terça-feira, 11 de julho de 2023

No PL de Bolsonaro, livre expressão de pensamento é coisa relativa

Liberdade de expressão tem limite no PL, partido de Bolsonaro, que se diz um defensor intransigente da manifestação de pensamento e do jogo dentro das quatro linhas da Constituição.

 (Quando atacou, sem provas, o processo eleitoral e disse que ele não era seguro; quando defendeu a ditadura militar de 64 e a tortura, ele justificou que apenas expressava sua opinião.)

Enquanto Bolsonaro pede ao PL que pague a reforma da cozinha do seu escritório, pago, assim como a casa em que mora, o seu e o salário de Michelle também pelo partido, deputados federais…

Deputados federais do PL, em um grupo de WhatsApp, batem boca sobre a votação da reforma tributária, trocam desaforos, lavam roupa suja, e são bloqueados pelo líder da bancada na Câmara.

Uma coisa é defender a liberdade de expressão em teoria e com fins eleitorais. Outra é exercê-la de fato. O PL deu 20 votos para aprovar a reforma e 75 para barrá-la. A reforma foi aprovada.

Se dependesse de Bolsonaro, todos os votos teriam sido contra a reforma. Ele dizia acreditar que, assim, a reforma jamais seria aprovada. Estava errado. Ela foi e com folga: 382 a 118.

Uma vitória dos que batalhavam pela simplificação do regime tributário nos últimos 30 anos, de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e de Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda.

Por extensão, uma vitória do governo Lula, que a bancou, também do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que a apoiou em cima da hora, e uma derrota, naturalmente, da extrema direita.

O economista Paulo Guedes, ex-ministro da Economia de Bolsonaro, não deu um pio sobre a aprovação da reforma. Não que fosse contra, mas para não se indispor com seu antigo patrão.

Foi Guedes o inventor do Bolsonaro liberal, discípulo dos criadores das leis de livre mercado. À época, o mercado amou a invenção. Hoje, com a aprovação da reforma tributária, o mercado faz “L”.

A ninguém mais no WhatsApp do PL será permitido postar mensagens contra ou a favor da reforma tributária, conforme decisão do zeloso deputado líder da sigla, Altineu Côrtes (RJ).

Estão proibidas expressões como “melancias traidores” e “comunistas”, referências aos que votaram a favor, ou “extremistas”, referência aos que votaram contra.

Acabou essa história de que “roupa suja se lava em casa”. Lava-se, sim, desde que não vaze e não se torne pública a lavagem de roupa. Uma vez que se tornou, a censura se faz necessária. Taokey?

(Um dia desses, ao comentar a situação na Venezuela do ditador seu amigo Nicolás Maduro, Lula disse que a democracia é relativa. O que deveria ter dito é que ditadura não é relativa.)

Em tempo: o assaz louvado Tarcísio, elevado à condição de possível redentor da direita em 2026 caso se eleja presidente, fez as pazes com Bolsonaro e afirma que sempre será leal a ele.

 

       Reforma tributária: após votação, PL tem barraco em grupo de WhatsApp

 

Um grupo do Partido Liberal (PL) no WhatsApp foi palco de divergências entre parlamentares filiados à legenda após a votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados.

Conforme divulgado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Metrópoles, a confusão teria ocorrido no domingo (9/7), três dias após a análise da reforma tributária na Câmara, motivada pelo fato de que alguns deputados do PL votaram de forma favorável ao texto.

Desde o início da discussão sobre o texto, o partido de Valdemar Costa Neto tem se posicionado contra a proposta, que é uma das apostas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A posição contrária é, inclusive, marcada por críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem atuado como um “mentor” da legenda.

Apesar de não ter fechado questão sobre o assunto, o PL orientou, durante a votação, que os parlamentares da legenda votassem contra o texto. No entanto, dos 99 deputados filiados ao PL, 20 votaram a favor da reforma no primeiro turno de votação.

