uma cirurgia.”

<><> Medicamentos

Uma das medicações mais recomendadas aos pacientes com Parkinson é a Levodopa. “Ela funciona tão bem porque a substância transformada em dopamina no organismo e a doença de Parkinson tem na sua base a falta desse neurotransmissor em determinada região do cérebro”, explica o profissional. A substância está envolvida em processos como sensação de prazer, motivação, aprendizado e a coordenação motora.

“O grande problema é que, ao longo dos anos, o uso contínuo da dopamina leva à adaptações do organismo que fazem com que o remédio não funcione tão bem mais, ou geram efeitos colaterais ao uso contínuo da medicação”, adverte Valadares.

Apesar disso, ainda é o remédio mais recomendado para a maioria dos pacientes.

Outros medicamentos podem ser administrados, ora combinados com a Levodopa ou não. Isso dependerá da necessidade de cada tipo de paciente.

“Nós temos outras substâncias que não são precursores de dopamina, mas agem nos mesmos receptores. E nós temos também remédios que vão influenciar a forma como a dopamina é processada e absorvida no organismo”, acrescenta o médico.

<><> Cannabis medicinal

Embora ainda limitadas, o neurologista Luis Otavio Caboclo considera que as evidências científicas abrem uma possibilidade real de utilizar a Cannabis medicinal para ampliar o cuidado dos pacientes com a doença.

Ele explica que a Cannabis contém compostos conhecidos como canabinoides, sendo o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) os mais estudados.

“Tais substâncias interagem com o sistema endocanabinoide do organismo, responsável por regular funções como controle motor, dor, humor e sono – todas frequentemente afetadas em pacientes com Parkinson”, explica o especialista. A combinação e a dosagem ideais, no entanto, ainda são objetos de pesquisa.

“O uso da Cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde qualificado. Países como Canadá, Estados Unidos e Brasil já permitem seu uso sob prescrição médica, em situações específicas”, informa Caboclo.

<><> Outras inovações?

“Há uma expectativa de que, no futuro, se possa envolver a inteligência artificial nos tratamentos, de forma a ter soluções mais personalizadas para cada paciente”, indica Marcelo Valadares.

“Nós temos também a perspectiva da chegada ao Brasil da Levodopa de gel via intestinal. Ela é importante pra alguns pacientes, com quadros bastante avançados, que não tem indicação de cirurgia. Temos também em caráter de pesquisa estudos visando terapia gênica e estudos estudos com células tronco, que estão em fases bem iniciais, mas prometem trazer novas opções de tratamento”, conclui o neurocirurgião.

•        DBS permite que pacientes com Parkinson voltem a sonhar

Em Abril é celebrado o Mês de Conscientização da Doença de Parkinson, um período para informar sobre a condição clínica e as possibilidades de tratamento e, dessa forma, promover a melhora na qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.

Doença neurodegenerativa do Sistema Nervoso Central, na qual ocorre a perda progressiva de dopamina1, o neurotransmissor responsável pelo controle dos movimentos, o Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial.

No Brasil, a Academia Brasileira de Neurologia2 estima que aproximadamente 200 mil pessoas acima de 65 anos convivam com a doença, cujos sintomas mais conhecidos são a lentidão de movimentos e os tremores. Esses últimos podem afetar não só as mãos e dedos, mas, também, o queixo, a cabeça ou os pés, tanto de um lado do corpo como nos dois, mesmo se o paciente estiver em repouso.

“O paciente pode apresentar, ainda, outros sinais como a rigidez muscular, postura inclinada para a frente, diminuição do equilíbrio, caminhar arrastando os pés, distúrbios de fala, depressão, dores e problemas respiratórios ou urinários e insônia”, acrescenta a neurocirurgiã Alessandra Gorgulho.

Sem dúvida, conviver com o Parkinson não é simples. Aos poucos, atividades rotineiras como caminhar, comer e vestir a roupa se tornam bastante desafiadoras e tiram a autonomia e a qualidade de vida do paciente.

