Estados Unidos e
Venezuela realizam reunião secreta no Catar
O
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela – e braço direito de Nicolás
Maduro –, Jorge Rodríguez, reuniu-se há três semanas em Doha no Catar com o
assessor de Joe Biden, Juan González, em uma reunião sem mediadores ou
terceiros.
De
acordo com o El País, Rodríguez e González, assessor para o Hemisfério
Ocidental no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, se reuniram
para estabelecer um canal direto de comunicação. Na reunião, falaram sobre a
libertação de presos e a necessidade de normalizar a vida política na
Venezuela, de acordo com a mídia.
O
jornal ressalta que esses tipos de reuniões no mais alto nível são comuns em
processos tão arraigados e complexos como o de Caracas e Washington, mas são
mantidos em sigilo para que ninguém interfira no diálogo.
O
Catar ganhou um papel inesperado na mediação entre a Casa Branca e o governo
venezuelano. Além de sediar esta reunião, ele tomou medidas para interceder
entre os dois países, que quase não chegaram perto nos últimos meses, afirma a
mídia.
O
governo norte-americano começou a se aproximar da Venezuela após o começo da
operação russa na Ucrânia, uma vez que os EUA sancionaram e fizeram larga
campanha para enfraquecer a exportação de petróleo russo.
O
país latino-americano, com sua grande produção do combustível, fez Washington
voltar seus olhos para ele naturalmente, mas ainda assim a relação entre os
dois países ainda continua bastante distante.
Até
o momento, Maduro não marcou data para a realização das eleições gerais nas
quais deve haver um candidato da oposição que pudesse desafiá-lo à presidência,
o que desagrada os EUA.
Do
outro lado, o argumento do presidente venezuelano para manter uma posição de
ferro é que os EUA não suspenderam as sanções internacionais que pesam sobre
seu governo, as quais colocaram o país em profunda crise econômica há sete
anos.
"Se
eles querem eleições livres, queremos eleições livres de sanções", disse o
presidente em novembro segundo a mídia.
O
chavismo também culpou Biden por não liberar os fundos venezuelanos congelados
no exterior — entre US$ 3 e 5 milhões (R$ 14 e 24 milhões) –, conforme havia
sido acertado em uma mesa de diálogo no México no final do ano passado.
Ø
Lula
diz que Venezuela e Cuba são 'bons pagadores' e defende estratégia econômica de
China e Turquia
Nesta
quinta-feira (29), em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva concedeu declarações sobre a economia brasileira em relação a países
vizinhos e práticas adotadas por outras nações de forma global.
Sobre
Venezuela e Cuba, Lula disse que ambos são bons pagadores, mas que o
distanciamento do governo anterior interrompeu as tratativas para quitação das
dívidas, as quais o valor já ultrapassou US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,29
bilhões), segundo o UOL.
"É
verdade que a Venezuela não pagou. O governo brasileiro fechou as portas, [mas]
foram praticamente quatro anos sem relação […] conversei com Maduro, falei que
é preciso começar a acertar o pagamento da dívida e ele vai acertar, Cuba vai
acertar porque todos são bons pagadores", afirmou.
Em
particular sobre Caracas, Lula foi indagado do porquê ele "e parte da
esquerda" tem "tanta dificuldade de considerar a Venezuela uma
ditadura". Sua resposta foi: "O conceito de democracia é relativo
para você e para mim".
Ao
mesmo tempo, o mandatário também defendeu o investimento brasileiro em países
estrangeiros citando China, Índia e Turquia.
"Precisamos
pensar grande. Veja o que a China, Índia e Turquia estão fazendo no mundo,
colocando dinheiro em outros continentes […] o Brasil não pode permitir que a
China coloque swap de US$ 30 bilhões [R$ 145 bilhões] para que a Argentina
compre produtos chineses e o Brasil, que tinha balança comercial de US$ 40
bilhões [R$ 193 bilhões] com a Argentina, não coloque nada e deixe os produtos
brasileiros aqui na prateleira", declarou.
Lua
acrescentou que o pensamento além fronteiras de investimento "é
competitividade. O Brasil precisa sim financiar empresários brasileiros,
exportações brasileiras", complementou.
