quarta-feira, 16 de abril de 2025

Nilo Meza: Trump não é louco

Se tem dado de barato que a guerra tarifária desencadeada por Trump é um feito inédito e muito focalizado. Isso não é correto. Nem é inédita, nem é um tema somente tarifário. Circunstâncias como a Grande Depressão de 1929 e a própria Segunda Guerra Mundial foram cenários de processos econômicos e políticos que incluíram as tarifas que hoje põem o mundo “de cabeça para baixo” – com a exceção da China.

Se buscarmos referências mais próximas, veremos que a experiência do Acordo de Plaza (1985), pensada e executada pelo G-5, liderado pelos EUA, para resolver problemas muito similares aos de agora, com claras dimensões globais, pode ser comparado ao “Acordo de Mar-a-Lago”, que resume a estratégia de Trump (S. Miran, 2025) e, como naquela ocasião, inclui a “loucura das tarifas”.

Dizer que Trump é louco porque sua política tarifária “conduzirá os EUA e ao mundo a uma recessão” é crer de pé juntos na propaganda anti-Trump realizada desde os prédios democratas que, como os europeus, creem que chegou a hora de se libertarem da vassalagem em que estiveram durante décadas.

Se alegrar pela “pausa” de 90 dias como se fosse uma “vitória” dos inimigos de Trump é não entender que o processo em curso apenas está começando e tem características tectônicos cujo amadurecimento e reconfiguração são lentos e requerem um prazo que facilmente pode superar uma ou duas décadas. A pausa não responde, como creem os anti-Trump, a medidas específicas, mas a uma estratégia cuidadosamente desenhada e que se chama “Acordo de Mar-a-Logo”, em homenagem ao complexo hoteleiro de propriedade de Trump na Flórida.

Em consequência, as tarifas, com marchas e contramarchas, são o primeiro passo de tal estratégia, destinada a recuperar o “América Primeiro” no marco de uma nova ordem mundial. Não é acasos suas altissonantes pretensões de tomar o Canal do Panamá ou a Groenlândia. A “pausa” (que não é retirada) de 90 dias é para que se passe à segunda fase: a negociação sobre as tarifas que, astutamente, Trump e sua equipe passaram a considerar como “recíprocas”. Como efeito, já se enfileiram mais de 70 países que buscam um “rebaixamento” das tarifas. Há que se compreender que os EUA não só buscam objetivos comerciais, mas sim, fundamentalmente, financeiros e monetários, que permitam fazer a gestão de sua monumental dúvida externa e na sobrevalorização do dólar de forma vantajosa. 

·        O “Acordo de Plaza”

Ele foi assinado em setembro de 1985 pelos membros do G-5 (França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Japão) embora, está claro, foi promovido pelos EUA. Seus objetivos eram: depreciar o dólar estadunidense e reduzir o crescente déficit comercial dos EUA. Entre 1980 e 1985, o dólar havia se valorizado quase em 48%, pressionando pela indústria manufatureira dos EUA, já que os produtos importados eram mais baratos que os produzidos localmente.

Dois anos depois da assinatura do “Acordo de Plaza”, o dólar havia se desvalorizado em quase 26% e, como consequência, o yen e o marco alemão aumentaram seu valor. No campo da redução do déficit comercial, apenas o déficit comercial com a Alemanha foi reduzido, e com o Japão foi reduzido um pouco. É dizer, a questão comercial derivada das tarifas não era o objetivo principal, mas sim desvalorizar o dólar para melhorar a gestão da dívida externa.

Em 1987, vendo que os objetivos do “Acordo de Plaza” foram alcançados satisfatoriamente, o G-5 decidiu, sempre sob a sombra dos EUA, deter seus efeitos por meio do “Acordo de Louvre”, evitando que o dólar seguisse perdendo valor.

·        “Acordo de Mar-a-Lago”, ou o Bretton Woods de Trump

“A ideia (com o acordo) é que os EUA forneçam segurança ao mundo e, em troca, os países ajudem a pressionar o dólar para baixo para fazer crescer o setor manufatureiro dos EUAo governo tem dois instrumentos para atingir esse objetivo: um, tarifas que aumentarão as receitas fiscais dos EUA; e, dois, o fundo soberano de riquezas”.

O fundo soberano será formado por moedas estrangeiras como o euro, o yen e o yuan, que permitirá depreciar o dólar e renegociar a dívida estadunidense. Essa proposta será bem-sucedida se os EUA “coagirem os países aliados com taxas comerciais ou com a expulsão do guarda-chuva de segurança dos EUA”. (Zoltan Poszar, 2023).

Em setembro de 2024, Steven Miran, um analista de investimentos dos EUA, pegou esse pensamento e o transformou em uma “estratégia abrangente” que chegou às mãos de Trump em dezembro de 2024. Como resultado, Miran se tornou o presidente do Conselho de Consultores Econômicos de Trump.