A boa notícia, no entanto, é que a ciência tem investido em pesquisas e tecnologias que promovem o bem-estar do parkinsoniano. Entre elas está o DBS (Deep Brain Stimulation, ou, em português, Estimulação Cerebral Profunda), uma terapia avançada que ajuda a controlar os sintomas do Parkinson e, dessa forma, fornece mais qualidade de vida, não somente para o presente, mas, também, para o futuro do paciente.

<><> Atenção aos primeiros sinais

De acordo com Alessandra, no início os sintomas do Parkinson são tão sutis que chega a ser difícil fazer um diagnóstico. “Para se ter uma ideia, oito ou nove em cada dez pacientes perderam o olfato e tiveram distúrbios da fase mais profunda do sono, o sono REM, alguns anos antes de começarem a apresentar um tremor discreto, uma sensação de rigidez ou, ainda, uma dificuldade de movimento, deixando até a escrita mais lenta”, conta.

No caso do engenheiro José Luís Millan Ávila, os primeiros sinais da doença foram a perda de sensibilidade em dois dedos da mão. Depois de procurar um ortopedista e, ainda assim, não sentir melhora no quadro, resolveu consultar um neurologista. Após realizar exames, em 2019 veio o diagnóstico. Aos 46 anos, ele estava com Parkinson.

“Comecei imediatamente o tratamento, que envolvia medicação e prática de atividade física e resolvi encarar a doença de frente. Por alguns anos essa conduta foi suficiente para manter minha qualidade de vida”, ele conta.

<><> Uma doença em evolução

O tratamento varia de pessoa para pessoa e apenas o médico especialista pode orientar sobre o medicamento – ou combinação deles – mais adequado para repor ou substituir a dopamina perdida no cérebro, de forma a aliviar ao máximo os sintomas e produzir o mínimo de efeitos colaterais.

Realmente, para o José Luís, durante os primeiros anos foi possível manter os sintomas sob controle e levar uma vida normal. “Mas, aos poucos precisei aumentar a dose e reduzir os intervalos entre os remédios. Passei a ter dificuldades para abotoar a camisa, segurar a toalha para me enxugar depois do banho, cortar um frango era dificílimo”, ele lembra.

“Como qualquer doença degenerativa, o Parkinson vai se agravando ao longo do tempo. Depois de uns 5 anos de tratamento medicamentoso, o paciente começa a sofrer com a queda dos efeitos benéficos e com o aumento dos efeitos colaterais da terapia”, diz Alessandra.

Ela conta que nessa fase a discinesia, aqueles movimentos anormais, involuntários e excessivos, se tornam mais intensos. “Muitos pacientes relatam a sensação de pernas pesadas e a “patinação” – quando o indivíduo dá vários passos sem sair do lugar para, na sequência, andar desenfreadamente”.

Mais adiante, aparece o que os médicos chamam de freezing, quando o paciente fica paralisado porque seu corpo simplesmente não obedece à ordem para realizar determinado movimento. “Este é o momento de se pensar em outras opções de tratamento, como por exemplo, o Estimulação Cerebral Profunda, também conhecida como DBS (Deep Brain Stimulation), que consegue trazer o paciente de volta aproximadamente 10 anos em relação a sintomatologia da Doença de Parkinson”, explica a neurocirurgiã.

<><> DBS: uma nova chance para a vida com Parkinson

De fato, o dispositivo é capaz de diminuir os tremores característicos e controlar outras consequências motoras da degeneração típica do Parkinson. Entre os benefícios oferecidos, ele promove a redução da frequência e da quantidade dos medicamentos consumidos, proporcionando mais qualidade de vida não somente para o presente, mas, também, para o futuro do paciente, que pode voltar a sonhar, e o melhor, a realizar esses sonhos.

Alessandra explica que a cirurgia para implante do DBS é refinada, mas não agressiva. “O procedimento consiste na implantação cirúrgica de dois eletrodos, um em cada hemisfério do cérebro, em uma região responsável pelas reações motoras. Além disso, implantamos sob a pele do tórax um pequeno gerador que envia os sinais elétricos ao cérebro”.

