Parlamento alemão
vota o fim do governo Scholz, que abre caminho para eleições antecipadas
A Alemanha enfrenta uma
de suas maiores crises políticas em décadas. Nesta segunda-feira (16), o
chanceler Olaf Scholz – equivalente
a um primeiro-ministro – enfrenta um voto de confiança no
Bundestag, o parlamento alemão. O desfecho poderá levar à convocação
de eleições antecipadas, previstas para 23 de fevereiro de 2025, e o
consequente fim do atual governo alemão.
Ao abrir a sessão parlamentar
desta segunda, Scholz deixou claro seu objetivo: forçar a convocação de
novas eleições para que que os alemães decidam o futuro político do país.
"Nestas
eleições, os cidadãos podem definir o rumo político deste país. É disso que se
trata. É por isso que peço hoje aos eleitores um voto de confiança",
declarou o chanceler, que deverá ser o candidato do Partido
Social-Democrata (SPD) no pleito de fevereiro mesmo que perca o
mandato após a provável derrota no voto de confiança do parlamento.
Em novembro, o
governo alemão colapsou. O ponto alto da crise foi quando Scholz demitiu
Christian Lindner, ministro das Finanças, acusando-o de quebra de confiança.
Lindner é membro do Partido Liberal Democrático (FDP), que fazia parte da
coalizão de governo ao lado do SPD e dos Verdes (Die Grüne). Formada em 2021, a
aliança "semáforo" – em referência às cores dos partidos: vermelho,
amarelo e verde – governava a maior economia da Europa desde então.
A demissão de
Lindner ocorreu devido a divergências sobre a política econômica. Enquanto
Scholz defende um orçamento robusto e maior intervenção estatal, Lindner segue
princípios liberais, propondo cortes de gastos e redução do papel do Estado.
Após sua saída, os demais ministros do FDP também renunciaram, resultando na
perda da maioria parlamentar pelo governo.
Sem apoio
suficiente, Scholz optou por se submeter ao voto de confiança. Caso seja
derrotado, o presidente Frank-Walter Steinmeier terá até 21 dias para dissolver
o parlamento, iniciando o prazo de 60 dias para convocação de novas eleições
– já programadas para ocorrerem em 23 de fevereiro após um
acordo entre SPD de Scholz e o opositor CDU, liderado por Friedrich Merz.
<><> Contexto
da crise política
A demissão de
Lindner foi marcada por acusações mútuas. Scholz justificou sua decisão
acusando o ministro de bloquear leis importantes e romper acordos.
"Por várias
vezes, o ministro Lindner bloqueou leis de maneira irrelevante. Por várias
vezes, seguiu por táticas partidárias mesquinhas. Ele chegou até a se retirar
unilateralmente do acordo orçamentário, depois de já termos chegado a um
consenso em longas negociações. Não há qualquer base de confiança para uma
futura cooperação", afirmou Scholz no Bundestag.
Por outro lado,
Lindner acusou Scholz de falhar na gestão econômica.
"Olaf Scholz
há muito tempo não reconhece a necessidade de um novo impulso econômico para o
nosso país. Ele minimiza há tempos as preocupações econômicas dos nossos
cidadãos. Suas contrapropostas são repetitivas, pouco ambiciosas e não ajudam a
superar a fraqueza fundamental do crescimento no nosso país", rebateu
Lindner.
Após o rompimento
da coalizão, o CDU, principal força de oposição, pressionou pela convocação de
novas eleições.
"A Alemanha
precisa de novas eleições – agora. Estamos prontos para assumir a
responsabilidade pela Alemanha", declarou o partido em comunicado oficial.
<><> Extrema
direita vem com força
A crise política na
Alemanha é um prato cheio para a extrema direita, representada pelo AfD (Alternativa
para a Alemanha),
partido com claras aspirações neonazistas e que possui ligações
comprovadas com grupos extremistas.
Fundada em 2013, a
legenda conseguiu uma cadeira no parlamento alemão, pela primeira vez, em
2017 - hoje, já são 77 deputados.
Trata-se de
uma organização ultrarradical que abriga os membros mais extremistas da
Alemanha. O AfD defende abertamente ideias xenofóbicas, racistas,
segregacionistas e violentas. A principal plataforma política da sigla são os
projetos anti-imigração, permeada de retóricas ultranacionalistas que
remetem ao nazismo. Diversos membros do partido, inclusive, já tiveram
comprovadamente relações com grupos neonazistas e fizeram falas com tal
teor.
Desde 2021, o AfD é
monitorado pelo serviço de inteligência interno da Alemanha, o BfV, por
tentativa de enfraquecer a constituição democrática do país.
Este ano, o
partido foi o mais
votado na eleição regional da Turíngia – a primeira vez que uma legenda de
extrema direita vence um pleito estadual desde o regime nazista – e garantiu a
segunda maior bancada no parlamento da Saxônia. Situação parecida se deu
em Brandemburgo, onde o
AfD também ficou em segundo lugar e, por pouco, não vence o
pleito.
O crescimento do
AfD está intimamente ligado à atual crise política que abala o governo de Olaf
Scholz. Com uma série de impasses internos e a falta de consenso entre os
partidos da coalizão, temas como economia, inflação e política
migratória vêm gerando insatisfação entre os eleitores, que enxergam na legenda
extremista uma resposta à instabilidade governamental.
A postura crítica
do AfD em relação à União Europeia e ao euro também ganha força em meio às
dificuldades econômicas que impactam a população alemã. Enquanto o governo de
Scholz enfrenta dificuldades para avançar com reformas, o AfD se aproveita do
descontentamento generalizado, apresentando-se como alternativa para
eleitores que veem no partido uma maneira de protestar contra o status
quo e a paralisia do governo.
<><> CDU
lidera pesquisas
Pesquisas apontam
que, se as eleições gerais fossem hoje, o partido conservador CDU,
liderado por Friedrich Merz, venceria com mais de 30%. Já o AfD vem disputando
o posto de segunda maior força política do país com o SPD. Projeções dão conta
de que a sigla de extrema direita somaria, em um eventual pleito antecipado,
cerca de 20% dos votos, pouco à frente dos sociais-democratas, que têm 17%.
O CDU já sinalizou,
em outras ocasiões, que não aceitaria formar um governo com o AfD. Na Alemanha,
é preciso formar coalizões para governar, o que torna o jogo político ainda
mais desafiador em um cenário de fragmentação. O fato é que a social-democracia
e a esquerda na Alemanha vivem uma crise tão profunda que qualquer cenário
aponta para o fortalecimento da direita e extrema direita.
Confira os números,
segundo as pesquisas oficiais mais recentes:
CDU/CSU: 31%
AfD: 20%
SPD: 17%
Partido Verde: 11%
Aliança Sahra
Wagenknecht (BSW): 8%
FDP: 5%
¨ Por que chanceler alemão vai usar queda do governo como
'última cartada' para permanecer no poder
O chanceler alemão
Olaf Scholz perdeu
o voto de desconfiança do parlamento, abrindo caminho para eleições antecipadas
em 23 de fevereiro.
Nesta segunda-feira
(16/12), 394 parlamentares votaram por dissolver o governo, enquanto 207,
principalmente aqueles de seu próprio partido, votaram pela manutenção de
Scholz no poder, e 116 se abstiveram.
Os parlamentares votam uma moção de
desconfiança quando sentem necessidade de reavaliar o governo.
Scholz convocou a
votação e já esperava perdê-la, mas calculou que desencadear uma eleição
antecipada era sua melhor chance de reviver a sorte política de seu partido.
Isso acontece cerca
de dois meses após o colapso do governo de coalizão de três partidos de Scholz,
que deixou o chanceler em apuros liderando uma administração minoritária.
Antes da votação de
segunda-feira, Scholz disse que agora caberia aos eleitores "determinar o
curso político do nosso país", preparando o que provavelmente será uma
campanha eleitoral ferozmente disputada.
No entanto, perder
o voto de desconfiança era o resultado que Scholz queria.
Desde que sua
coalizão argumentativa de três partidos entrou em colapso em novembro, ele
dependia do apoio dos conservadores da oposição para aprovar novas leis,
efetivamente tornando sua administração um governo de "pato manco".
Dada a economia
estagnada da Alemanha e
as crises globais que o Ocidente enfrenta, cambalear até a data programada para
as eleições de setembro de 2025 pode significar correr o risco de ser visto
como irresponsável pelo eleitorado.
O Partido
Social-Democrata (SDP, na sigla em alemão) de Scholz está muito atrás nas
pesquisas de opinião, enquanto o conservador União Democrata Cristã (CDU, na
sigla em alemão), de Friedrich Merz, parece estar a caminho de um retorno ao
governo.
Abrindo o debate,
Scholz disse que a eleição antecipada era uma oportunidade para definir um novo
rumo para o país e pediu por investimentos "maciços", particularmente
em defesa, enquanto Merz disse que mais dívidas seriam um fardo para as
gerações mais jovens e prometeu cortes de impostos.
<><> Movimento
'kamikaze'
A decisão de Scholz
de encenar uma votação que ele esperava perder para dissolver seu próprio
governo foi descrita como um movimento "kamikaze" pelo tabloide
alemão Bild — mas geralmente é a única maneira de um governo alemão
dissolver o parlamento e desencadear eleições antecipadas.
O processo foi
projetado especificamente pelos fundadores do pós-guerra da Alemanha moderna
para evitar a instabilidade política da era de Weimar.
Este voto de
desconfiança não é uma crise política em si: é um mecanismo constitucional
padrão, que foi usado por chanceleres alemães modernos cinco vezes para superar
o impasse político — e um que Gerhard Schröder implantou em duas ocasiões.
No entanto, há um
problema mais profundo na política alemã.
Na superfície, o
colapso da coalizão foi desencadeado por uma briga sobre dinheiro.
O SDP de
centro-esquerda de Scholz e seus parceiros verdes queriam aliviar as rígidas
regras de dívida da Alemanha para financiar o apoio à Ucrânia e aos principais
projetos de infraestrutura.
Isso foi bloqueado
pelo próprio ministro das finanças de Scholz, Christian Lindner, líder do
liberal Partido Democrático Livre (FDP), favorável ao mercado, que priorizou a
redução da dívida.
Lindner foi
demitido e a coalizão entrou em colapso. Após anos de brigas pouco edificantes,
era quase possível ouvir o suspiro de alívio nos corredores do poder de Berlim
— mas a causa subjacente é mais difícil de resolver e mais preocupante.
O sistema político
partidário da Alemanha se tornou mais fragmentado, com mais partidos do que
nunca no parlamento. As novas forças políticas emergentes também são mais
radicais.
Em 2017, a direita
radical Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) entrou no
Bundestag pela primeira vez, vencendo 12,6%.
Em 2021, caiu para
10,4%, mas
agora está em quase 20%.
A AfD não chegará
ao governo porque ninguém trabalhará com ela para formar uma coalizão. Mas a
direita radical está comendo a fatia do voto que vai para os dois grandes
partidos centristas que sempre apresentaram chanceleres alemães modernos.
Quanto maior for a
fatia da AfD, mais difícil será para os partidos tradicionais formarem uma
coalizão governamental estável.
Esse foi, sem
dúvida, o problema subjacente que desfez a coalizão fragmentada de Scholz: os
grandes gastadores sociais-democratas e os verdes de esquerda tentando
trabalhar com os liberais de pequenos estados de livre mercado.
Em vez de
desaparecer após a próxima eleição em fevereiro, esse problema provavelmente
piorará. Se a direita radical ganhar um quinto das cadeiras no parlamento, pode
ser ainda mais difícil, depois de fevereiro, formar uma coalizão estável entre
partidos com ideias semelhantes.
Outro novo partido
político populista também pode entrar no parlamento pela primeira vez. O Sahra
Wagenknecht Alliance (BSW, na sigla em alemão), que leva o nome da líder
marxista incendiária, Sahra Wagenknecht, e, embora seja de esquerda, defende
a redução da
imigração no
país.
Os conservadores
estão liderando nas pesquisas, mas do jeito que as coisas estão, suas opções
para parceiros de coalizão são limitadas.
Eles se recusam a
trabalhar com a direita radical e é difícil imaginar que gostariam de trabalhar
com a esquerda radical também. Os liberais de livre mercado podem nem mesmo
entrar no parlamento e alguns conservadores se recusam a considerar os Verdes.
Isso coloca o SDP
de Scholz como um parceiro possível - embora Scholz provavelmente seja afastado
do poder depois que sua passagem pelo poder viu sua popularidade despencar.
Seja qual for a
aparência do próximo governo, a era de coalizões consensuais aconchegantes na
Alemanha parece ter acabado.
¨ O passo a passo até a nova eleição na Alemanha
Estes são os passos
legais que levam à nova eleição na Alemanha:
·
Apresentação
da moção de confiança
De acordo com o
artigo 68 da Lei Fundamental (Constituição alemã), o chanceler federal
apresenta uma moção de confiança para o Bundestag (Parlamento), ou seja, os
parlamentares devem dizer se o chanceler tem ou não a confiança deles. Isso foi
feito na quarta-feira (11/12) pelo chanceler federal Olaf Scholz. Como não há
sessão nesta quarta-feira, a moção foi encaminhada por escrito à presidente do
Bundestag, Bärbel Bas.
·
Votação
O mesmo artigo 68
determina que a votação da moção só poderá ocorrer já tendo se passado 48 horas
desde o recebimento. De acordo com o Bundestag, um debate e uma votação sobre a
moção no Bundestag estão programados para a próxima segunda-feira de tarde. Se
o chanceler federal não obtiver uma maioria absoluta de 367 votos nessa
votação, ele terá perdido o voto de confiança.
·
Pedido
de dissolução do Parlamento
Se perder o voto de
confiança, o chanceler federal pode propor ao presidente da Alemanha que o
Bundestag seja dissolvido. Scholz anunciou que pretende fazer isso ainda na
segunda-feira, logo após a votação.
Se inesperadamente
ganhar o voto de confiança, o caminho para novas eleições não estaria aberto.
Scholz poderia, porém, apresentar de novo uma moção de confiança ao Parlamento.
·
Dissolução
do Bundestag
Se o chanceler
federal propuser ao presidente a dissolução do Bundestag, o presidente tem 21
dias para decidir se vai ou não dissolver o Bundestag. Ele não é obrigado a
fazê-lo.
O critério que deve
orientá-lo na decisão é se há uma situação politicamente instável na composição
atual do Bundestag. No seu discurso de 7 de novembro de 2024, logo após a saída
do partido liberal FDP da coalizão de governo, o presidente Frank-Walter
Steinmeier disse, não por acaso, que a capacidade de ação do governo,
intrinsicamente ligada a uma maioria parlamentar, seria o critério que iria
orientar sua decisão.
Isso indica que ele
está inclinado a dissolver o Bundestag. Se isso ocorrer, uma nova eleição
deverá ser realizada em no máximo 60 dias após a dissolução. Isso está
estabelecido no artigo 39 da Lei Fundamental. É o próprio presidente que marca
o dia da eleição, de acordo com a lei eleitoral.
·
Anúncio
da decisão do presidente
Não está claro
quando o presidente vai anunciar sua decisão. Pelo cronograma, ele tem 21 dias
para fazê-lo, contando a partir de 16 de dezembro de 2024.
Porém, as bancadas
do partido social-democrata SPD e dos partidos conservadores CDU e CSU
concordaram, após muito debate, que a nova eleição ocorra em 23 de fevereiro de
2025. Também os liberais e os verdes concordam com essa data.
Para que assim
seja, o presidente não deverá anunciar sua decisão antes de 23 de dezembro,
pois a eleição deve, segundo a legislação, ocorrer dentro do prazo de 60 dias
após o anúncio dele.
Se forem
considerados os feriados de Natal, é provável que o presidente anuncie sua
decisão, e a data da eleição, a partir de 27 de dezembro.
·
Questionamento
na suprema corte
Um recurso à
suprema corte da Alemanha contra a dissolução do Bundestag é possível. Nas
moções de confiança de 1982, pelo então chanceler federal, Helmut Kohl, e de
2005, pelo então chanceler Gerhard Schröder, foram feitas queixas perante o
Tribunal Constitucional Federal contra a decisão do presidente de dissolver o
Bundestag.
Membros do
Bundestag alegaram que seus direitos haviam sido violados porque os requisitos
constitucionais para a dissolução não teriam sido cumpridos e os mandatos deles
haviam terminado antes do planejado.
Em 1982 e 2005, no
entanto, os pedidos em Karlsruhe não foram bem-sucedidos. Em sua decisão de
2005, o Tribunal Constitucional Federal enfatizou que o presidente tem uma
grande margem de manobra na sua avaliação da situação política.
O recurso à suprema
corte não necessariamente adiaria a data da nova eleição, pois os juízes
poderiam se pronunciar ainda antes dela.
Em 2005, por exemplo,
foi assim: em 21 de julho, o presidente Horst Köhler ordenou a dissolução do
Bundestag e marcou a data da nova eleição para 18 de setembro. Os processos
judiciais se estenderam por todo o mês de agosto. Em 25 de agosto, o Tribunal
Constitucional Federal rejeitou as reclamações. Em meio a isso, os preparativos
para a nova eleição continuaram.
No entanto, se uma
ação judicial for bem-sucedida desta vez, a nova eleição seria cancelada.
·
Quem
governa até a eleição
Mesmo se perder a
moção de confiança, o chanceler federal continua no cargo. A perda de uma moção
de confiança e mesmo a dissolução do parlamento não alteram o fato de que o
chanceler federal está no cargo.
O mandato de
chanceler federal só termina com a constituição de um novo parlamento, que só vai
se reunir após a nova eleição. Isso está determinado no artigo 69 da Lei
Fundamental.
E mesmo depois
disso Scholz permaneceria no cargo interinamente, a pedido do presidente, até a
eleição, pelo Bundestag, de um novo chanceler.
Um outro ponto: o
atual Bundestag ainda pode aprovar leis – havendo, claro, a maioria parlamentar
necessária – mesmo após a perda de um moção de confiança pelo chanceler e mesmo
após a decisão a favor de sua dissolução.
¨ Mais de 20% dos alemães querem a candidata da AfD Alice
Weidel como chanceler, diz pesquisa
Vinte e um por
cento dos alemães querem que Alice Weidel, candidatada do partido nacionalista
Alternativa para a Alemanha (AfD), se torne a chanceler federal do país,
apontou uma pesquisa realizada pelo INSA para a mídia do país.
Outros 21% apoiam o
candidato do bloco de oposição composto pela União Democrata-Cristã (CDU) e
pela União Social-Cristã (CSU), Friedrich Merz.
Apenas 16% se
disseram a
favor uma continuidade do atual chanceler, Olaf Scholz, do Partido
Social Democrata. Já 13% afirmaram que preferem ver o atual vice-chanceler e
ministro das Finanças, Robert Habeck, do Partido Verde, como chefe do
governo.
Além
disso, 63% dos entrevistados acrescentaram que não confiam em Scholz,
enquanto 66% disseram que estavam insatisfeitos com seu desempenho.
A pesquisa foi
conduzida de 12 a 13 de dezembro entre 1.001 alemães. A margem de erro não foi
informada.
Já
em crise de popularidade, a aliança tripartite que forma o governo de Scholz
implodiu no início de novembro após ele demitir o então ministro das
Finanças, Christian Linder, líder do Partido Democrático Livre, por sua
relutância em aumentar
os gastos domésticos e
a ajuda financeira à Ucrânia.
¨ Ministro da Economia da Alemanha diz que modelo de
negócios do país 'está acuado'
As empresas alemãs
estão encurraladas no contexto da política econômica do país, declarou o
vice-chanceler alemão e ministro da Economia do Partido Verde, Robert Habeck. A
situação se refere à grave crise que a economia alemã está atravessando e à
inflação em novembro de 2,2% em termos homólogos.
"De qualquer
forma, nosso modelo de negócio está realmente acuado. [...] A Alemanha é
um país exportador, precisamos de mercados abertos. Donald Trump está fechando
mercados, a China está fechando mercados e empurrando seus carros elétricos para
todo o lado", destacou Habeck, em entrevista ao jornal
Bild.
Em suas palavras,
este é um dos principais problemas da indústria automobilística alemã. É claro
que o fato de durante anos "não termos realmente investido em nossas
infraestruturas, condições fiscais e trabalhadores qualificados também tem um
impacto negativo agora", acrescentou, respondendo à questão sobre se o
modelo de negócios alemão deixaria de funcionar sem gás
barato russo.
Na Alemanha,
a estagnação
continua pelo
quinto ano. O produto interno bruto (PIB) do país ajustado à inflação
diminuirá 0,1% este ano, de acordo com a previsão do Instituto Alemão de
Economia sobre a evolução das condições econômicas.
A grande maioria
dos alemães está insatisfeita com a situação econômica do país e
descreve-a como "má", destaca um estudo do
YouGov. No entanto, poucos esperam que a situação melhore nas próximas décadas.
A Alemanha, tal
como alguns outros países europeus, atravessa uma crise econômica aguda
causada, entre outras razões, pela ruptura dos laços econômicos com a
Rússia e pela proibição quase total de importar — como resultado de sanções
antirrussas —
energia de baixo custo da Rússia, nas quais se baseava a competitividade da
indústria alemã.
A Rússia afirmou
repetidamente que, ao recusar cooperar
com Moscou, a
União Europeia (UE) prejudicou a sua economia, como demonstrado pelo declínio
da produção, falências empresariais e recessão nos países do bloco europeu. O
presidente russo Vladimir Putin garantiu que o seu país não
nega a ninguém o
fornecimento de seus recursos energéticos. Nas suas palavras, a Europa esperava
que, se não recebesse o gás russo, a Rússia entraria em colapso, mas, ao invés
disso, é na UE que estão ocorrendo processos irreversíveis.
Bruxelas, no
entanto, representada pela chefe da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, continua insistindo em uma ruptura total com o setor energético
russo e na rejeição definitiva da energia da Rússia em favor de fornecimentos
alternativos mais
caros, especialmente dos EUA.
Fonte: Fórum/BBC
News Brasil/Sputnik Brasil
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