Bolsonaro: se um golpe falhou, o outro, para enriquecer, deu certo
Conto do vigário ou estelionato? O que melhor
define a iniciativa de Bolsonaro de pedir doações em dinheiro, via Pix, para
pagar multas, não pagá-las, investir em fundos de renda fixa e multiplicar por
oito sua fortuna declarada à Justiça em 2022?
Arrecadou pouco mais de 17 milhões de reais entre
1º de janeiro e 4º de julho. Em tom de deboche, Bolsonaro disse que o dinheiro
é suficiente para pagar as multas, tomar caldo de cana e comer pastéis à
vontade na companhia de Michelle, sua mulher.
Conto do vigário é uma expressão usada em Portugal
e no Brasil e significa uma história inventada para enganar alguém. O Artigo
171 do Código Penal diz que estelionato é enganar a vítima para obter algum
tipo de vantagem, na maioria das vezes em dinheiro.
Lava-se dinheiro apelando por ajuda via Pix nas
redes sociais. Os entendidos no assunto respondem que é possível sim. Lavagem
de dinheiro é a prática corrente de fazer de conta que é legal o dinheiro
obtido por meio de atividades ilegais.
Joaquim Roriz, que governou o Distrito Federal quatro
vezes, renunciou ao mandato de senador em 2007 por ter descontado dois cheques,
no Banco de Brasília, no valor de 2,2 milhões de reais. Os cheques pertenciam
ao fundador da Gol, Nenê Constantino.
Roriz sempre argumentou que o dinheiro fora
emprestado para a compra de embrião de uma bezerra de raça. No entanto,
renunciou ao mandato logo após a denúncia. O caso ficou conhecido como “O
escândalo da Bezerra de Ouro”. Lavagem de dinheiro.
Na manhã de ontem, Nicolás Petro, filho mais velho
de Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi preso, acusado dos crimes de
lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. A ex-mulher de Nicolás, Day
Vásquez, também foi presa pelo mesmo motivo.
No início deste ano, Vásquez acusou Nicolás de
receber dinheiro de empresários que acreditavam estar contribuindo para a
campanha presidencial do seu pai em 2022. Ela também garantiu que seu ex-marido
era ligado a contrabandistas e narcotraficantes.
O crime não respeita fronteiras nem ideologias.
Depois de perder a eleição, Donald Trump arrecadou 255 milhões de dólares em
dois meses. Dizia que era para contestar o resultado das urnas. Gastou com isso
um tico, embolsou cerca de 175 milhões.
É o conto do vigário ou estelionato perfeito, nos
Estados Unidos e em toda parte. Aqui, Bolsonaro enganou a malta de patriotas
que o segue com a conversa de que não poderia pagar multas no valor de menos de
1 milhão de reais. Os trouxas acreditaram.
• Michelle
reclama de interrupção de Bolsonaro em evento do PL Mulher
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro demonstrou
incômodo com interrupção feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em evento do
PL Mulher realizado em Florianópolis, Santa Catarina, nesse sábado (29/7).
O ex-mandatário chegou de surpresa ao evento, que
já estava em curso há mais de uma hora, interrompendo o discurso da
vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL). Ele entrou no local ao
som do jingle da campanha eleitoral de 2022, “Capitão do Povo”. Michelle reagiu
dizendo: “Dá pelo menos um bom dia aqui, já que ele invadiu o evento das
mulheres, né? Era para ele aparecer no telão, não era para ele estar presente”.
Em seguida, ela contornou a situação: “Vocês
concordam com isso?”. Ao que a plateia disparou gritos de “mito”. Michelle,
então, disse que o marido teria “um minuto” para discursar. Bolsonaro falou por
cerca de 8 minutos e foi seguido por breve fala do governador do estado,
Jorginho Mello, também do PL.
Presidente nacional do PL Mulher, Michelle foi a
estrela do evento, que buscava incentivar mulheres a participarem da política.
Ela foi ovacionada pelo público presente, que entoou: “Michelle presidente”.
• O
estraga prazer de Michelle, a esposa submissa
Ou foi encenação do casal dado à arte de
representar, ou de fato Michelle se aborreceu com a aparição repentina do marido
no encontro estadual do PL Mulher em Florianópolis, capital de Santa Catarina.
A estrela da festa era Michelle, apagada por Bolsonaro.
As mulheres reunidas para ouvir Michelle passaram a
gritar à beira do histerismo: “Mito, mito, mito”. Michelle foi obrigada a
interromper o discurso e dar a palavra a Bolsonaro. Que agradeceu aos que o
tornaram mais rico e, para variar, queixou-se da Justiça:
“Triste o país em que o Judiciário pune os cidadãos
não pelos seus erros, mas pelas suas virtudes. Me tiraram o direito político,
mas isso não nos abala, temos milhares de sementes pelo Brasil e essa nova
força aparece com vontade de vencer”.
(“Eu vou sair desta maior, mais forte, mais
verdadeiro, e inocente, porque eu quero provar que eles é que cometeram um
crime, um crime político de perseguir um homem que tem 50 anos de história
política”. Lula, no dia em que foi preso.)
Após Bolsonaro discursar ao lado do governador do
estado, o bolsonarista Jorginho Mello, Michelle pediu que o marido deixasse a
solenidade para não desviar a atenção e chegou a dizer que “não era para ele
estar presente”:
“Agora ele vai ficar quietinho com o governador,
né, Jorginho? Olhem para cá, meninas. Deixa ele (Bolsonaro) sair que a gente
começa”.
