Como organoides
cerebrais estão revolucionando a neurociência
A
maior parte dos estudos em neurociência acontecem com animais de laboratório,
roedores. Isso pode parecer estranho para a maioria das pessoas. Afinal, não
foi o cérebro de um roedor que nos colocou na Lua ou que gerou as maiores obras
de arte do mundo. Foi o cérebro humano em toda a sua complexidade que gerou
nossa compreensão da vida e das leis que regem o Universo.
Não
foi diferente comigo. Como pesquisador de pós-doutorado já nos EUA, comecei a
aprender ativamente como dissecar cérebros de camundongos. Eu esperava descobrir
mais sobre as principais regiões e estruturas importantes associadas a
distúrbios mentais e neurológicos, como autismo e epilepsia – e, finalmente,
como corrigi-los.
Pratiquei
até me tornar um especialista na anatomia do sistema nervoso do camundongo. Era
um trabalho sangrento e pagava o preço as noites. Em meus sonhos, repassava a
vívida experiência de remover os cérebros de pequenos crânios e cortá-los. Algo
sobre esses pesadelos me dizia para não continuar. Por fim, reuni coragem para
desafiar meus colegas: e se as doenças que queremos tratar e as respostas que
queremos não forem encontradas no cérebro do camundongo?
Muitos
cientistas ressaltam como essas duas espécies são semelhantes em termos de
estrutura cerebral. Mas apesar das semelhanças, essas duas espécies seguiram
caminhos evolutivos distintos, adaptando os cérebros para seus respectivos
estilos de vida e nichos evolutivos. Isso explica por que as curas em
camundongos nem sempre se traduzem em curas para humanos. E há uma razão pela
qual os neurocientistas tendem a confiar em modelos de camundongos – é mais
prático e seguro do que testar em pessoas. Historicamente, no entanto, isso nos
deixou com muitas perguntas sem resposta, como quando o primeiro neurônio
humano dispara? E como o córtex cerebral humano se forma?
Pelo
menos sabemos quando o córtex humano – a região do cérebro relacionada aos
nossos tipos mais sofisticados de cognição – se forma: ele cresce no útero.
Embora normalmente usemos técnicas não invasivas, como o ultrassom, para visualizar
o cérebro fetal em desenvolvimento, não podemos investigá-lo experimentalmente
em uma resolução que nos permita entendê-lo. As limitações não são apenas
tecnológicas – há preocupações éticas óbvias sobre o estudo invasivo de um
embrião humano dentro do útero.
Mas
e se pudéssemos recriar o cérebro humano fora do útero? Em 2008, o pesquisador
japonês Yoshiki Sasai mostrou que era possível cultivar tecidos neurais humanos
artificiais fora do útero.
As
chamadas células-tronco 'pluripotentes' têm a capacidade de gerar tipos de
células para todos os tecidos do corpo humano. Você pode encontrar
células-tronco pluripotentes no embrião humano, ou reprogramando células de um
organismo mais desenvolvido, que captura o genoma do doador.
Independente
de suas origens, Sasai mostrou que é possível conduzir essas células a se
tornarem um tecido neural, expondo-as a fatores externos específicos. Quando
suspensas em líquido, essas células neurais comprometidas se auto-agregam
espontaneamente e formam pequenos aglomerados tridimensionais organizados que
se assemelham à estrutura anatômica do cérebro humano fetal. Agora chamamos
essas estruturas de 'organoides cerebrais' ou 'mini-cérebros' na cultura pop.
Esses
organoides cerebrais podem crescer até 0,5 cm, um pedaço de tecido branco do
tamanho de uma ervilha que você pode visualizar a olho nu. Em meu laboratório
na California, nós os mantemos flutuando em um ensopado suculento e avermelhado
que contém todos os nutrientes de que as células neurais precisam para sobreviver.
