Ozempic 2.0: novos
remédios prometem perda de peso mais eficiente
Com
o crescimento da obesidade e do sobrepeso entre a população mundial, o mercado
de fármacos para emagrecer movimenta investimentos em pesquisas científicas e
atrai atenções diversas. No último Congresso da Associação Americana de
Diabetes, realizado entre 23 e 26 de junho, uma das principais perguntas entre
os médicos era sobre qual medicação substituirá o Ozempic, remédio à base de
semaglutida da farmacêutica Novo Nordisk.
Criado
para combater a diabetes, o Ozempic revolucionou o tratamento da obesidade e se
popularizou entre médicos e pacientes.
Durante
o congresso nos Estados Unidos, a farmacêutica Novo Nordisk apresentou dois
medicamentos que prometem ser a segunda geração do Ozempic. Ambos contêm
semaglutida na composição e se mostraram mais eficientes que o antecessor.
A
Eli Lilly, por sua vez, apresentou formulações com novas moléculas – a
retratudida e a tirzepatida -, que também atingiram bons resultados nos ensaios
clínicos realizados.
“As
possibilidades que se aproximam são incríveis e estamos cada vez mais próximos
de pensar em soluções definitivas tanto para a diabetes tipo 2 como para a
obesidade”, afirmou o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, convidado da
Novo Nordisk para explicar os avanços apresentados no congresso aos jornalistas
brasileiros.
Os
medicamentos seguem a fórmula de sucesso do Ozempic: utilizam moléculas que
simulam hormônios naturais para estimular a produção de insulina no pâncreas,
regular o açúcar no sangue e, paralelamente, promover a sensação de saciedade.
A diferença está na concentração e na combinação de moléculas.
Oasis-1
O
Oasis-1 é uma das apostas da Novo Nordisk. Nos ensaios clínicos, a medicação
levou a uma redução do peso corporal de obesos de 17,4% em 68 semanas. A
vantagem em relação ao Ozempic é que a administração da medicação ocorre via
oral, o que facilita a adesão ao tratamento.
A
empresa já tem remédio semelhante no mercado, o Rybelsus. A diferença é que a
medicação atual possuiu 14 mg de semaglutida por comprimido, enquanto o Oasis-1
foi testado com versões de 25 mg e de 50 mg da substância.
CagriSema
Também
da Novo Nordisk, o CagriSema mostrou resultados promissores. O remédio é uma
combinação entre a semaglutida e a cagrilintida – a interação entre os dois
princípios ativos permitiu efeitos mais rápidos. Em 32 semanas, os 92
voluntários com diabetes que usaram a medicação tiveram redução de peso de
15,6%.
Para
os pesquisadores, o tratamento com CagriSema em pessoas com diabetes tipo 2
resultou em melhorias no controle glicêmico. Os resultados são de fase 2 e,
agora, a medicação será avaliada em fase 3.
Retratutida
e tirzepatida
A
farmacêutica Eli Lilly também apresentou suas apostas no congresso. A molécula
retatrutida em dose de 12 mg promoveu perda de peso média de 24,2% após 48
semanas de uso semanal – percentual só atingido com cirurgias bariátricas.
Também
chamou atenção a redução de peso promovida pela medicação à base de
tirzepatida. O medicamento ajudou pacientes com obesidade ou sobrepeso a
perderem até 15,7% do peso corporal em testes de fase 3.
Acesso
O
endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri destaca que os avanços científicos
podem esbarrar no preço, tornando as novas opções tão inacessíveis quanto o
Ozempic. A medicação custa cerca de R$ 900 por mês e deve ser mantida por pelo
menos um ano.
“É
preciso pensar uma política nacional de estado, como a que temos para o HIV e
para a tuberculose, para distribuir estes remédios às pessoas com obesidade e com
diabetes tipo 2 no Brasil. Garantir o acesso e a continuidade destes
tratamentos é um desafio a ser solucionado”, frisou.
Versão do Ozempic em pílula provocou
perda de 15% do peso em pesquisa
A
farmacêutica Novo Nordisk informou, nesse domingo (25/6), que uma pílula
experimental para obesidade com alta dosagem de semaglutida ajudou adultos com
sobrepeso ou obesos a perderem 15% do peso durante ensaio clínico.
