sábado, 29 de julho de 2023

Lula prepara 'giro' pela África em agosto para participar de cúpulas e se reunir com líderes políticos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um "giro" por países da África em agosto para comparecer a cúpulas internacionais e se reunir com líderes políticos, informaram ao g1 integrantes do governo brasileiro.

Esta será a segunda viagem de Lula ao continente africano desde que tomou posse, em janeiro deste ano. Há duas semanas, o presidente fez uma passagem rápida por Cabo Verde, arquipélago africano no Atlântico (veja detalhes abaixo).

No primeiro semestre, o presidente dedicou a maior parte da agenda internacional a viagens aos principais parceiros comerciais do Brasil e a cúpulas que envolveram países da região (leia detalhes mais abaixo).

Nos dois primeiros mandatos como presidente (2003-2010), Lula viajou todos os anos, ao menos uma vez, para países da África.

Conselheiro de Lula à época, Marco Aurélio Garcia (que faleceu em 2017) era um defensor da diplomacia com o continente e ajudou o Brasil a abrir embaixadas na região.

Segundo fontes ouvidas pelo g1, Lula deverá cumprir as seguintes agendas no continente africano em agosto:

•        África do Sul: Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul);

•        Angola: reuniões bilaterais com lideranças políticas;

•        São Tomé e Príncipe: Cúpula da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e reuniões bilaterais com lideranças políticas.

<><> Ida a Cabo Verde e fala polêmica

No último dia 19, ao voltar da Bélgica, Lula teve um encontro com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves. Uma declaração após o encontro, porém, gerou polêmica.

"Eu quero recuperar essa relação com o continente africano porque nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, a nossa cor, o nosso tamanho, é resultado da miscigenação de índios, negros e europeus. E nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país", disse Lula na ocasião.

O presidente acrescentou que o "pagamento" ao continente deve ser ajudar os países africanos em áreas como industrialização e agricultura.

"Nós queremos agora, com a minha volta à Presidência, recuperar a boa e produtiva relação que o Brasil tinha com o continente africano", acrescentou.

Lula tem defendido que a África tenha algum representante no Conselho de Segurança da ONU e que a União Africana de Nações passe a integrar o G20.

Antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro não visitou países africanos durante o seu mandato (2019-2022). Antecessor de Bolsonaro, o então presidente Michel Temer participou em 2018 da Cúpula dos Brics na África do Sul.

•        Estratégia diplomática

Diplomatas ouvidas pelo g1 explicaram que o governo adotou estratégias diferentes entre as viagens de Lula no primeiro semestre e no segundo semestre deste ano.

Isso porque, segundo essas fontes, o primeiro semestre foi focado nos seguintes aspectos:

•        retomada de relações com os principais parceiros comerciais;

•        retomada das discussões internacionais sobre mudanças climáticas;

•        retomada da participação em organismos multilaterais.

Diante disso, Lula viajou para os seguintes países, por exemplo:

•        China, Estados Unidos e Argentina (principais parceiros comerciais);

•        França (cúpula sobre financiamento de ações climáticas;

•        Argentina (cúpula da Celac), Japão (cúpula do G7) e Bélgica (cúpula Celac-União Europeia).

Para o segundo semestre, segundo diplomatas ouvidos pelo g1, o presidente Lula deverá focar as viagens:

•        no aprofundamento dos debates internacionais sobre o clima;

•        na retomada das relações do Brasil com os países africanos;

•        no comando de organismos multilaterais.

Além das viagens para África do Sul, São Tomé e Príncipe e Angola, Lula também deve viajar neste segundo semestre para:

•        Belém (Pará), em agosto, para a cúpula de países da Amazônia;

•        Assunção (Paraguai), em agosto, para a posse do presidente Santiago Peña;

•        Nova Déli (Índia), em setembro, para a cúpula do G20 (o Brasil presidirá o grupo a partir de dezembro);

•        Nova York (EUA), em setembro, para a Assembleia Geral da ONU;

•        Nova York (EUA), em outubro, para reunião do Conselho de Segurança da ONU (o Brasil presidirá o órgão durante o mês);

•        Dubai (Emirados Árabes), em dezembro, para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28).

<><> Oposição critica agenda

Desde a posse, Lula tem adotado a estratégia de intensificar as relações do Brasil com outros países.

