quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Os imperialistas semeiam ventos de guerra, colherão tormentosas tempestades

Cerca de 200 mil pessoas morreram em mais de 134 guerras em curso entre o segundo semestre de 2023 e o primeiro de 2024, representando um aumento de 37% em relação aos 12 meses anteriores. Somam-se ainda mais de 43 milhões de refugiados por guerras de todo tipo, e outros 80 milhões forçados a deslocamentos dentro de seu próprio país. Esses dados foram levantados pela Pesquisa de Conflitos Armados – IISS 2024 e demonstram que a crise geral de decomposição do imperialismo, em estágio terminal e sem precedentes, faz convergir todas as contradições fundamentais: a guerra, fenômeno que expressa o grau mais agudo de conflitos entre classes, grupos políticos e nações, é o fenômeno mais presente a cada dia. O mundo adentra num novo período de revoluções e guerras de todo tipo, inclusive, de perigo de uma nova e terceira guerra mundial.

Que dirá a Síria: a deposição de Bashar Al-Assad pelas forças de uma antiga sucursal da Al-Qaeda é a demonstração da manifestação nesse país do grau de aprofundamento a que chegou a crise geral – cujo um dos sinais é a mudança súbita de situações que pareciam consolidadas. As forças russas presentes na Síria, e que sempre foram garantia de supremacia aérea, não se moveram para defender o regime de Assad, que lhe havia entregado praticamente o controle sobre o governo; as milícias e grupos que atuavam em apoio a Assad, particularmente o Hezbollah, foram sugados para a defesa do Líbano com a agressão sionista, de modo que não houve defesa possível. O grupo HTS e outros, apoiados por forças do velho Estado expansionista turco, praticamente não encontraram resistência na medida em que avançavam. A Síria, agredida, foi retalhada e dividida; as classes dominantes turcas avançam sobre o território sírio e sonham com a volta dos limites do Império Otomano; os sionistas aproveitam e avançam, anexando as Colinas de Golã e logo avançarão mais sobre o território sírio. O grupo HTS não disparou um único tiro contra todos os invasores que estão se assenhorando do território, o que deixa claro que é parte da criminosa agressão estrangeira e tropas no terreno do imperialismo ianque, portanto, não representa nada dos interesses nacionais.

A Síria está ameaçada, e Bashar Al-Assad mostrou-se incapaz de defender a nação, na medida em que a entregou aos russos, crendo que estes a defenderiam: antes, os russos a venderam em troca de seus próprios interesses, em particular, em troca de concentrar-se na Ucrânia. As massas populares sírias terão de recorrer ao exemplo o povo iraquiano, afegão e palestino: tomar as armas, seguir a guerra de guerrilhas com independência, por longos e duros anos, até recobrar a unidade territorial e expulsar os invasores.

Por sua vez, na Ucrânia, suas forças armadas se acham a beira do colapso, os jovens ucranianos estão se negando a se incorporarem e o recrutamento é forçado. As tropas de Zelensky estão cercadas por centenas de milhares de tropas russas e norte-coreanas nas principais frentes, e os ucranianos veem que se tornaram tão-somente bucha de canhão da OTAN. Zelensky ordena suas tropas a usar as armas norte-americanas no ataque ao território russo, na tentativa desesperada de forçar uma negociação que assegure a continuidade de seu governo fantoche da OTAN ao fim da guerra. Aqui, embora exista um equilíbrio relativo de condições ativas e meios de guerra entre os principais contendores imperialistas, o que tende a que uma confrontação decisiva seja evitada, também é verdade que toda esta situação representa objetivamente um perigoso crescimento do risco de se precipitarem eventos que criem cenários em que uma escalada para uma nova e terceira guerra mundial se torne sem retorno. Os ianques não desejam precipitar uma nova confrontação enquanto não estabelecerem um sistema de defesa antimísseis o suficiente para, ao menos, neutralizar em grande parte a capacidade bélico-núclear da superpotência atômica Rússia, e sem antes concentrar um tal volume de tropas estacionadas nas fronteiras com a Rússia de modo a assaltar e ocupar seu vasto território; mas, se os conflitos chegam a atingir determinada proporção, pode se tornar irreversível sua passagem à confrontação mundial. Pois, ainda que existam muitos objetivos intermediários, entre o momento atual e uma terceira guerra mundial, incidentes, que precipitam tudo, não apenas são possíveis, como crescentemente perigosos.

As forças anti-imperialistas, frente a um risco deste tipo, não se deterão a lançar entediantes apelos pela paz, mas se levantarão com toda a fúria contra os criminosos incendiários da guerra injusta, com fustigamentos de toda sorte desde suas entranhas: que as ações anti-imperialistas de vários tipos e em todos os países possíveis no mundo se imponham e façam crescer a revolução, mobilizando milhões e dezenas milhões por todo o planeta, o que forçará a divisão ainda maior das forças imperialistas, pois a ameaça de uma guerra mundial nas condições das armas de destruição em massa de hoje lançará, por si só, mar de massas às ruas e crescentes contingentes armados para derrubar os governos imperialistas e de seus lacaios. A experiência das duas grandes guerras mundiais mostraram como os imperialistas podem se dividirem e os povos amantes da paz com suas guerras justas derrotarão um por um dos incendiários de guerra. A tendência histórica e política do mundo é para a revolução, e muito ao contrário de uma nova ordem imperialista, se se desata uma nova guerra mundial, ressurgirão novas e muitas revoluções proletárias.

 

¨      Tensões entre curdos e árabes ameaça paz na Síria

Uma das maiores ameaças à transição pacífica de poder na Síria está no noroeste do país. Enquanto muitos sírios-árabes celebram a queda do regime liderado pelo ditador Bashar al-Assad e o fim da longeva guerra civil no país, os sírios de origem curda na região enfrentam uma crise existencial.

Os confrontos entre os combatentes sírios apoiados pela Turquia e as forças curdas sírias preocupam sobremaneira, alertou recentemente o enviado especial das Nações Unidas na Síria, Geir Pederson. Os demais motivos de preocupação imediata são as incursões israelenses no território sírio e a proteção das minorias no país árabe.

<><> Qual a situação no noroeste do país?

Os combates entre facções rivais em meio à guerra civil estavam há anos estagnados. Os grupos de oposição que controlavam suas respectivas áreas no norte da Síria tendiam a evitar os confrontos. Mas eles ressurgiram nos últimos dias.

Após a queda de Assad, o chamado Exército Nacional Sírio (SNA), um grupo de combatentes apoiado pela Turquia, tentou avançar sobre áreas controladas por curdos sírios.

O governo turco se opõe à presença curda em sua fronteira. Ancara os considera uma ameaça, dada a longeva e frequentemente violenta luta dos curdos por independência na Turquia.

À medida que avançavam as milícias apoiadas pela Turquia, as forças curdas sírias, conhecidas como Forças Democráticas Sírias (SDF), perdiam território. A Turquia também usou ataques aéreos com aviões e drones para apoiar os avanços do SNA.

Na semana passada, as duas partes disseram que negociaram um acordo de cessar-fogo, com a ajuda dos Estados Unidos, que deverá envolver a retirada das forças curdas sírias de algumas das áreas que controlavam anteriormente.

Outro grupo rebelde, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), também conhecido como Organização para a Libertação do Levante, assumiu o controle da cidade de maioria árabe de Deir al-Zour, de onde as SDF se retiraram após uma revolta local. O Exército Livre Sírio (SFA), treinado pelos EUA, também ganhou algum terreno na região.

As SDF se dizem agora abertas a participar de um novo processo político na Síria.

A origem das tensões

O povo curdo é frequentemente descrito como um dos maiores grupos étnicos do mundo sem um país próprio. Se tivessem um território, ele estaria nas áreas de maioria curda na região onde o Iraque, o Irã, a Síria e a Turquia se encontram.

Em cada um desses países há um movimento de independência curda, cujos membros fizeram lobby ou até lutaram por um Estado independente ou por uma autonomia, com níveis diferentes de sucesso.

Cada um destes movimentos de independência curda foram reprimidos pelos seus respectivos governos, também com graus variados de sucesso. Na Turquia, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) recorreu à violência para tentar atingir seus objetivos.

Na Síria, por volta de 2012, no início da guerra civil, as forças de Assad se retiraram das áreas de maioria curda no nordeste e no leste da Síria sem impor muita resistência. Essa movimentação não foi isenta de controvérsias.

Os revolucionários árabes sírios disseram que não aceitavam que os curdos se tornassem independentes da Síria e insistiam que o país deveria permanecer unido.

Houve também acusações de que os curdos teriam traído os objetivos originais dos revolucionários da Síria – de derrubar o regime – e que, em uma tentativa de perseguir seu próprio objetivo de independência, os curdos teriam mantido uma neutralidade na guerra civil.

Os curdos nunca realmente lutaram contra as forças de Assad. Essa suposta "traição" gerou hostilidades entre árabes sírios e curdos sírios, que se somaram a tensões étnicas e atitudes racistas que já ocorriam anteriormente.

Durante a guerra civil, que já dura quase 14 anos, os EUA se aliaram aos curdos da Síria para combater a organização extremista autodenominada "Estado Islâmico" (EI). Surgido no Iraque, o grupo se aproveitou do caos gerado pela guerra civil e estabeleceu a "capital síria" de seu planejado "califado" na cidade de Raqqa.

As forças americanas e curdas foram os principais atores na luta contra o EI na Síria. Enquanto combatiam os extremistas, os curdos sírios também expandiam o território sob seu controle, incluindo áreas de maioria árabe, como Raqqa e Deir al-Zour.

Os moradores dessas regiões protestaram contra a liderança curda, assim como ocorreu há poucos dias, quando exigiram que os curdos permitissem a entrada de outros grupos rebeldes.

Todas essas questões, passadas e presentes, permanecem na raiz dos problemas enfrentados agora pelos curdos sírios. Com o fim do regime de Assad, eles se veem espremidos entre grupos sírios árabes e a Turquia, com os EUA como seu único aliado.

Uma das questões que mais preocupa os curdos da Síria é o que será da aliança com os americanos depois que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, retornar à Casa Branca. Há temores de que o novo governo retire seus soldados da Síria por completo, abandonando os curdos. Atualmente, ainda há cerca de 900 soldados americanos no país.

<><> Por que isso importa?

Estima-se que 4,6 milhões de pessoas vivam na Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria (AANES), controlada pelos curdos. A área também é frequentemente chamada de Rojava pelos curdos locais, abrigando ainda curdos do Iraque, Turquia e Irã.

A ONU estima que mais de 100 mil pessoas, a maioria delas curdas, fugiram da região desde o início da ofensiva rebelde contra al-Assad, no final de novembro. Várias centenas de pessoas foram mortas nos confrontos.

Além dos aspectos humanitários, o território ocupado pelos curdos incluía a maioria dos campos de petróleo da Síria, além de ser um grande produtor de trigo. O controle sobre os campos de petróleo, em especial, será fundamental para o novo governo. A renda obtida com a exploração petrolífera deverá ajudar a devastada economia do país.

Especialistas também sugerem que os avanços do SNA apoiado pelo Turquia para tomar o máximo de território possível deve ir além dos objetivos turcos de remover os curdos da fronteira. O controle territorial também é uma questão de influência e poder, em meio à formação do próximo governo sírio.

Além disso, as SDF curdas administram grandes campos de prisioneiros no nordeste da Síria, que abrigam milhares de extremistas do EI. Anteriormente, os combatentes das SDF disseram que, se forem atacados, serão forçados a deixar os campos de prisioneiros desprotegidos.

¨      Damasco pede descongelamento dos fundos sírios e levantamento das sanções, diz mídia

As autoridades sírias atuais solicitaram à comunidade internacional o descongelamento das contas públicas do país notando a queda completa da libra síria, declarou o chefe do governo interino sírio, Mohammed al-Bashir, na terça-feira (17).

O novo primeiro-ministro ressaltou que "a reserva das moedas na Síria é muito baixa, tendo a moeda nacional entrado em colapso total".

"Pedimos à comunidade internacional que descongele as contas sírias", cita as palavras de al-Bashir o jornal sírio Al-Watan.

Al-Bashir também enfatizou a importância da suspensão das sanções internacionais contra a Síria a fim de ativar o processo de reconstrução do país e apoiar os moradores da Síria, incluindo os refugiados que estão retornando ao país.

Além disso, ele destacou que o Ministério da Defesa do país será reorganizado para incluir representantes da oposição e oficiais do antigo Exército sírio que passaram para o lado dos oposicionistas.

 

Fonte: A Nova Democracia/DW Brasil

 

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