domingo, 2 de julho de 2023

Há quanto tempo Putin está no poder? As principais dúvidas dos brasileiros sobre a crise na Rússia

O motim do grupo mercenário Wagner contra Vladimir Putin capturou a atenção dos brasileiros no fim de semana, fazendo as buscas por informações sobre líder russo aumentarem 510% no país, mais que o dobro do pico médio mundial (alta de 190%), na comparação com os sete dias anteriores, mostra levantamento do Google .

A rebelião que colocou Putin sob pressão elevou como nunca o interesse pelo grupo Wagner, apontam os dados da plataforma obtidos pela BBC News Brasil. Junho de 2023 é o mês com mais interesse de busca pelos combatentes mercenários no Brasil já medido.

O Google também identificou as perguntas mais buscadas pelos brasileiros sobre Putin e o grupo Wagner na última semana. Sobre o líder russo, a campeã de buscas, "onde está Putin?", reflete o suspense a respeito do paradeiro do mandatário nas primeiras horas do motim, antes do acordo que encerrou a rebelião.

Abaixo, a BBC News Brasil responde a outros questionamentos dos brasileiros sobre a crise russa.

1. Há quanto tempo Putin está no poder?

Vladimir Putin está no poder na Rússia há 23 anos, contando os períodos como primeiro-ministro.

Ex-chefe do serviço de espionagem russo FSB - o substituto da soviética KGB -, assumiu o poder em 31 de dezembro de 1999, quando o presidente, Boris Yeltsin, renunciou e cedeu o cargo a seu então primeiro-ministro, Putin.

No ano seguinte, foi confirmado no cargo de presidente após vencer as eleições gerais. Em 2004, conseguiu se reeleger.

Em 2008, a Constituição da Rússia só permitia uma reeleição para presidente, então Putin apoiou Dmitri Medvedev, que venceu o pleito daquele ano com 71% dos votos.

Medvedev nomeou o padrinho como primeiro-ministro, mas muitos analistas acreditam que era Putin quem de fato comandava o país.

Em novembro de 2008, a Duma, o Parlamento russo, aprovou a ampliação do mandato do presidente de quatro para seis anos.

Após o mandato de Medvedev, Putiu tomou o lugar do pupilo no pleito presidencial de 2012, sendo eleito no primeiro turno com 63,6% dos votos. Seis anos depois, em 2018, foi reeleito com 76,7% da preferência dos eleitores.

Em 2021, o Parlamento russo aprovou uma lei permitindo que o presidente concorra a mais duas eleições. Ou seja, Putin pode ficar no poder até 2036, caso decida se candidatar novamente em 2024 e, posteriormente, à reeleição em 2030.

·         2. Quando Putin foi eleito?

Putin ganhou as eleições para presidente da Rússia em quatro ocasiões: 2000, 2004, 2012 e 2018.

No próximo ano, ele poderá concorrer novamente a mais seis anos na presidência, segundo uma lei aprovada no Parlamento e sancionada por ele mesmo em 2021.

Em tese, Putin poderá ficar no poder até 2036, caso vença as eleições de 2024 e seja reeleito em 2030.

·         3. Quantos anos tem Putin?

Vladimir Putin tem 70 anos. O atual presidente, que nasceu na cidade de São Petersburgo, que na época soviética se chamava Leningrado, completa 71 em 7 de outubro.

·         4. Qual é a fortuna de Vladimir Putin?

Não há uma resposta exata para essa pergunta. Embora se acredite que Putin seja bilionário, não se sabe exatamente qual o tamanho de sua fortuna ou onde esse dinheiro está investido.

Em 2016, uma investigação conhecida como Panamá Papers, produzida por consórcio de jornalistas investigativos, apontou alguns luxos associados a amigos e familiares de Putin, como um mega-iate de U$ 100 milhões e um palácio no Mar Negro suspostamente construído para uso pessoal do presidente.

Ainda assim, nada foi ligado diretamente a Putin.

Segundo a CNN, em 2018, uma declaração oficial do Kremlin afirmou que Putin tinha uma renda anual de U$ 140 mil por ano, e que possuía um apartamento e dois carros antigos.

Porém, Putin também é conhecido por ter uma coleção de relógios de luxo, que muito possivelmente vale mais do que o patrimônio declarado por seu governo.

Em 2017, o investidor britânico Bill Browder, que fez muitos negócios na Rússia, prestou um depoimento no Senado dos Estados Unidos no qual afirmou que a fortuna de Putin chegava a U$ 200 bilhões (em valores atuais, em torno de R$ 970 bilhões).

Se for verdade, esse montante colocaria Putin na posição de homem mais rico do mundo.

Elon Musk, com U$ 184 bilhões, e Jeff Bezos, fundador da Amazon, com U$ 116 bilhões, ocupam as primeiras posições de maiores fortunas individuais.