De acordo com Miran, “a força do dólar, que se tornou a moeda de referência dos bancos centrais em todo o mundo, está por trás das décadas de destruição de empregos e desinvestimento no setor manufatureiro dos EUA”, portanto, é necessário derrubar o dólar e aumentar as exportações dos EUA, trazendo os empregos no setor manufatureiro de volta aos EUA.

Esse setor, como mostram as estatísticas, perdeu força desde a década de 1970 com os processos de offshoring e globalização. Com o dólar supervalorizado, essa tendência se consolidou e parecia irreversível. Essa situação tornou os EUA dependentes das importações e os resignou à irrupção de produtos importados, especialmente da China, que manteve sua moeda artificialmente desvalorizada para fortalecer seu setor de manufatura, olhando para o mercado global.

Além disso, os EUA têm de arcar com o custo excessivo do apoio militar a seus aliados em todo o mundo, cujo aumento anual é paralelo ao crescimento da dívida pública dos EUA.

Diante desse cenário, a política tarifária de Trump é o primeiro elo da estratégia que resume o “Acordo de Mar-a-Lago”. A partir desse pedestal, Washington pode se oferecer para reduzi-las, como está fazendo com a “pausa”, enquanto ainda ameaça retirar a proteção militar. Dessa forma, Trump teria uma posição de negociação forte o suficiente para exigir que quase todos os seus parceiros comerciais, com exceções como a China, “desdolarizem” suas reservas e troquem seus títulos do Tesouro por títulos de 100 anos, ou sem vencimento, não negociáveis, que aliviariam os custos de financiamento dos EUA, especialmente o refinanciamento de sua dívida.

Aqueles que não aceitarem essas exigências estarão expostos às ameaças militares e às altas tarifas anunciadas em 2 e 9 de abril, além de outras exigidas pelo critério de “reciprocidade”. No caso da China, a guerra comercial é declarada abertamente. Os EUA podem impor tarifas de até 125%, mas tudo indica que a China responderá proporcionalmente e não fará parte da linha que está pedindo “descontos”.

A partir desse ponto, as tarifas que permanecerem em vigor, mesmo após as “negociações” pós-tarifárias, contribuirão para dois processos que são do interesse dos EUA: um, desestimular/reduzir as importações de determinados países; e, dois, aumentar os investimentos em solo americano, reavivando o enfraquecido setor industrial. Muitos porta-vozes de Wall Street e do mercado acionário mundial que estavam céticos em relação às medidas de Trump agora veem que podem estar diante de um manual para uma nova ordem mundial.

A China, por sua vez, está exigindo respeito de Trump. Ela não cederá às pressões tarifárias e, pelo contrário, responderá de forma proporcional e justa até que os EUA estejam em posição de iniciar um diálogo respeitoso e atencioso com um país que está facilmente desafiando-o pela hegemonia mundial. Nessa lógica, a China acaba de aplicar tarifas “recíprocas” aos produtos norte-americanos que desejam entrar no mercado chinês. 

¨      Há método e objetivos na "loucura" trumpista. Por José Álvaro de Lima Cardoso

Com grande espalhafato, Donald Trump tem utilizado a política de aumento de tarifas com o objetivo de proteger a indústria norte-americana, que vem perdendo espaço no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos desde a década de 1980. Por meio dessa política, Trump busca forçar outros países a negociarem acordos comerciais mais favoráveis, reduzindo o déficit comercial dos EUA. Com a ameaça de aumento das alíquotas, o governo norte-americano visa compelir outras nações a aceitarem termos mais vantajosos para os Estados Unidos. Em alguns casos, inclusive, as tarifas são impostas como retaliação a práticas comerciais consideradas desleais pelos norte-americanos, como subsídios governamentais ou políticas cambiais. Em certos setores, como aço e alumínio, as tarifas são justificadas com base em argumentos de segurança nacional, já que a produção doméstica desses materiais é essencial para a defesa do país.

No ano passado, os Estados Unidos registraram um déficit comercial recorde de cerca de US$ 1,212 trilhão, em uma corrente de comércio de US$ 5,37 trilhões, a segunda maior entre os países. Os principais déficits ocorreram com os seguintes parceiros comerciais:

  • China: US$ 295,4 bilhões
  • União Europeia: US$ 235,6 bilhões
  • México: US$ 171,8 bilhões
  • Vietnã: US$ 123,5 bilhões

O quadro acima explica, em parte, por que os chineses estão no centro da ofensiva dos EUA. Foram os chineses, com seu projeto de se transformar na fábrica do mundo, com altos ganhos de produtividade e mão de obra barata, que destruíram uma boa parte da indústria norte-americana. Em muitos casos, grandes empresas norte-americanas mantêm estruturas na China, ainda mais robustas do que nos EUA, principalmente em setores como tecnologia, manufatura e varejo.

