sexta-feira, 28 de abril de 2023

Caso Lucas Terra: pastores são condenados a 21 anos de prisão por matar e queimar corpo de adolescente

Os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva foram condenados a 21 anos de prisão em regime fechado, pela morte do adolescente Lucas Terra, que foi queimado vivo e teve o corpo abandonado em um terreno baldio da capital baiana em 2001. A sentença, que cabe recurso, foi proferida pela juíza Andréia Sarmento às 21h30, desta quinta-feira (27).

Confira as penas:

  • Fernando Aparecido da Silva: 18 anos de reclusão, agravada para 21 anos de prisão;
  • Joel Miranda: 18 anos de prisão, agravada em 21 anos.

Lucas Terra foi queimado vivo em 2001 e, 22 anos após o homicídio, os pastores Joel Miranda Fernando Aparecido da Silva foram julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes para o homicídio são: o motivo torpe, o emprego do meio cruel e a impossibilidade de defesa da vítima.

O adolescente tinha 14 anos. Ele também teria sido estuprado pelos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, após flagrar uma relação sexual entre os dois, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, na capital baiana.

Durante a tarde e a noite desta quinta, os promotores de Justiça e os advogados de defesa dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, participaram da fase de debate. Cada um deles buscou convencer os jurados do Conselho de Sentença, por 2h30.

Depois, os representantes do Ministério Público da Bahia (MP-BA) optaram por não pedir a réplica e os jurados se reuniram na sala especial para votação.

Pela manhã, os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva foram ouvidos por cerca de 5 horas.

Durante todo o dia, a mãe do adolescente, Marion Terra, acompanhou o julgamento e se emocionou por diversas vezes. No momento da explanação da defesa, ela saiu do Salão Principal e ficou sentada com os outros dois filhos e familiares.

g1 entrou em contato com a defesa dos pastores, mas não foi atendido até a última atualização desta reportagem.

·         Júri popular

No primeiro dia do júri, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa foram ouvidas. Segundo um dos advogados de acusação, Jorge Fonseca, a testemunha de defesa apresentou contradição na fala. Por isso, os advogados de acusação pediram acareação, ou seja, que a testemunha prestasse depoimento novamente.

"Verificamos inconsistências nos depoimentos de algumas testemunhas com o dele, então a acareação serve para pôr em cheque e esclarecer o depoimento", explicou o advogado Jorge Fonseca.

Entre as testemunhas de acusação ouvidas no primeiro dia, estava a mãe da vítima, Marion Terra, que se emocionou bastante durante o depoimento. Por ter sido testemunha na terça (25), Marion não pôde participar do segundo dia do júri. Ela esteve no Fórum Ruy Barbosa na quarta, mas foi embora antes da sessão começar.

Além de Marion, outras testemunhas deram seus depoimentos. Uma das testemunhas afirmou que viu Lucas na noite em que ele desapareceu, na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), no bairro da Santa Cruz, e recebeu da vítima a informação de que ele estaria com Silvio Galiza.

Outra testemunha disse que recebeu orientação de um pastor da IURD para suspender as buscas por Lucas Terra, que eram feitas por familiares e amigos, de modo independente.

No segundo dia do júri, que durou cerca de 10 horas, as esposas dos dois pastores testemunharam a favor dos réus. A advogada de acusação, Tuane Sande, disse que foram encontradas contradições no depoimento da companheira do pastor Fernando Aparecido da Silva:

  • as contradições foram identificadas quando a esposa de Fernando Aparecido da Silva teria dito que havia encontrado com Lucas Terra em Copacabana, no Rio de Janeiro;
  • entretanto, nos autos do processo, constam que ela não se lembrava se já tinha tido contato com o adolescente.

Nove das 10 testemunhas de acusação foram ouvidas - uma delas já havia prestado depoimento na terça.

A defesa dos réus focou em demonstrar como era a rotina dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido na semana que Lucas desapareceu e foi encontrado morto.

