Tratamentos
para Parkinson: quais são as novas opções no Brasil
A
Doença de Parkinson é uma das condições neurodegenerativas mais comuns no
mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente, dentre elas cerca
de 200 mil brasileiros por ano, segundo estimativas da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
De
caráter progressivo e ainda sem cura, a doença impacta apresenta sintomas como
tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e, em estágios mais
avançados, alterações no equilíbrio, cognição e comportamento emocional. Apesar
de avanços constantes na medicina, a busca por novas opções de tratamento, que
melhor se enquadrem a cada paciente, são foco de médicos.
No Dia
Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado na sexta-feira
(11), a CNN conversou com dois especialistas sobre o que se tem no cenário
médico brasileiro de inovações no tratamento do quadro.
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Cirurgia DBS
Um dos
procedimentos de terapia avançada mais comuns é a cirurgia DBS, realizada a
partir do implante de eletrodos no cérebro que enviam sinais elétricos ao corpo
para aliviar os sintomas.
Segundo
Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), o procedimento é indicado em
aproximadamente 15 a 20% dos pacientes, porcentagem que corresponde àqueles em
que o efeito da medicação não está mais presente.
“A
gente chama isso de períodos de rigidez ou períodos de aumento do tremor. A
cirurgia também é eficaz naqueles que apresentavam melhora com medicamentos,
mas em determinado momento começam a ter complicações.”
A DBS é
contraindicada para pacientes que tiveram nenhuma resposta à Levodopa já que,
conforme explica o médico, as vias cerebrais onde o DBS age são similares às
vias onde atua o remédio popular.
“Pacientes
muito idosos também, acima de setenta e cinco anos, são pacientes que muitas
vezes não lidam bem com o processo cirúrgico ou que apresentam quadros de
demência diante de alterações cognitivas”, ressalta o profissional.
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Ultrassom
O
chamado ultrassom focado guiado por ressonância é um tratamento novo no Brasil,
indica Marcelo Valadares. “Ele é muito importante para pacientes que tem o
predomínio do sintoma de tremor. Muito tremor, pouca rigidez”, diz o
especialista.
O
procedimento é feito em uma única sessão e Marcelo promete ser uma coisa
“minimamente invasiva”. “Não tem corte, você faz uma lesão em uma estrutura
milimétrica do cérebro através de ultrassom”, explica.
No
entanto, ele é restrito à pessoas que têm sintomas de tremor predominante em
apenas um dos lados do corpo. “Ele ainda pode ser usado em pessoas com idade
mais avançada que não desejam ou não toleram uma cirurgia.”
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Medicamentos
Uma das
medicações mais recomendadas aos pacientes com Parkinson é a Levodopa. “Ela
funciona tão bem porque a substância transformada em dopamina no organismo e a
doença de Parkinson tem na sua base a falta desse neurotransmissor em
determinada região do cérebro”, explica o profissional. A substância está
envolvida em processos como sensação de prazer, motivação, aprendizado e a
coordenação motora.
“O
grande problema é que, ao longo dos anos, o uso contínuo da dopamina leva à
adaptações do organismo que fazem com que o remédio não funcione tão bem mais,
ou geram efeitos colaterais ao uso contínuo da medicação”, adverte Valadares.
Apesar
disso, ainda é o remédio mais recomendado para a maioria dos pacientes.
Outros
medicamentos podem ser administrados, ora combinados com a Levodopa ou não.
Isso dependerá da necessidade de cada tipo de paciente.
“Nós
temos outras substâncias que não são precursores de dopamina, mas agem nos
mesmos receptores. E nós temos também remédios que vão influenciar a forma como
a dopamina é processada e absorvida no organismo”, acrescenta o médico.
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Cannabis medicinal
Embora
ainda limitadas, o neurologista Luis Otavio Caboclo considera que as evidências
científicas abrem uma possibilidade real de utilizar a Cannabis medicinal para
ampliar o cuidado dos pacientes com a doença.
Ele
explica que a Cannabis contém compostos conhecidos como canabinoides, sendo o
canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) os mais estudados.
“Tais
substâncias interagem com o sistema endocanabinoide do organismo, responsável
por regular funções como controle motor, dor, humor e sono – todas
frequentemente afetadas em pacientes com Parkinson”, explica o especialista. A
combinação e a dosagem ideais, no entanto, ainda são objetos de pesquisa.
“O uso
da Cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde
qualificado. Países como Canadá, Estados Unidos e Brasil já permitem seu uso
sob prescrição médica, em situações específicas”, informa Caboclo.
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Outras inovações?
“Há uma
expectativa de que, no futuro, se possa envolver a inteligência artificial nos
tratamentos, de forma a ter soluções mais personalizadas para cada paciente”,
indica Marcelo Valadares.
“Nós
temos também a perspectiva da chegada ao Brasil da Levodopa de gel via
intestinal. Ela é importante pra alguns pacientes, com quadros bastante
avançados, que não tem indicação de cirurgia. Temos também em caráter de
pesquisa estudos visando terapia gênica e estudos estudos com células tronco,
que estão em fases bem iniciais, mas prometem trazer novas opções de
tratamento”, conclui o neurocirurgião.
• DBS permite que pacientes com Parkinson
voltem a sonhar
Em
Abril é celebrado o Mês de Conscientização da Doença de Parkinson, um período
para informar sobre a condição clínica e as possibilidades de tratamento e,
dessa forma, promover a melhora na qualidade de vida dos pacientes e suas
famílias.
Doença
neurodegenerativa do Sistema Nervoso Central, na qual ocorre a perda
progressiva de dopamina1, o neurotransmissor responsável pelo controle dos
movimentos, o Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial.
No
Brasil, a Academia Brasileira de Neurologia2 estima que aproximadamente 200 mil
pessoas acima de 65 anos convivam com a doença, cujos sintomas mais conhecidos
são a lentidão de movimentos e os tremores. Esses últimos podem afetar não só
as mãos e dedos, mas, também, o queixo, a cabeça ou os pés, tanto de um lado do
corpo como nos dois, mesmo se o paciente estiver em repouso.
“O
paciente pode apresentar, ainda, outros sinais como a rigidez muscular, postura
inclinada para a frente, diminuição do equilíbrio, caminhar arrastando os pés,
distúrbios de fala, depressão, dores e problemas respiratórios ou urinários e
insônia”, acrescenta a neurocirurgiã Alessandra Gorgulho.
Sem
dúvida, conviver com o Parkinson não é simples. Aos poucos, atividades
rotineiras como caminhar, comer e vestir a roupa se tornam bastante
desafiadoras e tiram a autonomia e a qualidade de vida do paciente.
A boa
notícia, no entanto, é que a ciência tem investido em pesquisas e tecnologias
que promovem o bem-estar do parkinsoniano. Entre elas está o DBS (Deep Brain
Stimulation, ou, em português, Estimulação Cerebral Profunda), uma terapia
avançada que ajuda a controlar os sintomas do Parkinson e, dessa forma, fornece
mais qualidade de vida, não somente para o presente, mas, também, para o futuro
do paciente.
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Atenção aos primeiros sinais
De
acordo com Alessandra, no início os sintomas do Parkinson são tão sutis que
chega a ser difícil fazer um diagnóstico. “Para se ter uma ideia, oito ou nove
em cada dez pacientes perderam o olfato e tiveram distúrbios da fase mais
profunda do sono, o sono REM, alguns anos antes de começarem a apresentar um
tremor discreto, uma sensação de rigidez ou, ainda, uma dificuldade de
movimento, deixando até a escrita mais lenta”, conta.
No caso
do engenheiro José Luís Millan Ávila, os primeiros sinais da doença foram a
perda de sensibilidade em dois dedos da mão. Depois de procurar um ortopedista
e, ainda assim, não sentir melhora no quadro, resolveu consultar um
neurologista. Após realizar exames, em 2019 veio o diagnóstico. Aos 46 anos,
ele estava com Parkinson.
“Comecei
imediatamente o tratamento, que envolvia medicação e prática de atividade
física e resolvi encarar a doença de frente. Por alguns anos essa conduta foi
suficiente para manter minha qualidade de vida”, ele conta.
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Uma doença em evolução
O
tratamento varia de pessoa para pessoa e apenas o médico especialista pode
orientar sobre o medicamento – ou combinação deles – mais adequado para repor
ou substituir a dopamina perdida no cérebro, de forma a aliviar ao máximo os
sintomas e produzir o mínimo de efeitos colaterais.
Realmente,
para o José Luís, durante os primeiros anos foi possível manter os sintomas sob
controle e levar uma vida normal. “Mas, aos poucos precisei aumentar a dose e
reduzir os intervalos entre os remédios. Passei a ter dificuldades para abotoar
a camisa, segurar a toalha para me enxugar depois do banho, cortar um frango
era dificílimo”, ele lembra.
“Como
qualquer doença degenerativa, o Parkinson vai se agravando ao longo do tempo.
Depois de uns 5 anos de tratamento medicamentoso, o paciente começa a sofrer
com a queda dos efeitos benéficos e com o aumento dos efeitos colaterais da
terapia”, diz Alessandra.
Ela
conta que nessa fase a discinesia, aqueles movimentos anormais, involuntários e
excessivos, se tornam mais intensos. “Muitos pacientes relatam a sensação de
pernas pesadas e a “patinação” – quando o indivíduo dá vários passos sem sair
do lugar para, na sequência, andar desenfreadamente”.
Mais
adiante, aparece o que os médicos chamam de freezing, quando o paciente fica
paralisado porque seu corpo simplesmente não obedece à ordem para realizar
determinado movimento. “Este é o momento de se pensar em outras opções de
tratamento, como por exemplo, o Estimulação Cerebral Profunda, também conhecida
como DBS (Deep Brain Stimulation), que consegue trazer o paciente de volta
aproximadamente 10 anos em relação a sintomatologia da Doença de Parkinson”,
explica a neurocirurgiã.
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DBS: uma nova chance para a vida com Parkinson
De
fato, o dispositivo é capaz de diminuir os tremores característicos e controlar
outras consequências motoras da degeneração típica do Parkinson. Entre os
benefícios oferecidos, ele promove a redução da frequência e da quantidade dos
medicamentos consumidos, proporcionando mais qualidade de vida não somente para
o presente, mas, também, para o futuro do paciente, que pode voltar a sonhar, e
o melhor, a realizar esses sonhos.
Alessandra
explica que a cirurgia para implante do DBS é refinada, mas não agressiva. “O
procedimento consiste na implantação cirúrgica de dois eletrodos, um em cada
hemisfério do cérebro, em uma região responsável pelas reações motoras. Além
disso, implantamos sob a pele do tórax um pequeno gerador que envia os sinais
elétricos ao cérebro”.
A
tecnologia evoluiu tanto nos últimos anos que hoje há DBS com bateria
recarregável. E os novos avanços
permitiram, ainda, o desenvolvimento do eletrodo direcional e a programação
guiada por imagem, permitindo que o médico estimule com ainda mais precisão uma
área específica no cérebro, de forma a controlar os sintomas e evitar efeitos
colaterais.
Segundo
Alessandra, a partir do momento em que é feito o implante, o médico consegue
entregar uma energia naquele local e fazer a modulação dos impulsos que estavam
desorganizados por conta da depressão da dopamina. “O procedimento permite
diminuir a flutuação motora, como discinesia, a rigidez e a lentidão no
movimento e, consequentemente, melhorar na qualidade de vida”.
“Fiz a
cirurgia pela manhã e à tarde estava caminhando no corredor do hospital, sem
dificuldades. A minha voz, meu raciocínio lógico, minha mobilidade, tudo
melhorou. É impressionante”, diz o engenheiro, que realizou o procedimento há
mais de 1 ano.
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O momento certo é fundamental
Porém,
para que seja eficaz, a cirurgia deve ser realizada quando os sintomas motores
ainda respondem aos medicamentos para o Parkinson. Essa janela de oportunidade
varia de uma pessoa para outra e, por isso, o paciente deve ser avaliado por
uma equipe multidisciplinar” .
Alessandra
explica que a indicação cirúrgica deve ocorrer antes de perder a capacidade de
cuidar de si mesmo. “O procedimento feito neste momento permite manter o
paciente em seu trabalho e mantendo suas atividades rotineiras, sem se tornar
um peso para família e para sociedade. A cirurgia é hoje extremamente segura e
efetiva”.
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DBS: transformando vidas
No
Brasil, o DBS é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
e faz parte do ROL (Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde) da ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar), uma lista que define os procedimentos, exames,
consultas e demais serviços de saúde que os planos de saúde privados são
obrigados a oferecer aos seus beneficiários, de acordo com as segmentações
assistenciais contratadas. Há, inclusive, hospitais que realizam o procedimento
via SUS (Sistema Único de Saúde).
O
dispositivo transformou a forma com que diversos pacientes convivem com a
doença. No caso de José Luis, por exemplo, o DBS permitiu retomar sua vida, e
com mais felicidade. “Hoje eu tenho sonhos e busco realiza-los. Mas uma das
minhas maiores alegrias foi poder voltar a preparar um churrasco para minha
família”, ele conta, emocionado.
Dê uma
nova chance para a vida com Parkinson. Converse com seu médico sobre como a
estimulação cerebral profunda pode ajudar.
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O DBS da Boston Scientific: um sistema personalizável
Para
atender às necessidades específicas de cada paciente, a Boston Scientific,
empresa líder mundial em dispositivos médicos, conta com um portfólio completo
para Estimulação Cerebral Profunda (DBS). São diferentes opções de produtos
(com baterias recarregáveis ou não, por exemplo), em formato anatômico e
confortável, que realizam múltiplas opções de tratamento. A Boston Scientific a
única que disponibiliza a tecnologia de programação guiada por imagem, que
permite com precisão e agilidade o ajuste do tratamento conforme a progressão
da doença por meio de um software.
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Segurança e eficácia do DBS
Duas
décadas de tratamento com Estimulação Cerebral Profunda para mais de 100 mil
pacientes mostraram a segurança da terapia. A cirurgia de DBS deve ser
realizada por um médico neurocirurgião experiente e, como em qualquer
procedimento cirúrgico, existem riscos e potenciais efeitos colaterais, que
variam de acordo com cada paciente. Embora a maioria seja temporária e possa
ser revertida ou reduzida por meio de estimulação, você deve discutir esses
riscos com seus médicos.
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Os impactos do DBS da Boston Scientific em números
# 90%
dos pacientes relatam melhora mesmo após 1 ano
# + 5
anos de melhora significativa na função motora
# 70%
da redução média dos tremores
# 96%
de satisfação do paciente
# + 6
horas de período “on”, sem discinesias
# 51%
de melhora na função motora
# +100
mil pacientes tiveram uma nova chance com o dispositivo
Fonte:
CNN Brasil
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