Lula prepara 'giro' pela África em agosto para participar de cúpulas e
se reunir com líderes políticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um
"giro" por países da África em agosto para comparecer a cúpulas
internacionais e se reunir com líderes políticos, informaram ao g1 integrantes
do governo brasileiro.
Esta será a segunda viagem de Lula ao continente
africano desde que tomou posse, em janeiro deste ano. Há duas semanas, o
presidente fez uma passagem rápida por Cabo Verde, arquipélago africano no
Atlântico (veja detalhes abaixo).
No primeiro semestre, o presidente dedicou a maior
parte da agenda internacional a viagens aos principais parceiros comerciais do
Brasil e a cúpulas que envolveram países da região (leia detalhes mais abaixo).
Nos dois primeiros mandatos como presidente
(2003-2010), Lula viajou todos os anos, ao menos uma vez, para países da
África.
Conselheiro de Lula à época, Marco Aurélio Garcia
(que faleceu em 2017) era um defensor da diplomacia com o continente e ajudou o
Brasil a abrir embaixadas na região.
Segundo fontes ouvidas pelo g1, Lula deverá cumprir
as seguintes agendas no continente africano em agosto:
• África
do Sul: Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul);
• Angola:
reuniões bilaterais com lideranças políticas;
• São
Tomé e Príncipe: Cúpula da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e
reuniões bilaterais com lideranças políticas.
<><> Ida a Cabo Verde e fala polêmica
No último dia 19, ao voltar da Bélgica, Lula teve
um encontro com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves. Uma declaração
após o encontro, porém, gerou polêmica.
"Eu quero recuperar essa relação com o
continente africano porque nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano.
A nossa cultura, a nossa cor, o nosso tamanho, é resultado da miscigenação de
índios, negros e europeus. E nós temos uma profunda gratidão ao continente
africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso
país", disse Lula na ocasião.
O presidente acrescentou que o
"pagamento" ao continente deve ser ajudar os países africanos em
áreas como industrialização e agricultura.
"Nós queremos agora, com a minha volta à
Presidência, recuperar a boa e produtiva relação que o Brasil tinha com o
continente africano", acrescentou.
Lula tem defendido que a África tenha algum
representante no Conselho de Segurança da ONU e que a União Africana de Nações
passe a integrar o G20.
Antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro
não visitou países africanos durante o seu mandato (2019-2022). Antecessor de
Bolsonaro, o então presidente Michel Temer participou em 2018 da Cúpula dos
Brics na África do Sul.
• Estratégia
diplomática
Diplomatas ouvidas pelo g1 explicaram que o governo
adotou estratégias diferentes entre as viagens de Lula no primeiro semestre e
no segundo semestre deste ano.
Isso porque, segundo essas fontes, o primeiro
semestre foi focado nos seguintes aspectos:
• retomada
de relações com os principais parceiros comerciais;
• retomada
das discussões internacionais sobre mudanças climáticas;
• retomada
da participação em organismos multilaterais.
Diante disso, Lula viajou para os seguintes países,
por exemplo:
• China,
Estados Unidos e Argentina (principais parceiros comerciais);
• França
(cúpula sobre financiamento de ações climáticas;
• Argentina
(cúpula da Celac), Japão (cúpula do G7) e Bélgica (cúpula Celac-União
Europeia).
Para o segundo semestre, segundo diplomatas ouvidos
pelo g1, o presidente Lula deverá focar as viagens:
• no
aprofundamento dos debates internacionais sobre o clima;
• na
retomada das relações do Brasil com os países africanos;
• no
comando de organismos multilaterais.
Além das viagens para África do Sul, São Tomé e
Príncipe e Angola, Lula também deve viajar neste segundo semestre para:
• Belém
(Pará), em agosto, para a cúpula de países da Amazônia;
• Assunção
(Paraguai), em agosto, para a posse do presidente Santiago Peña;
• Nova
Déli (Índia), em setembro, para a cúpula do G20 (o Brasil presidirá o grupo a
partir de dezembro);
• Nova
York (EUA), em setembro, para a Assembleia Geral da ONU;
• Nova
York (EUA), em outubro, para reunião do Conselho de Segurança da ONU (o Brasil
presidirá o órgão durante o mês);
• Dubai
(Emirados Árabes), em dezembro, para a Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP28).
<><> Oposição critica agenda
Desde a posse, Lula tem adotado a estratégia de
intensificar as relações do Brasil com outros países.
