segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Bolsonaristas acreditam que Braga Netto caiu em armadilha de família de Mauro Cid

Aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugerem que os detalhes da prisão do general Walter Braga Netto indicam uma possível armadilha, articulada pelo general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, informa a Folha de S. Paulo. De acordo com informações, mensagens revelam que Lourena Cid entrou em contato com Braga Netto em setembro do ano passado, para assegurar que seu filho não estaria colaborando com a Justiça através de uma delação premiada, apesar de essa colaboração já ter sido fechada e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os aliados de Bolsonaro relatam que Braga Netto demonstrava dificuldade em acreditar que alguém da confiança do Exército, como Mauro Cid — integrante dos "kids pretos", referência às forças especiais de elite do Exército —, poderia entregar colegas de farda e figuras próximas do governo em uma estratégia de delação. Isso teria, segundo esses interlocutores, levado o ex-ministro a se abrir para contatos posteriores, fornecendo involuntariamente informações sensíveis à Polícia Federal.

Nesse cenário, Braga Netto teria gerado provas contra si mesmo e outros envolvidos no caso da tentativa de golpe de Estado, ao compartilhar detalhes que posteriormente foram utilizados na investigação. A percepção é de que a abordagem de Lourena Cid teria sido uma manobra estratégica para enfraquecer a posição do general e consolidar novas informações no inquérito.

<><> Braga Netto procurou pai de Cid para obter dados sigilosos; prisão foi embasada em depoimento do ex-assistente

A prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), foi fundamentada em um conjunto de provas apresentado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada firmada com a Polícia Federal (PF). A ordem de prisão foi emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumprida neste sábado (14). A informação foi divulgada pelo UOL.

Segundo relatos de Mauro Cid, Braga Netto procurou pai de Cid para obter dados sigilosos sobre os detalhes da delação premiada assim que o acordo foi firmado com a PF, em setembro de 2023. Para os investigadores, essa tentativa caracteriza obstrução de Justiça, especialmente considerando que um documento com informações sobre o conteúdo da delação foi apreendido na sala do coronel Flávio Peregrino, assessor direto de Braga Netto.

De acordo com o inquérito da PF, o general também é suspeito de financiar militares conhecidos como "kids pretos", integrantes das Forças Especiais. Esses militares teriam monitorado os passos do ministro Alexandre de Moraes, do STF. "Braga Netto deu dinheiro em caixas de vinhos para eles", afirmou Mauro Cid em depoimento.

¬¬¬¬ Provas e conexões

A documentação apreendida na posse de Flávio Peregrino reforçou as suspeitas de vazamento de informações confidenciais a Braga Netto, segundo a PF. Esses elementos se somaram à delação de Mauro Cid, que descreveu com detalhes as movimentações financeiras e a logística por trás da tentativa de vigilância sobre Moraes.

A conclusão do inquérito também aponta que Braga Netto teria atuado para dificultar as investigações da trama golpista, que buscava anular as eleições de 2022 e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

¬¬¬¬ Repercussão e silêncio da defesa

Até o momento, a defesa de Braga Netto não se pronunciou sobre as acusações. A prisão do general marca mais um desdobramento no cerco judicial contra figuras do alto escalão do governo Bolsonaro, investigadas por envolvimento em atos antidemocráticos e em tentativas de desestabilizar instituições democráticas.

<><> O que mudou no depoimento de Mauro Cid sobre a participação de Braga Netto na trama golpista

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, apresentou em seu recente depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) elementos importantes sobre a participação do general Walter Souza Braga Netto no planejamento de um golpe de Estado em 2022, informa o g1. Braga Netto foi preso na manhã deste sábado após operação da Polícia Federal

Os detalhes do depoimento indicam que Braga Netto teria papel central no financiamento da operação. Segundo informações constantes no relatório da Polícia Federal e no próprio depoimento de Cid, após as eleições de 2022, o ex-ministro e outros membros do esquema planejaram ações com o objetivo de desestabilizar o cenário político e garantir a continuidade do poder por meio de um golpe. Entre os elementos destacados, estão reuniões na residência de Braga Netto e o repasse de recursos destinados ao financiamento da operação.

O relatório da PF revela que, em uma reunião posterior ao pleito, Braga Netto entregou ao major Rafael de Oliveira, em uma sacola de vinho, o dinheiro necessário para custear as despesas do plano golpista. Além disso, o ex-ajudante afirmou que o recurso teria sido obtido por meio de financiamento junto a membros do setor do agronegócio.

Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes destacou que os novos detalhes fornecidos por Mauro Cid são fundamentais para a investigação, fornecendo provas de que o general Braga Netto teve papel decisivo no planejamento e financiamento do golpe. Moraes afirmou que os elementos apresentados pelo ex-ajudante revelaram que ele contribuiu de forma mais substancial para a trama do que se sabia anteriormente, confirmando o caráter estruturado e financeiro da tentativa de golpe.

¨      Braga Netto recebeu dinheiro do agro para plano de atentado contra Lula e Moraes

Um depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal (PF), colhido no dia 21 de novembro de 2024, revelou que o general Braga Netto teria recebido dinheiro de empresários do agronegócio e repassado os valores ao major Rafael de Oliveira. De acordo com a investigação, o montante foi entregue em uma sacola de vinho durante um encontro ocorrido em dezembro de 2022, no Palácio do Planalto ou da Alvorada. A informação consta em um relatório que embasa a prisão do general e aponta seu envolvimento em um plano de atentado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o relatório da PF, o plano, chamado "Copa 2022", foi elaborado por militares com o objetivo de sequestrar ou assassinar Moraes em 15 de dezembro daquele ano. “O dinheiro foi entregue pelo general Braga Netto ao major Rafael de Oliveira, que utilizou parte dos recursos para aquisição de um celular e quatro chips, itens essenciais ao desenvolvimento do plano”, detalha o documento. Além disso, mensagens trocadas entre os envolvidos mostram que havia uma estimativa de gastos de até R$ 100 mil para cobrir despesas com hospedagem, alimentação e materiais.

<><> O papel do agronegócio no financiamento

Mauro Cid afirmou que o general Braga Netto justificou a origem dos recursos, alegando que eles vieram de empresários do agronegócio. A PF, entretanto, ainda não concluiu se todo o valor previsto foi efetivamente levantado. “O dinheiro foi uma contribuição direta desses empresários, a pedido de Braga Netto, para viabilizar o plano”, apontou o relatório.

O general Braga Netto foi preso sob acusação de obstrução de Justiça. Cid declarou que o militar teria tentado obter informações detalhadas sobre sua delação premiada no final de 2023. A PF apreendeu, no mês passado, um documento com supostos detalhes da delação em posse do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor direto de Braga Netto. Peregrino também é alvo da operação deflagrada para investigar o plano e a origem dos recursos.

<><> Prisões e investigações em andamento

O major Rafael de Oliveira, identificado como um dos principais executores do plano, foi preso em novembro de 2024. Ele e outros militares já haviam elaborado um orçamento para a operação, que incluía os custos operacionais entre novembro e dezembro de 2022. A PF continua investigando a extensão do envolvimento de outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, também citado no relatório.

As revelações reforçam as suspeitas de que setores do agronegócio estavam profundamente ligados ao financiamento de operações ilegais contra instituições democráticas. A investigação segue em curso, com desdobramentos que podem atingir novos nomes de destaque no cenário político e empresarial brasileiro.

¨      Braga Netto entregou dinheiro em caixa de vinho no plano para matar Lula e outras autoridades

A prisão preventiva do general Walter Braga Netto, ocorrida no último sábado (14), está fundamentada em um relatório da Polícia Federal (PF) que aponta sua atuação direta no plano golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo informações divulgadas pelo jornal Estado de S. Paulo, o ex-vice de Jair Bolsonaro teria entregue recursos em uma caixa de vinho para financiar o plano, que incluía ações criminosas e até assassinatos.

De acordo com o relatório da PF, Braga Netto desempenhou um papel central na articulação golpista. O ministro Alexandre de Moraes destacou que há "fortes indícios" de que ele teve uma participação “mais efetiva e de elevada importância do que se sabia anteriormente”. A prisão ocorreu no Rio de Janeiro e foi autorizada com base em evidências de sua ligação com os crimes.

<><> Financiamento em caixa de vinho

Um dos pontos mais graves das acusações é o relato de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que afirmou em delação premiada que Braga Netto entregou dinheiro para a logística do golpe em uma caixa de vinho. O valor teria sido repassado ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, para financiar as despesas da operação golpista, que pretendia assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

“A PF afirma que Braga Netto teria fornecido recursos financeiros de forma direta e pessoal, ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos”, detalha o relatório. Segundo Cid, os recursos vieram de apoiadores do agronegócio, embora a PF ainda investigue os responsáveis pela doação.

<><> Reuniões e planejamento do golpe

Outra acusação importante é que Braga Netto teria organizado uma reunião em sua casa no dia 12 de novembro de 2022, onde foram planejadas ações contra a posse de Lula. Dias antes, no Palácio da Alvorada, o general Mário Fernandes teria elaborado o planejamento operacional chamado “punhal verde e amarelo”, que previa ações violentas para impedir a posse.

Após a reunião, Mauro Cid discutiu detalhes logísticos com o major Rafael Martins, estimando a necessidade de R$ 100 mil para custear o plano. A PF aponta que Braga Netto estava diretamente envolvido na articulação dessas ações e na tentativa de formar uma base de apoio no Rio de Janeiro.

<><> Coação a militares e articulações golpistas

Braga Netto também é acusado de coagir militares para aderirem ao golpe. Entre os alvos estavam o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica. Ambos recusaram participar da empreitada. Apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria apoiado os planos.

Em conversas com Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército, Braga Netto atacou Freire Gomes, a quem chamou de “cagão”, e sugeriu “oferecer a cabeça” do comandante aos golpistas.

<><> Documentos e tentativa de interferência

Além das ações diretas, Braga Netto é acusado de tentar interferir nas investigações. A PF encontrou em sua mesa documentos relacionados à delação de Mauro Cid, com perguntas e respostas que teriam sido obtidas de forma ilegal. A polícia também localizou um manuscrito que mencionava um plano para impedir que Lula subisse a rampa do Palácio do Planalto, com anotações que incluíam “anulação das eleições” e “substituição de todo o TSE”.

A prisão do general marca mais um capítulo na apuração sobre os atos antidemocráticos que ameaçaram o processo eleitoral de 2022 e a estabilidade institucional do país.

¨      Alvo da PF, assessor de Braga Netto recebeu quase R$100 mil do PL em 2024

O coronel do Exército Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto durante o governo Bolsonaro e no PL, foi alvo da Polícia Federal neste sábado (14) por participação em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo o Metrópoles, Peregrino recebeu pagamentos no valor de quase R$100 mil pelo partido em 2024. Diferentemente de Braga Netto, que teve seu salário cortado pelo PL em fevereiro após ser alvo de operação da PF, Peregrino continuou recebendo valores da sigla.

Conforme informações prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL declarou que Peregrino recebeu seis pagamentos até junho deste ano, no valor total de R$14,7 mil, descritos como “serviços técnico-profissionais.” Além disso, foram registrados dois outros pagamentos em janeiro, lançados como “aluguéis e condomínios” na prestação de contas do partido, mas sem detalhes sobre a natureza desses gastos.

A situação amplia o cenário de pagamentos do PL, que já desembolsou quase R$700 mil em salários e benefícios para indiciados pela Polícia Federal no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. O partido utiliza seu fundo partidário e doações de pessoas físicas para financiar os salários de pelo menos cinco pessoas envolvidas no caso, incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, que já recebeu R$255,7 mil da legenda em 2024.

Peregrino foi mencionado no relatório final da PF sobre a tentativa de golpe. Segundo as investigações, a polícia encontrou em sua mesa, na sede do PL, um documento intitulado “perguntas e respostas” relacionadas à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O relatório indica que as informações revelaram indícios de tentativa de acesso não autorizado a dados do acordo de colaboração firmado por Cid com a Polícia Federal.

O documento da PF destaca que o conteúdo expõe “perguntas feitas a Mauro Cid sobre o teor das reuniões e respostas relacionadas, possivelmente indicativas de preocupação do grupo envolvido com elementos da tentativa de golpe de Estado.” 

¨      Clã Bolsonaro permanece em silêncio sobre prisão de Braga Netto

Horas após a prisão do general Walter Braga Netto em uma operação da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece quase em silêncio. Até o momento, nem Bolsonaro nem seus filhos — o senador Flávio Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro — se manifestaram publicamente sobre a prisão de Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.

De acordo com levantamento realizado pelo Globo com base em publicações nas redes sociais até as 14h deste sábado (14), apenas vinte parlamentares do PL — 18 deputados e dois senadores — se pronunciaram em defesa do general, destacando a polarização do apoio dentro do próprio partido. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, embora tenha dado uma coletiva de imprensa em São Luís (MA) pela manhã, preferiu não comentar a prisão de Braga Netto, adotando uma postura mais comedida em relação ao tema, algo incomum para figuras próximas de Bolsonaro, que em outras ocasiões não hesitaram em se posicionar enfaticamente para defender aliados.

Entre os que se manifestaram, a narrativa predominante é a de que a Polícia Federal estaria agindo de forma persecutória contra os aliados de Bolsonaro. O próprio Braga Netto foi preso após ser indiciado no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, envolvendo a articulação para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.

No Senado, apenas dois senadores do PL se pronunciaram sobre o caso. Jorge Seif (SC) sugeriu que a operação teria como objetivo desviar a atenção do estado de saúde do presidente Lula (PT), que passou por uma cirurgia no cérebro nesta semana. Já Marcos Rogério (RO) defendeu a inocência de Braga Netto, afirmando que o general não representava nenhum risco para as investigações em andamento.

Na Câmara dos Deputados, a reação de membros da bancada bolsonarista foi mais incisiva. A deputada Bia Kicis (DF) afirmou que o verdadeiro "golpe" seria contra a população, que, segundo ela, teria perdido a "liberdade de questionar o sistema". Em um tom mais pessoal, o deputado Bibo Nunes (RS) escreveu nas redes sociais que conversou diversas vezes com Braga Netto e que ele "jamais falou em golpe de Estado".

Outros parlamentares, como Gustavo Gayer (GO), foram mais enfáticos em tentar deslegitimar as acusações contra o general. Gayer classificou a prisão como motivada por "fofoca" e questionou o nível das investigações. "Estão prendendo um general de quatro estrelas, um cara honrado e honesto, por fofoca. Olha o nível que a gente chegou. Não sei porque tem tanta perseguição a supostos golpistas quando estamos vivendo um golpe. Prender um general de quatro estrelas deveria ocorrer apenas quando as provas são irrefutáveis, o que não aconteceu", disse Gayer.

O tom crítico também foi compartilhado por outros aliados, como o deputado Coronel Meira (PE), que afirmou que a prisão de Braga Netto ocorreu "supostamente por uma tentativa de golpe de Estado que nunca aconteceu". Na mesma linha, o deputado Delegado Caveira (PA) se posicionou afirmando que a direita está sendo "caçada" no país.

 

Fonte: Brasil 247

 

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