Pansexual: conheça o significado e sua
bandeira
Você já ouviu falar em uma pessoa pansexual? Com o
posicionamento de pessoas famosas, como cantoras e atores, essa orientação
sexual se tornou mais conhecida e com isso, compreender o termo e suas
particularidades é necessário para incentivar a diversidade na sociedade.
Pessoas como Miley Cyrus e Bianca Andrade, também conhecida como
“Boca Rosa”, se definem publicamente como pansexuais e, com isso, acabam
trazendo mais visibilidade para o termo.
Trazer visibilidade para a diversidade e para a pauta LGBTQIAPN+
é importante para que toda a sociedade avance para um cenário mais
igualitário.
No Brasil, embora tenham conquistas significativas na proteção
dos direitos, ainda há trabalho a ser feito para garantir a plena igualdade e
aceitação para todas as pessoas, independentemente da sua orientação
sexual.
A pansexualidade é uma orientação sexual cuja principal característica
é a atração sexual, romântica e/ou emocional por pessoas de qualquer identidade
de gênero, sem distinção.
Ao contrário da heterossexualidade ou homossexualidade, por
exemplo, a pansexualidade não se limita a uma atração específica com base no
gênero. Na sigla LGBTQIAPN+, a letra P é reservada para essa comunidade, mas o
termo não é recente. Há quase um século, Sigmund Freud (1856–1939) já falava
disso.
<><> O que é ser uma pessoa pansexual?
Como em qualquer orientação sexual, é fundamental respeitar a
autoidentificação das pessoas e reconhecer a importância da diversidade e das
próprias experiências individuais.
Cada pessoa pansexual pode ter uma experiência única em relação
à sua orientação, e é crucial criar um ambiente de respeito e aceitação para
que todos possam viver autenticamente.
Indivíduos pansexuais não são limitados pela dicotomia
tradicional de gênero, que é a atração exclusiva por pessoas de um gênero
específico. Em vez disso, eles podem sentir atração por pessoas de qualquer gênero,
incluindo homens, mulheres e pessoas não-binárias, por exemplo.
Ou seja, uma pessoa pansexual não define sua sexualidade pela
atração ao gênero oposto, por pessoas do mesmo gênero ou apenas os gêneros
masculino e feminino. A pessoa pansexual sente atração pelos mais diversos
gêneros.
Há quem diga que a pansexualidade se assemelha com a
bissexualidade. De fato, há muitas semelhanças, mas há uma diferença básica:
uma pessoa bissexual sente atração por homens e mulheres, enquanto uma pessoa
pansexual não se limita a essa binaridade.
<><> Qual a história da comunidade pansexual?
Como já dito anteriormente, o termo pansexual não é algo
recente, há mais de um século aparece em estudos e discussões sobre
gênero.
De forma geral, a palavra “pansexualidade” deriva do prefixo
“pan”, que significa “tudo” em grego. Assim, a pansexualidade refere-se à
atração ou interesse romântico/emocional em pessoas independentemente do
gênero, ou identidade de gênero delas. Isso, na antiguidade, era tido como algo
mais comum do que hoje em dia.
Em muitas culturas antigas, a sexualidade era frequentemente
mais fluida, como em culturas indígenas das Américas, na própria Grécia, e em
outras civilizações. No entanto, o conceito moderno de pansexualidade começou a
emergir no início do século 20, com outros movimentos de liberação sexual e de
identidade, quando começaram a surgir as primeiras ações da comunidade
LGBTQIAPN+.
<><> A luta pansexual por igualdade e
visibilidade
É inegável que a visibilidade é uma das formas mais efetivas na
resistência de grupos marginalizados, como os pansexuais, já que se auxilia na
luta pelos direitos. O movimento vem crescendo ao longo dos anos e com o avanço
das discussões, somado ao fato de que muitas pessoas públicas, como atrizes,
cantores, escritores, passaram a se posicionar dessa forma, a comunidade tem
sido cada vez mais conhecida.
Além disso, diversas pessoas e coletivos têm se destacado nessa
luta, trabalhando incansavelmente para promover a aceitação, visibilidade e
igualdade para indivíduos pansexuais e de outras orientações não-binárias. Um
exemplo são os coletivos e grupos que se organizam ao redor do país que lutam
para que os direitos dessa comunidade sejam respeitados.
O ativismo pansexual no Brasil ainda enfrenta muitos desafios,
incluindo a falta de reconhecimento e representação adequada nas políticas
públicas e na mídia. No entanto, esse cenário vem sendo transformado.
<><> O que significa a bandeira do orgulho
pansexual?
A bandeira do orgulho pansexual é representada por três faixas
nas cores rosa, amarelo e azul — nessa sequência.
A cor rosa representa o gênero feminino, a cor azul tem relação
com o gênero masculino e o amarelo representa todos os outros gêneros para além
do binarismo.
Ou seja, a inclusão das três cores destaca a capacidade de
sentir atração independentemente do gênero da pessoa, reforçando assim a ideia
de que a atração pansexual não está limitada a uma categoria específica de
gênero.
<><> Qual a diferença entre bissexualidade,
demisexualidade e pansexualidade?
As pessoas bissexuais têm atração pelos gêneros masculino e
feminino. Representadas pela letra B na sigla LGBTQIAPN+, pessoas bi não
necessariamente têm preferência por algum gênero.
Já as pessoas pansexuais, como dito anteriormente, têm atração
por todos os gêneros conhecidos e são representadas pela letra P dentro da
sigla LGBTQIAPN+.
Por último, demissexuais são pessoas que só conseguem sentir
atração por outra pessoa caso tenham algum vínculo de relação e apreço.
<><> Mitos sobre a pansexualidade
A comunidade LGBTQIAPN+ sofre até hoje com muitas violências,
inclusive, com a necessidade de romper mitos que são pejorativos e
prejudiciais. Com as pessoas pansexuais esse cenário não é diferente, sendo um
grupo que é impactado com muita desinformação.
<<<< Algumas frases que são ditas ao falar sobre
pansexualidade de forma equivocada são:
“Pansexualidade é apenas uma moda ou uma fase”
“Pansexuais são promíscuos e não conseguem se relacionar”
“Pansexuais são bissexuais, essas duas identidades são iguais.”
“Pansexuais são pessoas indecisas sobre sua sexualidade.”
“Pansexuais têm atração por objetos ou animais.”
Respeitar a diversidade é fundamental para construir uma
sociedade mais inclusiva e compreensiva, por isso, é necessário evitar
reproduzir esse tipo de frase.
<><> A pansexualidade faz parte da identidade de
gênero?
Não! Pelo contrário, a pansexualidade não envolve a identidade
de gênero, mas sim, a orientação sexual, ou seja, a atração romântica, sexual
ou emocional que uma pessoa pode sentir por indivíduos de todos os gêneros.
Nesse caso, ser uma pessoa pansexual indica que a binaridade
tradicional de gênero não é importante.
É importante reconhecer e respeitar tanto a identidade de gênero
quanto a orientação sexual de cada indivíduo, pois são aspectos fundamentais da
sua existência.
<><> Famosos pansexuais
# Bianca Andrade
Bianca Andrade, a Boca Rosa, disse em 2020 que a pansexualidade
“é o seu caso” ao interagir com seus seguidores no Instagram.
# Rainer Cadete
O ator Rainer Cadete também afirmou ser pansexual. Famoso por
seus papéis em Vidas Secretas 2 e Terra e Paixão, afirmou que acredita que o
respeito é a base de tudo e que se considera pansexual, mesmo acreditando que a
sexualidade é algo muito pessoal.
# Miley Cyrus
Em 2016, a cantora e atriz Miley Cyrus disse que “nunca soube
muito bem qual a minha sexualidade” e que pansexualidade abarcava os seus
desejos.
# Preta Gil
Em 2020, durante live no Instagram, Preta Gil revelou que seus
primeiros relacionamentos foram com mulheres e, só depois dos 28 anos, passou a
ter mais relacionamentos com homens. “Gosto de gente […] Acho que sou
pansexual”.
¨ Conceito de pansexualismo foi popularizado por Freud: você
entende essa orientação sexual?
A palavra “pansexualidade” pode soar nova, mas o conceito está
longe de ser recente. Ele remonta ao início do século XX, quando Sigmund Freud
popularizou o termo “pansexualismo” para descrever sua ideia de que muitos
comportamentos humanos eram influenciados por instintos sexuais.
Para o psicanalista, o desejo sexual não estava apenas vinculado
à reprodução, mas se manifestava em impulsos e expressões variadas ao longo da
vida.
Embora essa visão seja contestada por especialistas
hoje, ela abriu caminho para discussões sobre a complexidade dos desejos
humanos e trouxe à tona uma palavra que evoluiu e ajudou a moldar o termo
como o conhecemos atualmente.
Hoje, a pansexualidade é uma orientação sexual que não se limita
ao gênero ou identidade da outra pessoa. O prefixo “pan” significa “tudo”
e a palavra "sexualidade" indica que pansexuais podem se sentir
atraídos por homens, mulheres, pessoas não-binárias ou qualquer outra
identidade de gênero.
A bandeira da pansexualidade, composta pelas cores rosa, amarelo
e azul, simboliza essa diversidade: o rosa representa o gênero feminino, o azul
representa o gênero masculino e o amarelo tem relação com todos os gêneros para
além do binarismo.
<><> Pansexualidade e bissexualidade
Diferente da bissexualidade, que geralmente é associada à
atração por dois gêneros (homens e mulheres), a pansexualidade é vista como uma
orientação mais abrangente. No entanto, ainda há debates sobre essas
definições, uma vez que especialistas argumentam que a bissexualidade também
abrange múltiplos gêneros, o que gera divergências sobre o uso mais adequado de
cada termo.
Assim, por não ter um consenso sobre qual termo é mais
apropriado, a escolha entre se identificar como bissexual ou pansexual é,
muitas vezes, uma questão pessoal. Além disso, algumas pessoas que se
identificam como pansexuais preferem enfatizar que sua atração não depende do
gênero, enquanto pessoas bissexuais podem descrever sua orientação como atração
por dois ou mais gêneros.
¨ Existe diferença entre ser pansexual e bissexual? Entenda debate
8 de dezembro, celebra o Dia do Orgulho Pansexual. Datas como
essa são importantes não só para reforçar a relevância das lutas dos direitos
LGBTQIA+, como também para dar visibilidade à diversidade de orientações
sexuais que integram a comunidade.
Durante muitas décadas as pessoas bissexuais foram tidas como aquelas
que se sentiriam atraídas por dois gêneros, masculino e feminino e que,
portanto, não seriam heterossexuais nem homossexuais.
<><> O que é pansexualidade?
A ideia da pansexualidade, no entanto, é mais abrangente e menos
alinhada à binariedade ao estender o interesse afetivo, sexual e/ou romântico
para outras identidades: homens e mulheres trans, por exemplo, pessoas
intersexo e aquelas que não se identificam com nenhum gênero, como as
não-binárias.
Alguns pansexuais, porém, encaram a atração como um conceito
abstrato que tem mais a ver com qualidades e aspectos da personalidade. E há
uma corrente dentro do próprio movimento LGBTQIA+ que vê um dissenso entre
esses conceitos ao entender que homens e mulheres trans devem ser vistos apenas
como homens e mulheres. Assim, em tese, pansexuais e bissexuais teriam as
mesmas características.
Para o psiquiatra Camillo Miranda Lima, especialista em saúde
mental da população trans, embora exista um debate em construção dentro da
própria comunidade a respeito das diferenças e semelhanças entre as duas
orientações, é a declaração pessoal que conta.
"A autodeclaração e a autoidentificação são o mais
importante nessa conversa. O que eu percebo, principalmente no meu consultório,
é que muitos pansexuais preferem essa nomenclatura a se nomearem bissexuais
porque acreditam que a palavra é menos limitante e binária", explica
Camilo, que compartilha conteúdos informativos no perfil do Instagra
@psquiatrans.
Foi o que aconteceu com o maquiador Felipe Brandão, 32 anos, de
São Paulo (SP). "Na adolescência, eu tive um monte de namoradinhas, mas
sentia vontade de ficar com meninos também. Após o meu primeiro beijo gay,
namorei um garoto por um ano. Quando terminamos, emendei diversos
relacionamentos sérios com homens e fui casado durante oito anos. Até então, me
declarava como bissexual", conta.
Desde 2020, entretanto, Felipe passou a entender a própria
sexualidade de forma mais ampla e menos binária ao acumular vivências com
outros gêneros e com pessoas não-binárias. "Passei a me entender como
pansexual", conta. Hoje, Felipe namora há 7 meses a atriz e cantora
Gabrielle Britt.
Ele se apresenta como a drag queen Dora Criadora; ela, uma
mulher cisgênero, também, o que costuma confundir muita gente. É válido lembrar
que drag é uma expressão artística e que não está ligada à sexualidade de uma
pessoa.
Para Toni Reis, ativista há mais de 40 anos e presidente da ONG
Aliança Nacional LGBTI, perfis como o de Felipe serão cada vez mais comuns nos
próximos anos. "O futuro vai ser formado por pansexuais e pessoas
não-binárias, sem rigidez de rótulos e com um jeito de se comportar e viver
mais fluido", opina.
Sobre o dissenso de conceitos acerca da bissexualidade e
pansexualidade, Toni compartilha dois pontos de vista bem claros. "Como
militante, vejo que precisamos ter as letrinhas da sigla da comunidade bem
claras para fomentar e cobrar políticas públicas. Dessa forma, Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Trans e pessoas Intersexo são as prioridades nas lutas, que não
deixam, por conta disso, de incluir também as outras letras", informa.
No entanto, por ser também sexólogo e mestrado em Filosofia com
foco nas áreas de ética e sexualidade, Toni preza o valor da liberdade e do
respeito à autodeclaração. "Eu defendo a autonomia. Somente eu posso
definir o que eu sou e nenhuma pessoa é igual à outra. Portanto, o que vale é a
autodeclaração. A sexualidade é um oceano. Não adianta fazer dela um aquário,
pois o exigênio acaba. Só no oceano é possível viver de modo livre, leve e
solto", salienta.
Fonte: Nós
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