Sergio de Souza: A
cruzada de Gustavo Gayer contra os Direitos Humanos
Segue
o deputado bolsonarista em evidência, não só por suas falas racistas, como
também pelo seu completo desprovimento do bom senso e decoro próprio do cargo
que exerce.
Depois
de usar dos espaços que tem para atacar a população LGBTQIAPN+, mulheres e
negros, Gayer estrelou o espetáculo mais sórdido dos últimos tempos em um
podcast dirigido ao público que o apoia.
Apesar
dos despautérios que costuma enunciar, Gayer superou seu próprio recorde com
discursos ofensivos fantasiados de opinião. Obviamente, revela aos olhares mais
atentos que preza de forma falaciosa por um grau de inteligência que de fato
não tem. Ou nem mesmo consegue fingir ter.
O
ápice disso são falas sobre brasileiros e africanos com QI em níveis menores
que de macacos. Arrematou sobre a presença de conflitos e ditaduras no
continente africano como consequência do “emburrecimento” das populações
ignorando a histórica “partilha” predatória do continente por colonialistas
como França, Bélgica, Alemanha, Portugal e Espanha. O circo de sandices do
deputado devoto de Bolsonaro, demonstra que ele próprio é nivelado por baixos
QIs
No
entanto, muito comum aos devotos desta ideologia perniciosa tentar corrigir o
curso quando ideias não caem muito bem. Tentou emendar aduzindo que o QI dos
países africanos é menor pela subnutrição, “que afetaria a educação e o
conhecimento” e seria espalhada de forma proposital pelos ditadores.
A
emenda saiu pior do que o soneto. A após impropérios ditos no podcast o
deputado referiu-se ao ministro Silvio Almeida como “analfabeto funcional”.
Isso pois o ministro, acertadamente, no silêncio dos órgãos de persecução
criminal, acionou a PGR para providências em relação às criminosas declarações.
Desnecessário
comparar a trajetória de Silvio Almeida com deputado cuja baliza é o QI de
símios. Entretanto, surge a emergência de providências legais, não
administrativas do mandato de deputado, mas também medidas penais contra a
“cruzada” que Gayer promove contra os Direitos Humanos e todos os grupos que
constroem essa pauta no Brasil.
Como
precedentes temos outro fervoroso devoto. Daniel Silveira, ex-deputado federal,
hoje condenado e preso após violar medidas impostas pelo STF.
O
desprezo pela lei e pelas instituições democráticas trazem a preocupação e
necessária urgência em promover ações para frear tais posturas e falas
ilícitas. No caso de Silveira, uma grande insegurança jurídica foi lançada por
meio do decreto presidencial concedendo graça ao ex-deputado e anulado pelo
STF. A cruzada dos devotos órfãos do bolsonarismo não pode triunfar. E os
setores progressistas e movimentos de defesa dos Direitos Humanos devem
considerar a emergência dessa pauta, pois a força dessa ideologia ganhou novos
contornos após a derrota nas urnas.
Por que a fala de Gustavo Gayer faria
Hitler rir no inferno. Por João Filho
Há
quem considere uma forçação de barra fazer associações entre o bolsonarismo e o
nazismo. Mesmo depois de tantos episódios nazistóides protagonizados por
bolsonaristas, ainda há quem fique cheio de dedos para compará-los com
nazistas. Nessa semana, a fala de um deputado federal bolsonarista talvez possa
ajudar a abrir os olhos desses inocentes.
O
goiano Gustavo Gayer, do PL, proferiu palavras que fizeram Adolf Hitler sorrir
no inferno. Durante um podcast, travou-se o seguinte diálogo entre o deputado e
o apresentador, Rodrigo Tiorró:
Gustavo
Gayer: O Brasil está emburrecido. Aí você pega e dá um título de eleitor para
um monte de gente emburrecida.
Ricardo
Tiorró: Como é que você quer que a democracia dê certo?
GG:
Não tem como.
RT:
Sabia que tem macaco com QI de 90? O QI na África é de 72. Não dá para a gente
esperar alguma coisa da nossa população.
GG:
Sim, eu vi isso aí.
RT:
O QI na África é de 72. Não dá para a gente esperar alguma coisa da nossa
população.
GG:
Aí você vai ver na África…quase todos os países são ditaduras. Quase tudo lá é
ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia,
é preciso ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o
certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que
acontece? Um ditador toma tudo e o povo… O Brasil está desse jeito. O Lula
chegou à presidência e o povo burro: picanha, cerveja!.
Parece
até uma conversa entre Mengele e Goebbels, mas é um bate-papo comum entre dois
bolsonaristas. O caráter racista desse diálogo é descarado. Nada foi dito de
forma velada, com meias palavras. Esse tipo de nazismo recreativo, que não teme
as consequências da publicidade dos seus discursos, virou algo corriqueiro.
A
ascensão do bolsonarismo propiciou um ambiente em que se pode falar com muita
tranquilidade que o QI do homem africano é menor que o de um primata. Essa é a
base fundamental do pensamento nazista. Foi esse pensamento que matou milhões
de judeus durante o Holocausto. Portanto, não é preciso forçar a barra para
qualificar essa conversa de nazista. O discurso do deputado é literalmente
nazista.
Gustavo
Gayer se elegeu no ano passado depois de ganhar fama como um youtuber
bolsonarista. A sua militância pela extrema-direita nas redes sociais lhe
transformou em um dos ícones reacionários de Goiás, onde ajudou a fundar a
Frente Conservadora de Goiânia. Em 2020, durante a pandemia, o youtuber reaça
juntou outros militantes para atacar um protesto de enfermeiros na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília. O protesto contra Bolsonaro era também uma
homenagem às vítimas da categoria mortas pelo coronavírus. Os enfermeiros foram
agredidos verbalmente e fisicamente pela turma de Gayer.
O
Cofen, Conselho Federal de Enfermagem, identificou ele e outros dois
agressores, que viraram alvos de uma representação do Ministério Público
Federal. Foi esse episódio escabroso que alavancou a fama de Gayer entre a
militância de extrema-direita na capital goiana. Naquele ano o bolsonarista
decidiu, então, entrar para a política e se candidatou à prefeitura de Goiânia
com o apoio de Jair Bolsonaro.
Apesar
de derrotado, Gayer conquistou 8% dos votos válidos. Dois anos mais tarde, ele
seria eleito deputado federal, sendo o segundo mais votado do seu estado.
Depois de eleito, a Justiça de Goiás condenou Gayer por divulgar uma série de
informações falsas sobre as medidas restritivas tomadas pela Prefeitura de
Goiânia durante a pandemia.
No
relatório que o Google teve que apresentar à CPI da Covid, o canal do Youtube
do deputado foi o segundo que mais faturou com a divulgação de fake news sobre
a pandemia. Gayer foi também um dos investigados pelo TSE por disseminar mentiras
sobre o processo eleitoral e por abuso de poder político.
O
nome do deputado bolsonarista também está relacionado com os atos golpistas de
8 de janeiro. Ele repassou R$ 24 mil da sua cota parlamentar para a empresa de
um dos invasores aos prédios dos Três Poderes. João Paulo Cavalcante, amigo
particular de Gayer, abriu o CNPJ da sua empresa uma semana antes de começar a
abocanhar o dinheiro público. Segundo o deputado, a empresa de Cavalcante
presta serviços referentes à “publicidade das redes sociais”. Em uma dessas
grandes coincidências que acontecem na política brasileira, a empresa de
Cavalcante fica no mesmo endereço da empresa do filho do deputado bolsonarista.
Durante a invasão golpista, Cavalcante gravou um vídeo dizendo: “vamos dar o
nosso sangue por essa pátria. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Vem
pra Brasília agora. Para tudo que você está fazendo, venha pra Brasília,
galera”
Em
outro trecho do mesmo podcast em que atacou os africanos, o bolsonarista afirma
que “o feminismo é o câncer da sociedade” que “está ensinando mulheres que já
faziam a coisa certa a fazer o errado. Aí tem o ódio, a promiscuidade, vida
sexual precoce, não quer criar filhos, acha que filho é um fardo, tirou as mães
das casas (…) o feminismo fodeu com a sociedade”. O ódio exacerbado ao
feminismo revela o desrespeito de Gayer pela memória de sua mãe, Maria da
Conceição Gayer. Ela foi uma vereadora e deputada identificada com o feminismo
e as causas progressistas. Foi fundadora do Centro de Valorização da Mulher e é
considerada uma das pioneiras do movimento feminista no estado de Goiás.
Gayer
é mais um político que completa o bingo bolsonarista: é negacionista, mente de
maneira contumaz, desqualifica o processo eleitoral, ataca o feminismo e
externa seus pensamentos racistas como quem canta uma canção de ninar. Não é
razoável que o país continue lidando com esse tipo de sujeito.
A
deputada Duda Salabert, do PDT, anunciou que entrará com um pedido de cassação
de Gayer no Conselho de Ética da Câmara. É urgente que as instituições passem a
ser intolerantes com os intolerantes. O bolsonarismo não pode mais ser encarado
como uma corrente política legítima. Ele deve ser exterminado da vida pública
ou normalizaremos de vez discursos nazistas como os de Gayer.
Deputadas do Psol vão ao STF e ao MPF
contra Gustavo Gayer por fala racista
O
deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) está cada vez mais enrolado depois
das declarações racistas e criminosas que ele fez durante participação em um
podcast.
Nesta
sexta-feira (30) as deputadas federais pelo Psol Erika Hilton (SP), Luciene
Cavalcante (SP), Célia Xakriabá (MG) e Talíria Petrone (RJ) ingressaram com uma
notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de racismo contra
Gayer. Junto ao Ministério Público Federal (MPF), as parlamentares apresentaram
uma ação civil pública por danos morais coletivos em desfavor do bolsonarista.
As
medidas das parlamentares somam-se às já adotadas pelo ministro dos Direitos
Humanos, Sílvio Almeida, que acionou a Polícia Federal (PF) e a
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado; da ministra da
Igualdade Racial, Anielle Franco, e do advogado-geral da União (AGU), Jorge
Messias, que determinaram que a Procuradoria-Geral da União (PGU) estude
medidas jurídicas cabíveis para que o parlamentar bolsonarista seja punido
pelas declarações racistas.
Entenda
Em
entrevista ao podcast Três Irmãos que vem repercutindo nas redes sociais, Gayer
concordou com uma fala do apresentador de que macacos teriam o QI maior que a
de pessoas que nasceram em países da África.
Além
de incorrer em flagrante desrespeito para com os povos africanos, Gayer ainda
sugeriu que os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são burros. As
falas do bolsonarista possuem clara conotação racista e podem configurar,
inclusive, o crime de injúria racial, cuja pena, prevista na Lei 14.532/2023, é
de 2 a 5 anos de prisão, além de multa.
• Deputado bolsonarista questiona relação
de Lula e Janja em plena CPMI com fala machista
Em
mais uma entre as dezenas de declarações absurdas feitas por bolsonaristas na
CPMI dos Atos Golpistas, o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES) chegou
a questionar a relação íntima entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
primeira-dama Janja Lula da Silva na sessão desta terça-feira (27).
O
bolsonarista, durante o depoimento do coronel Jean Lawand Junior, ex-subchefe
do Estado Maior do Exército, pediu a palavra para fazer uma fala machista e
sexista, afirmando que Lula "não tem celular" pois, segundo ele,
Janja "não deixa" teria "ciúmes".
"Nós
vamos chegar na cozinha do Palácio do Planalto, de gente que aceitou ter cargo
público de crime de prevaricação. Isso é muito grave (...) Basta quebrar o
sigilo do Flávio Dino, do G. Dias parece que já tem muita coisa encaminhada, e
saber que telefone é esse que o Lula fala. Queremos saber o porquê ele não tem
telefone, porque a Janja não deixa. Não sei se é ciúmes do marido ou para
proteger o presidente da República. Mas algo estranho ali tem", disparou
Evair Vieira.
A
relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), rebateu o
bolsonarista, afirmando que sua declaração beirou ao "sexismo".
"Queria
fazer um registro rechaçando, com o devido respeito, o deputado. A opinião do
deputado é uma opinião de mau gosto sobre a primeira-dama do país que beira o
sexismo. As mulheres brasileiras na verdade precisam ser respeitadas e a forma
como o deputado se dirige à primeira-dama do país é uma forma que merece de
nós, e precisa de nós, todas as mulheres brasileiras, repudiar esse tipo de
tratamento", pontuou Eliziane.
CPMI dos Atos Golpistas: Senadora quer
afastamento de deputado bolsonarista
A
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas deve analisar
na próxima semana o pedido da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) para
afastar o deputado André Fernandes (PL-CE) do colegiado.
A
senadora apresentou um pedido à presidência da comissão no qual justifica que a
presença do parlamentar viola princípios da administração pública e compromete
o compartilhamento de informações com a Justiça.
Fernandes
foi o responsável por apresentar o requerimento que deu origem à CPMI. Ele
também é investigado em um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por
supostamente incitar os atos golpistas de 8 de janeiro.
Soraya
destaca que as CPIs e CPMIs têm os mesmos poderes de uma autoridade judicial e,
portanto, os membros do Parlamento têm as mesmas obrigações e restrições
impostas aos membros da Magistratura e do Ministério Público.
Por
estar sendo investigado pelo mesmo assunto que está sendo apurado na CPMI, o
deputado André Fernandes estaria impedido de participar da investigação de
acordo com as regras judiciais.
A
senadora pede que o mesmo critério seja aplicado na comissão, especialmente
considerando que "todos os trabalhos desta CPMI poderão ser futuramente
anulados caso alguma parte alegue os impedimentos descritos neste
requerimento".
Além
disso, outro motivo que leva a senadora a pedir a substituição do deputado é o
fato de seu envolvimento comprometer a troca de informações com o STF em
relação aos inquéritos relacionados aos eventos de 8 de janeiro.
Nesse
caso, não se trata de um risco futuro, mas de um fato que já ocorreu: um pedido
de informações feito pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) foi negado devido ao
envolvimento de Fernandes, que teria acesso a dados sigilosos se o pedido fosse
aceito.
Além
de André Fernandes, Soraya também solicitou que seja feita a substituição de
qualquer parlamentar investigado em função dos atos antidemocráticos.
Fonte:
Fórum/The Intercept
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