Processos
contra Bolsonaro afetam dezenas de parlamentares, diz site
Ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem levar dez
deputados e três senadores a ficarem inelegíveis ou a perderem seus mandatos
caso os processos sejam considerados procedentes.
Segundo a CNN Brasil, as ações em andamento buscam
apurar supostas irregularidades cometidas durante as eleições de 2022, e
incluem parlamentares como investigados ao lado de Bolsonaro.
Os processos tratam da celebração do bicentenário da
Independência, comemorado em Brasília, que teve um gasto 247% maior do que o
efetuado em 2019 e envolveu uma série de irregularidades, como transmissão pela
TV Brasil, quebra de protocolo e a inclusão de tratores.
Quanto aos casos de desinformação, processo movido
pela coligação Brasil da Esperança – do presidente Luiz Inácio Lula da Silva –
aponta uma suposta existência de um “ecossistema da desinformação” a respeito
do contexto eleitoral e, assim, influenciar seu andamento.
Uma eventual condenação da Corte não mudaria a
situação de Bolsonaro, já considerado inelegível pelo TSE durante oito anos.
Porém, no caso das ações que envolvem os
parlamentares, eles não só poderiam perder o atual mandato como ficariam de
fora das eleições até 2030. Isso pode acontecer se o TSE entender que houve
participação nas irregularidades para benefício de suas campanhas.
Os parlamentares envolvidos são os deputados
federais Bia Kicis (PL), Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Gustavo
Gayer (PL), Nikolas Ferreira (PL), Alexandre Ramagem (PL), Caroline De Toni
(PL), Luiz Philippe De Orleans e Braganca (PL), Mario Frias (PL) e Ricardo
Salles (PL).
Entre os senadores, os envolvidos são Flávio
Bolsonaro (PL), Magno Malta (PL) e Hamilton Mourão (Republicanos).
Itaipu
patrocinou reunião da Assembleia de Deus num resort de luxo no Paraná
No apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Itaipu
Binacional repassou R$ 75 mil em patrocínio para uma filial da Igreja
Evangélica Assembleia de Deus organizar a realização de cultos e de uma eleição
de lideranças religiosas no Paraná. O evento ocorreu entre os dias 5 e 8 de
dezembro do ano passado, em um resort de luxo em Foz do Iguaçu (PR), próximo às
divisas com Argentina e Paraguai. O espaço alugado conta com piscinas, jacuzzis
e salas de jogos para os hóspedes.
Os organizadores do evento são aliados do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegaram a declarar, publicamente, apoio à
reeleição do então chefe do Executivo federal.
Presidente da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia
de Deus no Estado do Paraná (Cieadep), uma das entidades organizadoras, o
pastor Perci Fontoura é filiado ao Republicanos, acumula fotos em suas redes
sociais com Bolsonaro e foi recebido mais de uma vez pelo então chefe do
Executivo federal no Palácio do Planalto, em Brasília.
Ele foi reeleito presidente da convenção durante a
Assembleia Geral Ordinária (AGO) patrocinada pela Itaipu. Havia apenas uma
chapa na competição, segundo interlocutores.
O patrocínio da Itaipu Binacional foi autorizado pela
gestão passada, cuja diretoria-geral brasileira era exercida pelo
vice-almirante da Marinha Anatalicio Risden Junior. As contas, contudo, já
foram aprovadas pela atual gestão petista do ex-deputado federal Enio Verri,
porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem procurado reatar laços
com o setor evangélico.
O manual de patrocínios da Itaipu estabelece o
envio de recursos para ações que “fomentem os valores preconizados em sua
missão institucional e que fortaleçam e valorizem a sua imagem corporativa”.
Além disso, o patrocínio deve possuir relação com o
plano estratégico da estatal. Dessa maneira, segundo o documento, é preciso que
o evento fomente a discussão da geração de energia elétrica e segurança
hídrica; ou contribua para o desenvolvimento social, econômico, turístico,
tecnológico e sustentável da região.
Durante o início da gestão Bolsonaro, na direção do
general Joaquim Silva e Luna, a estatal reviu patrocínios e chegou a suspender,
por exemplo, o apoio financeiro dado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a
realização do Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pelo ministro Gilmar
Mendes, do Supremo.
Ainda segundo o manual de patrocínios, a Itaipu
proíbe o envio de recursos para ações que possuam caráter político, eleitoral
ou partidário.
A assembleia contou com a participação do
governador do Paraná, o bolsonarista Ratinho Júnior (PSD). O político discursou
no evento, de acordo com registros públicos. Ao mesmo tempo, o governador
emprega a filha do pastor Perci Fontoura na Casa Civil do Estado com um salário
de R$ 12,6 mil, conforme folha de pagamento.
O evento contou com cerca de 2 mil pastores, que
levaram ainda suas esposas – convidadas para participarem de programações
paralelas junto à União da Mocidade das Assembleias de Deus no Estado do Paraná
(Uemadepar) – e filhos. A organização do congresso cobrou uma taxa de R$ 240
por ministro, além de R$ 120 por esposa.
Fonte: Metrópoles/Jornal GGN/Agencia Estado
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