·         5. Qual é a popularidade de Putin na Rússia?

A reportagem não encontrou pesquisas recentes e independentes que apontem qual é a atual popularidade de Putin na Rússia, principalmente depois da invasão de seu exército à Ucrânia.

A Rússia teve uma série de derrotas na guerra, e o conflito não saiu como o esperado pelo líder russo.

Esse índice também pode ter tido oscilações após o motim dos mercenários do grupo Wagner.

Poucas semanas antes do início da guerra, uma pesquisa independente apontou que ele era aprovado por 71% da população russa.

E esse índice já foi pior.

De acordo com a FOM, agência de pesquisas patrocinada pelo estado russo, a aprovação de Putin no dia em que foi reeleito em 2018 era de 64% no dia da eleição em março de 2018 - o mais alto para qualquer candidato presidencial na história moderna da Rússia.

No início da Copa do Mundo, sediada pela Rússia em 2018, esse número era de 56%.

 

Ø  Esquema contra ativos russos na União Europeia é 'roubo' e 'ato de guerra', alerta advogado

 

Centenas de bilhões de dólares em ativos russos ficaram inacessíveis no exterior em 2022, depois que a crise ucraniana se transformou em uma guerra por procuração entre a OTAN e a Rússia.

Bélgica planeja coletar três bilhões de euros (R$ 15,7 bilhões) por ano em receitas excepcionais de ativos russos congelados nos cofres do país para os dar à Ucrânia para fins de "reconstrução", anunciou na sexta-feira (30) o primeiro-ministro belga Alexander De Croo.

"Estamos trabalhando em um imposto sobre ganhos excepcionais", disse De Croo aos jornalistas após se encontrar com outros líderes da União Europeia (UE) na cúpula do bloco em Bruxelas.

Um dia antes, De Croo explicou que a Bélgica estava "muito envolvida" na questão porque mais de 90 por cento dos ativos russos congelados na jurisdição da UE estão em bancos da Bélgica.

A Comissão Europeia estimou em maio que o bloco congelou mais de € 200 bilhões (R$ 1,05 trilhão) em ativos pertencentes ao Banco Central da Rússia, além de € 24,1 bilhões (R$ 126,6 bilhões) pertencentes a empresas, magnatas e outros indivíduos russos.

·         'Roubo' em plena luz do dia

Comentando os planos de Bruxelas, Christopher Black, advogado internacional de direitos humanos e assuntos criminais com mais de 20 anos de experiência, disse que, se o planejado for realizado, isso constituiria “roubo duas vezes” – em primeiro lugar pela apreensão do dinheiro, e em segundo por impedir a Rússia de coletar os seus juros devidos.

"O crime de roubo torna-se agravado com insulto, ao dar o dinheiro para Kiev para financiar a guerra contra a Rússia, e se o dinheiro é assim transferido por ordem do governo da UE, será um ato de guerra – uma vez que uma nação que fornece apoio financeiro a outra nação para realizar uma guerra pode ser considerada sob o direito internacional como uma parte [envolvida] na guerra", explicou Black.

Tal roubo constituiria uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas e das leis da guerra, e minaria o Estado de direito na Europa, de acordo com o especialista em assuntos legais, "porque se eles podem fazer isso com a Rússia eles podem fazer isso com os ativos de qualquer cidadão".

O esquema mostraria que, na verdade, "ninguém está protegido", e que os contratos entre clientes e bancos na jurisdição da UE efetivamente "não significam nada", porque podem ser quebrados à vontade e por qualquer motivo, disse Black. Isso, por sua vez, ameaça minar a credibilidade dos bancos da UE entre os depositantes estrangeiros, acrescentou.

O advogado espera que a Rússia "retalie com medidas similares, se possível, isto é, se ativos da UE estiverem localizados na Rússia".

 

Ø  Chefe da CIA faz viagem secreta à Ucrânia para discutir planos de batalha e cessar-fogo, diz mídia

 

Em uma viagem secreta à Ucrânia, o chefe da CIA William Burns alegadamente realizou conversações com autoridades do país sobre uma estratégia ambiciosa para retomar território da Rússia e iniciar negociações de cessar-fogo com Moscou até o final do ano.

Citando autoridades com informações sobre a visita do diretor da CIA, The Washington Post informou que Burns se encontrou durante sua viagem com o presidente ucraniano Vladimir Zelensky e os principais funcionários de inteligência da Ucrânia.

O objetivo da visita foi reafirmar o compromisso da administração Biden em compartilhar informações destinadas a ajudar a Ucrânia no conflito.

Autoridades ucranianas disseram ao diretor da CIA que pretendem mover sistemas de artilharia e de mísseis para mais perto da linha de fronteira da Crimeia e avançar para o leste da Ucrânia até o outono europeu. Em seguida, Kiev pretende iniciar negociações com Moscou pela primeira vez desde que elas foram interrompidas em março do ano passado, aponta a mídia, citando pessoas envolvidas no planejamento.