O fenômeno ocorre devido a fatores estratégicos, como escala de produção, cadeia de suprimentos, mão de obra qualificada e baixos custos. Empresas como Apple, Tesla e Nike possuem fábricas gigantescas na China. Nos EUA, a produção é menor e mais cara devido a salários mais altos e regulamentações trabalhistas mais rigorosas. O mercado consumidor em crescimento também é um diferencial fundamental. Os EUA vivem o período mais desigual de toda a sua história. Os três maiores multibilionários (Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos) têm mais riqueza do que a metade mais pobre da sociedade americana (160 milhões de americanos). Atualmente, 45% de toda a nova renda gerada no país vai para o 1% do topo, e os diretores executivos de grandes corporações ganham 350 vezes o que seus funcionários recebem, o que é um recorde na história do país. Em alguns setores de serviços faz quarenta anos que o salário real não aumenta, apesar da economia produzir muito mais riqueza atualmente

Na China, como é conhecido, está sendo operado exatamente o oposto. Entre os anos de 1978 e 2018, principalmente, o país conseguiu retirar cerca de 800 milhões de habitantes da pobreza extrema. Com crescimento médio do PIB de 6% a 10% ao ano nas últimas duas décadas, elevou-se a renda per capita, com muita gente ingressando na classe média, portanto com elevada capacidade de consumo. Existem também outros fatores, como incentivos governamentais e menor burocracia operacional.

É importante considerar que a proteção da indústria norte-americana, via tarifas, é o programa de Trump desde sempre. Durante a última campanha, ele deixou clara a intenção de desenvolver ações para a retomada da indústria norte-americana, principalmente por meio do aumento de tarifas. Há outras questões em jogo, interligadas com a questão das tarifas, que não aparecem tanto, como o problema da dívida pública norte-americana, que alcançou 34,5 trilhões de dólares e representa um gasto diário de US$ 2,74 bilhões (o gasto anual estimado com juros dessa dívida está em US$ 1 trilhão, quase metade do PIB brasileiro). É uma dívida insustentável, mesmo para os EUA.

Os Estados Unidos possuem os chamados "déficits gêmeos", caracterizados por um déficit orçamentário elevado e um déficit em conta corrente significativo (como já vimos). O déficit orçamentário dos EUA atingiu 6,4% do PIB no ano passado, totalizando aproximadamente US$ 1,833 trilhão. Esse aumento foi impulsionado por custos mais elevados com o serviço da dívida, decorrentes de taxas de juros mais altas. Historicamente, o país apresenta déficits em conta corrente devido ao alto nível de importações em relação às exportações. O déficit gêmeo, que é um problema estrutural da economia norte-americana, certamente está na base das decisões de Donald Trump.

Vale lembrar que o atual presidente dos EUA representa setores do capital norte-americano que, predominantemente, não ganham dinheiro com a globalização, o que também explica a política tarifária. O uso de tarifas é uma proposta situada no campo do desenvolvimentismo. Há alguns anos, o movimento popular e sindical na América Latina conseguiu impedir a concretização da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). A ALCA foi uma proposta de bloco econômico dos EUA, lançada em 1994 durante a Cúpula das Américas em Miami, com o objetivo de eliminar barreiras alfandegárias entre os 34 países do continente americano, com exceção de Cuba. Esse projeto foi impedido pela mobilização popular (no Brasil, houve até um plebiscito que decidiu contra).

Obviamente, a política de tarifas do governo Donald Trump tem um caráter diferente daquele que teria nos países subdesenvolvidos, já que se trata de medidas de um país imperialista, que usa essa política para aumentar a opressão, e a pressão, sobre os países subdesenvolvidos. Mas isso não significa que, para combater Trump, devemos defender o neoliberalismo e a globalização, que sempre foram propostas propugnadas pelos países imperialistas.

Os sindicatos brasileiros, por exemplo, sempre defenderam o protecionismo de setores fragilizados da indústria, para preservar os empregos industriais. A retirada abrupta de tarifas na economia brasileira foi uma das bases para a destruição de boa parte da indústria brasileira, ocorrida nos governos de Fernando Collor e FHC. A globalização era defendida entusiasticamente pelos EUA e seus apaniguados aqui dentro do país. Portanto, a crítica a Trump é que ele quer utilizar as tarifas para impor a vontade dos EUA ao mundo, mas isso não significa que devemos nos alinhar com os defensores da globalização do capital, que, dentre outros efeitos, aumentou dramaticamente o desemprego e a precarização do trabalho no Brasil.

