Noblat: O que Bolsonaro fez com o dinheiro que recebeu para pagar
multas que não pagou
Era uma vez um presidente da República que jamais
se envergonhou de ficar com o dinheiro dos outros. Assim construiu sua fortuna
desde os primeiros mandatos como deputado federal.
No princípio era o verbo, isto é, a verba. Ela
estava no princípio com Bolsonaro, subtraída dos salários de funcionários do
seu gabinete. Tudo foi feito por ele; e nada foi feito sem ele.
Uma vez derrotado ao tentar se reeleger, Bolsonaro
pensou em dar um golpe para permanecer no poder. Como lhe faltou apoio, teve
outra ideia: tomar dinheiro alheio para viver confortavelmente.
Primeiro, fez com que o PL, com dinheiro público,
lhe pagasse as contas – salário equivalente ao de ministro da mais alta Corte
do país; aluguel do palacete onde mora; despesas com viagens.
Não satisfeito, empregou a mulher no partido com
bom salário e o direito às mesmas vantagens. Mas isso lhe pareceu pouco. Então,
teve outra ideia: pedir doações para pagar suas dívidas.
Sim, ele as tem. Só de multas por não usar máscaras
de proteção à época da pandemia da Covid-19, ele deve ao Estado de São Paulo R$
936.839,70. Deve também a outros estados.
O apelo por doações foi atendido por bolsonaristas
aflitos com a situação do seu guia e mestre. Entre janeiro e 4 do mês em curso,
ele recebeu pouco mais de R$ 17 milhões. Espera novas doações.
E o que fez com o dinheiro? Pagou as multas e
devolveu o resto? Pagou as multas e doou a sobra – e que sobra! – para
entidades de caridade? Não. Fez o que achou melhor para seu bolso.
Não pagou as multas. E, segundo relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras, investiu R$ 17 milhões em
fundos de renda fixa. Na Justiça, aposta em anular as multas.
Os filhos amestrados, à sua imagem e semelhança,
donos de mandatos eletivos conseguidos à sombra dele, naturalmente saíram em
defesa do pai, alvo de mais uma infâmia.
Não contestaram as informações vazadas, mas
vitimaram Bolsonaro. Além de classificá-lo como o melhor presidente da
República que o país já teve. Foi o pior desde o fim da ditadura.
Foi também o que mais enriqueceu com a política.
O
destino dos R$ 17 milhões recebidos via Pix por Bolsonaro. Por Paulo Capelli
Segundo assessores de Bolsonaro, grande parte dos
R$ 17 milhões recebidos pelo ex-presidente via Pix permanecem na conta
corrente, no Banco do Brasil. Descontadas as despesas com processos judiciais e
multas — motivo da campanha de arrecadação — os valores, sustentam, não teriam
sido aplicados em nenhum fundo nem utilizados para grandes compras.
“O presidente não mexeu em nada”, garante um fiel
escudeiro.
No último dia 20, a coluna mostrou que o compliance
do banco encerrou uma conta com dólares que Bolsonaro mantinha no BB Americas,
braço do Banco do Brasil nos Estados Unidos. Na ocasião, a instituição afirmou
ter “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus
clientes”.
Vaquinha
não explica transferências, alerta jornalista
De acordo com relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) divulgado nesta quinta-feira (27), o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões em seis meses. A data
exata é entre 1º de janeiro e 4 de julho, num total de 769 mil transferências.
O Coaf afirma que as transações
"atípicas" podem ter relação com a campanha de doações organizada em
junho para o pagamento de multas.
Uma lebre, no entanto, foi levantada pelo
jornalista Reinaldo Azevedo em sua coluna desta sexta-feira (28), no UOL.
Segundo o jornalista, aliados de Bolsonaro
começaram a divulgar sua chave Pix em 23 de junho, depois que veio a público a
informação de que a Justiça de São Paulo havia decidido bloquear R$ 87 mil de
sua conta, conforme se noticiou no dia 14 do mês passado.
Antes do dia 23, portanto, inexistia pedido para
depósitos na conta do ex-presidente. O jornalista lembra ainda que Bolsonaro
deixou o Brasil em 30 de dezembro do ano passado e só retornou em 30 de março.
Portanto, esteve ausente do país em três dos seis meses.
Reinaldo Azevedo chama a atenção para a necessidade
de se descobrir quanto o ex-presidente recebeu antes do dia 23 de junho, quando
a chave de seu Pix foi divulgada, e quanto entrou depois.
“Se os R$ 17,1 milhões podem ser atribuídos ao
chamamento dos bolsonaristas para pagar a multa — como especula o Coaf —, então
essa tempestade de Pix teria ocorrido entre 23 de junho e 4 de julho: em meros
13 dias, não em seis meses: por dia, média de R$ 1,545 milhão e de 69.909
operações. É sério isso?”, pergunta o jornalista.