Conforme apurou o Metrópoles, deputados que votaram de forma favorável à pauta revelaram que estariam sido perseguidos nas redes sociais pela posição que adotaram em plenário.

O assunto causou discussões acaloradas no grupo, com críticas de parlamentares que seguiram a orientação do partido. Após a confusão, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, bloqueou o envio de mensagens no grupo, permitindo que apenas administradores do canal se comunicassem.

•        "Parece que nós, bolsonaristas, somos otários": o barraco de deputados do PL no WhatsApp

A implosão do PL, partido de Jair Bolsonaro, na votação da Reforma Tributária - quando 20 deputados da sigla votaram a favor da proposta do governo Lula - resultou em um barraco no grupo de WhatsApp que reúne parlamentares da legenda.

Líder do partido, Altineu Cortês (PL-RJ) teve que bloquear o grupo, impedindo os deputados de enviarem mensagens, após a troca de farpas entre a ala bolsonarista e aqueles que votaram a favor da reforma.

A discussão começou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) reclamou da perseguição de "extremistas" contra os 20 que votaram a favor da reforma.

"Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor", escreveu Gurgel, emendando em seguida: "Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!".

A mensagem foi rebatida pela armamentista Júlia Zanatta (PL-SC), uma das aliadas mais ferrenhas de Bolsonaro. "Não sei por que tanto choro. Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?".

Júnio Amaral (PL-MG), da ala bolsonarista radical do partido saiu em defesa da colega e desabafou.

"Essas tentativas de justificar o voto aqui no grupo da bancada fica parecendo que nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto, me ajuda aí. Como se ninguém soubesse como funciona", escreveu.

Em seguida, Gurgel jogou a toalha: "Amigo, pede minha expulsão! Aqui não tem clima mais com vcs!!". O parlamentar, antigo na sigla, ainda falou que é uma "tristeza vocês terem vindao pro PL".

André Fernandes (PL-CE), um dos mais radicais, indagou: "Vocês quem?". E leu de Gurgel: "Vc, amigo, é um deles, pede expulsão, não respeita! Preferia vc em outro partido".

Fernandes rebate: " Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade".

Com os ânimos exaltados, Cortês bloqueou novas mensagens e pôs fim à discussão.

•        Outro lado

Procurado pelo Metrópoles, o deputado não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem. Em nota, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) alegou que é “normal” haver divergências em um partido tão grande como o PL.

“É normal, em um partido tão grande, haver divergências. Votei contra a reforma tributária, como a maioria dos colegas do partido, mas teve gente do grupo que votou a favor. Cada um que lide com seu voto”, avaliou a parlamentar.

A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) explicou que chegou a sugerir que o partido fechasse questão oficialmente contra a reforma, para que todos votassem do mesmo jeito. Como não houve consenso, cada parlamentar ficou livre para votar da forma que quisesse.

“Se o partido tivesse fechado questão contra a reforma, como cheguei a sugerir, todos teriam de votar do mesmo jeito. Como isso não aconteceu, cada um pode votar de acordo com o seu próprio entendimento e a expectativa dos seus eleitores”, pontuou a deputada.

20 votos favoráveis no primeiro turno

As críticas de Bolsonaro e da oposição à reforma não foram suficientes para atrapalhar a tramitação do texto. A matéria foi aprovada com folga na madrugada de sexta-feira (7/7): 382 votos favoráveis e 118 contrários no primeiro turno. No segundo, foram 375 a favor e 113 contra.

Na Câmara, a bancada orientou que os parlamentares votassem contra o texto. Dos 99 deputados da legenda, 20 votaram a favor da reforma no primeiro turno.

•        Deputados ameaçam deixar partido

Após a votação divergente da reforma tributária na Câmara dos Deputados, parlamentares do PL, partido de Jair Bolsonaro, trocaram farpas em um grupo de WhatsApp da bancada, conforme informações do jornal O Globo. A troca de mensagens envolve xingamentos, acusações e até mesmo ameaças de saída do partido.

Depois da polêmica discussão no grupo, alguns parlamentares favoráveis à reforma tributária estão considerando a possibilidade de solicitar à Justiça permissão para deixar o PL sem infringir a regra de fidelidade partidária. No entanto, esses parlamentares são minoria dentro do partido, que conta com 99 deputados e se tornou o maior da Câmara após a adesão em massa de aliados de Bolsonaro.

•        Acusações e xingamentos

Diante do intenso debate ocorrido no grupo, o líder do partido, Altineu Côrtes (PL-RJ), tomou a decisão de bloquear o grupo, impedindo que os membros enviassem novas mensagens. Mas não adiantou. Expressões como "melancias traidores" (comunista) e "extremistas" passaram a circular no grupo.

"Tá igual ao PSL", escreveu um dos deputados que comparou a situação atual com o ocorrido no antigo PSL, que se desintegrou em 2019 devido a uma briga interna entre apoiadores leais a Bolsonaro e outra parte da bancada. A disputa interna resultou na divisão do partido, antes de sua fusão com o Democratas para formar o União Brasil.

A discussão no grupo do PL se intensificou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) começou a criticar os "extremistas" e a perseguição nas redes sociais aos 20 parlamentares do partido que apoiaram a reforma. Gurgel foi um dos deputados que apoiaram a proposta.

De acordo com um deputado próximo a ele, as tensões vêm se acirrando desde a votação do arcabouço fiscal.

"Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!", escreveu o parlamentar. "Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que vai me eleger!", completou.

 

       Deputados se dizem perseguidos por voto a favor da reforma tributária

 

Deputados do PL afirmam que são perseguidos por colegas da bancada se não votarem alinhados às posições do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) na Câmara. As denúncias foram feitas depois que o Estadão obteve fotos de mensagens trocadas no grupo de WhatsApp dos deputados federais do partido, neste domingo, 9, em que bolsonaristas radicais atacaram deputados que divergem das posições do ex-presidente. Houve revide e o clima esquentou tanto que o líder do PL na Casa, Altineu Côrtes (RJ), precisou restringir novas publicações, permitidas agora só aos administradores do canal.

Parlamentares da legenda se dizem perseguidos desde que deram votos favoráveis ao governo na votação do arcabouço fiscal na Câmara. Na ocasião, 30 deputados do PL votaram a favor do governo. Mas deputados dizem que os ataques dos colegas bolsonaristas aumentaram depois dos 20 votos na bancada do PL a favor da reforma tributária. A liderança do partido orientou voto contra a reforma e Bolsonaro se empenhou pessoalmente em convencer correligionários a se posicionarem contra o texto. Só que, além dos ataques internos, a desobediência a Bolsonaro também provoca perseguição de milicianos digitais nas redes, diz quem diverge da cartilha bolsonarista.

Deputados perseguidos dizem que são assediados por cerca de 10 "radicais" da bancada, que são assim classificados por eles por praticarem ataques pessoais a quem não segue a cartilha bolsonarista. Em entrevista ao Estadão, os deputados Vinicius Gurgel (PL-AP) e Yury do Paredão (PL-CE) relataram ataques de bolsonaristas da bancada e disseram que o comportamento deles destoa até de Eduardo Bolsonaro (SP), o filho "Zero Três" do ex-presidente, que poupa os dissidentes de ofensas pessoais, embora turbine os argumentos do pai nas redes.

Quem diverge de Bolsonaro calcula que, na bancada de 99 deputados do PL, a maior da Câmara, há cerca de 10 bolsonaristas "radicais", porque atacam correligionários, e outros 20 bolsonaristas fiéis, porém "respeitosos" aos colegas.

Gurgel (PL-AP) disse que sua filha foi assediada por colegas na escola, porque bolsonaristas tacharam ele de "traidor" de Bolsonaro em montagens nas redes, depois que votou em favor do governo federal. "Perguntaram para minha filha na escola: 'por que teu pai traiu o Bolsonaro?' Eu não traí ninguém", relatou Gurgel, que é deputado federal desde 2011 e rejeita qualquer dívida com Bolsonaro por seu desempenho eleitoral.

