Braga
Netto, Bolsonaro, plano para matar: veja pontos do depoimento de Mauro Cid à PF
O
tenente-coronel Mauro Cid foi questionado na quinta-feira (5) sobre o plano
“Punhal Verde e Amarelo“, que tinha como objetivo os assassinatos do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ex-ajudante
de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Cid foi ouvido pela Polícia
Federal (PF).
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Cid confirma à PF participação decisiva de Braga Netto no plano para assassinar
Lula
No
depoimento, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair
Bolsonaro (PL), afirmou que o general Walter Braga Netto teve participação
decisiva em uma trama golpista que incluía o planejamento do assassinato de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então presidente eleito.
A
informação foi divulgada pela CNN Brasil e reforça elementos previamente
apresentados por Cid em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), em 21 de novembro.
Segundo
apuração da CNN, Cid foi questionado pela PF sobre o plano “Punhal Verde e
Amarelo”, que, conforme os investigadores, consistia no assassinato de Lula, do
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Alexandre de Moraes. O
depoimento é o primeiro em que o militar detalha o plano diretamente às
autoridades policiais, revelando novos desdobramentos da articulação golpista.
Braga
Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, foi
candidato a vice do ex-presidente em sua chapa na última disputa pelo Planalto.
Segundo
investigação da PF, o ex-ministro teria aprovado os planos de assassinatos e
que ele seria articulador do plano de golpe.
A
defesa de Braga Netto tem indicado que o “manuscrito do golpe” era um material
preparatório para respostas de demandas de imprensa.
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Acordo de delação premiada
Mauro
Cid, que assinou um acordo de colaboração premiada em setembro de 2023,
tornou-se peça-chave nas investigações sobre o governo Bolsonaro, incluindo
denúncias de fraude em cartões de vacinação contra a Covid-19, venda de joias
sauditas e a tentativa de golpe de Estado. Apesar de enfrentar risco de perder
os benefícios do acordo por contradições anteriores, Cid conseguiu mantê-lo ao
apresentar detalhes inéditos sobre a atuação de Braga Netto, ex-ministro da
Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
Em
seu depoimento ao STF, o ex-ajudante de ordens afirmou desconhecer pessoalmente
os planos para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Entretanto, os novos
elementos reforçam a suspeita de que setores do governo Bolsonaro buscavam
sabotar a democracia por meio de ações extremas.
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Plano “Punhal Verde e Amarelo”
De
acordo com a PF, o plano foi idealizado pelo general Mario Fernandes, então o
número dois na Secretaria-Geral da Presidência. Um documento contendo o
planejamento operacional teria sido impresso no Palácio do Planalto em 9 de
novembro de 2022, poucos dias após a derrota de Bolsonaro nas eleições. O
relatório final aponta que o documento foi levado ao Palácio da Alvorada, mas,
segundo o advogado de Fernandes, Marcus Vinícius Figueiredo, “jamais foi
entregue a ninguém”.
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Repetição
Cid,
de acordo com fontes da CNN, repetiu informações que havia prestado a Moraes em
depoimento no STF no dia 21 de novembro, quando manteve seu acordo de delação
premiada.
A
oitiva de quinta foi a primeira em que o ex-ajudante de ordens foi questionado
especificamente sobre o plano pelos policiais federais. Ele já prestou 14
depoimentos sobre esse e outros casos.
A
Moraes, o ex-ajudante de ordens também afirmou que não sabia de um plano para
matar Lula, Alckmin e o próprio ministro do STF.
Cid
foi indicado junto com Bolsonaro em três casos: além do de golpe de Estado, no
do cartão de vacina e no caso das joias.
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Confusão
No
depoimento, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal (PF) que seu
advogado, Cezar Bitencourt, cometeu um equívoco ao declarar que o ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em
um depoimento recente, Mauro Cid esclareceu à Polícia Federal que há uma
confusão sobre as declarações feitas por seu advogado, Cezar Bitencourt, a
respeito do conhecimento de Bolsonaro sobre o plano. A informação inicial de
que o ex-presidente estava ciente foi divulgada durante uma entrevista, mas o
advogado posteriormente decidiu corrigir a interpretação equivocada de suas
palavras.
O
misterioso plano Punhal Verde e Amarelo, de acordo com fontes da investigação,
era um esquema supostamente elaborado para executar figuras públicas de
destaque no Brasil. Entre os alvos planejados, estariam o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre
de Moraes. Esta grave acusação colocou as autoridades em estado de alerta
máximo, uma vez que envolve a segurança das principais lideranças do país.
Mauro
Cid foi indagado sobre o envolvimento de diversas figuras, incluindo o general
Walter Braga Netto, neste suposto esquema. No entanto, Cid reafirmou seu
desconhecimento sobre a existência do plano e a participação de Bolsonaro,
complicando ainda mais a investigação.
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Indiciamentos e novas implicações
O
caso já resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, por crimes
como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de
Direito e organização criminosa. O inquérito foi encaminhado à
Procuradoria-Geral da República, cabendo agora ao procurador Paulo Gonet
decidir se apresentará denúncias formais.
Com
as novas declarações de Cid, a trama envolvendo a cúpula militar e política do
governo Bolsonaro se torna ainda mais grave, evidenciando tentativas de
subverter o Estado Democrático de Direito e ameaçar a estabilidade
institucional no Brasil.
• Qual é o papel de Mauro
Cid nas investigações?
Mauro
Cid foi uma peça importante no quebra-cabeça das investigações desde que firmou
um acordo de colaboração premiada em setembro de 2023. Seus depoimentos têm
fornecido subsídios necessários para as investigações que se concentram em
alegações de práticas irregulares ocorridas durante o governo Bolsonaro. Entre
as questões em foco, incluem-se tentativas de golpe de Estado, fraudes
associadas a cartões de vacina contra a Covid-19, e transações ilegais
envolvendo joias sauditas.
A
colaboração de Mauro Cid com as autoridades foi reforçada em um depoimento
ocorrido duas semanas após ele ter sido ouvido por Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal. Esta colaboração tem sido vital para o avanço das
investigações, mantendo a complexidade e particularidades dos casos sendo
explorados.
O
panorama das investigações ainda requer esclarecimentos. A Polícia Federal
continua empenhada em coletar evidências e depoimentos que revelem a verdade
por trás do plano Punhal Verde e Amarelo. Os esforços se concentram em
verificar a autenticidade das alegações, apurar possíveis responsabilidades e
garantir a segurança das personalidades mencionadas no esquema.
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A delação e seus limites
Mauro
Cid já prestou mais de dez depoimentos desde o início das investigações
relacionadas ao governo Bolsonaro. Apesar de colaborar com as autoridades, os
investigadores têm percebido que as informações fornecidas por ele são, em
grande parte, confirmatórias de dados que a PF já possuía, muitos deles obtidos
por meio do celular de Cid, apreendido durante o inquérito sobre cartões de
vacinação falsos.
Fontes
próximas à investigação afirmaram que Cid tem mantido sua delação dentro de
limites que parecem proteger outros envolvidos em supostas tentativas de golpe
de Estado. Ele estaria fornecendo o mínimo necessário para cumprir seu acordo,
mas sem trazer grandes novidades ou a chamada “bala de prata” que desvendaria
completamente os fatos.
“A
cada ida de Cid à PF ou ao STF, ele revela um pouco mais, mas não tudo. Isso
sugere que o ex-ajudante de ordens ainda não contou nem um terço do que sabe de
fato”, disse uma fonte próxima ao caso. Essa postura pode comprometer a
avaliação de sua delação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), já que o
acordo exige a revelação completa de todas as informações relevantes.
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Implicações futuras
O
delegado Fábio Shor, responsável pelas investigações que envolvem o
ex-presidente Bolsonaro, assinou a intimação para o novo depoimento de Mauro
Cid. A convocação ocorre em um momento de incertezas sobre a extensão da
colaboração do ex-ajudante de ordens e sobre possíveis novas linhas de apuração
que possam surgir.
Caso
a PGR identifique omissões significativas nas declarações de Cid, seu acordo de
delação pode ser revisto, resultando em sanções mais severas. “O acordo de
colaboração exige transparência total. Se Cid estiver escondendo algo, isso
pode colocar sua situação em risco”, apontou uma fonte envolvida nas
investigações.
O
caso segue sob intensa análise, com a possibilidade de novos desdobramentos,
como um inquérito adicional, dependendo das informações apresentadas por Mauro
Cid nos próximos depoimentos. O episódio também reforça a complexidade e a
sensibilidade das investigações sobre os possíveis crimes cometidos durante a
gestão Bolsonaro.
• "Braga Netto
precisa ser preso imediatamente", diz Lindbergh
O
deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou, em suas redes sociais, a
gravidade das novas denúncias feitas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de
Jair Bolsonaro, em delação premiada. Segundo as revelações, o general Braga
Netto teria financiado um plano golpista contra o presidente Lula, o
vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, utilizando
dinheiro entregue em uma embalagem de vinho. A denúncia reforça a necessidade
de apurações rigorosas sobre a participação de figuras-chave do governo
Bolsonaro em atos contra a democracia.
Em
publicação no X (antigo Twitter), Lindbergh não poupou
palavras:"GRAVÍSSIMO: Em novo depoimento, Mauro Cid diz que Braga Netto
entregou dinheiro numa embalagem de vinho para financiar o golpe, os ‘Kids
Pretos’. Braga Netto PAGOU para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Precisa ser
preso imediatamente!"
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As denúncias e a polêmica envolvendo Mauro Cid
As
declarações de Mauro Cid, realizadas no âmbito de sua delação premiada,
trouxeram novos elementos à investigação sobre tentativas de desestabilização
democrática no Brasil. Segundo o depoimento, o dinheiro teria sido entregue
pelo ex-ministro Braga Netto para financiar ações de cunho golpista, com o
objetivo de atingir lideranças políticas e membros do Supremo Tribunal Federal.
Embora
a delação de Cid seja considerada controversa, com momentos de contradição e
mudanças de tom, as novas informações aumentam a pressão por medidas contra os
envolvidos. Lindbergh reforçou a urgência de uma ação imediata contra o
general: "Não há espaço para leniência com quem atentou contra a
democracia. A prisão de Braga Netto é imprescindível."
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Repercussão nas redes e implicações jurídicas
A
denúncia gerou ampla repercussão nas redes sociais. Usuários ironizaram o
suposto uso de uma embalagem de vinho para transportar o dinheiro. "Foi
tão barato assim que coube numa embalagem de vinho? Nossa, que golpinho mais
mixuruca", comentou um internauta. No entanto, o tom majoritário é de
preocupação, dado o histórico de Braga Netto como um dos pilares do governo
Bolsonaro e candidato a vice-presidente na tentativa de reeleição.
A
Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal agora enfrentam a
tarefa de aprofundar as investigações, que podem resultar em novas ações
judiciais contra figuras centrais do governo anterior.
• Mauro Cid está
debochando da Polícia Federal, diz Tony Garcia
Em
uma postagem incisiva no X, o empresário Tony Garcia fez duras críticas à
atuação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e de seu
advogado. Segundo Garcia, o comportamento da dupla estaria "debochando da
Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF)", em razão das
constantes mudanças de versão apresentadas por Cid em sua delação premiada.
“Mauro
Cid continua debochando da @policiafederal e do @STF_oficial ora incriminando
Bolsonaro ora inocentando-o”, afirmou Garcia na publicação. A mensagem, que já
repercute nas redes sociais, sugere que as idas e vindas de Cid estariam
desmoralizando as instituições e enfraquecendo a própria delação.
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Crítica ao sistema de delações
O
empresário, que diz ter experiência nos bastidores de investigações judiciais,
comparou a estratégia de Mauro Cid com práticas que ele teria presenciado
durante o período em que esteve sob investigação da Operação Lava Jato.
“Durante os quase 20 anos que fui sequestrado e feito refém de Moro @SF_Moro,
Deltan @deltanmd e súcia curitibana, os ‘pais’ das delações no país, presenciei
inúmeros delatores usarem a mesma estratégia de Cid quando deixavam a prisão.”
Garcia
também chamou a atenção para o que acredita ser o verdadeiro papel de Mauro Cid
nesse contexto: "Cid é o cavalo de Troia dos milicos. Alertei sobre isso,
logo após o proposital vazamento de conversas dele próprio, 'denunciando ser
obrigado' pelo delegado responsável pelo inquérito, 'envolver' Bolsonaro em
crimes a mando do ministro @alexandre."
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Impactos nas investigações
Para
Tony Garcia, a postura de Mauro Cid e seu advogado vai além da
autodesmoralização, afetando diretamente o trabalho das instituições e
fornecendo munição para ataques às mesmas. “Vou além: cada vez que Cid é
intimado pela PF para dizer ou desdizer, o que ele ou seu advogado disseram ou
desdisseram, desmoraliza toda a imprensa e dá munição enorme para a ofensiva
contra as instituições”, criticou.
Ele
ainda sugere que as ações do ex-ajudante de ordens e de seu defensor
configurariam obstrução de justiça: “Cid deveria estar preso junto com seu
advogado. O que fazem, por vias transversas, é obstrução de justiça.”
Fonte:
CNN Brasil/Terra/Brasil 247
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