Ø
Rússia
defende América Latina no Conselho de Segurança: 'Tempo do domínio ocidental
está acabando'
Na
visão da diplomacia russa, a atual configuração do Conselho de Segurança das
Nações Unidas é "injusta" e não está em concordância com o
"tempo do mundo moderno".
Nesta
sexta-feira (30) durante um briefing on-line, o chanceler russo, Sergei Lavrov,
defendeu mais uma vez a ampliação de cadeiras no Conselho de Segurança da ONU
afirmando que a expansão deve ser ocupada por países da América Latina, Ásia e
África.
"Uma
tarefa igualmente importante é alinhar o estado dos principais órgãos da ONU
com as realidades modernas, quero dizer, antes de tudo, a reforma do Conselho
de Segurança, onde o Ocidente está representado de forma absolutamente
desproporcional, de 15 membros, o chamado bilhão de ouro ocupa seis assentos,
isso é desonesto, injusto. Por isso, vamos nos esforçar para ampliar a
composição do Conselho de Segurança o mais rápido possível, incluindo nesta
composição os países da Ásia, África e América Latina", disse o ministro.
O
chanceler complementou sua declaração dizendo que "o tempo do domínio
ocidental está acabando".
O
discurso de Lavrov vai ao encontro das metas da chancelaria e presidência do
Brasil, visto que tanto o Itamaraty quanto o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva defendem publicamente a expansão do organismo, e claro, uma cadeira para
o país no órgão.
Durante
o G7 em maio deste ano no Japão, o presidente afirmou que "sem reforma de
seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU
não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os
conflitos e dilemas do século XXI", conforme noticiado.
A
coluna de Jamil Chade no UOL relembra que na operação de lobby feito pelo
Brasil desde a década de 1990, o país tradicionalmente se aliou a um grupo
formado por indianos, japoneses e alemães, para que também ganhem vagas
permanentes no Conselho de Segurança.
Ainda
que Lavrov não cite a candidatura brasileira, a esperança nos bastidores do
Itamaraty é de que o país esteja em uma posição de "natural
liderança" para ser o nome defendido pelos russos, afirma o jornalista.
Para
o Kremlin, qualquer iniciativa de americanos e europeus de incluir mais um
membro ocidental não seria aceito. "Isso não terá sucesso", afirmou
Lavrov no briefing de hoje (30).
Ø
'Não
precisamos mais do unilateralismo', diz Etiópia e faz pedido de adesão ao BRICS
O
Ministério das Relações Exteriores informou sobre a vontade do país africano de
aderir ao bloco, com o embaixador da Etiópia a enumerar as vantagens desse
passo.
A
Etiópia solicitou sua adesão ao BRICS, informou na quinta-feira (29) o jornal
etiopiano The Reporter, citando Meles Alem, porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores do país.
"Nós
nos candidatamos a membro do BRICS e esperamos um bom resultado. Como buscamos
garantir nossos interesses nacionais, é importante participar de blocos como o
BRICS", disse o diplomata.
O
BRICS, formado em 2006, é composto pela África do Sul, Brasil, China, Índia e
Rússia. A Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Bangladesh, Egito, Irã, Indonésia
e Turquia também já expressaram seu desejo de participar do bloco econômico.
Cham
Uriat, embaixador da Etiópia na Rússia, disse que a adesão não implica
oportunidades somente "em uma perspectiva econômica".
"Acho
que há um aspecto político nisso porque, se observarmos o mundo atual, veremos
que o multilateralismo está sendo ignorado, e que há algumas poucas nações
poderosas, militar ou economicamente, que dominaram o mundo e impuseram seus
interesses a outras chamadas nações grandes", opinou Uriat.
"Acho
que muitos países agora querem recorrer ao multilateralismo, para garantir que
esse multilateralismo esteja funcionando bem, porque se resolvermos as questões
do mundo juntos, sem interferência nos aspectos internos de outros países, acho
que essa será a saída no futuro", comentou.
O
representante do país africano afirmou ver vantagens de sua participação na
organização.
"Portanto,
o BRICS, penso, é um bloco, quando você vê a população em si, a população
mundial e as economias mais rápidas do mundo hoje se encontram nos países desse
bloco. Portanto, acho que é natural que outras nações trabalhem com um certo
tipo de dinâmica da organização, porque ela não está se beneficiando apenas
economicamente, os valores e o princípio do multilateralismo estão dentro dela,
e eles a apoiam. Eles têm a salvaguarda disso."
"Não
precisamos mais do unilateralismo. Acho que muitas nações não querem isso,
então as nações do BRICS estão promovendo isso para voltar aos valores e
princípios do multilateralismo e promover o crescimento econômico para os
países menos desenvolvidos, e para tornar o desenvolvimento do mundo mais
equilibrado. Assim, a intenção da Etiópia também é trabalhar em conjunto com as
nações do BRICS, e espero que no futuro também nos juntemos a eles. Por que
não?", concluiu.
Ø
Analista:
Lula pode ser a chave para libertação de Assange porque ele 'sabe como
construir consenso'
Cerca
de 3.000 acadêmicos e líderes políticos estão pedindo ao presidente brasileiro
Lula da Silva que conceda asilo político ao ciberativista australiano Julian
Assange. Em um diálogo com a Sputnik, o cientista político Andrés del Río
considerou que Lula é uma figura ouvida e consensual que pode trazer
"novas oportunidades" para Assange.
Um
grupo de professores, ex-ministros e sindicalistas assinou uma carta pedindo ao
líder latino-americano que conceda asilo ao jornalista e fundador do WikiLeaks,
Julian Assange, que está detido no Reino Unido desde 2019 e pode ser
extraditado para os Estados Unidos.
O
jornalista pode pegar até 175 anos de prisão depois de ser alvo de várias
acusações de espionagem pelo governo dos EUA por ter revelado informações confidenciais
do governo que expunham as ações de Washington no Iraque e no Afeganistão.
O
texto, assinado pelo ex-ministro da Saúde brasileiro José Gomes Temporão e pela
ministra da cultura de Dilma Rousseff, Ana de Hollanda, pede ao presidente que
adote "providências legais e diplomáticas no sentido do Brasil conceder,
da forma mais ágil possível, asilo político" ao australiano o mais rápido
possível.
Também
assinada pelo músico Jaques Morelenbaum e pelo neurocientista Sidarta Ribeiro,
a campanha pede que Lula "promova um esforço internacional junto a outros
países – a começar pelos do BRICS e do G20 – com vista a obter a aceitação
deste asilo político por parte do governo inglês", segundo o Globo.
Em
um diálogo com a Sputnik, Andrés del Río, doutor em Ciência Política e
professor da Universidade Federal Fluminense, lembrou que o presidente do
Brasil "sempre se expressou e se posicionou" sobre o caso Assange e
reiterou "a necessidade de construir um apoio internacional e
multissetorial em defesa do jornalista".
De
fato, recentemente o presidente expressou sua preocupação com "a
possibilidade iminente de extradição do jornalista", que ele reconheceu
ter feito "um importante trabalho de denúncia de ações ilegítimas de um
Estado contra outro".
No
Twitter, o presidente brasileiro comentou que "sua prisão vai contra a
defesa da democracia e da liberdade de imprensa", razão pela qual é
importante mobilizar a comunidade internacional.
Anteriormente,
em maio, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) descreveu como "vergonhoso"
que o jornalista "esteja condenado a morrer na cadeia" e questionou
as poucas ações promovidas pelo setor jornalístico para libertá-lo.
Mesmo
antes de iniciar seu mandato em novembro de 2022, o líder se reuniu com
representantes do WikiLeaks e pediu que Assange "seja solto de sua injusta
prisão".
Nesse
contexto, del Río considerou que, embora "as possibilidades reais de asilo
político para o jornalista e fundador do WikiLeaks ainda sejam
desconhecidas", novas oportunidades estão se abrindo com um possível
impulso de Lula da Silva.
"O
presidente Lula sabe como construir apoio, construir consenso e também dar voz
a setores que estavam calados, nas sombras. A liderança do presidente
brasileiro pode trazer novas oportunidades em relação a este caso", expressou
o analista.