As esposas dos dois religiosos contaram que estavam com os réus no dia em que Lucas teria desaparecido, na noite de 21 de março de 2001.

Além disso, um bispo e dois pastores da Igreja Universal foram ouvidos e contaram que Lucas era um jovem dedicado a religião e que os fiéis da igreja se comprometerem a procurar por ele após o desaparecimento.

 

Ø  Apesar das evidências, Igreja Universal saiu em defesa de pastores

 

A Igreja Universal divulgou uma nota a respeito dos depoimentos de testemunhas durante o júri popular dos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, suspeitos de envolvimento na morte do jovem Lucas Terra, em 2001.

<<<< Leia a íntegra da nota enviada pela instituição

"A Igreja Universal do Reino de Deus esclarece que está completamente convicta quanto à inocência de Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, Pastores da Universal.

Em relação aos dois — ambos com quase 32 anos de ministério —, jamais foi encontrado, até aqui, comportamentos, provas ou indícios que os coloquem na cena deste crime tão brutal e lamentável.

Talvez a jornalista não saiba, mas quem conhece o trabalho da Igreja, principalmente seus oficiais, sabem muito bem que ela exige, de todos os membros de seu corpo eclesiástico, um comportamento irretocável, para que possam exercer a atividade missionária a eles confiada, como um verdadeiro exemplo de conduta para a comunidade onde atuam. Afastando, de imediato, qualquer um que tenha comportamento contrário à fé cristã e do que é requerido de Bispos e Pastores. 

Também vale destacar que outras duas testemunhas de defesa, sendo dois Bispos da Universal, confirmaram isso hoje em depoimento neste júri – que a Igreja não somente apura e desliga quando descobre um fato que configure crime, mas denuncia às autoridades. Sendo, também destes dois, uma das responsabilidades na Instituição apurar, afastar e denunciar à justiça se algum caso assim for encontrado. É lamentável que a jornalista tenha ignorado completamente estes depoimentos, e tenha encontrado pauta em cima de um trecho do depoimento do Pastor (o final de uma frase dita tão somente por um momento de confusão de raciocínio, um equívoco, provocado pela pressão do Ministério Público), e ainda sem considerar o que este mesmo depoente disse no início de sua fala. Inclusive, caberia a jornalista perguntar qual a responsabilidade de cada oficial dentro da Universal, qual a competência de cada um. E justamente por não ser competência deste pastor, não teria como ele saber responder dando detalhes, como fez os dois Bispos.

Já que Correio da Bahia pulicou uma reportagem sobre esta seríssima acusação, levando em conta um trecho de fala totalmente contrário ao comportamento sério da Igreja Universal, as falas das demais testemunhas de defesa, que trazem exatamente o contrário, deveriam também ser trazidas, o que é uma prova incontestável da total e descabida parcialidade deste veículo.

Posto isto, a Universal reforça que continua acreditando na Justiça brasileira, e tem a convicção de que será restabelecida a justa decisão à época da Juíza de 1a instância, de não os levarem a júri popular, por absoluta ausência de provas contra os mesmos.

Reforçamos também que é lamentável e vergonhoso ver como parte da Imprensa vem se referindo aos Pastores, que mesmo sem qualquer prova contra eles, estão sendo tratados como "culpados”, ou seja, os condenando, contrariando completamente o 

princípio básico da Justiça. O que demonstra, mais uma vez, o tremendo preconceito contra a igreja cristã e a dignidade do pastor evangélico no geral.

Nossas orações – pelos familiares da vítima – e pelos pastores, que, juntamente de seus familiares, têm sido submetidos a uma grave, descabida e injusta pena, em uma campanha midiática que já dura há anos. 

Os Bispos, Pastores e milhões de simpatizantes da Universal, que estão entre as maiores vítimas de preconceito religioso no Brasil, sentem também essa dor".

 

Fonte: g1/Correio

 

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