E, de fato, eles podem sobreviver por semanas, meses e anos. A vantagem desses
organoides é que eles reencenam a maneira como o cérebro humano se desenvolve
no útero. Ao contrário de um cérebro de camundongo que está totalmente formado
em cerca de 20 dias, leva nove meses para um organoide do cérebro humano se
tornar semelhante no nível molecular, celular e funcional ao cérebro de um bebê
recém-nascido.
Mas
não fique muito animado ainda. Essas estruturas carecem de certos tipos de
células, não há suprimento de sangue. Além disso, eles são minúsculos, com
cerca de 2,5 milhões de neurônios (em comparação com 86 bilhões de neurônios no
cérebro humano).
Mesmo
com essas limitações, esse modelo reducionista de cérebro humano foi crucial
para ajudar a descobrir que o vírus Zika foi o culpado por trás do surto de
defeitos congênitos no nordeste do Brasil em 2015. Meu laboratório também usou
essa ferramenta para encontrar novos tratamentos para alguns distúrbios
neurológicos raros sem cura. Nada mal para um cérebro minúsculo.
Porém,
por mais importante que essa tecnologia seja disruptiva, ainda faltava algo: os
organoides cerebrais não exibiam a mesma atividade elétrica que o cérebro
humano. Durante o desenvolvimento, milhões de neurônios estão sendo produzidos
todos os dias e, à medida que amadurecem, começam a formar conexões entre si.
Essas conexões não são formadas aleatoriamente; em vez disso, eles
eventualmente formarão o que é conhecido como uma rede neural estruturada.
Pensava-se que a orquestração dessas redes envolvia a sinalização de diferentes
regiões do cérebro e até mesmo de tecidos não neurais. Assim, parecia
improvável que observássemos esse tipo de rede neural em organoides cerebrais
feitos pelo homem em laboratório.
Isso
representava um sério problema para mim, tanto pessoal quanto
profissionalmente. As condições neurológicas que estudo são causadas por
perturbações em redes neurais estruturadas, como esquizofrenia e autismo.
Eu
sei exatamente o quanto essas condições são desafiadoras: meu filho Ivan nasceu
com autismo profundo. Ele é não-verbal, com grave atraso no desenvolvimento e
centenas de convulsões por semana. É capaz de passar horas manipulando um único
objeto, balançando-se em uma cadeira ou tentando persistentemente realizar uma
tarefa improvável. Ainda assim, sua mente é extraordinária quando se trata de
explorar o ambiente ao seu redor. Ele pode identificar um novo item em uma
grande loja como se estivesse gritando seu nome.
Nesse
contexto, a ideia de tentar entender o autismo estudando um cérebro sem
atividade neural seria como tentar entender o diabetes estudando um pâncreas
sem insulina.
Essa
limitação foi o que nos encorajou a encontrar maneiras de permitir que os
organoides pudessem se comportar como um cérebro humano. Depois de diversos
anos de pesquisa e muitas falhas, finalmente observamos o surgimento espontâneo
de ondas oscilatórias cerebrais, semelhantes às detectadas por
eletroencefalogramas (EEG). Essas ondas oscilatórias semelhantes ao EEG são
onipresentes em todos os cérebros humanos vivos, mas nunca foram registradas
emergindo de qualquer sistema vivo feito pelo homem.
Foi
a prova final de que esse modelo simplista do cérebro humano poderia, de fato,
recriar a formação organizada das redes que surgem no útero. Como sabemos que o
autismo começa no útero, agora estamos aplicando essa tecnologia para entender
como as perturbações dessas oscilações neurais podem contribuir para o autismo.
Espero que a pesquisa nos leve a melhores intervenções para meu filho e milhões
de outras pessoas que vivem com autismo profundo em todo o mundo.