A
semaglutida é o princípio ativo utilizado no Ozempic, fármaco injetável de uso
semanal para o tratamento da diabetes tipo 2 que vem sendo usado de maneira off
label para o emagrecimento.
A
empresa já comercializa uma versão oral da semaglutida para o tratamento da
diabetes tipo 2, vendida com o nome de Rybelsus, mas o medicamento tem dose
máxima de 14 mg. A nova droga experimental foi testada com dose de até 50 mg.
A
Novo Nordisk planeja pedir a aprovação regulatória do medicamento nos Estados
Unidos e na Europa ainda este ano, segundo informou o diretor médico da Novo
Nordisk, Mico Guevarra, na reunião anual da Associação Americana de Diabetes
(ADA, na sigla em inglês).
Semaglutida
de alta dosagem
O
estudo com o novo medicamento foi feito com 667 adultos com sobrepeso ou
obesidade. Após 68 semanas, os que testaram a dose de 50 mg alcançaram uma
perda média de 15,1% do peso corporal, quando a medicação foi usado juntamente
com dieta e atividade física.
Em
comparação, os participantes que tomaram um placebo perderam apenas 2,4% do
peso seguindo o estilo de vida recomendado pelos pesquisadores.
• Efeitos colaterais
A
maioria dos voluntários da pesquisa que utilizaram a semaglutida oral de alta
dosagem relataram efeitos colaterais gastrointestinais, incluindo
principalmente náusea leve a moderada, constipação, diarreia e vômito, informou
a Novo Nordisk.
Novo remédio promete resultado melhor que
Ozempic e semelhante à bariátrica
Um
medicamento da farmacêutica Eli Lilly que ainda está em desenvolvimento aparece
como nova promessa no tratamento da obesidade e sobrepeso, condições que são
uma epidemia no mundo.
Em
ensaios clínicos publicados nesta segunda-feira (26/6), a medicação,
administrada de maneira injetável, apresentou resultados melhores que o Ozempic
e o Wegovy e semelhantes aos de uma cirurgia bariátrica.
• Retatrutida
O
princípio ativo da nova medicação é a molécula retatrutida, que vem sendo
chamada no meio médico de “molécula 3G”. A retatrutida é capaz de imitar três
hormônios relacionados à saciedade: o GLP 1, o GIP e o glucagon.
Fabricados
pelo Novo Nordisk, o Ozempic e o Wegovy usam a molécula semaglutida como
princípio ativo, que mimetiza os hormônios GLP-1 e GIP.
Na
prática, GLP 1 e 0 GIP estimulam a produção de insulina no pâncreas, o que
regula o açúcar no sangue e, paralelamente, promove a sensação de saciedade.
Também produzido pelo pâncreas, o glucagon tem efeito contrário à insulina, mas
ajuda na quebra de células de gordura. O avanço da nova medicação seria a
combinação dos três efeitos.
• Ensaios clínicos
A
pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine trouxe resultados de
um ensaio clínico com 338 pacientes obesos. Eles receberam uma dose semanal de
retatrutida durante 11 meses e perderam uma média de 23 quilos cada. Todos os
voluntários perderam ao menos 5% do peso corporal, sendo que 1/4 deles
emagreceu 30% do peso inicial.
O
ensaio publicado na The Lancet foi realizado com pacientes que possuem diabetes
tipo 2. A nova medicação controlou a doença e fez com que os pacientes
perdessem cerca de 17% do peso corporal em nove meses.
Os
efeitos colaterais da retatrutida verificados nos dois ensaios foram náusea,
diarreia, constipação e vômito, os mesmos que são relatados pelos pacientes que
usam Ozempic e Wegovy.
• Outros métodos
Uma
pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine, em 2021, mostrou que
o Ozempic proporcionou perda de até 14,9% do peso entre os que fizeram uso do
medicamento. Na cirurgia bariátrica, a perda de peso é de cerca de 30% após um
ano.
Fonte:
Metrópoles
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