Bolsonaro
confessa que pensou em decretar estado de sítio
O
ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu novamente que discutiu com os comandantes
das Forças Armadas a possibilidade de decretar estado de sítio, estado de
defesa e o uso do artigo 142 da Constituição para justificar ações militares. A
declaração foi dada ao programa Oeste sem filtro, da Revista Oeste, e reacendeu
o debate sobre seu papel nas tentativas de contestar a eleição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro,
que já foi indiciado pela Polícia Federal por articular um golpe de Estado,
alegou que os temas debatidos não extrapolavam os limites legais. “Golpe usando
a Constituição? O que está dentro da Constituição você pode utilizar”, disse o
ex-presidente, ao tentar afastar as acusações.
Depoimentos
de ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica indicaram que Bolsonaro
apresentou planos que incluíam impedir a posse de Lula, o que, segundo eles,
configuraria uma tentativa de ruptura democrática. Ao comentar as reuniões,
Bolsonaro minimizou: “Eu discuti, sim. Não foi nenhuma discussão acalorada”.
<><>
Defesa de anistia e críticas ao equilíbrio de poderes
Durante
a entrevista, Bolsonaro também defendeu a aprovação de uma anistia ampla para
pacificar o país. Ele sugeriu que uma declaração do presidente Lula ou do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, poderia
resolver as tensões políticas. “Se tivesse uma palavra do Lula ou do Moraes
sobre anistia, estava tudo resolvido”, afirmou.
O
ex-presidente voltou a criticar o que chamou de desequilíbrio entre os poderes,
apontando que o governo Lula detém maioria no Senado, enquanto na Câmara, “está
o Lira lá, meio que resistindo”. Segundo Bolsonaro, um de seus objetivos para
as eleições de 2026 é aumentar a bancada de senadores bolsonaristas, que podem
atuar contra decisões do STF.
<><>
Episódio na embaixada e novo alerta sobre prisão
Bolsonaro
também relembrou o episódio em que se refugiou na embaixada da Hungria, em
Brasília, após ter o passaporte apreendido. Ele afirmou que buscou a embaixada
“para conversar, ponto final”, tentando desmistificar as razões por trás da sua
ida. Em outra entrevista recente, ao portal UOL, o ex-presidente admitiu a
possibilidade de buscar proteção diplomática em outra embaixada caso tenha sua
prisão decretada.
Na
mesma conversa, Bolsonaro revelou ter parabenizado o ex-presidente Michel Temer
por minimizar as acusações de golpe. Além disso, afirmou ter orientado
deputados aliados a elogiarem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após
este defender parlamentares bolsonaristas indiciados pela PF.
• "Cada fala de
Bolsonaro é uma confissão", diz Pedro Serrano
O
jurista Pedro Serrano afirmou em suas redes sociais que "cada fala de
Bolsonaro é uma confissão", em alusão às recentes declarações do
ex-presidente Jair Bolsonaro sobre discussões envolvendo estado de sítio,
estado de defesa e o uso do artigo 142 da Constituição. Bolsonaro admitiu
novamente ter debatido essas possibilidades com os comandantes das Forças
Armadas durante seu governo, reacendendo o debate sobre seu papel nas
tentativas de contestar a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A
fala de Serrano reflete a gravidade do cenário descrito por Bolsonaro, que já
foi indiciado pela Polícia Federal por articular um golpe de Estado. Durante
entrevista ao programa Oeste sem filtro, da Revista Oeste, Bolsonaro tentou
justificar seus atos ao dizer que os debates não extrapolavam os limites
legais. “Golpe usando a Constituição? O que está dentro da Constituição você
pode utilizar”, disse, numa tentativa de normalizar um comportamento que
especialistas apontam como autoritário.
Para
Serrano, tais declarações não apenas indicam uma postura antidemocrática, mas
também configuram confissões de intenções claras de ruptura institucional.
<><>
Tentativa de minimizar articulações golpistas
Depoimentos
de ex-comandantes das Forças Armadas indicam que Bolsonaro apresentou planos
para impedir a posse de Lula, o que, segundo eles, configuraria uma tentativa
de golpe. Apesar disso, o ex-presidente procurou minimizar as reuniões,
afirmando que discutiu os temas “sem acaloramento”. Entretanto, os relatos de
militares e as próprias declarações de Bolsonaro reforçam a tese de que sua
gestão flertou constantemente com a ruptura democrática.
