segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

'Não ouve reação de militares contra prisão de Braga Netto porque ele é visto na caserna como traidor', diz jornalista

O comentarista da CBN, Bernardo Mello Franco, classificou o general Braga Netto como o "02" da tentativa de golpe e afirmou que "não há mais dúvidas" sobre sua atuação na trama golpista. Ele destaca ainda que a ausência de uma "reação exaltada" dos militares à prisão de Braga Netto se deve ao fato de o general ser visto como um traidor.

"Todo mundo tem direito à ampla defesa, a apresentar sua versão dos fatos. Ocorre que, no caso de Braga Netto, já existem muitos elementos, muitos fatos, muitas provas reunidas, que hoje foram colocadas em público, fora do segredo de Justiça. Esses fatos mostram de forma muito clara que ele teve uma atuação direta nesse complô golpista. Não há mais dúvidas de que Braga Netto estava no centro dessa trama contra a democracia brasileira. É claro que a defesa dele vai querer questionar alguns pontos, e ele tem o direito de negar tudo, como vem fazendo até agora, mas os fatos são incontornáveis. Há muitas provas contra ele, inclusive de que agiu com deslealdade em relação aos próprios colegas de farda. Isso explica por que não há uma reação exaltada dos militares contra a prisão: ele é visto hoje na caserna como um traidor", afirmou o comentarista.

Mello Franco também ressaltou que Braga Netto, como vice na chapa de Bolsonaro, estava operacionalizando as ações, inclusive conspirando contra militares que se recusaram a participar dessa aventura autoritária.

"Agora, foi preso o '02'. Todo mundo deve estar se perguntando: quando virá a prisão do '01'? Isso também pode abrir um novo caminho para ficarmos atentos, a partir daquilo que for apreendido com Braga Netto ou do que ele eventualmente disser à Justiça agora que está preso. Isso pode, de fato, abrir caminho para a condenação e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro", destacou.

Para o jornalista, é evidente que "esse golpe tinha um chefe", e a investigação da Polícia Federal demonstra que havia uma cadeia de comando.

"Braga Netto estava no topo, mas acima dele estava o ex-presidente Jair Bolsonaro, que apostou nessa trama, no fim das contas, para tentar se manter no poder, mesmo depois de ser derrotado nas urnas, como foi", frisou.

Mello Franco também chamou atenção para o fato de que a prisão foi conduzida "sem espetacularização":

"Há diferenças no padrão dessa operação em relação, por exemplo, ao que vimos na Lava Jato. Até agora, não saiu nenhuma imagem de Braga Netto preso, não houve uma equipe de TV convocada para filmar a prisão, não houve qualquer tipo de humilhação ou situação vexatória. A lei está sendo aplicada de forma séria, sem espetacularização. Isso já representa um certo avanço em relação ao que vimos nos últimos anos no Brasil."

¨      Cúpula militar avalia que Braga Netto 'abandonou a farda' em trama golpista

Para membros da cúpula das Forças Armadas, o general Braga Netto, preso neste sábado (14) no âmbito do inquérito sobre a trama golpista, agiu mais como político do que como militar nos episódios investigados pela Polícia Federal (PF).

Militares da ativa ouvidos pelo colunista do G1, Valdo Cruz, afirmam que as evidências levantadas no inquérito indicam que Braga Netto havia abandonado seu papel como militar.

Tais militares lembram que durante o período investigado, o general estava baseado na sede do PL, partido ao qual se filiou para ser candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.

Na sede do PL, a Polícia Federal encontrou, com um assessor de Braga Netto, um manuscrito denominado "Operação 142". O documento descrevia um plano cujo objetivo final seria impedir que o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumisse o Palácio do Planalto.

Para integrantes da cúpula militar, Braga Netto adotou um perfil político a partir do momento em que concorreu como vice na chapa de Bolsonaro. Essa atuação teria continuado após a eleição, quando ele foi contratado como dirigente nacional do PL.

"Ele não é mais um militar, tornou-se um político. Braga Netto passou a atuar politicamente, comandando um partido", afirmou um militar, que reconheceu, no entanto, que a prisão do general é extremamente prejudicial para a imagem das Forças Armadas.

Militares ainda acreditam que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve formalizar a denúncia.

¨      Parlamentares bolsonaristas ignoram provas e suspeitas e protestam contra prisão de Braga Netto

Parlamentares bolsonaristas reagiram nas redes sociais em protesto à prisão do general da reserva Walter Braga Netto na manhã deste sábado, 14. Nas manifestações ignoraram as suspeitas de que o militar tenha coagido testemunhas, como aponta relatório da Polícia Federal.

Ao longo da manhã, deputados federais e senadores do PL se manifestaram. Eles difundem uma versão segundo a qual o País está passando por uma corrosão democrática, e dizem que a prisão é uma ofensa e humilhação às Forças Armadas. Há também críticas à atual cúpula militar, nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A prisão de Braga Netto, o primeiro general quatro estrelas preso na era democrática do País, está relacionada às investigações sobre a tentativa de golpe de Estado que ocorreu após a vitória de Lula nas eleições de 2022. A operação que levou à prisão do militar contou com o apoio do Exército.

Braga Netto ficará sob custódia do Comando Militar do Leste e será mantido na Vila Militar, na zona oeste do Rio. Sua defesa afirmou, na semana passada, que ele "não tomou conhecimento de qualquer documento relacionado a um suposto golpe, nem do planejamento de assassinato de alguém". Em relação à prisão deste sábado, ainda não houve manifestação oficial.

Ao ordenar a prisão do general, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que existem "fortes indícios" de que Braga Netto tenha contribuído de forma mais efetiva e de maior importância do que se sabia inicialmente para o planejamento e financiamento da tentativa de golpe que visava manter Jair Bolsonaro no poder. Mas os indícios contidos no relatório da PF que terminou em indiciamento de Bolsonaro, Braga Netto e outras 38 pessoas não são mencionados nos comentários de bolsonaristas neste sábado.

Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou que "a prisão de um general de 4 estrelas é prova irrefutável de que o golpe deu certo, o Brasil é um ditadura". Capitão Alberto Neto (PL-AM) disse que, "assim como ocorre em ditaduras, o Brasil tem perseguido sua oposição". A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), por sua vez, escreveu que "quem está sofrendo um golpe atrás do outro todos os dias é a democracia brasileira". A decisão de Moraes foi tomada com o apoio do procurador-geral da República, Paulo Gonet, cuja escolha pelo cargo foi elogiado pela própria Kicis.

Para Éder Mauro (PL-PA), "a prisão do general Braga Netto é mais um passo no processo de 'venezuelização' do Brasil". Para Junio Amaral (PL-MG), trata-se de "mais um capítulo da sanha autoritária que toma conta deste país".

Sanderson (PL-RS) define a prisão de Braga Netto como "um tapa na cara das Forças Armadas do Brasil. Desmoralização total!". Para o Coronel Chrisóstomo (PL-RO), a reputação das Forças Armadas foi manchada, e que "isso tem que parar. Estão sem limites! O mais alto cargo do Exército brasileiro sendo tratado desta forma!" O senador Jorge Seif (PL-SC) diz acreditar que a prisão tem dois objetivos: "pressioná-lo a delatar Bolsonaro de um crime que não existe e desviar a atenção do Lula no Sírio-Libanês. Fim!"

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), também general e ex-vice de Bolsonaro, elogiou o colega fardado: "Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública e a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido". Para Bibo Nunes (PL-RS), que diz ter ficado surpreso com a prisão, o general preso "nunca incentivou golpe. Nunca. Ele é conhecido pelo bom senso, humildade e amor extremo ao Brasil".

Braga Netto é suspeito de tentar obstruir a investigação sobre o plano golpista para manter Bolsonaro no poder. Em sua manifestação, a PGR afirma que há provas suficientes de "autoria e materialidade dos crimes graves cometidos" e defende que o general representa "risco concreto à ordem pública e à aplicação da lei penal".

"As medidas cautelares diversas da prisão não se revelam suficientes. Nesse contexto, a prisão preventiva requerida afigura-se como medida capaz de garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal, evitando-se a continuidade do esquema criminoso deflagrado e das interferências nas investigações, que seguem em curso", diz o parecer.

Ao pedir a prisão, a Polícia Federal apontou que Braga Netto financiou a ação dos oficiais das Forças Especiais do Exército, os "kids pretos", para matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin, em 2022.

Braga Netto teria entregado recursos aos golpistas em uma sacola de vinho. A informação foi repassada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, em sua delação.

¨      As acusações que pesam contra general Braga Netto, preso em operação da PF

A Polícia Federal prendeu neste sábado (14/12) o general da reserva Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e ministro da Casa Civil e da Defesa do ex-presidente.

Braga Netto foi indiciado, no final de novembro, no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A prisão foi confirmada à BBC News Brasil pela Polícia Federal. Ele foi detido em sua casa em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e encaminhado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército.

À tarde, Braga Netto participou, por videoconferência, de uma audiência de custódia com um juiz instrutor do Supremo Tribunal Federal (STF), onde corre a investigação. Após o procedimento de rotina, a prisão foi mantida.

Ao pedir a prisão preventiva de Braga Netto neste sábado, a PF argumentou que ele teria tentado interferir nas investigações, ao buscar obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, com a Polícia.

O pedido foi acatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a prisão do general. Além de cumprir o mandado de prisão, a PF fez buscas na casa do general da reserva, no Rio de Janeiro.

Moraes também autorizou buscas na casa do coronel Flávio Botelho Peregrino, em Brasília. O militar da reserva é ex-assessor de Walter Braga Netto.

No começo da noite de sábado, Bolsonaro se pronunciou sobre o caso através das redes sociais, sem mencionar o nome de Braga Netto.

"A prisão do General. Há mais de 10 dias o 'Inquérito' foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP [Ministério Público]. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", questionou o ex-presidente em postagem no X (antigo Twitter).

Braga Netto nega as acusações de que é alvo no inquérito. A defesa do militar divulgou nota oficial após a prisão dele no sábado, afirmando que "se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos" e que acredita que terá "oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações".

Além de Braga Netto, outras 36 pessoas foram indiciadas no fim de novembro, entre elas o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Bolsonaro.

Mais três investigados foram indiciados nesta quarta-feira (11/12). Com isso, o inquérito que investiga a tentativa de golpe passou a contar com 40 indiciados ao todo.

O grupo foi indiciado por três crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As penas variam de três a 12 anos de prisão.

Também faria parte do plano de golpe o monitoramento, a prisão ilegal e até uma possível execução de Alexandre de Moraes, ministro do STF e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Lula, à época presidente eleito; e Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito.

<><> Qual o papel de Braga Netto no golpe?

Em suas investigações, a PF indicou "participação concreta" de Braga Netto na tentativa de golpe.

O general da reserva é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe. O militar foi citado 98 vezes.

O ex-ministro da Defesa teria chefiado com Augusto Heleno um suposto gabinete de crise que seria instaurado após a execução do plano a fim de realizar novas eleições. Ele também teria participado da elaboração dos planos golpistas e, inclusive, realizado uma reunião sobre o tema em sua residência em Brasília.

Conforme o relatório, Braga Netto teria aprovado o planejamento operacional do golpe em uma reunião realizada em sua casa em 12 de novembro de 2022.

O encontro contou com a presença de militares como o tenente-coronel do Exército e então ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.

Braga Netto e o general Augusto Heleno chefiariam um gabinete ligado à Presidência da República para apoiar Bolsonaro na implementação de um decreto golpista após a consumação do golpe.

A função do gabinete seria articular redes de inteligência e estratégias de comunicação para conquistar apoio nacional e internacional.

O documento afirma também que, em dezembro de 2022, Braga Netto teria participado de uma ofensiva para pressionar os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano. Entre as estratégias de "milícia digital", ele teria incentivado ataques públicos e pessoais contra generais que se recusaram a aderir ao plano e seus familiares.

<><> Ataques contra militares e coordenação

Em relatório divulgado sobre como teria sido orquestrado o golpe de Estado, a Polícia Federal atribui as ações a uma organização criminosa com tarefas bem definidas e estruturada em pelo menos seis núcleos.

O retrato da organização é baseado na Operação Tempus Veriatis, de fevereiro deste ano.

Segundo o documento, Braga Netto faria parte de dois desses núcleos de operação: o de Incitação Militar e o de Oficiais de Alta Patente e Apoio.

O primeiro núcleo tinha a função de eleger alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam aos supostos planos golpistas.

Esses ataques, segundo a PF, eram realizados a partir da difusão de conteúdo que pusesse pressão sobre militares que hesitavam ou se mostravam contrários ao suposto plano golpista.

Um exemplo elencado pelas investigações da Polícia Federal aconteceu após as eleições de 2022 quando o jornalista Paulo Figueiredo teria recebido informações de outros integrantes do núcleo com os nomes de oficiais que estariam resistindo a aderir ao suposto golpe.

Após receber essas informações, Figueiredo teria divulgado, em um programa de rádio, os nomes destes militares.

Além de Braga Netto, fariam parte desse núcleo o tenente-coronel do Exército e então ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, o jornalista Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros e Bernardo Romão Correa Neto.

Ainda segundo a PF, um dos alvos da campanha de ataques foi o general Marco Antonio Freire Gomes, comandante do Exército. As investigações apontam que o militar tinha uma postura "legalista" e mostrou "resistência" a qualquer empreitada de desrespeitar o resultado das eleições de 2022.

Em um trecho de uma conversa por WhastApp divulgada pela Polícia, Braga Netto expressa sua frustração com Freire Gomes ao militar da reserva Ailton Barros, também indiciado.

Na troca de mensagens, Braga Netto descreve o comandante do Exército como um "cagão" e fala em "oferecer a cabeça dele".

Em outra conversa, o ex-ministro orienta Ailton Barros a atacar o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, líder da Aeronáutica.

Segundo a PF, Braga Netto também teria determinado que os ataques fossem direcionados também à família de Almeida Baptista Junior. "Santa o pau no Batista Junior (...) traidor da pátria. Dai para frente. Inferniza a vida dele e da família", teria escrito em uma das mensagens obtidas.

Já o chamado Núcleo de Oficiais de Alta Patente e Apoio (nomeado em um primeiro momento como Núcleo para Cumprimento de Medidas Coercitivas pela PF) tinha como objetivo influenciar e incitar apoio aos demais núcleos por meio do endosso às ações que estavam sendo tomadas para consumar o suposto golpe de Estado.

Era formado por militares de alta patente, entre eles o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o general da reserva Mário Fernandes, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e o ex-ministro da Defesa e general da reserva Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Ainda de acordo com as investigações, caberia a este núcleo dar suporte e executar ações como o sequestro do ministro Alexandre de Moraes. A tarefa seria responsabilidade de militares Forças Especiais do Exército, os chamados "kids pretos", que à época ficavam subordinadas ao general Theophilo.

<><> 'Clara intenção golpista'

O relatório da Polícia Federal também contém documentos feitos a caneta de como funcionaria a operação. Os policiais disseram ter encontrado na sede do Partido Liberal (o partido de Bolsonaro) um esboço de um plano intitulado Operação 142.

Esse documento foi achado na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, que era assessor do general Braga Netto.

O documento conclui que o "estado final desejado político" é: "Lula não sobe a rampa". Entre os passos descritos pela operação do golpe, estão:

# Anulação das eleições de 2022

# Prorrogação dos mandatos dos políticos

# Substituição de todo Tribunal Superior Eleitoral

# Preparação de novas eleições

# Discurso em cadeia nacional de TV e rádio

# Preparação das tropas para as ações diretas

# Anulação de atos arbitrários do STF

O documento foi encontrado dentro de uma pasta com o título "memórias importantes".

A Polícia Federal acredita que o esboço tenha sido elaborado entre novembro e dezembro de 2022.

"O documento demonstra que Braga Netto e seu entorno (...) tinha clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito, utilizando uma intepretação anômala do art. 142 da CF, de forma a tentar legitimar o golpe de Estado", diz o relatório.

 

Fonte: Brasil 247/Agencia Estado/BBC News Brasil

 

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