O
surgimento de ondas semelhantes ao EEG em organoides cerebrais humanos foi, sem
dúvida, um marco importante, mas também desencadeou preocupações éticas e
morais. A nova tecnologia que permite que os organoides se desenvolvam dessa
maneira também permite que eles incorporem entradas e saídas de outras regiões
do cérebro ou informações sensoriais, como a retina derivada de células-tronco
humanas ou sensores de dor.
E
se esses organoides adquirirem algum nível de consciência ou autoconsciência?
Embora o objetivo de criar consciência intencionalmente usando organoides do
cérebro humano não seja o foco da maioria dos investigadores, a consciência
pode surgir involuntariamente à medida que nossos protocolos melhoram. E caso
os organoides tornem-se conscientes e possuem outras capacidades cognitivas,
será vital determinar sua posição moral.
Colocando
as preocupações éticas de lado, as redes complexas nos organoides do cérebro
humano podem revelar um dos maiores mistérios do cérebro humano: como
aprendemos? A aprendizagem é um processo cognitivo complexo, moldado pela
evolução ao longo de milhões de anos e modulado pelo sistema nervoso em tempo
real.
Um
passo essencial para a compreensão da cognição humana envolve a dissecação dos
mecanismos biológicos fundamentais da aprendizagem. À medida que o cérebro
amadurece, ele muda de um cérebro embrionário privado de experiência para um
cérebro sensorial constantemente estimulado após o nascimento. Investigações
anteriores dos mecanismos biológicos de aprendizagem focavam apenas em assuntos
pós-natais e ignoraram o período crítico de neurodesenvolvimento quando essa
transição ocorre no útero.
Recentemente,
estendemos o modelo organoide do cérebro para capturar esse período crítico do
aprendizado inicial. Para fazer isso, projetamos uma interface robótica que
consegue se mover usando a atividade elétrica coordenada de um organoide
cerebral. O robô possui sensores infravermelhos, detectando obstáculos antes de
atingi-los.
Ao
se aproximar de um objeto, o robô estimula os organoides. Em resposta, eles
ativam um novo conjunto de neurônios que, quando detectados por um computador,
podem dar um comando de 'virar à direita' ao robô. Isso fornece feedback
sensório-motor ao organoide enquanto ele explora o ambiente, para avaliar se o
organoide pode aprender com um conjunto de variáveis pré-determinadas, como uma
simples pista de obstáculos.
Prevemos
que este sistema robótico se adapte, evolua e crie soluções com base nos
obstáculos que encontrar. Por meio desses experimentos, esperamos entender
melhor os mecanismos de aprendizagem no neurodesenvolvimento inicial e preparar
o terreno para futuras investigações em neurociência de sistemas e cognição
incorporada.
Dissecar
como um organismo ajusta seus sistemas sensório-motor e nervoso não é apenas
crucial para entender a inteligência e a criatividade humanas, mas também para
projetar algoritmos de aprendizado mais robustos e eficientes para pesquisa de
IA.
Nosso
laboratório também está usando organoides cerebrais para entender as principais
questões evolutivas sobre as origens do cérebro humano. Tenho um fascínio
permanente pelos neandertais que me acompanha desde criança e levanta questões
filosóficas profundas que continuam a me assombrar: quem somos nós? O que nos
torna humanos? Os neandertais não eram tão sofisticados em termos de arte,
tecnologia e adaptação quanto os humanos modernos, embora o volume de seu
cérebro fosse semelhante ao nosso. Os neandertais compartilharam parte de sua
história evolutiva conosco, nós acasalamos e depois eles desapareceram.
Entender como essas duas populações interagiram nos diria muito sobre nós
mesmos.
Há
pouco mais de 150 anos, os primeiros fósseis dos neandertais foram descobertos
na Alemanha. Ao analisar esses ossos e compará-los com os nossos, pudemos obter
uma imagem precisa de como os neandertais poderiam ter sido, quando sua
linhagem se separou da nossa e quando foram extintos – cerca de 40.000 anos
atrás. Em 2010, foi publicado o primeiro rascunho do genoma neandertal com base
em antigas amostras de DNA coletadas dos ossos de três indivíduos do sexo
feminino, que viveram em diferentes épocas em uma caverna na Croácia, há cerca
de 40 mil anos. Isso foi seguido por uma sequência mais completa do genoma de
um hominídeo arcaico da caverna Denisova nas montanhas Altai da Sibéria. A
análise genética do indivíduo denisovano revelou que sua população é um grupo
irmão dos neandertais.
A
comparação dos genomas neandertais, denisovanos e humanos existentes revelou
que muitos humanos modernos carregam genes introduzidos a partir de cruzamentos
entre essas populações. Também nos permitiu identificar diferenças genéticas
específicas de humanos que podem ter sido importantes para nossa evolução mais
recente. Os genomas humanos têm muito em comum com os genomas neandertais e
denisovanos.
Até
o momento, o foco principal da genética comparativa entre humanos arcaicos e
modernos tem sido nesses locais compartilhados, onde os humanos modernos
adotaram elementos arcaicos. Dessa forma, grupos de Homo sapiens chegando a uma
nova área foram capazes de cooptar algumas das adaptações que outros grupos de
humanos desenvolveram ao longo de milênios de seleção natural. Os exemplos
variam de imunidade a patógenos locais a adaptações fisiológicas para viver em
grandes altitudes.
A
genética comparativa também mostrou que herdamos a suscetibilidade a certas
condições ou doenças de nossos parentes extintos. O diabetes é um deles. Embora
a resistência à insulina possa ser benéfica em um ambiente de fome, ela cria
todos os tipos de problemas para o corpo quando a comida é abundante e
acessível. Mais intrigante é a descoberta de que o vício também é algo que
adquirimos de nossos parentes extintos. O vício pode ser um fator de
sobrevivência quando a situação exige comportamento repetitivo para realizar
algo com baixa probabilidade – mas quando drogas que atuam em nosso sistema de
recompensa estão facilmente disponíveis, sofremos suas consequências.
Embora
muito interesse tenha sido colocado nos benefícios clínicos e nas consequências
da compreensão dos genes que compartilhamos com nossos ancestrais, minha equipe
e eu argumentamos que as áreas de divergência podem ser de igual ou maior valor
clínico. Infelizmente, isso vai contra o equívoco comum de que os estudos
evolutivos não se traduzem em benefícios médicos.
Por
exemplo, enquanto os mecanismos por trás da postura bípede incomum e do andar
largo dos humanos permanecem muito debatidos, é claro que várias doenças – como
hérnias, hemorróidas, varizes, distúrbios da coluna, osteoartrite da
articulação do joelho, prolapso uterino e parto difícil – surgiram de esta
mudança marcante na anatomia e fisiologia do órgão. Compreender o caminho
evolutivo para o ser humano moderno provavelmente iluminará as origens das
doenças humanas.
Para
encontrar as regiões do genoma que são exclusivamente 'nós', comparamos os
genomas de nossos parentes extintos com os dos humanos modernos.
Surpreendentemente, observando os genes codificadores de proteínas, encontramos
apenas 61 genes diferentes entre os neandertais e nós. Desses 61, um punhado
está diretamente relacionado ao cérebro, e apenas um parece ser relevante nos
estágios iniciais do neurodesenvolvimento humano.
Este
é um gene chamado NOVA1. É importante porque regula a atividade de centenas de
outros genes a jusante, principalmente os implicados nas sinapses, as
estruturas que permitem a comunicação entre as células cerebrais. A diferença
está em uma única letra do DNA, ou par de bases, suficiente para distorcer um pouco
da proteína e mudar a forma como ela funciona dentro das células cerebrais. Mas
como testar isso?
Nossa
abordagem foi usar enzimas de edição de genoma para converter o gene moderno
NOVA1 em uma versão arcaica – para 'neandertalizar' o genoma humano moderno em
células-tronco pluripotentes e gerar organoides cerebrais a partir delas.
Curiosamente, podemos visualizar as diferenças na forma dos organoides que
carregam as versões arcaica e moderna.
Organoide
neandertalizado — Foto: Arquivo Pessoal/Alysson Muotri
A
inspeção em nível molecular confirmou nossa hipótese: vários genes-alvo NOVA1
foram afetados, alterando a composição das sinapses. No nível funcional,
observamos que as redes de organoides cerebrais que carregam a versão arcaica
NOVA1 mostraram uma atividade maior em estágios iniciais.
As
mudanças nas redes neurais nesses organoides cerebrais 'neandertalizados' são
paralelas às habilidades rapidamente adquiridas observadas em recém-nascidos
primatas quando comparados com recém-nascidos humanos. Um bebê chimpanzé pode
ser mais esperto que um recém-nascido humano, mas isso muda à medida que nos
desenvolvemos. Isso é altamente especulativo, mas nossos dados podem sugerir
que a alteração do DNA no NOVA1 que todos carregamos agora em nossos genomas
pode ser um ponto de virada na evolução humana, fornecendo um cérebro mais
complexo e sofisticado ao custo do cuidado humano pós-natal, uma ideia
provocativa e intrigante.
Por
fim, essa tecnologia tem sido utilizada até fora da Terra. Em meados de 2019,
nosso grupo enviou o primeiro lote de organoides do cérebro humano para a
Estação Espacial Internacional (EEI). O objetivo desta e de outras missões
espaciais é medir a influência do espaço sideral no cérebro humano.
O
que aprendemos ao estudar os astronautas que viveram na Estação Espacial
Internacional (EEI) por longos períodos é que a microgravidade e a radiação
espacial podem ter um impacto negativo na fisiologia do corpo humano. Não
evoluímos para estar no espaço, e talvez uma das consequências mais importantes
da exposição seja o efeito sobre a cognição.
Compreender
como as células do cérebro humano reagem a esse novo ambiente nos ajudará a
projetar novas estratégias para mitigar os efeitos negativos das viagens
espaciais de longo prazo e permitir a colonização interplanetária no futuro. A
pesquisa também nos ensinará sobre o envelhecimento humano e nos ajudará a
desenvolver melhores tratamentos para condições neurológicas, como o autismo e
a doença de Alzheimer.
Semana
passada firmamos um acordo com o governo brasileiro para incluir uma
participação do Brasil nessa pesquisa, inclusive com a ida de um cientista
brasileiro para a EEI executar esses experimentos pessoalmente. Esse projeto,
ainda em construção, irá contar com a contribuição da comunidade cientifica
brasileira, trazendo os frutos dessa pesquisa para nosso país.
Agora
temos ferramentas para responder a muitos mistérios do cérebro humano e talvez
algumas das questões filosóficas mais profundas que confrontam a humanidade. As
ferramentas não são perfeitas e há muito espaço para melhorias. Ainda assim,
mesmo com as abordagens que temos agora em mãos, é possível entender melhor
como nosso cérebro funciona e aplicar esse conhecimento. Enquanto mantivermos
nossos olhos e mentes abertos, esses minúsculos cérebros humanos estarão
prontos para nos ensinar muito sobre nós mesmos e sobre nosso futuro como
espécie.
SOBRE
O AUTOR
*Dr.
Muotri é brasileiro e professor titular da Escola de Medicina na Universidade
da California em San Diego. É também diretor do Centro de Educação e Pesquisa
Integrada de Células-tronco em Orbita. Fez faculdade de biologia pela UNICAMP e
doutorado em genética pela USP-SP. Possui centenas de publicações cientificas
nas maiores revistas de alto impacto e recebeu inúmeros prêmios decorrentes de
suas descobertas.
Fonte:
Por Dr. Alysson R. Muotri, Ph.D., para o g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário