domingo, 2 de julho de 2023

Contramedidas: China aprova lei contra sanções que desafia a hegemonia ocidental, diz mídia

A nova legislação que visa ameaças à segurança nacional dá poderes ao presidente de responder às sanções ocidentais, mas pode assustar alguns investidores estrangeiros, de acordo com a mídia ocidental.

Segundo o Financial Times (FT), a China aprovou uma nova lei de relações exteriores que aprofunda o controle do presidente Xi Jinping sobre as relações externas do país e fortalece a base legal do governo para aplicar "contramedidas" contra ameaças ocidentais à segurança nacional e econômica, como no caso das recentes sanções norte-americanas na guerra comercial entre EUA e China.

A aprovação da lei ocorre em um momento preocupante nas relações EUA-China que caíram para o nível mais baixo em décadas e ampliaram a insegurança e as tensões geopolíticas ao redor da questão de Taiwan.

A agência Xinhua informou ainda na quarta-feira (28) que o Congresso Nacional do Povo, o parlamento da China, aprovou a legislação que garante apoio legal mais firme para Pequim responder a medidas ocidentais, mas pode pôr em risco os esforços chineses para captar novos investidores no exterior.

O Global Times (GT) afirmou que a lei, que entra em vigor no sábado (30), deve fornecer uma "base legal para a luta diplomática contra as sanções", além de soar como "alerta e dissuasão contra a hegemonia ocidental".

A lei simboliza mais um marco na série de políticas de Xi como a Iniciativa de Segurança Global, que amplia a estrutura de defesa internacional alternativa de Pequim na direção da multipolaridade e se opõe à ordem liderada pelos EUA.

As autoridades chinesas tomaram uma série de ações visando os interesses comerciais ocidentais no país nos últimos seis meses em resposta às ações unilaterais ocidentais contra a indústria de chips, minerais críticos e tecnologia de informação chinesa.

Na terça-feira (27), Xi prometeu "continuar a promover vigorosamente a abertura de alto nível e proteger melhor os direitos e interesses dos investidores estrangeiros" durante uma reunião com o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Chris Hipkins, segundo a Xinhua.

·         China coloca condição para normalizar contatos militares com os EUA

Os EUA têm que cancelar as sanções unilaterais contra Pequim para normalizar os contatos entre os militares dos dois países, afirmou nesta quarta-feira (28) Liu Pengyu, porta-voz da embaixada da China em Washington durante um briefing.

"O lado americano conhece o motivo das dificuldades em suas relações militares com a China: de fato, impuseram sanções unilaterais contra a China", afirmou Liu, citado pela Bloomberg.

"Tais obstáculos têm de ser eliminados antes que qualquer intercâmbio ou cooperação entre os dois países possa ocorrer", acrescentou. Além disso, o porta-voz criticou os EUA por terem enviado os seus aviões para águas e espaço aéreo próximos da China, a pretexto da liberdade de navegação ou de sobrevoo.

"Realizaram reconhecimento, mostraram os músculos, não se trata de liberdade de navegação", destacou. De acordo com Liu, Pequim se opõe firmemente aos "atos que minam a soberania e a segurança da China sob o pretexto da liberdade de navegação ou de sobrevoo".

"Os militares chineses responderam de acordo com as leis e regulamentos. Suas ações foram completamente profissionais, legítimas e justificáveis", concluiu o porta-voz.

No final de maio, o Pentágono havia informado que as tentativas nos últimos meses de estabelecer contatos com seus homólogos chineses falharam.

Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da China pôs em dúvida a sinceridade da disposição de Washington para dialogar enquanto simultaneamente "busca conter a China por todos os meios possíveis" e impor restrições a autoridades e entidades chinesas.

·         Em cúpula, UE estipula política para 'reduzir risco da China': 'Não colocar ovos na mesma cesta'

Países se reuniram na sexta-feira (30) na Bélgica para uma cúpula onde traçaram novas políticas acerca da economia do bloco europeu com foco especialmente nas relações comerciais com a China.

Líderes da União Europeia se comprometeram ontem (30) a reduzir a dependência do bloco europeu da China, debatendo como encontrar um equilíbrio entre "eliminar os riscos" e cooperar em áreas como a mudança climática.

"O que basicamente diz é [para] avaliar se dependemos excessivamente de alguma forma da China no comércio e como reduzir para que, se algo mudar drasticamente no mundo, não fiquemos de cabeça erguida", disse o primeiro-ministro da Letônia, Krisjanis Karins, sobre o assunto segundo a Reuters.

O premiê também afirmou que encontrar a forma certa para fazer o "equilíbrio" era "a questão de um milhão de euros".

Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou que o projeto para "diminuir o risco chinês" não é um projeto de curto prazo, "pois trata principalmente de decisões que precisam ser tomadas pelas empresas", acrescentando que as empresas e não os países devem "reduzir o risco de relações com a China".

