sábado, 29 de abril de 2023

Nunes Marques faz fala bizarra sobre candidaturas femininas e é detonado por Cármen Lúcia

O ministro Kássio Nunes Marques, em sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (27), fez uma fala bizarra sobre candidaturas femininas em eleições.

A Corte se reuniu para analisar uma ação de fraude de cota de gênero em Iatiçaba, no Ceará, e Nunes Marques, que foi alçado ao posto de ministro após indicação de Jair Bolsonaro, discordou dos demais magistrados na tese de que houve irregularidades na candidatura de uma mulher que recebeu 9 votos na eleição de 2020.

Tudo indica se tratar de um caso de "candidatura laranja", isto é, um esquema que partidos se utilizam, lançando candidaturas falsas de mulheres, apenas com o intuito de cumprir o artigo 10 da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997), que determina o preenchimento mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo.

Para Nunes Marques, no entanto, faltou "empatia" para com a mulher que foi lançada em uma candidatura fictícia.

“Há uma tentativa republicana de cumprimento da norma eleitoral, na busca de pessoas do gênero feminino que se disponham a se candidatar. No entanto, a partir do momento que ela se filia e há um completo abandono, a gente precisa ter um pouco de empatia com essas mulheres. Elas nunca participaram de nada, de campanha, não sabem como percorrer esse caminho durante o pleito. Devemos ter empatia porque não é fácil para uma mulher do povo, simples, se candidatar e ter 9 votos numa cidade dessa”, disparou.

A ministra Cármen Lúcia, então, detonou o argumento de Nunes Marques.

“Não somos coitadas. Não precisamos de empatia, precisamos de respeito (...) A Justiça Eleitoral tem a tradição de reconhecer como pessoa dotada de autonomia, e não precisar de amparo. Isso é o que nós não queremos, ministro. E eu entendo quando o senhor afirma, de uma forma que soa paternal, dizendo que haja empatia. É preciso, na verdade, que haja educação cívica”, declarou.

A ministra Cármen Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , disse nesta quinta-feira (27) que as mulheres não podem tratadas como "coitadas" e devem ter seus direitos respeitados na disputa eleitoral.

A ministra participou do julgamento no qual o TSE determinou a cassação de vereadores eleitos pelo partido Cidadania, em Itaiçaba (CE). De acordo com o tribunal, o diretório local fraudou a cota de gênero nas eleições municipais de 2020. A fraude ocorre quando são utilizadas candidaturas fictícias apenas para cumprir a lei.

"Nós, mulheres, sabemos o que é ser tratada em desvalor.  Não é desvalorizando e achando que mulheres são coitadas, porque não somos. Somos pessoas autônomas, em condições iguais a dos homens e, por isso, quando se fala que o partido abandonou, como outrora se diz, porque o marido abandonou a coitada. Não tem coitada, não. Nós não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs", afirmou.

•        Respeito aos direitos da mulher

O desabafo de Cármen Lúcia ocorreu após o ministro Nunes Marques afirmar durante o julgamento que a Judiciário deveria ter "empatia" nos casos de mulheres que estão usadas pelos partidos apenas para cumprimento da cota e não recebem apoio para realização efetiva de campanhas.

"A partir do momento em que ela [candidata] se filia, há completo abandono do diretório municipal em relação à candidatura.  A gente precisa ter um pouco de empatia com essas mulheres que se candidatam e são abandonadas pelo partido. Nunca participam de uma campanha eleitoral, não sabem como percorrer esse caminho durante o pleito", afirmou o ministro.

Ao rebater Marques, a ministra afirmou que as mulheres querem respeito aos seus direitos.

"O que a gente quer não é empatia. É respeito aos nossos direitos. É preciso reconhecer [a mulher] como pessoa dotada de autonomia e capaz, sem precisar de ser amparada, cotejada", completou Cármen.

No julgamento, o TSE decidiu, por 4 votos a 3, que os votos recebidos pelos vereadores acusados de fraudar a cota de gênero serão anulados e nova totalização deverá ser feita para que outros candidatos passem a ocupar as vagas.

Pela lei eleitoral, os partidos devem preencher mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo.

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, disse, por sua vez, que no caso em questão a fraude é "descarada'. 

“Nós temos que dar um recado muito claro para as eleições do ano que vem. Um aviso no sentido de que a Justiça Eleitoral não irá tolerar, de novo, candidaturas fraudulentas. Não é possível que alguém tenha dois votos. Não é possível que uma candidata se candidate e, depois, diga: “Olha, eu tenho filho pequeno. Olha, a Covid”. Não se candidate, então”, afirmou.

 

       Carlos Bolsonaro promove ataque misógino contra Janja

 

Sem nenhuma novidade, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou de um expediente comum da extrema direita para atacar a primeira-dama Janja Silva: baixaria e misoginia.

Ao comentar uma matéria no Twitter, que chamava pelo fato de Janja ter parabenizado a atitude do ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, que humilhou o senador Girão (PL-CE), o filho do ex-presidente Bolsonaro atacou Janja de maneira baixa.

"Imagina isso acasalando com o Lula na prisão? Esperar o que disso", escreveu Carlos Bolsonaro na manhã desta sexta-feira (28).

A publicação em que Janja elogia o ministro Silvio Almeida.

•        Performance

O ataque misógino de Carlos Bolsonaro contra Janja diz respeito a uma manifestação de solidariedade da primeira-dama ao ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.

Silvio Almeida, detonou a tentativa de lacração dos bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF), ex-titular da pasta, e de Eduardo Girão (Novo-CE), que levaram um feto de 12 semanas durante audiência realizada na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

Em sua fala, Damares afirmou que ela e Girão levaram um "presentinho". "A gente vai entregar para o senhor, com muito carinho, porque as pessoas não entendem o que a gente está fazendo e a gente quer apenas que a criança viva e tenha direitos garantidos. Eu vou deixar com o senhor um bebêzinho de 12 semanas, se você puder levar com carinho, ministro, e a gente entender que é isso que a gente queria fazer".

Silvio Almeida rejeitou o "presentinho" e denunciou o que classificou como "performance" dos bolsonaristas

"Senador Girão, eu não quero receber isso por um motivo muito simples: eu vou ser pai agora. E sei muito bem o que significa isso. Isso é uma performance que eu repudio profundamente. Com todo respeito, isso é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que temos no país", disse Almeida.

"Em nome da minha filha que vai nascer, eu me recuso a receber isso aí", emendou Almeida. "Isso é um escárnio".

 

       Dallagnol faz vídeo ridículo, destila misoginia e homofobia e prova que mentiu sobre PL das Fake News

 

Alinhado cada dia mais à bancada bolsonarista no Congresso Nacional e acostumado a dar interpretações tortas sobre as leis quando comandava a Lava Jato no Paraná, o deputado Deltand Dallagnol (Podemos-PR) divulgou um vídeo ridículo nas redes em que tenta "lacrar" sobre a fake news criada por ele, de que o Projeto de Lei 2630/2020 que regulamenta as redes sociais iria "censurar" versículos bíblicos.

No vídeo, em que destila misoginia a partir de sua interpretação de versículos bíblicos, Dallagnol acaba provando que mentiu ao dizer que as citações que fez "podem" ser enquadradas no PL das Fake News.

Ao afirmar que os versículos "podem" ser censurados, o ex-procurador faz uma interpretação pessoal tanto do que consta no Projeto de Lei, quanto ao que está nos versículos bíblicos.

Ao exemplificar, Dallagnol cita alguns dos versículos citados por ele e destila misoginia ao interpretá-los e dizer que "podem" ser classificados como discurso de preconceito e ódio nas redes.

"Eu postei ontem nas redes sociais, tá aqui no twitter, um post dizendo: atenção cristãos, alguns versículos serão banidos das redes sociais veja alguns versículos que serão censurados", afirmou Dallagnol com a série de textos bíblicos citados por ele.

"Vamos ver aqui, Efésios fala: 'mulheres sujeitem-se aos seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja que é seu corpo, do qual ele é o salvador. Assim como a Igreja está sujeita à Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas aos seus maridos'. Como vou mostrar, isso pode ser enquadrado em discriminação em razão de sexo lá no projeto que vai mandar as redes sociais controlar, modular esse tipo de conteúdo. Vamos para Romanos, 1: 26-27, diz o seguinte: da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns com os outros. Começaram a praticar atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo por sua perversão'. Muita gente vai enquadrar isso como homofobia, que está lá previsto no projeto e a lei, mais uma vez, vai mandar as redes sociais moderarem, controlarem, diminuírem alcance ou até mesmo retirarem o conteúdo", afirmou, dando uma sequência de exemplos de escritos bíblicos.

A fake news construída por Dallagnol, no entanto, foi rechaçada até pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), propositor do projeto e ferrenho defensor da Lava Jato, que chamou o ex-procurador de "canalha".

"É preciso ser muito canalha para criar uma fakenews envolvendo religião para atacar o PL 2630. É óbvio que nenhum trecho da Bíblia será censurado, basta ler o PL", disparou o senador.

"Quem vive de mentira e crime é capaz de tudo para atacar um projeto que defende a liberdade com responsabilidade", prosseguiu o autor do PL, em crítica indireta a Dallagnol.

Na noite desta terça-feira (25), a Câmara aprovou por 238 a 192 a urgência na votação do projeto. Além de Dallagnol, votaram contra majoritariamente apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e parlamentares da ultradireita.

 

Fonte: Fórum/iG

 

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