A postura do presidente tem sido elogiada pela base aliada no Congresso, que vê o Brasil na condição de "protagonista" no cenário internacional. E criticada pela oposição, que afirma ver Lula "mais preocupado" com os problemas globais do que com os do país.

•        Os primeiros mandatos de Lula

Lula manteve relação próxima com países africanos nos dois mandatos anteriores. Entre 2003 e 2010, o presidente esteve todos os anos em países da região.

O governo brasileiro, à época, apostou em parcerias de cooperação técnica com as nações africanas.

A exemplo do que planeja para este ano, Lula organizava tours pela África com agendas em mais de um país na mesma viagem.

Em 2003, por exemplo, no mesmo giro passou por São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Namíbia e África do Sul.

Em 2009, Lula foi à Líbia participar da assembleia da União Africana. Na ocasião, o presidente provocou polêmica ao criticar a imprensa pelas críticas em razão da relação com ditadores da região, como o anfitrião Muammar Kadafi.

 

       Lula e Sánchez discutem relações entre União Europeia e América Latina

 

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou por telefone nesta quinta-feira (27/07), com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, com quem falou sobre as relações entre a União Europeia (UE) e a América Latina, e também das recentes eleições no país europeu.

"Conversei com o presidente da Espanha, meu amigo, Pedro Sánchez, sobre as eleições da Espanha, as relações entre o Brasil, a América Latina e a União Europeia após a Cúpula em Bruxelas e a importância da preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas", escreveu Lula nas redes sociais.

Lula e Sánchez se reuniram na semana passada em Bruxelas, à margem da Cúpula entre a UE e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), para analisar a evolução das negociações para o acordo UE-Mercosul.

O mandatário brasileiro é o atual presidente temporário do Mercosul, e Sánchez comanda a UE neste semestre.

O petista tem manifestado sua expectativa em poder concluir o pacto até o fim deste ano, mas questionou um documento apresentado recentemente pela UE sobre sanções em caso de descumprimento de metas ambientais.

Por outro lado, Lula tinha desejado sorte a Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) progressista, para os comícios espanhóis do domingo passado (23/07), onde a força mais votada foi o conservador Partido Popular (PP).

No entanto, o PSOE, de Sánchez, fez uma eleição melhor do que projetavam as pesquisas e não se descarta uma possível formação de governo.

•        Meloni se reúne com Biden e destaca 'forte relação' entre Itália e EUA

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, se reuniu nesta quinta-feira (27/07) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca, e destacou a "forte relação" entre os dois países.

"Em tempos difíceis, sabemos quem são nossos amigos e acho que nossas nações mostraram que podem contar umas com as outras mais do que qualquer um pensava", disse ela durante a reunião no Salão Oval.

Meloni ressaltou que as relações entre a Itália e os Estados Unidos "são historicamente fortes, superam governos e permanecem sólidas independentemente da cor política".

A mandatária italiana também reafirmou a importância do comércio com a administração de Biden, ressaltando que "a Itália e Estados Unidos têm um interesse comum em fortalecer o comércio global não apenas livre, mas justo".

"A concorrência de países que não cumprem os padrões de garantias trabalhistas, respeito ao meio ambiente e segurança prejudica nossos negócios e nossos trabalhadores", acrescentou.

Para ela, "o livre comércio sem regras mostrou seus limites" e é preciso "encontrar o equilíbrio certo entre abrir e proteger nossas economias e interesses estratégicos.

"O Ocidente deve trabalhar em conjunto para apoiar nosso sistema industrial promovendo a convergência entre os interesses de nossas nações, garantindo que o diálogo entre EUA, Itália e UE possa superar as tensões produtivas para benefício de todos", explicou ela.

Em relação à situação no norte da África e à crise migratória, a premiê italiana destacou que o diálogo entre a Europa e o governo norte-americano é essencial para a construção conjunta de uma nova relação e de uma estratégia comum".

"Devemos ser justos com as nações que foram exploradas em seus recursos. Biden sabe que eu lido muito com a África, com o papel que podemos desempenhar nesses países, estamos construindo um novo relacionamento, com uma nova abordagem entre iguais também para combater o problema da migração ilegal.

A declaração de Meloni sobre as relações com o continente africano ocorreu no mesmo dia da reunião de abertura da Cúpula Rússia-África, em São Petersburgo.

Na ocasião, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que seu país deseja ampliar suas relações com o continente africano e torná-lo um “parceiro preferencial no novo mundo multipolar”.

A reunião entre Meloni e Biden também abordou ações em prol do clima e presidência italiana do G7 em 2024, que será focada na "reconstrução da Ucrânia", segundo a premiê italiana.

 

Ø  ONU manifesta preocupação com pressões políticas ao processo eleitoral na Guatemala

 

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (27/07), o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), expressou sua preocupação sobre o que descreveu como “tentativas de minar o processo eleitoral na Guatemala, que podem resultar no desrespeito aos desejos dos eleitores”.

O documento inclui declarações do chefe do organismo, o diplomata austríaco Volker Türk, nas quais ele pede às autoridades da Guatemala que “velem pela integridade do processo eleitoral, expressada no dia 25 de junho”.

“As eleições livres e justas, assim como a autonomia dos diferentes poderes do Estado, são fundamentais para manter o Estado de direito e devem constituir a base de uma democracia que protege e promove os direitos humanos”, afirmou Türk.

O segundo turno das eleições guatemaltecas tem data marcada para acontecer no dia 20 de agosto e reunirá dois candidatos de centro-esquerda: Sandra Torres, da Unidade Nacional da Esperança (UNE), e Bernardo Arévalo, do Movimento Semente.

O cenário é bastante surpreendente em um país como a Guatemala, onde os partidos de direita mantêm uma forte hegemonia política.

·         Judicialização das eleições

Dias depois do primeiro turno – cuja votação foi realizada no dia 25 de junho – alguns partidos de direita entraram com pedidos de recontagem das urnas na Corte Constitucional e na Corte Suprema de Justiça da Guatemala (CSJ). O Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE) chegou a realizar uma segunda apuração, que foi concluída no dia 7 de julho e que apresentou os mesmos resultados da primeira contagem.

Mesmo após duas apurações, setores de direita continuaram apresentando recursos na Justiça relacionados ao processo eleitoral, em especial o partido Vamos, do presidente Alejandro Giammattei.

Além do partido governista, o Ministério Público da Guatemala iniciou uma investigação contra o Movimento Semente e chegou a suspender a personalidade jurídica da legenda, o que impediria a participação de Arévalo no segundo turno e levaria, em seu lugar, o candidato do Vamos, Manuel Conde, apoiado por Giammattei, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

A suspensão do Movimento Semente foi derrubada, dias depois, pela Corte Constitucional, mas ainda há outros recursos contra o partido apresentados na Justiça, a maioria deles de iniciativa do Vamos. Além disso, o Ministério Público realizou duas operações de busca e apreensão na sede do partido nos últimos dez dias, segundo informações do diário local Prensa Libre.

·         TSE faz denúncia à OEA

O comunicado do Alto Comissariado para os Direitos Humanos acontece um dia após a participação da juíza Irma Palencia, presidente do TSE, na sessão extraordinária do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em intervenção realizada através de videoconferência, nesta quarta-feira (26/07), a magistrada guatemalteca falou sobre as pressões políticas que o Poder Judiciário e as autoridades eleitorais do país vêm sofrendo.

Segundo a juíza, processo eleitoral na Guatemala teve um clima favorável até o primeiro turno, mas começou a ter problemas quando alguns setores políticos não aceitaram os resultados daquela votação.

“Estamos preocupados com a grande quantidade de ações que podem afetar ou comprometer a segunda etapa das eleições e o que pode vir depois, mesmo que seja apenas especulativo, por enquanto”, explicou Palencia.

·         Ameaça contra o Movimento Semente

Nesta mesma quarta-feira (26/07), em entrevista coletiva, o candidato Bernardo Arévalo afirmou que precisou suspender uma viagem aos Estados Unidos por uma suposta ordem de captura contra ele e boa parte da direção do seu partido, o Movimento Semente.

Segundo o presidenciável, a viagem atenderia a um convite do Conselho Atlântico dos Estados Unidos, para participar de uma reunião para a qual também foi convidada a sua adversária no segundo turno, Sandra Torres.

“As autoridades não estão economizando esforços em suas tentativas de perseguir politicamente o nosso partido”, alegou Arévalo.

 

Fonte: g1/Ansa/Prensa Libre

 

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