"Trata-se de não colocar todos os ovos na mesma cesta [...] isso é o que elas [as empresas] estão fazendo agora, já começaram esse processo há muito tempo. Isso não depende em primeiro lugar do Estado, porque não dizemos a eles onde investir", afirmou.

Desde 2019, a União Europeia considera o país asiático um parceiro, concorrente e rival de sistema. A mídia diz que a "cautela" europeia com os chineses aumentou após os progressivos laços estreitos entre Pequim e Moscou.

"Vemos a China cada vez mais como um rival sistêmico", disse o primeiro-ministro da Estônia, Kaja Kallas.

Os líderes da UE buscaram em uma cúpula ontem (30) apresentar uma frente unida sobre o assunto, mas há diferenças entre países como a França e a Alemanha, com interesses comerciais consideráveis ​​na China, e a Lituânia, na qual os chineses impuseram sanções.

 

Ø  EUA exploram como podem minimizar ameaça de armas hipersônicas da Rússia e China, diz general

 

O general James Dickinson, chefe do Comando Espacial dos EUA, abordou a questão das armas hipersônicas da Rússia e China em uma entrevista ao The Times.

Armas hipersônicas são meios militares avançados que conseguem alcançar velocidades extremamente altas, atingindo Mach 5 (cerca de 5.960 km/h) ou mais. Rússia implantou mísseis hipersônicos, incluindo o míssil balístico Kinzhal e o míssil de cruzeiro hipersônico antinavio Tsirkon.

"Obviamente, temos visto demonstrações de armas hipersônicas por outros países, particularmente China e Rússia. Continuamos a explorar essa área para saber como minimizar esse tipo de ameaça", observou Dickinson.

O chefe do comando disse ao jornal britânico que o Pentágono continua confiante em suas capacidades em meio a preocupações de que os EUA estão ficando atrás da China na corrida espacial.

Por sua vez, o chefe do Comando Espacial do Reino Unido, comodoro do ar Paul Godfrey, disse à mídia que a China poderia começar a mineração da Lua e asteroides nas próximas décadas.

"A China publicou um Livro Branco [documento que delineia sua estratégia de defesa nacional] analisando os principais minerais da Lua. Eles já enviaram amostras da Lua para a Terra. Eles só querem ir mais longe nessa direção. Minerar asteroides será uma realidade durante nossa vida", comentou Godfrey.

Ele acrescentou que a China e a Rússia estão investindo "bilhões" na exploração espacial e na construção de armas espaciais.

·         Países Baixos apertam de novo restrições de exportação de chips avançados, China critica passo

A medida, que foi coordenada com os EUA e o Japão, e não nomeou a China, aumentará a barreira para a venda de equipamentos de chips avançados, segundo a mídia.

O governo dos Países Baixos anunciou na sexta-feira (30) novas restrições às exportações de alguns equipamentos semicondutores, escreve a agência britânica Reuters.

O anúncio foi acompanhado de um documento técnico que detalha quais equipamentos precisarão de uma licença. As regras, que exigirão que as empresas que fabricam equipamentos avançados para a criação de chips busquem uma licença antes de poderem exportá-los, devem entrar em vigor em 1º de setembro.

A ASML, uma empresa holandesa que é importante fornecedora de equipamentos para fabricantes de chips de computador, disse que não esperava que as novas regras, que impedem a exportação não autorizada de suas máquinas de litografia mais avançadas, tivessem um impacto material sobre seus negócios e que não estava alterando sua orientação financeira.

Liesje Schreinemacher, ministra do Comércio dos Países Baixos, sem citar a China, também comentou que um número "muito limitado" de empresas e modelos de produtos seria afetado.

"Tomamos essa medida no interesse de nossa segurança nacional", argumentou Schreinemacher, segundo a qual esses equipamentos podem ter aplicações militares.

A medida é o resultado de um acordo de alto nível entre os EUA e dois aliados com fortes indústrias de equipamentos de chips, os Países Baixos e o Japão, para restringir o desenvolvimento tecnológico da China, que foi obtido no ano passado. Além disso, também em 2022, Washington assinou o Ato CHIPS e Ciência de 2022, com o objetivo de desenvolver a indústria de semicondutores e de fabricação em geral dos EUA, que provocou igualmente críticas de protecionismo por parte da União Europeia.

Ao mesmo tempo, a embaixada da China nos Países Baixos descreveu a medida como um "abuso das medidas de controle de exportação" que viola as regras comerciais. Enquanto isso, o Ministério do Comércio chinês, em resposta a uma pergunta da mídia, instou Amsterdã a não prejudicar a cooperação bilateral na indústria de semicondutores e não abusar dos controles de exportação.

 

Ø  Rússia apela aos EUA que ordenem a seus 'vassalos' em Kiev para terminar conflito na Ucrânia

 

Os EUA devem dar ordem aos seus vassalos em Kiev para acabar com o conflito na Ucrânia, disse o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, durante uma reunião do Conselho de Segurança da organização.