E encerra: “mas, então, quero saber o que justifica
as transferências anteriores à divulgação da chave. Ele recebia chuva de Pix
mesmo quando estava homiziado em Orlando?”
TSE
avança em ações que acusam Bolsonaro de abuso no 7 de Setembro
O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Benedito Gonçalves, determinou a tramitação conjunta de quatro ações que
acusam o ex-presidente Jair Bolsonaro de abusos durante as comemorações do
Bicentenário da Independência em 7 de setembro do ano passado em Brasília e no
Rio de Janeiro.
O ministro fixou um calendário de audiências de
testemunhas, que deverão ser ouvidas ao longo do mês de agosto na sede do TSE.
Ele também determinou a possibilidade de compartilhamento de provas e solicitou
informações a órgãos envolvidos no caso.
São três Ações de Investigação Judicial Eleitoral
(Aijes) que pedem a declaração de inelegibilidade de Bolsonaro em razão do 7 de
Setembro. As ações foram propostas pela coligação do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) na campanha de 2022, pela então candidata à Presidência
Soraya Thronicke (União) e pelo PDT. Também há uma representação especial
ajuizada por Thronicke sobre o tema.
• Corregedor
multa Bolsonaro e Braga Netto por 'má fé' em imagens do Bi da Independência
O corregedor da Justiça Eleitoral Benedito
Gonçalves multou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto em R$
55 mil cada, por má-fé e descumprimento de decisão do Tribunal Superior
Eleitoral que vedou o uso de imagens capturadas durante o Bicentenário da
Independência em atos de campanha.
A dupla ainda foi intimada a apresentar os
documentos que mostrem a origem dos recursos utilizados para o custeio dos atos
de campanha realizados em Brasília e no Rio de Janeiro no 7 de setembro
passado.
As determinações constam de decisões assinadas
nesta sexta-feira, 28. As multas foram impostas a Bolsonaro e Braga Netto no
bojo de uma ação em que a campanha de Lula alega desvio de finalidade das
comemorações do Bicentenário da Independência.
Já a ordem de esclarecimento sobre os gastos com o
7 de setembro de 2022 também foi dada no bojo de uma ação de investigação
judicial eleitoral em que o PDT imputa a Bolsonaro e Braga Netto suposto abuso
de poder político e econômico.
Bolsonaro já foi condenado pelo TSE no âmbito de
uma ação movida pelo PDT. Antes do recesso judiciário a Corte tornou o
ex-presidente inelegível por oito anos em razão de ataques às urnas eletrônicas
em evento com embaixadores às vésperas do período eleitoral.
Nas decisões dadas nesta sexta-feira, 28, Benedito
Gonçalves ainda agendou as datas de uma série de oitivas que vão instruir as
ações que alegam suposto 'desvio de finalidade' na conduta de Bolsonaro durante
a comemoração do 7 de setembro do ano passado. Serão ouvidos:
- governador do DF Ibaneis Rocha, no dia 21 de
agosto;
- senador Ciro Nogueira, no dia 23 de agosto;
- ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de
Carvalho, no dia 28 de agosto;
- governador do Rio Cláudio Castro, no dia 22 de
agosto;
- ex-deputado Daniel Silveira, no dia 30 de agosto;
Nova
ação do TSE acende sinal de alerta em bolsonaristas
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão
muito preocupados com a recente multa aplicada pelo corregedor do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves. O ministro determinou que tanto
Bolsonaro quanto Braga Netto devem arcar com o valor de R$ 110 mil e ainda
exigiu a prestação de contas referentes aos atos de campanha ocorridos em 7 de
Setembro de 2022. Essa decisão tem gerado apreensão no círculo próximo de
Bolsonaro, que teme possíveis desdobramentos legais.
Ao contrário da ação que tornou o ex-presidente
inelegível até 2030, os outros 15 processos que repousam no TSE podem afetar
até 70 pessoas. Dessa vez foi o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de
Deus Vitória em Cristo.
Benedito determinou que Bolsonaro explique a nota
fiscal, no valor de R$ 34.720, emitida para Malafaia. O dinheiro teria custeado
o trio elétrico utilizado por Bolsonaro no comício na praia de Copacabana, no
Rio de Janeiro.
A aliados, Malafaia disse que o TSE está
“perseguindo a igreja evangélica”, mas se mostrou preocupado com a ação. O
pastor é acusado de abuso de poder político e econômico na ação que trata o
Bicentenário da Independência (AIJE 0600972-43.2022.6.00.0000). Além dele,
Luciano Hang e outros empresários também são investigados.
Há ações contra Bolsonaro que também implicam
militares, políticos, perfis nas redes sociais e até “jornalistas” como Silvio
Navarro, Rodrigo Constantino, Bernardo Kuster e Leandro Ruschel. Todos são
investigados por disparo massivo de conteúdos falsos contra Lula (PT).
Fonte: Metrópoles/UOL/Agencia Estado
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