A China se levantou contra as medidas porque é o principal país-alvo. Ademais, como dispõe de condições muito fortes para competir internacionalmente, a começar por um forte projeto nacional, centrado no Estado, ganhou muito dinheiro com a globalização e tornou-se a “fábrica do mundo”. Mas a liberdade de comércio que a China defende, não é a que vigora hoje no mundo. Os EUA adotam medidas para contenção da China há muitos anos. Barack Obama, por exemplo, apesar do tratamento aparentemente amigável, que não levou a uma guerra comercial aberta, tomou uma série de medidas contra a china, chamadas eufemisticamente de “política de contenção”. Só para lembrar um caso: em 2011 os EUA deslocaram 60% da frota naval para o Pacífico, visando a “contenção” da China.

Durante o governo de Joe Biden, os Estados Unidos implementaram rigorosas medidas comerciais, diretamente contra os chineses. Em maio de 2024, por exemplo, a administração Biden anunciou um aumento significativo nas tarifas de importação sobre uma variedade de produtos provenientes da China, com o objetivo expresso de proteger a indústria americana. O aumento nas tarifas incluía: Veículos Elétricos, baterias de lítio, semicondutores, painéis solares, aço e alumínio.

Na realidade, as hostilidades mais graves começaram com o governo Obama, aumentaram no primeiro governo Trump e cristalizaram durante o governo Biden, com uma agressão, principalmente, nos campos tecnológico e militar. Essas medidas ficam mais fáceis de serem compreendidas, quando analisamos o comércio bilateral recente: no acumulado de 2020–2024, as exportações dos EUA para a China chegaram a cerca de US$ 927 bilhões e as Importações dos EUA da China alcançaram cerca de US$ 2,6 trilhões. Déficit comercial acumulado no período, de aproximadamente US$ 1,7 trilhão (80% do PIB brasileiro). Esses resultados, somados ao risco de os BRICS substituírem no médio prazo, o dólar como moeda no seu comércio interno, é quase que uma sentença de morte ao poderio dos EUA.

A política tarifária anunciada por Donald Trump sofre grande oposição interna. Inclusive no Partido Republicano, que se dividiu entre os que apoiam as medidas e os que defendem uma política de livre-comércio. É muito difícil prever o que a política de Trump pode provocar, até porque ele está sendo muito pressionado. O fato de Trump ter uma estratégia - e está muito claro que tem - não garante o seu êxito. O aumento recíproco das tarifas, ao elevar os custos dos bens importados, tende a diminuir o volume do comércio internacional. Empresas e consumidores devem buscar alternativas domésticas ou outros países. Um dos objetivos de Trump é um processo de substituição de importações por produção nacional, aproveitando a potência da economia americana, com as empresas e famílias buscando alternativas domésticas ou de outros países com tarifas menores.

A eleição de Trump decorre de uma contradição fundamental nos países imperialistas (não apenas nos EUA): para preservar os lucros das grandes corporações, está havendo o sacrifício da economia da maioria dos países do mundo, incluindo os imperialistas. Os dados da desindustrialização da economia americana, são uma síntese do fenômeno: Em 2001, os EUA respondiam por 28,4% da produção industrial global; em 2023, essa participação tinha caído para 17,4%. Muitos trabalhadores industriais perderam seus empregos e não conseguiram mais retornar ao mercado devido à desqualificação relativa. Assistimos isso no Brasil, na década de 1990, de forma mais agressiva até: o trabalhador perdia seu emprego na indústria e, sem chance de recolocação no setor, tinha que virar vendedor de churrasquinho ou cachorro-quente, muitas vezes na porta da fábrica que o demitiu.

Nos EUA, regiões historicamente dependentes da indústria sofreram com a redução drástica de empregos, levando a uma queda na economia local e problemas sociais. A perda de empregos na indústria, relativamente bem pagos em relação a outros setores, contribuiu para o aumento da desigualdade de renda, enquanto os setores de serviços e tecnologia, que requerem diferentes habilidades, muitas vezes oferecem salários mais baixos ou empregos precários. No processo de globalização, os capitalistas, especialmente os grandes, ganham muito dinheiro, mas a grande maioria da população perde direitos, renda e emprego. O neoliberalismo e a globalização são, antes de tudo, respostas do grande capital à crise capitalista, a partir de 1974, em detrimento da maioria da população dos países, inclusive dos países imperialistas.

Se Trump conseguir realizar tudo o que deseja no campo econômico, o modelo econômico neoliberal vigente na economia mundial ingressará em uma crise muito aguda. Por isso também ele é tão combatido pela direita neoliberal, que caracteriza, propriamente o sistema imperialista mundial. Mas é ilusão imaginar que a política do Trump seria uma biruta de aeroporto. Ela tem estratégia e objetivos e seus desdobramentos devem ser acompanhados com muita atenção por todos nós.

 

Fonte: Opera Mundi/Brasil 247

 

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