"Para que esta guerra termine, os senhores americanos devem dar ordem aos seus vassalos. A ausência de tais sinais e ordens indica apenas uma coisa: que os EUA não têm necessidade e vontade de acabar com o conflito, e têm um apetite por sua continuação e a expectativa de que a Rússia seja derrotada, de preferência, segundo eles, estrategicamente. Quero vos dizer: podem esperar sentados", declarou o embaixador russo.

O representante da Rússia na ONU também disse que o mundo perdeu a chance de alcançar a paz na Ucrânia na primavera europeia de 2022 por causa dos EUA e da União Europeia (UE), mas que agora os termos de um acordo com Kiev já serão diferentes.

"Agora, depois que a chance de paz, graças aos EUA e à UE, se perdeu em março passado, suas condições para a Ucrânia, é claro, já serão diferentes", disse Nebenzya.

A Rússia lançou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o seu objetivo era a proteção de pessoas que por oito anos foram submetidos a abusos, genocídio por parte do regime de Kiev.

·         EUA sabem que não conseguem rastrear as armas fornecidas a Kiev, diz jornalista na ONU

A administração de Joe Biden sabe que não consegue rastrear o destino das armas norte-americanas fornecidas à Ucrânia, disse em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU o jornalista dos EUA, fundador e editor-chefe do portal The Grayzone, Max Blumenthal.

"Embora a administração Biden tenha prometido ficar de olho nas armas enviadas, um vazamento de canal do Departamento de Estado em dezembro mostrou que "as ações militares ativas entre as forças ucranianas e russas criam um ambiente no qual as medidas de precaução padronizadas às vezes são impraticáveis ou impossíveis", disse Blumenthal.

"A administração Biden não só sabe que não pode rastrear o fornecimento de armas à Ucrânia. Sabe que está a escalar uma guerra por procuração contra a maior potência nuclear do mundo", ressaltou.

Anteriormente, o especialista do Instituto Internacional de Estudos Políticos e Humanitários, Vladimir Bruter, disse à Sputnik que todas as questões políticas e militares são decididas em Washington, não tendo Kiev controle sobre nada desde o início do conflito.

Ele comentou assim as palavras do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que algumas armas que os países ocidentais haviam entregue à Ucrânia já foram encontradas perto das fronteiras de Israel.

Segundo ele, os Estados Unidos estão bem cientes de que algumas armas são desviadas do caminho, mas não se importam com isso, uma vez que isso não representa uma grande ameaça para eles.

·         Autoridades da UE acreditam que levará mais de 1 década para Ucrânia aderir ao bloco, diz mídia

Diplomatas europeus, em meio ao desejo da Ucrânia e da Moldávia de aderir à União Europeia (UE), disseram que não preveem a ampliação da UE na próxima década, informa o jornal francês Le Monde.

"Não consigo imaginar uma nova ampliação [da União Europeia] na próxima década", cita a publicação um diplomata europeu que representa um dos países que defendem uma abordagem racional para uma ampliação, como Alemanha, Itália e Países Baixos.

O jornal escreve que o longo processo de adesão de novos membros à UE está associado a riscos nas esferas econômica e social.

O Le Monde observou que a adesão da Ucrânia, "um país muito pobre e muito corrupto com 42 milhões de pessoas", pode mudar a estrutura da UE.

"O número líquido de países europeus beneficiários do orçamento cairá dos atuais 18 [de 27] para quatro ou cinco com a Ucrânia [...]. Teremos que repensar todas as políticas da UE", disse o artigo, citando um funcionário europeu.

A publicação relata que a entrada de Kiev na UE também perturbará completamente o equilíbrio político na UE, dificultando a tomada de decisões sobre questões fundamentais, como tributação ou política externa.

As autoridades europeias reconhecem que são cúmplices no surgimento das altas expectativas da Ucrânia em relação à adesão à UE, acrescentando que vários países da união entendem que a adesão de Kiev ameaça Bruxelas com sérias consequências.

"Os ucranianos acham que, quando a guerra acabar, eles farão parte da UE. Ninguém ousa dizer a eles: 'Isso não é bem verdade'", disse a fonte do jornal.

·         O caminho da União Europeia

O presidente ucraniano Vladimir Zelensky assinou o pedido de adesão da Ucrânia à UE em 28 de fevereiro de 2022.

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, também assinou o pedido em março do ano passado, observando que o processo de integração europeia precisa ser acelerado.

Os chefes de Estado e de governo da União Europeia, na cúpula realizada em Bruxelas em 23 de junho de 2022, aprovaram a concessão do status de candidato à adesão à união para a Ucrânia e a Moldávia.

A obtenção do status de candidato é apenas o início de um longo caminho para a adesão à UE. Por exemplo, a Turquia é candidata desde 1999, a Macedônia do Norte desde 2005, Montenegro desde 2010 e a Sérvia desde 2012.

O último país a aderir à UE até o momento foi a Croácia, em 2013, o processo levou dez anos.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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