terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Pansexual: conheça o significado e sua bandeira

Você já ouviu falar em uma pessoa pansexual? Com o posicionamento de pessoas famosas, como cantoras e atores, essa orientação sexual se tornou mais conhecida e com isso, compreender o termo e suas particularidades é necessário para incentivar a diversidade na sociedade.

Pessoas como Miley Cyrus e Bianca Andrade, também conhecida como “Boca Rosa”, se definem publicamente como pansexuais e, com isso, acabam trazendo mais visibilidade para o termo.

Trazer visibilidade para a diversidade e para a pauta LGBTQIAPN+ é importante para que toda a sociedade avance para um cenário mais igualitário. 

No Brasil, embora tenham conquistas significativas na proteção dos direitos, ainda há trabalho a ser feito para garantir a plena igualdade e aceitação para todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual. 

A pansexualidade é uma orientação sexual cuja principal característica é a atração sexual, romântica e/ou emocional por pessoas de qualquer identidade de gênero, sem distinção.

Ao contrário da heterossexualidade ou homossexualidade, por exemplo, a pansexualidade não se limita a uma atração específica com base no gênero. Na sigla LGBTQIAPN+, a letra P é reservada para essa comunidade, mas o termo não é recente. Há quase um século, Sigmund Freud (1856–1939) já falava disso. 

<><> O que é ser uma pessoa pansexual? 

Como em qualquer orientação sexual, é fundamental respeitar a autoidentificação das pessoas e reconhecer a importância da diversidade e das próprias experiências individuais. 

Cada pessoa pansexual pode ter uma experiência única em relação à sua orientação, e é crucial criar um ambiente de respeito e aceitação para que todos possam viver autenticamente. 

Indivíduos pansexuais não são limitados pela dicotomia tradicional de gênero, que é a atração exclusiva por pessoas de um gênero específico. Em vez disso, eles podem sentir atração por pessoas de qualquer gênero, incluindo homens, mulheres e pessoas não-binárias, por exemplo.

Ou seja, uma pessoa pansexual não define sua sexualidade pela atração ao gênero oposto, por pessoas do mesmo gênero ou apenas os gêneros masculino e feminino. A pessoa pansexual sente atração pelos mais diversos gêneros. 

Há quem diga que a pansexualidade se assemelha com a bissexualidade. De fato, há muitas semelhanças, mas há uma diferença básica: uma pessoa bissexual sente atração por homens e mulheres, enquanto uma pessoa pansexual não se limita a essa binaridade.  

<><> Qual a história da comunidade pansexual?

Como já dito anteriormente, o termo pansexual não é algo recente, há mais de um século aparece em estudos e discussões sobre gênero. 

De forma geral, a palavra “pansexualidade” deriva do prefixo “pan”, que significa “tudo” em grego. Assim, a pansexualidade refere-se à atração ou interesse romântico/emocional em pessoas independentemente do gênero, ou identidade de gênero delas. Isso, na antiguidade, era tido como algo mais comum do que hoje em dia.

Em muitas culturas antigas, a sexualidade era frequentemente mais fluida, como em culturas indígenas das Américas, na própria Grécia, e em outras civilizações. No entanto, o conceito moderno de pansexualidade começou a emergir no início do século 20, com outros movimentos de liberação sexual e de identidade, quando começaram a surgir as primeiras ações da comunidade LGBTQIAPN+.

<><> A luta pansexual por igualdade e visibilidade 

É inegável que a visibilidade é uma das formas mais efetivas na resistência de grupos marginalizados, como os pansexuais, já que se auxilia na luta pelos direitos. O movimento vem crescendo ao longo dos anos e com o avanço das discussões, somado ao fato de que muitas pessoas públicas, como atrizes, cantores, escritores, passaram a se posicionar dessa forma, a comunidade tem sido cada vez mais conhecida.

Além disso, diversas pessoas e coletivos têm se destacado nessa luta, trabalhando incansavelmente para promover a aceitação, visibilidade e igualdade para indivíduos pansexuais e de outras orientações não-binárias. Um exemplo são os coletivos e grupos que se organizam ao redor do país que lutam para que os direitos dessa comunidade sejam respeitados.

O ativismo pansexual no Brasil ainda enfrenta muitos desafios, incluindo a falta de reconhecimento e representação adequada nas políticas públicas e na mídia. No entanto, esse cenário vem sendo transformado.

<><> O que significa a bandeira do orgulho pansexual?

A bandeira do orgulho pansexual é representada por três faixas nas cores rosa, amarelo e azul — nessa sequência.

A cor rosa representa o gênero feminino, a cor azul tem relação com o gênero masculino e o amarelo representa todos os outros gêneros para além do binarismo.

Ou seja, a inclusão das três cores destaca a capacidade de sentir atração independentemente do gênero da pessoa, reforçando assim a ideia de que a atração pansexual não está limitada a uma categoria específica de gênero.

<><> Qual a diferença entre bissexualidade, demisexualidade e pansexualidade?

As pessoas bissexuais têm atração pelos gêneros masculino e feminino. Representadas pela letra B na sigla LGBTQIAPN+, pessoas bi não necessariamente têm preferência por algum gênero.

Já as pessoas pansexuais, como dito anteriormente, têm atração por todos os gêneros conhecidos e são representadas pela letra P dentro da sigla LGBTQIAPN+. 

Por último, demissexuais são pessoas que só conseguem sentir atração por outra pessoa caso tenham algum vínculo de relação e apreço. 

<><> Mitos sobre a pansexualidade

A comunidade LGBTQIAPN+ sofre até hoje com muitas violências, inclusive, com a necessidade de romper mitos que são pejorativos e prejudiciais. Com as pessoas pansexuais esse cenário não é diferente, sendo um grupo que é impactado com muita desinformação.

<<<< Algumas frases que são ditas ao falar sobre pansexualidade de forma equivocada são:

“Pansexualidade é apenas uma moda ou uma fase”

“Pansexuais são promíscuos e não conseguem se relacionar”

“Pansexuais são bissexuais, essas duas identidades são iguais.”

“Pansexuais são pessoas indecisas sobre sua sexualidade.”

“Pansexuais têm atração por objetos ou animais.”

Respeitar a diversidade é fundamental para construir uma sociedade mais inclusiva e compreensiva, por isso, é necessário evitar reproduzir esse tipo de frase.

<><> A pansexualidade faz parte da identidade de gênero?

Não! Pelo contrário, a pansexualidade não envolve a identidade de gênero, mas sim, a orientação sexual, ou seja, a atração romântica, sexual ou emocional que uma pessoa pode sentir por indivíduos de todos os gêneros.

Nesse caso, ser uma pessoa pansexual indica que a binaridade tradicional de gênero não é importante.

É importante reconhecer e respeitar tanto a identidade de gênero quanto a orientação sexual de cada indivíduo, pois são aspectos fundamentais da sua existência.

<><> Famosos pansexuais 

# Bianca Andrade

Bianca Andrade, a Boca Rosa, disse em 2020 que a pansexualidade “é o seu caso” ao interagir com seus seguidores no Instagram.

# Rainer Cadete

O ator Rainer Cadete também afirmou ser pansexual. Famoso por seus papéis em Vidas Secretas 2 e Terra e Paixão, afirmou que acredita que o respeito é a base de tudo e que se considera pansexual, mesmo acreditando que a sexualidade é algo muito pessoal.

# Miley Cyrus

Em 2016, a cantora e atriz Miley Cyrus disse que “nunca soube muito bem qual a minha sexualidade” e que pansexualidade abarcava os seus desejos.

# Preta Gil

Em 2020, durante live no Instagram, Preta Gil revelou que seus primeiros relacionamentos foram com mulheres e, só depois dos 28 anos, passou a ter mais relacionamentos com homens. “Gosto de gente […] Acho que sou pansexual”.

 

¨      Conceito de pansexualismo foi popularizado por Freud: você entende essa orientação sexual?

A palavra “pansexualidade” pode soar nova, mas o conceito está longe de ser recente. Ele remonta ao início do século XX, quando Sigmund Freud popularizou o termo “pansexualismo” para descrever sua ideia de que muitos comportamentos humanos eram influenciados por instintos sexuais.

Para o psicanalista, o desejo sexual não estava apenas vinculado à reprodução, mas se manifestava em impulsos e expressões variadas ao longo da vida.

Embora essa visão seja contestada por especialistas hoje, ela abriu caminho para discussões sobre a complexidade dos desejos humanos e trouxe à tona uma palavra que evoluiu e ajudou a moldar o termo como o conhecemos atualmente.

Hoje, a pansexualidade é uma orientação sexual que não se limita ao gênero ou identidade da outra pessoa. O prefixo “pan” significa “tudo” e a palavra "sexualidade" indica que pansexuais podem se sentir atraídos por homens, mulheres, pessoas não-binárias ou qualquer outra identidade de gênero.

A bandeira da pansexualidade, composta pelas cores rosa, amarelo e azul, simboliza essa diversidade: o rosa representa o gênero feminino, o azul representa o gênero masculino e o amarelo tem relação com todos os gêneros para além do binarismo.

<><> Pansexualidade e bissexualidade

Diferente da bissexualidade, que geralmente é associada à atração por dois gêneros (homens e mulheres), a pansexualidade é vista como uma orientação mais abrangente. No entanto, ainda há debates sobre essas definições, uma vez que especialistas argumentam que a bissexualidade também abrange múltiplos gêneros, o que gera divergências sobre o uso mais adequado de cada termo.

Assim, por não ter um consenso sobre qual termo é mais apropriado, a escolha entre se identificar como bissexual ou pansexual é, muitas vezes, uma questão pessoal. Além disso, algumas pessoas que se identificam como pansexuais preferem enfatizar que sua atração não depende do gênero, enquanto pessoas bissexuais podem descrever sua orientação como atração por dois ou mais gêneros.

 

¨      Existe diferença entre ser pansexual e bissexual? Entenda debate

8 de dezembro, celebra o Dia do Orgulho Pansexual. Datas como essa são importantes não só para reforçar a relevância das lutas dos direitos LGBTQIA+, como também para dar visibilidade à diversidade de orientações sexuais que integram a comunidade. 

Durante muitas décadas as pessoas bissexuais foram tidas como aquelas que se sentiriam atraídas por dois gêneros, masculino e feminino e que, portanto, não seriam heterossexuais nem homossexuais. 

<><> O que é pansexualidade?

A ideia da pansexualidade, no entanto, é mais abrangente e menos alinhada à binariedade ao estender o interesse afetivo, sexual e/ou romântico para outras identidades: homens e mulheres trans, por exemplo, pessoas intersexo e aquelas que não se identificam com nenhum gênero, como as não-binárias. 

Alguns pansexuais, porém, encaram a atração como um conceito abstrato que tem mais a ver com qualidades e aspectos da personalidade. E há uma corrente dentro do próprio movimento LGBTQIA+ que vê um dissenso entre esses conceitos ao entender que homens e mulheres trans devem ser vistos apenas como homens e mulheres. Assim, em tese, pansexuais e bissexuais teriam as mesmas características.

Para o psiquiatra Camillo Miranda Lima, especialista em saúde mental da população trans, embora exista um debate em construção dentro da própria comunidade a respeito das diferenças e semelhanças entre as duas orientações, é a declaração pessoal que conta.

"A autodeclaração e a autoidentificação são o mais importante nessa conversa. O que eu percebo, principalmente no meu consultório, é que muitos pansexuais preferem essa nomenclatura a se nomearem bissexuais porque acreditam que a palavra é menos limitante e binária", explica Camilo, que compartilha conteúdos informativos no perfil do Instagra @psquiatrans.

Foi o que aconteceu com o maquiador Felipe Brandão, 32 anos, de São Paulo (SP). "Na adolescência, eu tive um monte de namoradinhas, mas sentia vontade de ficar com meninos também. Após o meu primeiro beijo gay, namorei um garoto por um ano. Quando terminamos, emendei diversos relacionamentos sérios com homens e fui casado durante oito anos. Até então, me declarava como bissexual", conta.

Desde 2020, entretanto, Felipe passou a entender a própria sexualidade de forma mais ampla e menos binária ao acumular vivências com outros gêneros e com pessoas não-binárias. "Passei a me entender como pansexual", conta. Hoje, Felipe namora há 7 meses a atriz e cantora Gabrielle Britt. 

Ele se apresenta como a drag queen Dora Criadora; ela, uma mulher cisgênero, também, o que costuma confundir muita gente. É válido lembrar que drag é uma expressão artística e que não está ligada à sexualidade de uma pessoa.

Para Toni Reis, ativista há mais de 40 anos e presidente da ONG Aliança Nacional LGBTI, perfis como o de Felipe serão cada vez mais comuns nos próximos anos. "O futuro vai ser formado por pansexuais e pessoas não-binárias, sem rigidez de rótulos e com um jeito de se comportar e viver mais fluido", opina.

Sobre o dissenso de conceitos acerca da bissexualidade e pansexualidade, Toni compartilha dois pontos de vista bem claros. "Como militante, vejo que precisamos ter as letrinhas da sigla da comunidade bem claras para fomentar e cobrar políticas públicas. Dessa forma, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e pessoas Intersexo são as prioridades nas lutas, que não deixam, por conta disso, de incluir também as outras letras", informa.

No entanto, por ser também sexólogo e mestrado em Filosofia com foco nas áreas de ética e sexualidade, Toni preza o valor da liberdade e do respeito à autodeclaração. "Eu defendo a autonomia. Somente eu posso definir o que eu sou e nenhuma pessoa é igual à outra. Portanto, o que vale é a autodeclaração. A sexualidade é um oceano. Não adianta fazer dela um aquário, pois o exigênio acaba. Só no oceano é possível viver de modo livre, leve e solto", salienta.

 

Fonte: Nós

 

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