A tecnologia evoluiu tanto nos últimos anos que hoje há DBS com bateria recarregável.  E os novos avanços permitiram, ainda, o desenvolvimento do eletrodo direcional e a programação guiada por imagem, permitindo que o médico estimule com ainda mais precisão uma área específica no cérebro, de forma a controlar os sintomas e evitar efeitos colaterais.

Segundo Alessandra, a partir do momento em que é feito o implante, o médico consegue entregar uma energia naquele local e fazer a modulação dos impulsos que estavam desorganizados por conta da depressão da dopamina. “O procedimento permite diminuir a flutuação motora, como discinesia, a rigidez e a lentidão no movimento e, consequentemente, melhorar na qualidade de vida”.

“Fiz a cirurgia pela manhã e à tarde estava caminhando no corredor do hospital, sem dificuldades. A minha voz, meu raciocínio lógico, minha mobilidade, tudo melhorou. É impressionante”, diz o engenheiro, que realizou o procedimento há mais de 1 ano.

<><> O momento certo é fundamental

Porém, para que seja eficaz, a cirurgia deve ser realizada quando os sintomas motores ainda respondem aos medicamentos para o Parkinson. Essa janela de oportunidade varia de uma pessoa para outra e, por isso, o paciente deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar” .

Alessandra explica que a indicação cirúrgica deve ocorrer antes de perder a capacidade de cuidar de si mesmo. “O procedimento feito neste momento permite manter o paciente em seu trabalho e mantendo suas atividades rotineiras, sem se tornar um peso para família e para sociedade. A cirurgia é hoje extremamente segura e efetiva”.

<><> DBS: transformando vidas

No Brasil, o DBS é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e faz parte do ROL (Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde) da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), uma lista que define os procedimentos, exames, consultas e demais serviços de saúde que os planos de saúde privados são obrigados a oferecer aos seus beneficiários, de acordo com as segmentações assistenciais contratadas. Há, inclusive, hospitais que realizam o procedimento via SUS (Sistema Único de Saúde).

O dispositivo transformou a forma com que diversos pacientes convivem com a doença. No caso de José Luis, por exemplo, o DBS permitiu retomar sua vida, e com mais felicidade. “Hoje eu tenho sonhos e busco realiza-los. Mas uma das minhas maiores alegrias foi poder voltar a preparar um churrasco para minha família”, ele conta, emocionado.

Dê uma nova chance para a vida com Parkinson. Converse com seu médico sobre como a estimulação cerebral profunda pode ajudar.

<><> O DBS da Boston Scientific: um sistema personalizável

Para atender às necessidades específicas de cada paciente, a Boston Scientific, empresa líder mundial em dispositivos médicos, conta com um portfólio completo para Estimulação Cerebral Profunda (DBS). São diferentes opções de produtos (com baterias recarregáveis ou não, por exemplo), em formato anatômico e confortável, que realizam múltiplas opções de tratamento. A Boston Scientific a única que disponibiliza a tecnologia de programação guiada por imagem, que permite com precisão e agilidade o ajuste do tratamento conforme a progressão da doença por meio de um software.

<><> Segurança e eficácia do DBS

Duas décadas de tratamento com Estimulação Cerebral Profunda para mais de 100 mil pacientes mostraram a segurança da terapia. A cirurgia de DBS deve ser realizada por um médico neurocirurgião experiente e, como em qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos e potenciais efeitos colaterais, que variam de acordo com cada paciente. Embora a maioria seja temporária e possa ser revertida ou reduzida por meio de estimulação, você deve discutir esses riscos com seus médicos.

<><> Os impactos do DBS da Boston Scientific em números

# 90% dos pacientes relatam melhora mesmo após 1 ano

# + 5 anos de melhora significativa na função motora

# 70% da redução média dos tremores

# 96% de satisfação do paciente

# + 6 horas de período “on”, sem discinesias

# 51% de melhora na função motora

# +100 mil pacientes tiveram uma nova chance com o dispositivo

 

Fonte: CNN Brasil

 

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