quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Expectativa de vida em alta amplia desafios cardiovasculares do envelhecimento

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a expectativa de vida dos baianos alcançou o índice de 75,6 anos de idade em 2023. O dado representa um aumento de 10 meses e 24 dias em relação a 2022, quando a esperança de vida era de 74,7 anos. A média nacional é ainda maior: 76,4 anos. Esses dados trazem à tona a necessidade de cuidados redobrados com a saúde, especialmente na prevenção de doenças que afetam o coração. Em todo o Brasil, as doenças cardiovasculares seguem como uma das principais causas de morte na população idosa, mas estratégias de prevenção e tratamentos modernos vêm alterando positivamente essa realidade. 

As condições mais comuns incluem hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias e a doença arterial coronariana, frequentemente associada a infartos. Mudanças naturais no sistema cardiovascular, como o enrijecimento das artérias e o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos, elevam os riscos à medida que a idade avança. Por isso, adotar um estilo de vida saudável, associado a exames regulares, é fundamental para detectar e tratar essas alterações ainda no início.

De acordo com o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara, a prevenção deve ser o foco principal, mas o diagnóstico precoce e os avanços nos tratamentos têm proporcionado novas possibilidades. “Exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e teste ergométrico são fundamentais para identificar problemas cardíacos antes que eles se agravem. A partir daí, podemos adotar abordagens menos invasivas e mais eficazes para tratar essas condições”, afirma o médico.

·        Avanços

Entre as opções disponíveis, o cateterismo cardíaco se destaca como uma técnica essencial tanto no diagnóstico quanto no tratamento. “Com o cateterismo, conseguimos visualizar o interior das artérias coronárias e identificar obstruções. Caso necessário, realizamos a angioplastia no mesmo procedimento, desobstruindo as artérias com o uso de stents. Isso reduz drasticamente o risco de complicações maiores, como infartos”, explica Câmara.

Outro avanço que vem transformando a cardiologia é a substituição de válvulas cardíacas por meio de cateter, especialmente em casos de estenose aórtica. “Esse procedimento é menos invasivo do que a cirurgia aberta, sendo indicado para pacientes idosos ou com maior risco cirúrgico, e apresenta ótimos resultados”, complementa.

·        Prevenção

Embora os tratamentos tenham evoluído, a prevenção continua sendo a chave para uma vida longa e saudável. “Hábitos simples, como alimentação balanceada, controle do peso, prática regular de exercícios e redução do estresse, fazem toda a diferença na prevenção de doenças cardiovasculares”, reforça o especialista.

Com o aumento da longevidade, cuidar do coração se torna essencial não apenas para prolongar a vida, mas também para garantir qualidade durante o envelhecimento. A combinação de prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos inovadores reflete os avanços da medicina e os benefícios de investir na saúde do coração.

 

¨      Doenças vasculares: problema é mais frequente nas altas temperaturas

O aumento das temperaturas traz consigo riscos adicionais à saúde cardiovascular, principalmente no que diz respeito às doenças vasculares.

O calor excessivo pode provocar um efeito direto sobre a circulação sanguínea, agravando condições como trombose, AVC e insuficiência venosa. Pessoas em grupos de risco, como idosos, hipertensos e diabéticos, são particularmente vulneráveis, precisando adotar cuidados extras para evitar complicações sérias.

Com a chegada do verão e as frequentes ondas de calor, especialistas alertam para a necessidade de monitoramento constante e medidas preventivas. A desidratação, dilatação dos vasos e aumento da frequência cardíaca são fatores que podem sobrecarregar o sistema circulatório, elevando os riscos de eventos cardiovasculares.

<><> Por que o calor aumenta os casos de doenças vasculares?

De acordo com a cardiologista Márcia Lopes, do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro, a desidratação é uma das principais causas do aumento dos casos de doenças vasculares durante o calor extremo. “Com a perda de líquidos pela transpiração e a falta de reposição adequada, o sangue se torna mais espesso, dificultando sua circulação. Isso aumenta a chance de formação de coágulos, elevando o risco de trombose e AVC”, explica a médica.

Além disso, o calor provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, resultando em uma queda na pressão arterial. “Para compensar essa queda, o corpo aumenta a frequência cardíaca, o que pode sobrecarregar o coração, principalmente em pessoas com doenças coronarianas”, afirma Lopes. Pacientes cardiopatas, diabéticos e idosos estão entre os mais afetados, devido à menor capacidade de adaptação ao calor e à tendência de desidratação mais rápida.

<><> Sintomas de alerta e como agir rapidamente

Os sinais de que a circulação sanguínea pode estar comprometida variam, mas alguns sintomas comuns devem ser observados com atenção. Lopes destaca alguns deles: “Dores fortes nas pernas associadas a inchaço e sensação de calor podem indicar trombose. Já sintomas como tontura, confusão mental, dificuldade para falar ou fraqueza em um dos lados do corpo podem sugerir um AVC. Em qualquer um desses casos, é fundamental procurar atendimento médico de urgência.”

Caio Focassio, cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, reforça a importância de identificar os sinais precocemente. “A trombose venosa profunda, por exemplo, é uma condição séria que ocorre quando um coágulo se forma nas veias profundas. Os sintomas incluem dor intensa, inchaço e vermelhidão na região afetada. No caso da insuficiência venosa, o calor pode agravar o quadro, provocando inchaço, dor e sensação de peso nas pernas”, alerta o especialista.

<><> Prevenção e cuidados durante o calor

A prevenção de problemas vasculares durante o calor envolve medidas simples, mas eficazes, como manter-se hidratado e evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes do dia. “Beber bastante água ao longo do dia é fundamental, mesmo que a pessoa não sinta sede”, orienta Lopes. “Evitar a exposição ao calor extremo, usar roupas leves e buscar locais frescos e ventilados também são formas de minimizar os riscos.”

O uso de meias de compressão é outra recomendação importante, especialmente para pessoas com histórico de insuficiência venosa. “A compressão elástica ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo e a reduzir o inchaço nas pernas”, explica  Focassio.

Ele também reforça a necessidade de realizar atividades físicas regulares, como caminhadas e exercícios aeróbicos, que estimulam a circulação e fortalecem os músculos da panturrilha, considerados essenciais para o retorno venoso.

<><> Grupos de risco devem redobrar a atenção

Idosos, hipertensos e diabéticos precisam de cuidados redobrados durante o calor. “Esses grupos apresentam maior dificuldade em regular a temperatura corporal, o que aumenta o risco de desidratação e sobrecarga cardiovascular”, afirma Lopes. “Além disso, o calor pode interferir na ação da insulina em diabéticos, provocando flutuações perigosas nos níveis de glicose.”

Para esses pacientes, a avaliação médica regular e o controle rigoroso das condições de saúde são fundamentais para evitar complicações graves. “Monitorar a pressão arterial, manter a hidratação e evitar a exposição prolongada ao sol são atitudes que podem fazer a diferença”, conclui Lopes.

Ao identificar os primeiros sinais de alerta, como dores, inchaço ou dificuldade respiratória, é crucial buscar atendimento médico o mais rápido possível. O tratamento precoce pode evitar desfechos graves e garantir uma melhor qualidade de vida, mesmo durante os períodos de calor extremo.

 

Fonte: Carla Santana - Assessora de Imprensa/CNN Brasil

 

Nenhum comentário: