Assédio: o
que é, tipos e como se proteger
O
assédio é um tipo de conduta moralmente reprovável e reiteradamente assumida,
capaz de causar danos psicoemocionais em outra(s) pessoa(s) e que pode assumir
várias faces. As agressões típicas do assédio geralmente se baseiam em
características das vítimas, como cor, religião, etnia, gênero, orientação
sexual, informação genética, entre outras.
• O que é assédio?
O
assédio pode incluir uma variedade de comportamentos de natureza verbal e
física, incluindo:
• Piadas ofensivas,
intimidadoras ou incômodas
• Observações humilhantes
• Xingamentos, apelidos
ofensivos ou calúnias
• Imagens ou objetos
ofensivos, incluindo imagens pornográficas
• Assédio moral
• Agressões físicas
• Ameaças
• Intimidação
Existem
quatro tipos de assédio mais comuns: moral, sexual, stalking e bullying.
Entenda melhor cada um deles, saiba como se proteger e alertar os outros sobre
a situação.
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Quais são os tipos de assédio?
• Assédio moral
O
assédio moral é definido pela Comissão pelo Trabalho e Emprego de Portugal como
“todo o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de
discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego,
trabalho ou formação profissional, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou
constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente
intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador”.
Normalmente,
este tipo de assédio ocorre no local de trabalho, mas pode se manifestar em
outros contextos. Em março de 2019, a Câmara Federal aprovou o PL (Projeto de
Lei) 4742/2001, que tipifica o assédio moral no trabalho como crime.
Pelo
texto da lei, configura-se como assédio moral a ofensa reiterada à dignidade de
alguém, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental, por conta do
exercício de emprego, cargo ou função. Alguns exemplos são coerção, forçar o
funcionário a pedir demissão, realizar dinâmicas de grupo vexatórias, aplicar
penalidades em público, empregar jornadas de trabalho exaustivas, entre outros.
• Assédio sexual
O
assédio sexual no ambiente de trabalho pode ser muito frequente. Em março de
2021, a ONU Mulheres do Reino Unido divulgou uma pesquisa com dados alarmantes.
Segundo o estudo, 97% das mulheres com idades entre 18 e 24 anos já sofreram
assédio sexual em algum espaço público no país.
Os
números britânicos acompanham a realidade brasileira. Em 2019, pesquisa do
Instituto Patrícia Galvão revelou que, no Brasil, 97% das entrevistadas
afirmaram ter sido vítimas de assédio em meios de transporte e 71% conhecem
alguma mulher que já sofreu assédio em espaço público.
No
Brasil, o assédio sexual é considerado crime pelo Artigo 216-A do Código Penal.
De acordo com a lei, é considerado crime quando “constranger alguém com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função”, com pena prevista de um a dois anos.
• Stalking
Stalking
é um termo em inglês que significa “perseguição”. Este tipo de assédio é menos
comum, mas nem de longe é menos danoso à vítima. O stalker é um indivíduo
obsessivo que persegue e invade a privacidade da vítima reiteradamente, tanto
em espaços físicos como virtuais.
O
agressor pode ser um(a) ex-namorado(a), um(a) desconhecido(a), uma(a)
vizinho(a) ou colega de trabalho. As mulheres costumam ser as maiores vítimas,
como na maior parte dos casos de assédio relatados.
Em
31 de março de 2021, foi sancionada a lei 14.132/21, que incluiu o artigo 147-A
no Código Penal, que ampara a vítima e criminaliza a conduta de stalking. A
nova lei, que entrou em vigor em 1º de abril de 2021, após a sua publicação no
Diário Oficial da União, revogou a contravenção penal de perturbação à
tranquilidade, prevista no artigo 65 do Decreto-Lei 3.688/41.
• Assédio virtual
O
assédio virtual se caracteriza pelo ato de importunar, intimidar, perseguir,
ofender ou hostilizar uma pessoa pela internet. São diversas as formas como o
assédio virtual se mostra para a sociedade, sendo que ele engloba diversos
outros tipos de discriminação.
O
machismo, a homofobia, a xenofobia e a importunação sexual são apenas algumas
das causas deste tipo de assédio. Também chamado de cyberbullying, ele pode ser
caracterizado como um crime digital. No entanto, devido a possibilidade de se
manter anônimo na internet, fica mais difícil identificar os agressores.
• Bullying
Este
tipo de assédio é mais frequente nos espaços escolares, mas também pode
acontecer no trabalho, nas universidades e nos ambientes virtuais. Define-se
como o conjunto de de atos violentos, intencionais e repetidos para causar
danos à vítima, por meio de discriminação, humilhação pública e ameaça física e
psicológica.
• Quais os impactos na
saúde física e psicológica causados pelo assédio?
Pessoas
que são vítimas de assédio podem desenvolver crises de depressão, estresse e
ansiedade, até problemas mais graves, como ataques de pânico, sintomas de
estresse pós-traumático e flashbacks da agressão sofrida. Elas também podem
estar mais inclinadas a abusar de substâncias ou a tentar o suicídio.
As
vítimas também podem desenvolver sintomas físicos, como problemas de estômago,
dor de cabeça e outras doenças relacionadas ao estresse. Esses problemas de
saúde podem surgir mesmo se a pessoa não for vítima de agressão sexual
declarada. Em todos os casos, é fundamental procurar ajuda profissional,
jurídica e familiar.
• Como lidar com o
assédio?
Se
você sente que está sendo vítima de assédio, procure alguém de confiança para
conversar e consulte orientação jurídica para ajudar você a decidir a melhor
maneira de proceder. Colete a maior quantidade de provas possível: nome do
agressor, testemunha, descrição dos fatos, local, data e horário das agressões.
Não
é incomum que a vítima tenha vergonha ou medo de denunciar um crime de assédio
– mas é importante quebrar o silêncio, tanto para proteger a sua integridade
física como para prevenir que o agressor prejudique outras vítimas. Denuncie
aos órgãos competentes ou à direção da empresa, caso seu agressor trabalhe com
você, ainda que ele seja seu superior hierárquico.
Uma
dica importante é buscar orientação psicológica em conjunto com a jurídica,
mesmo que você acredite que seu agressor não lhe causou tantos danos. A
psicoterapia poderá lhe dar ferramentas para lidar melhor com os possíveis
impactos da agressão à sua saúde.
Por
último: afaste o sentimento de culpa! A responsabilidade pelo assédio é única e
exclusivamente do agressor – e nenhum ato seu poderia justificá-lo.
Fonte: eCycle
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