Um funcionário ucraniano disse ao jornal que "os EUA concordam que a Ucrânia deve entrar nas negociações a partir de uma posição forte".

De acordo com a notícia, Kiev está sob uma pressão extraordinária dos aliados ocidentais que forneceram à Ucrânia bilhões de dólares em armamentos antes da contraofensiva.

Na terça-feira (27), o presidente russo Vladimir Putin disse que a Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início de sua contraofensiva.

·         Tropas ucranianas nem sequer se aproximaram das fortificações russas, relata mídia

As tropas ucranianas nem sequer se aproximaram das fortificações russas durante a ofensiva, informou o jornal americano The Wall Street Journal, que falou com militares das Forças Armadas da Ucrânia.

"As forças [ucranianas] ainda não se aproximaram das estruturas defensivas que os russos construíram, incluindo trincheiras antitanque e outras barreiras, cerca de uma dezena de milhas atrás das linhas de frente", observa-se no artigo.

É impossível dizer exatamente em que parte da frente, mas a matéria menciona a região de Zaporozhie e uma área perto do povoado de Rovnopol na República Popular de Donetsk.

Além disso, como escreve o jornal, o comando ucraniano não envia mais para o ataque grandes unidades de infantaria e tanques ocidentais. Em vez disso, o comando ucraniano decidiu apostar em ataques direcionados.

Anteriormente, o The New York Times publicou um artigo no qual os militares reconheceram o "progresso lento" da ofensiva e referiram a "poderosa defesa" do Exército russo. Segundo os interlocutores, a mídia ucraniana dá uma imagem otimista demais da situação na frente para as Forças Armadas da Ucrânia.

·         Irritado, assessor de Zelensky diz que líder não irá à cúpula se OTAN negar adesão de Kiev à aliança

Ucrânia pressiona Aliança Atlântica perto de sua cúpula que acontecerá nos dias 11 e 12 de julho na Lituânia. Chanceler ucraniano disse que "chegou a hora" da OTAN se decidir, enquanto assessor bate na mesa para dizer que convite tem que acontecer.

Nesta quinta-feira (29) em entrevista à Reuters, o assessor presidencial, Igor Zhovkva, disse que a Ucrânia quer receber um convite para iniciar o processo de adesão à OTAN na cúpula da aliança militar no mês que vem, e que o presidente Vladimir Zelensky não comparecerá se Kiev não for aceita.

"O presidente não viajará para a cúpula se os líderes tenderem ou mostrarem falta de coragem […]", disse ele.

O líder ucraniano já disse que não vê "nenhum sentido" em ir à cúpula se Kiev não receber um "sinal" na reunião. Seu chefe de gabinete disse esta semana que Zelensky decidiria na véspera da cúpula se iria ou não.

Zhovkva afirmou que a Ucrânia espera o sinal verde para começar o processo de adesão, uma vez que o país do Leste Europeu apresentou em 30 de setembro do ano passado o pedido para entrar na Aliança Atlântica. Porém, Kiev reconheceu que não pode se juntar ao bloco enquanto o conflito com a Rússia está em curso.

"O que estamos pedindo é para iniciar o procedimento", disse ele batendo na mesa, segundo a agência britânica.

Ainda de acordo com a Reuters, a Ucrânia tem feito horas extras nos bastidores para fazer lobby por um avanço. Aos olhos de Kiev, sua luta no conflito demonstra que o país é digno de admissão na OTAN e também mostrou que já é uma parte fundamental da segurança transatlântica.

Ao mesmo tempo, o assessor comparou o pedido de adesão da Suécia e Finlândia à aliança ao ucraniano.

"Quando a Finlândia e a Suécia apresentaram um pedido de adesão em 2022, imediatamente em junho do ano passado os aliados responderam ao pedido [...] convidando-os a ingressar na OTAN", declarou.

O chanceler ucraniano, Dmitry Kuleba, também disse hoje (29) que "chegou a hora" da Aliança Atlântica decidir se a Ucrânia pode ou não começar o processo de adesão.

Durante nossa ligação hoje, elogiei Jens Stoltenberg pelos seus esforços para tornar a cimeira da OTAN em Vilnius um sucesso. A Ucrânia continua a trabalhar ativamente com todos os aliados da OTAN para convencê-los de que chegou a hora de esclarecer a adesão da Ucrânia à Aliança.

Os aliados de Kiev estão divididos sobre a rapidez com que a Ucrânia deve ingressar na aliança militar e alguns governos ocidentais estão cautelosos com qualquer movimento que possa levar a OTAN mais perto de um conflito direto com a Rússia.

 

Fonte: BBC News Brasil/Sputnik Brasil

 

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