"Sou 1001% PL e presidente Valdemar Costa Neto. Minha pior votação foi agora quando Bolsonaro veio para o partido, mas não tenho nada contra o ex-presidente. Infelizmente, quando não votamos com a pauta bolsonarista, somos agredidos nas redes sociais. Tem que ter respeito mútuo. A gente não fica criticando Bolsonaro ou bolsonaristas", disse o deputado.

Também turbinado por redes sociais, Yury avalia que os ataques dos seguidores de Bolsonaro na bancada são tentativas de manter seus eleitores engajados. Ele diz que não vai deixar bolsonaristas que lhe atacam interferirem em suas votações. "A gente se elegeu com a pauta diferente deles. Mas fazem tudo para ganhar likes", afirmou ao Estadão. "Não vamos deixar deputados radicais interferirem na forma de conduzir nosso mandato", acrescentou.

Gurgel diz que se absteve de votar na MP dos Ministérios, em que seria favorável à medida do governo, justamente para não ser atacado por bolsonaristas. Ainda assim, foi punido pelo partido - perdeu assento na Comissão de Agricultura, na Comissão de Integração Nacional e na Comissão de Saúde.

Deputados atacados por bolsonaristas avaliam que outros parlamentares deixaram de votar contra os interesses de Bolsonaro depois que os ataques começaram nas redes sociais, quando 30 deputados do PL votaram no dia 23 de maio a favor do arcabouço fiscal, proposto pelo governo.

A confusão deste domingo, 9, estourou depois que o deputado federal André Fernandes (PL-CE) resgatou uma foto postada pelo seu colega Yury do Paredão (PL-CE), em que este aparece ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma visita presidencial ao Ceará em maio. Como mostrou o Estadão, Yury foi um dos oito deputados punidos pelo PL com a perda da participação em comissões, por terem votado de maneira favorável ao governo na Medida Provisória (MP) que colocou em prática a divisão de ministérios idealizada por Lula. Além deles, Gurgel também foi punido pela abstenção. A punição foi aplicada sob a justificativa de que o PL "fechou questão" contra a aprovação da MP dos Ministérios.

Filho do senador Carlos Viana (Podemos-MG), o deputado Samuel Viana (PL-MG) fez uma longa argumentação no grupo de WhatsApp do PL, em que criticou atitudes dos bolsonaristas de fazer oposição a qualquer projeto do PT, "contra tudo a qualquer custo", sem propor nada em troca. Ele reclamou especialmente da postura na rejeição à reforma tributária.

"Vocês foram para o plenário posicionar enquanto o jogo estava rolando. Ninguém se preocupou em chamar os governadores, associações, se juntar a bancada ruralista, indústrias, etc. e tentar fazer do 'limão uma limonada'. Ser o pai das alterações no texto e estar mais perto da construção que estava sendo feita para ser o 'pai da criança' ou mostrar que a oposição da direita seria diferente da esquerda. Que faria com que aquele texto inicial, cheio de problemas, fosse alterado a pedido e trabalho da oposição. Isso é ruim não é pra mim, é pro próprio PL", reclamou Samuel Viana no grupo dos deputados do PL.

"Ser um partido bolsonarista é agir assim? Como o PT e PSOL fazem? Contra tudo a qualquer custo? Temos muito mais qualidade aqui. O príncipe conhece demais de tributário", afirmou Viana, em referência ao deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP).

Depois de restringir as publicações no grupo de WhatsApp, Côrtes, o líder do PL na Câmara, afirmou que vai conversar com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e com Bolsonaro "para que possamos juntos com a bancada discutir e estabelecer nossos limites".

"Bolsonaro colocou na última reunião que nessa votação da reforma tributária não era o caso de fechar questão! Vamos manter a calma, com agressão não vamos resolver nada", afirmou Côrtes aos deputados no grupo de WhatsApp.

 

Fonte: Metrópoles/Terra

 

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