A postura do presidente tem sido elogiada pela base
aliada no Congresso, que vê o Brasil na condição de "protagonista" no
cenário internacional. E criticada pela oposição, que afirma ver Lula
"mais preocupado" com os problemas globais do que com os do país.
• Os
primeiros mandatos de Lula
Lula manteve relação próxima com países africanos
nos dois mandatos anteriores. Entre 2003 e 2010, o presidente esteve todos os
anos em países da região.
O governo brasileiro, à época, apostou em parcerias
de cooperação técnica com as nações africanas.
A exemplo do que planeja para este ano, Lula
organizava tours pela África com agendas em mais de um país na mesma viagem.
Em 2003, por exemplo, no mesmo giro passou por São
Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Namíbia e África do Sul.
Em 2009, Lula foi à Líbia participar da assembleia
da União Africana. Na ocasião, o presidente provocou polêmica ao criticar a
imprensa pelas críticas em razão da relação com ditadores da região, como o
anfitrião Muammar Kadafi.
Lula e
Sánchez discutem relações entre União Europeia e América Latina
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva,
conversou por telefone nesta quinta-feira (27/07), com o primeiro-ministro da
Espanha, Pedro Sánchez, com quem falou sobre as relações entre a União Europeia
(UE) e a América Latina, e também das recentes eleições no país europeu.
"Conversei com o presidente da Espanha, meu
amigo, Pedro Sánchez, sobre as eleições da Espanha, as relações entre o Brasil,
a América Latina e a União Europeia após a Cúpula em Bruxelas e a importância
da preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas",
escreveu Lula nas redes sociais.
Lula e Sánchez se reuniram na semana passada em
Bruxelas, à margem da Cúpula entre a UE e a Comunidade dos Estados
Latino-americanos e Caribenhos (Celac), para analisar a evolução das
negociações para o acordo UE-Mercosul.
O mandatário brasileiro é o atual presidente
temporário do Mercosul, e Sánchez comanda a UE neste semestre.
O petista tem manifestado sua expectativa em poder
concluir o pacto até o fim deste ano, mas questionou um documento apresentado
recentemente pela UE sobre sanções em caso de descumprimento de metas
ambientais.
Por outro lado, Lula tinha desejado sorte a
Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) progressista, para os
comícios espanhóis do domingo passado (23/07), onde a força mais votada foi o
conservador Partido Popular (PP).
No entanto, o PSOE, de Sánchez, fez uma eleição
melhor do que projetavam as pesquisas e não se descarta uma possível formação
de governo.
• Meloni
se reúne com Biden e destaca 'forte relação' entre Itália e EUA
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, se
reuniu nesta quinta-feira (27/07) com o presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden, na Casa Branca, e destacou a "forte relação" entre os dois
países.
"Em tempos difíceis, sabemos quem são nossos
amigos e acho que nossas nações mostraram que podem contar umas com as outras
mais do que qualquer um pensava", disse ela durante a reunião no Salão
Oval.
Meloni ressaltou que as relações entre a Itália e
os Estados Unidos "são historicamente fortes, superam governos e
permanecem sólidas independentemente da cor política".
A mandatária italiana também reafirmou a
importância do comércio com a administração de Biden, ressaltando que "a
Itália e Estados Unidos têm um interesse comum em fortalecer o comércio global
não apenas livre, mas justo".
"A concorrência de países que não cumprem os
padrões de garantias trabalhistas, respeito ao meio ambiente e segurança prejudica
nossos negócios e nossos trabalhadores", acrescentou.
Para ela, "o livre comércio sem regras mostrou
seus limites" e é preciso "encontrar o equilíbrio certo entre abrir e
proteger nossas economias e interesses estratégicos.
"O Ocidente deve trabalhar em conjunto para
apoiar nosso sistema industrial promovendo a convergência entre os interesses
de nossas nações, garantindo que o diálogo entre EUA, Itália e UE possa superar
as tensões produtivas para benefício de todos", explicou ela.
Em relação à situação no norte da África e à crise
migratória, a premiê italiana destacou que o diálogo entre a Europa e o governo
norte-americano é essencial para a construção conjunta de uma nova relação e de
uma estratégia comum".
"Devemos ser justos com as nações que foram
exploradas em seus recursos. Biden sabe que eu lido muito com a África, com o
papel que podemos desempenhar nesses países, estamos construindo um novo
relacionamento, com uma nova abordagem entre iguais também para combater o
problema da migração ilegal.
A declaração de Meloni sobre as relações com o
continente africano ocorreu no mesmo dia da reunião de abertura da Cúpula
Rússia-África, em São Petersburgo.
Na ocasião, o presidente russo Vladimir Putin
afirmou que seu país deseja ampliar suas relações com o continente africano e
torná-lo um “parceiro preferencial no novo mundo multipolar”.
A reunião entre Meloni e Biden também abordou ações
em prol do clima e presidência italiana do G7 em 2024, que será focada na
"reconstrução da Ucrânia", segundo a premiê italiana.
Ø ONU manifesta preocupação com pressões políticas ao processo eleitoral
na Guatemala
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (27/07),
o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, órgão ligado à Organização das
Nações Unidas (ONU), expressou sua preocupação sobre o que descreveu como
“tentativas de minar o processo eleitoral na Guatemala, que podem resultar no
desrespeito aos desejos dos eleitores”.
O documento inclui declarações do chefe do
organismo, o diplomata austríaco Volker Türk, nas quais ele pede às autoridades
da Guatemala que “velem pela integridade do processo eleitoral, expressada no
dia 25 de junho”.
“As eleições livres e justas, assim como a
autonomia dos diferentes poderes do Estado, são fundamentais para manter o
Estado de direito e devem constituir a base de uma democracia que protege e
promove os direitos humanos”, afirmou Türk.
O segundo turno das eleições guatemaltecas tem data
marcada para acontecer no dia 20 de agosto e reunirá dois candidatos de centro-esquerda: Sandra Torres, da Unidade Nacional da Esperança (UNE), e Bernardo
Arévalo, do Movimento Semente.
O cenário é bastante surpreendente em um país como
a Guatemala, onde os partidos de direita mantêm uma forte hegemonia política.
·
Judicialização das eleições
Dias depois do primeiro turno – cuja votação foi
realizada no dia 25 de junho – alguns partidos de direita entraram com pedidos
de recontagem das urnas na Corte Constitucional e na Corte Suprema de Justiça
da Guatemala (CSJ). O Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE) chegou a
realizar uma segunda apuração, que foi concluída no dia 7 de julho e que
apresentou os mesmos resultados da primeira contagem.
Mesmo após duas apurações, setores de direita
continuaram apresentando recursos na Justiça relacionados ao processo
eleitoral, em especial o partido Vamos, do presidente Alejandro Giammattei.
Além do partido governista, o Ministério Público da
Guatemala iniciou uma investigação contra o Movimento Semente e chegou a suspender a personalidade jurídica da legenda, o que impediria a participação de Arévalo no segundo turno e levaria,
em seu lugar, o candidato do Vamos, Manuel Conde, apoiado por Giammattei, que
ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
A suspensão do Movimento Semente foi derrubada, dias depois, pela Corte Constitucional, mas ainda há outros recursos
contra o partido apresentados na Justiça, a maioria deles de iniciativa do
Vamos. Além disso, o Ministério Público realizou duas operações de busca e
apreensão na sede do partido nos últimos dez dias, segundo informações do
diário local Prensa Libre.
·
TSE faz denúncia à OEA
O comunicado do Alto Comissariado para os Direitos
Humanos acontece um dia após a participação da juíza Irma Palencia, presidente
do TSE, na sessão extraordinária do Conselho Permanente da Organização dos
Estados Americanos (OEA).
Em intervenção realizada através de
videoconferência, nesta quarta-feira (26/07), a magistrada guatemalteca falou
sobre as pressões políticas que o Poder Judiciário e as autoridades eleitorais
do país vêm sofrendo.
Segundo a juíza, processo eleitoral na Guatemala
teve um clima favorável até o primeiro turno, mas começou a ter problemas
quando alguns setores políticos não aceitaram os resultados daquela votação.
“Estamos preocupados com a grande quantidade de
ações que podem afetar ou comprometer a segunda etapa das eleições e o que pode
vir depois, mesmo que seja apenas especulativo, por enquanto”, explicou
Palencia.
·
Ameaça contra o Movimento Semente
Nesta mesma quarta-feira (26/07), em entrevista
coletiva, o candidato Bernardo Arévalo afirmou que precisou suspender uma viagem
aos Estados Unidos por uma suposta ordem de captura contra ele e boa parte da
direção do seu partido, o Movimento Semente.
Segundo o presidenciável, a viagem atenderia a um
convite do Conselho Atlântico dos Estados Unidos, para participar de uma reunião
para a qual também foi convidada a sua adversária no segundo turno, Sandra
Torres.
“As autoridades não estão economizando esforços em
suas tentativas de perseguir politicamente o nosso partido”, alegou Arévalo.
Fonte: g1/Ansa/Prensa Libre
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