O
especialista também ressaltou que Lula "rompe com a monotonia" do
caso Assange e "traz de volta ao jogo, na nova ordem internacional, a
situação de injustiça de um jornalista e a liberdade de imprensa".
Nessa
tarefa, Lula pode afirmar que é, neste momento, "uma das personalidades
internacionais mais importantes do mundo" e "suas declarações são
ouvidas pelas mais diversas personalidades e representantes de Estado".
Embora
tenha enfatizado que sua posição pode lhe permitir "gerar transformações",
ele garantiu que interceder no caso Assange "não é um processo
simples", já que "diferentes ordens mundiais estão em jogo nesse
caso".
Ø
Trump
não descarta necessidade de Ucrânia fazer concessões territoriais à Rússia para
alcançar a paz
O
ex-presidente dos EUA Donald Trump disse, em uma entrevista à Reuters, que é
hora de os Estados Unidos tentarem levar a Rússia e a Ucrânia à paz, não
descartando concessões territoriais em favor de Moscou.
Trump,
que promete acabar com o conflito em 24 horas se vencer a eleição presidencial
de 2024, sugeriu que quaisquer questões contenciosas devem ser incluídas na
agenda de possíveis negociações de paz.
"Acho
que a melhor coisa que os EUA deveriam estar fazendo neste momento é
estabelecer a paz – reunir a Rússia e a Ucrânia e estabelecer a paz. Vocês
podem fazer isso", disse Trump. "Este é o momento de fazer isso, de
reunir as duas partes para forçar a paz."
A
Reuters escreve que Trump não descartou, durante uma entrevista por telefone,
que o governo de Kiev tenha que ceder algum território à Rússia para encerrar
as hostilidades.
O
ex-presidente descreveu seu objetivo como parar a perda de vidas na Ucrânia.
"Quero
que as pessoas parem de morrer por causa dessa guerra ridícula."
Trump
considera que o principal obstáculo é a falta de um mediador e negociador
competente para ajudar a promover a paz.
O
político observou que, se ele fosse presidente dos Estados Unidos, "tudo
seria sujeito a negociação".
As
autoridades atuais dos EUA defendem a retirada das tropas russas de todos os
territórios tomados e se opõem às iniciativas de cessar-fogo.
Por
sua vez, o presidente russo Vladimir Putin tem enfatizado regularmente que a
Rússia não tem interesse em continuar o conflito na Ucrânia, mas sim em
pará-lo.
Ø
Japão
isenta de sanções projetos conjuntos de energia com a Rússia
As
autoridades japonesas liberaram de sançõesplanos para a construção e exportação
de projetos de energia conjuntos com Rússia, informou o Ministério da Economia
do Japão.
O
governo do país asiático defende a medida diante das expectativas de aumento da
demanda por gás natural liquefeito.
"Tendo
em conta o impacto nas empresas sediadas na Rússia, foram tomadas as medidas
necessárias para garantir a estabilidade de projetos importantes para a
segurança energética do Japão", declarou o Ministério da Economia japonês.
Especifica-se
que Tóquio permitirá serviços de engenharia relacionados ao armazenamento,
exploração, produção, transporte e liquefação de petróleo e gás para o projeto
Sakhalin-1, controlado pela empresa russa de energia Rosneft, e as plantas de
gás natural liquefeito Sakhalin-2, sob controle da Gazprom, e Arctic LNG 2,
controlado pela Novatek.
O
consórcio japonês Sodeco, que inclui Japex, Itochu, Marubeni e Inpex, possui
30% do Sakhalin- 1. A Mitsui possui 12,5% do Sakhalin-2 e a Mitsubishi 10% do
mesmo projeto. As empresas japonesas também possuem 10% do Arctic LNG 2 em
Yamal.
O
Japão é o maior importador mundial de gás natural liquefeito, com 9% de seu
fornecimento total vindo da Rússia no final de 2022. Além disso, em maio de
2023, o fornecimento de GNL russo a este país aumentou 9,1%.
Fonte:
Sputnik Brasil
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