Além
de sugerir medidas autoritárias, Bolsonaro voltou a criticar o equilíbrio entre
os poderes e defendeu uma anistia ampla, sugerindo que declarações do
presidente Lula ou do ministro Alexandre de Moraes poderiam pacificar o país.
“Se tivesse uma palavra do Lula ou do Moraes sobre anistia, estava tudo
resolvido”, afirmou. Para analistas, essa proposta soa como uma tentativa de
escapar de responsabilizações judiciais.
Serrano
e outros juristas destacam que essas confissões exigem ação firme das
instituições democráticas. A tentativa de Bolsonaro de justificar articulações
golpistas como “dentro da Constituição” não apenas relativiza os crimes de
responsabilidade, mas também normaliza ataques à democracia. “É essencial que
as investigações avancem e que quem ameaçou a ordem constitucional seja
responsabilizado”, defendeu Serrano.
• A estratégia de
Bolsonaro para se livrar da prisão e jogar golpe no colo de Heleno e Braga
Netto
Após
falar em fugir para uma embaixada em caso de condenação pela tentativa de golpe
de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro já trabalha com mais uma estratégia para
tentar se livrar de prisão: jogar a culpa em militares de alta patente que
compunham o seu governo, entre eles o general Augusto Heleno (ex-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional) e general Walter Braga Netto (ex-ministro
da Defesa e da Casa Civil, além de candidato a vice de Bolsonaro nas eleições
de 2022).
Trata-se
de a tese de "golpe dentro do golpe", que consistiria em um plano
golpista não só para impedir a posse de Lula após o pleito, mas para que os
próprios militares assumissem o poder, em detrimento de Bolsonaro. A
sinalização de que essa deve ser a estratégia foi dada por Paulo Amador da
Cunha Bueno, um dos advogados de Bolsonaro, em entrevista à GloboNews nesta
sexta-feira (30).
Bueno
usa como base nesta narrativa o "Punhal Verde e Amarelo", documento
elaborado, segundo a Polícia Federal (PF), pelo general da reserva e
ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo
Bolsonaro, Mario Fernandes, que foi preso recentemente na operação
"Contragolpe". O planejamento envolvia o assassinato de Lula, do
vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF). O documento previa, após deflagrado o golpe, a a
criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise que seria comandando
por militares.
Heleno,
segundo o planejamento, seria o chefe de tal gabinete. Braga Netto, por sua
vez, seria o coordenador-geral, enquanto outros militares de alta patente, como
o próprio Mario Fernandes, assumiriam outras funções de comando.
O
fato de Jair Bolsonaro não ser mencionado no plano "Punhal Verde e
Amarelo" é a base da estratégia a ser usada pela defesa do ex-presidente
para jogar a culpa pela tentativa de golpe em Heleno e Braga Netto.
"Quem
seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria
uma junta que seria criada após a ação do 'Plano Punhal Verde e Amarelo', e
nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro", disse o advogado
de Bolsonaro em entrevista à GloboNews.
"Não
tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma
elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o
governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a
acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo", afirmou ainda.
Apesar
da tentativa do advogado de Bolsonaro de imputar a culpa somente a Heleno e
Braga Netto, a Polícia Federal, em seu relatório final sobre a investigação,
aponta o ex-presidente como o principal líder da organização criminosa que
tentou deflagrar um golpe no Brasil. Os investigadores afirmam, inclusive, que
Bolsonaro tinha conhecimento do plano para assassinar autoridades.
<><>
Quer dizer que Bolsonaro sabia de um plano contra ele e mesmo assim deu
força... Ah, coitado!
Seria inacreditável se não fosse vinda da
turma do Bolsonaro a estratégia adotada pela defesa do ex-presidente às
acusações de que ele seria o cabeça da quadrilha terrorista e criminosa que
pretendia um golpe de Estado com o assassinato do presidente e do vice eleitos,
Lula e Alckmin, e do presidente do TSE à época, ministro Alexandre de Moraes.
Numa
entrevista à GloboNews na noite desta sexta, o advogado de Bolsonaro Paulo
Amador da Cunha Bueno, sem corar, lançou a tese surreal de que o golpe não
traria nenhum benefício a Bolsonaro, pelo contrário, o golpe seria também
contra ele.
O
fato de Jair Bolsonaro não ser mencionado no plano "Punhal Verde e
Amarelo" é a base da estratégia a ser usada pela defesa do ex-presidente
para jogar a culpa pela tentativa de golpe nos generais Heleno e Braga Netto.
"Quem
seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria
uma junta que seria criada após a ação do 'Plano Punhal Verde e Amarelo', e
nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro", disse o advogado
de Bolsonaro em entrevista à GloboNews.
"Não
tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma
elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o
governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a
acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo", afirmou ainda.
Só
que Bolsonaro sabia do plano desde o início. Posto no papel pelo general Mário
Fernandes, impresso no Planalto e levado a Bolsonaro, o "Plano Punhal
Verde e Amarelo" só seria deflagrado após uma decisão que somente
Bolsonaro como presidente poderia tomar: a da decretação de uma Garantia da Lei
e da Ordem (GLO), do estado de defesa ou do estado de sítio.
Bolsonaro
havia aceitado o "assessoramento" do general Mário Fernandes, como
prova o diálogo entre o general e o ajudante de ordens de Bolsonaro,
tenente-coronel Mauro Cid, quando o general comemorou uma fala de Bolsonaro a
seus apoiadores e disse que o presidente havia aceitado seu
"assessoramento".
"Força,
Cid. Meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e
ter se pronunciado, cara. Que bacana que ele aceitou aí o nosso assessoramento.
Porra, deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a
morte. Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra
ele", disse o general a Cid na noite do dia 9 de dezembro. [Folha]
Na
verdade, o plano falava na criação de um "Gabinete de Crise", que
seria comandado pelos generais Heleno e Braga Netto. Mas o presidente era
Bolsonaro e no plano não constava seu assassinato nem sua prisão ou
afastamento. Logo, com o golpe Jair Bolsonaro continuaria presidente,
governando com um "Gabinete de Crise". Aliás, este era o objetivo do
golpe.
A
defesa de Bolsonaro segue o padrão que o ex-presidente usou durante toda a
vida: tirar o corpo fora, desmentir-se, desdizer o que disse, fugir de assunto
e culpar os outros. Sempre. Assim chegou à Presidência da República. Assim
espera se livrar de mais uma.
• "Eles são tão
distraídos que até aprovaram uma lei que vai levá-los à cadeia", diz Paulo
Teixeira
Em
entrevista ao programa Boa Noite 247, o Ministro do Desenvolvimento Social e
Agrário, Paulo Teixeira, trouxe detalhes sobre a elaboração da Lei 14.197/21, a
Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito, sancionada em 2021 durante o
governo Bolsonaro. Hoje, essa mesma legislação é a base para os indiciamentos
do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 36 investigados, incluindo
militares e ex-ministros, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado,
abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Paulo
Teixeira revelou que a proposta de lei nasceu em um momento de grande tensão
política no Brasil, quando a antiga Lei de Segurança Nacional (LSN) estava
sendo usada para perseguir opositores do governo Bolsonaro e havia o risco
iminente de um golpe de Estado. “Muitos jornalistas, ativistas e intelectuais
estavam sendo enquadrados pela LSN, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro
fazia ameaças claras às instituições democráticas, como a interpretação absurda
do artigo 142 da Constituição para justificar uma intervenção militar”,
explicou o ministro.
Foi
nesse cenário que um grupo de juristas sugeriu a revogação da LSN e a criação
de uma legislação que realmente protegesse o Estado Democrático de Direito.
Teixeira destacou o papel de figuras como Lênio Streck e Pedro Serrano, que
participaram do processo de elaboração da proposta, e da deputada Margarete
Coelho, relatora do projeto, cujo trabalho foi fundamental para consolidar um
consenso no Congresso.
<><>
O ponto de virada: criminalizar a tentativa de golpe
Um
dos principais debates durante a elaboração da lei foi a inclusão do crime de
tentativa de golpe de Estado. Segundo Teixeira, havia resistência inicial por
parte de juristas mais conservadores, como Miguel Reale Júnior, que defendiam
que só o golpe consumado deveria ser criminalizado. “Dissemos a ele: se
precisarmos esperar o golpe se concretizar, todos estaremos presos e as
instituições destruídas. Precisamos de um tipo penal que criminalize a
tentativa”, relatou o ministro.
Essa
argumentação foi decisiva para a inclusão do artigo que criminaliza ações para
abolir o Estado Democrático de Direito, mesmo que não tenham sido consumadas.
“A legislação brasileira hoje é clara: tentar golpear a democracia é crime, e
isso está previsto na lei que criamos”, afirmou Teixeira.
<><>
Bolsonaro indiciado com base na lei que sancionou
Paulo
Teixeira também ironizou o fato de que Jair Bolsonaro sancionou a Lei
14.197/21, a mesma que agora embasa seu indiciamento. “É curioso. Bolsonaro
assinou a sanção da lei junto com aliados como Braga Netto, Heleno e Damares, e
todos eles já foram indiciados com base nessa legislação. Isso mostra como eles
subestimaram a força das instituições democráticas”, afirmou.
O
ministro ainda ressaltou que, na época, Bolsonaro estava politicamente
enfraquecido no Congresso, o que facilitou a aprovação da lei. “Ele tinha
abandonado o Parlamento, preferindo passar os dias no cercadinho atacando
instituições. Só depois, com o orçamento secreto, ele consolidou um controle
maior do Congresso. Mas naquele momento, conseguimos aprovar a lei que hoje
está protegendo nossa democracia.”
<><>
A tentativa de golpe e o plano "Punhal Verde e Amarelo"
A
investigação que culminou nos indiciamentos revelou o detalhado plano
denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía o assassinato de Lula, Alckmin
e do ministro Alexandre de Moraes. Segundo Teixeira, a lei permitiu enquadrar
os atos preparatórios como crimes, algo essencial para evitar que o golpe fosse
consumado. “Se tivéssemos esperado o ato final, seria tarde demais. A
legislação que criamos possibilitou agir preventivamente, como em casos de
terrorismo”, explicou.
<><>
A importância da lei e o futuro da democracia
Paulo
Teixeira finalizou destacando a relevância histórica da Lei 14.197/21 para a
proteção das instituições democráticas brasileiras. “O enquadramento de
Bolsonaro e de seus aliados mostra que o Brasil tem mecanismos para enfrentar
ataques ao Estado Democrático de Direito. É um aviso claro de que ninguém está
acima da lei”, afirmou.
Com
os indiciamentos já realizados, o ministro espera que a Procuradoria-Geral da
República (PGR) formalize as denúncias e que os responsáveis sejam levados à
Justiça. “A sociedade brasileira rejeitou essas tentativas de ruptura
democrática, e cabe agora às instituições darem uma resposta firme e definitiva
a essas ameaças.”
• "Bolsonaro sempre
foi covarde e agora virou um chorão", diz Gleisi
A
presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou Jair
Bolsonaro (PL) após o político da extrema-direita tentar passar para a
população a mensagem de que o indiciamento anunciado pela Polícia Federal foi
injusto porque, de acordo com o ex-mandatário, o golpe de Estado não aconteceu.
Indiciado e inelegível, o político da extrema-direita faz apelo ao STF para não
ser preso nem condenado.
"Sempre
foi um covarde, como eram covardes os torturadores que ele defende, e agora
virou chorão", afirmou Gleisi na rede social X. "A quem poderiam
apelar as vítimas se tivesse dado certo o golpe que ele 'planejou, atuou e teve
domínio', como demonstrou a PF? Punição para todos! Sem anistia! Arquivamento
já!", continuou.
"Depois
de apelar aos militares desonrados, aos acampados nos quartéis e seus
financiadores, aos terroristas do aeroporto de Brasília, aos juristas de golpe
e à horda que atacou os 3 poderes para derrubar o presidente Lula, Bolsonaro
agora 'faz apelo' ao STF e até a Lula para não pagar por seus crimes contra a
democracia e o país".
Fonte:
Brasil 247/Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário