terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Descoberta revolucionária: Memórias não estão confinadas apenas ao cérebro

Cientistas da Universidade de Nova York (NYU) fizeram uma descoberta surpreendente que pode mudar nossa compreensão sobre como as memórias são formadas no corpo humano. A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, revela que células fora do cérebro também têm a capacidade de aprender e formar memórias.

O estudo desafia a crença comum de que apenas as células cerebrais são responsáveis pela formação de memórias. “A aprendizagem e a memória geralmente são associadas apenas aos cérebros e às células cerebrais, mas nosso estudo mostra que outras células do corpo também podem aprender e formar memórias”, explica Nikolay Kukushkin, neurocientista da NYU e autor principal do estudo.

Os pesquisadores basearam-se no efeito conhecido como “massed-spaced”, que demonstra que tendemos a reter informações melhor quando estudadas em intervalos espaçados, em vez de em uma única sessão intensiva. Eles aplicaram este princípio a células não cerebrais em laboratório.

A equipe estudou dois tipos de células humanas não cerebrais: uma de tecido nervoso e outra de tecido renal. Essas células foram expostas a diferentes padrões de sinais químicos, simulando a forma como as células cerebrais são expostas a padrões de neurotransmissores durante o aprendizado.

Os cientistas descobriram que as células não cerebrais ativaram um “gene de memória” – o mesmo gene que as células cerebrais ativam ao detectar um padrão de informação e reestruturar suas conexões para formar memórias. Para monitorar o processo de aprendizagem e memória, as células foram modificadas geneticamente para produzir uma proteína brilhante, indicando quando o gene de memória estava ativo ou inativo.

“Isso reflete o efeito massed-space em ação”, diz Kukushkin. “Mostra que a capacidade de aprender com a repetição espaçada não é exclusiva das células cerebrais, mas, na verdade, pode ser uma propriedade fundamental de todas as células.”

Esta descoberta abre novas portas para entender como a memória funciona e pode levar a melhores maneiras de aprimorar o aprendizado e tratar problemas de memória. Kukushkin sugere que, no futuro, precisaremos tratar nosso corpo mais como o cérebro.

“Por exemplo, considere o que nosso pâncreas lembra sobre o padrão de nossas refeições passadas para manter níveis saudáveis de glicose no sangue, ou considere o que uma célula cancerígena lembra sobre o padrão de quimioterapia”, explica o pesquisador.

 

¨      É possível ‘apodrecer’ o cérebro por excesso de rede social? Veja o que diz a ciência

É possível ter o “cérebro apodrecido” por consumir muito conteúdo de baixa qualidade na internet? O termo em inglês, “brainrot”, foi eleito como a palavra do ano de 2024 pela Universidade de Oxford, em uma votação com mais de 37 mil pessoas. A expressão tem se popularizado especialmente entre os mais jovens, que já reclamam nas redes sociais sobre uma sensação negativa ao passar horas rolando o feed. Não se trata de uma condição clinicamente reconhecida – não há indícios de que o cérebro de fato apodreça -, mas os sintomas deste consumo, que causam essa sensação de “apodrecimento do cérebro”, é um fenômeno que vem sendo estudado.

Um artigo publicado pelo Newport Institute – que reúne diversos centros dedicados à saúde mental nos Estados Unidos -, afirma que a sensação de “cérebro apodrecido” está atrelada à sobrecarga de informações digitais, que pode causar dificuldade de concentração, redução da produtividade, maior agitação, quadros de ansiedade e até depressão.

Essa letargia é a responsável pela sensação de “apodrecimento” do cérebro, uma vez que ele fica mais lento e distante de sua plena atividade. ‘O cérebro apodrecido é uma condição de confusão mental, letargia, redução da capacidade de atenção e declínio cognitivo que resulta de uma superabundância de tempo de tela. Um comportamento de podridão cerebral é a rolagem de feeds online, que envolve longos períodos de busca por notícias negativas e angustiantes online”, diz o Instituto.

O consumo exacerbado de informações simples demais também tende a afastar as pessoas de atividades e conteúdos mais complexos, que demandam interpretação mais profunda e resolução de problemas, reforçando essa sensação de “perda da inteligência”.

O autor Henry David Thoreau, primeiro a escrever sobre apodrecimento cerebral, abordou o assunto muito antes da invenção da internet. Em seu livro “Walden, ou A vida nos Bosques”, de 1854, ele criticou a tendência da sociedade em desvalorizar ideias complexas em favor das mais simples.

“Enquanto a Inglaterra se esforça para curar a praga da batata, não haverá nenhum esforço para curar a praga do cérebro – que prevalece muito mais ampla e fortemente?”, escreveu o autor. Essa tendência humana teria sido reforçada com a internet, que permite maior facilidade na obtenção de informações simplificadas.

<><> Perda da autonomia

Hoje, o Newport Institute afirma que “as consequências da podridão cerebral incluem dificuldade em organizar informações, resolver problemas, tomar decisões e recuperar informações”. Estudos já demonstram o impacto do uso exacerbado de informações de má qualidade ou simples demais na internet.

Uma pesquisa publicada na revista científica norte-americana National Library ofMediciner mostrou que a internet pode produzir alterações na cognição, afetando a atenção e a memória. Essas alterações foram identificadas inclusive na massa cinzenta do cérebro. “Seis semanas de envolvimento num jogo de RPG online causaram reduções significativas na massa cinzenta no córtex orbitofrontal – uma região do cérebro ligada ao controle de impulsos e tomada de decisões”, diz o estudo.

Outra pesquisa, realizada com 1.051 jovens adultos entre 18 e 27 anos, mostrou que o vício em redes sociais tem associação negativa significativa com habilidades de funcionamento executivo, como planejamento, organização, resolução de problemas, tomada de decisões e memória de trabalho.

Ao mesmo tempo, a rolagem excessiva de feeds de redes sociais pode levar a níveis mais elevados de sofrimento psicológico e níveis mais baixos de bem-estar mental, como mostrou uma segunda publicação científica da National Library of Medicine.

E como evitar isso? “Para prevenir ou reduzir a podridão cerebral, tente limitar o tempo de tela, excluir aplicativos que distraem do seu telefone e desligar notificações desnecessárias”, diz o Newport Institute. Os danos ao funcionamento do cérebro tendem a ser reversíveis.

 

¨      Cérebro humano pode reter 10 vezes mais informações do que imaginado

Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia, San Diego, em parceria com o Instituto Salk, desenvolveu uma técnica extremamente precisa para medir a força das sinapses no cérebro de ratos. As sinapses são os pontos de conexão onde as células nervosas se comunicam entre si e armazenam informações, desempenhando um papel vital nos processos de aprendizado e memória.

Ao investigar como essas redes neuronais se tornam mais fortes ou mais fracas, os pesquisadores buscam determinar com exatidão a capacidade de armazenamento de informações nessas estruturas. No cérebro humano, há mais de 100 trilhões de sinapses, que são responsáveis ​​por transmitir informações através de mensageiros químicos.

Conforme aprendemos algo novo, certas sinapses se fortalecem, o que nos permite armazenar novos conhecimentos, uma característica conhecida como plasticidade sináptica, que é fundamental para a nossa capacidade de adaptação e aprendizagem.

No passado, acreditava-se que as sinapses no cérebro humano possuíam tamanhos e forças bastante limitadas. Contudo, estudos recentes apontam uma realidade diferente. Essas pesquisas revelaram que as sinapses, antes vistas como estruturas com poucas variações possíveis, são, na verdade, muito mais complexas do que se imaginava.

Essa descoberta sugere que a capacidade do cérebro humano de armazenar informações pode ser quase dez vezes superior às estimativas anteriores, abrindo novas perspectivas sobre o potencial de memória e processamento do cérebro. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Neural Computation.

<><>O cérebro humano pode armazenar um petabyte de dados

É possível comparar o armazenamento de memória do cérebro humano ao dos computadores, medindo-o em “bits”. A quantidade de bits que o cérebro pode armazenar está ligada ao número e à intensidade de suas sinapses.

Contudo, é essencial lembrar que o cérebro funciona de maneira analógica. Isso significa que ele processa informações continuamente e de forma simultânea, diferente de um computador, que trabalha em intervalos discretos.

Por isso, o conceito de “bit” não representa exatamente como o cérebro guarda dados, mas serve como uma forma simplificada de estimar esse processo.

Desse modo, quando os neurônios se comunicam, fazem isso com diferentes níveis de intensidade. Alguns enviam sinais de forma mais sutil, como se estivessem sussurrando, enquanto outros emitem sinais mais fortes, quase como gritos. A força dessa comunicação, ou a intensidade sináptica, está sempre mudando, tanto no curto quanto no longo prazo.

Com o passar dos anos, e com o surgimento de doenças neurológicas como o Alzheimer, as sinapses podem perder força, levando à redução das capacidades cognitivas. Isso torna os estudos sobre o cérebro ainda mais valiosos, pois eles podem levar à criação de tratamentos inovadores para prevenir ou curar doenças neurodegenerativas, que impactam milhões de pessoas no mundo.

<><>Teoria da Informação

Os pesquisadores estudaram pares de sinapses localizadas no hipocampo de ratos, uma área do cérebro que está fortemente ligada ao aprendizado e à memória. Utilizando uma abordagem baseada na teoria da informação, eles conseguem quantificar a quantidade de dados que essas sinapses podem armazenar e transmitir.

Eles observaram que esses pares de sinapses responderiam de maneira semelhante aos mesmos sinais diretos, ajustando sua força de comunicação. Uma análise revelou que essas sinapses eram capazes de armazenar entre 4,1 e 4,6 bits de informação, um número muito superior ao estimado anteriormente, quando se acreditava que cada sinapse poderia armazenar apenas um bit.

Isso sugere que o cérebro humano pode conter até dez vezes mais informações do que foi planejado, alcançando aproximadamente um petabyte de capacidade — o equivalente a cerca de 500 bilhões de DVDs ou a todos os filmes em alta definição já produzidos.

Embora o estudo tenha focado em uma região específica do cérebro de ratos, pesquisas futuras podem investigar como a capacidade de armazenamento varia entre diferentes áreas do cérebro e entre espécies.

Além disso, essa nova técnica pode ser usada para comparar cérebros saudáveis ​​com aqueles afetados por doenças, oferecendo novas perspectivas sobre condições que prejudicam as funções cognitivas.

 

Fonte: Só Cientifiica/Revista Planeta

 

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