No PL de Bolsonaro,
livre expressão de pensamento é coisa relativa
Liberdade
de expressão tem limite no PL, partido de Bolsonaro, que se diz um defensor
intransigente da manifestação de pensamento e do jogo dentro das quatro linhas
da Constituição.
(Quando atacou, sem provas, o processo
eleitoral e disse que ele não era seguro; quando defendeu a ditadura militar de
64 e a tortura, ele justificou que apenas expressava sua opinião.)
Enquanto
Bolsonaro pede ao PL que pague a reforma da cozinha do seu escritório, pago,
assim como a casa em que mora, o seu e o salário de Michelle também pelo
partido, deputados federais…
Deputados
federais do PL, em um grupo de WhatsApp, batem boca sobre a votação da reforma
tributária, trocam desaforos, lavam roupa suja, e são bloqueados pelo líder da
bancada na Câmara.
Uma
coisa é defender a liberdade de expressão em teoria e com fins eleitorais.
Outra é exercê-la de fato. O PL deu 20 votos para aprovar a reforma e 75 para
barrá-la. A reforma foi aprovada.
Se
dependesse de Bolsonaro, todos os votos teriam sido contra a reforma. Ele dizia
acreditar que, assim, a reforma jamais seria aprovada. Estava errado. Ela foi e
com folga: 382 a 118.
Uma
vitória dos que batalhavam pela simplificação do regime tributário nos últimos
30 anos, de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e de Fernando Haddad
(PT), ministro da Fazenda.
Por
extensão, uma vitória do governo Lula, que a bancou, também do governador
Tarcísio de Freitas (Republicanos), que a apoiou em cima da hora, e uma
derrota, naturalmente, da extrema direita.
O
economista Paulo Guedes, ex-ministro da Economia de Bolsonaro, não deu um pio
sobre a aprovação da reforma. Não que fosse contra, mas para não se indispor
com seu antigo patrão.
Foi
Guedes o inventor do Bolsonaro liberal, discípulo dos criadores das leis de
livre mercado. À época, o mercado amou a invenção. Hoje, com a aprovação da
reforma tributária, o mercado faz “L”.
A
ninguém mais no WhatsApp do PL será permitido postar mensagens contra ou a
favor da reforma tributária, conforme decisão do zeloso deputado líder da
sigla, Altineu Côrtes (RJ).
Estão
proibidas expressões como “melancias traidores” e “comunistas”, referências aos
que votaram a favor, ou “extremistas”, referência aos que votaram contra.
Acabou
essa história de que “roupa suja se lava em casa”. Lava-se, sim, desde que não
vaze e não se torne pública a lavagem de roupa. Uma vez que se tornou, a
censura se faz necessária. Taokey?
(Um
dia desses, ao comentar a situação na Venezuela do ditador seu amigo Nicolás
Maduro, Lula disse que a democracia é relativa. O que deveria ter dito é que
ditadura não é relativa.)
Em
tempo: o assaz louvado Tarcísio, elevado à condição de possível redentor da
direita em 2026 caso se eleja presidente, fez as pazes com Bolsonaro e afirma
que sempre será leal a ele.
Reforma tributária: após votação, PL tem
barraco em grupo de WhatsApp
Um
grupo do Partido Liberal (PL) no WhatsApp foi palco de divergências entre
parlamentares filiados à legenda após a votação da reforma tributária na Câmara
dos Deputados.
Conforme
divulgado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Metrópoles, a confusão teria
ocorrido no domingo (9/7), três dias após a análise da reforma tributária na
Câmara, motivada pelo fato de que alguns deputados do PL votaram de forma
favorável ao texto.
Desde
o início da discussão sobre o texto, o partido de Valdemar Costa Neto tem se
posicionado contra a proposta, que é uma das apostas do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT).
A
posição contrária é, inclusive, marcada por críticas do ex-presidente Jair
Bolsonaro, que tem atuado como um “mentor” da legenda.
Apesar
de não ter fechado questão sobre o assunto, o PL orientou, durante a votação,
que os parlamentares da legenda votassem contra o texto. No entanto, dos 99
deputados filiados ao PL, 20 votaram a favor da reforma no primeiro turno de
votação.
Conforme
apurou o Metrópoles, deputados que votaram de forma favorável à pauta revelaram
que estariam sido perseguidos nas redes sociais pela posição que adotaram em
plenário.
O
assunto causou discussões acaloradas no grupo, com críticas de parlamentares
que seguiram a orientação do partido. Após a confusão, o líder do PL na Câmara,
Altineu Côrtes, bloqueou o envio de mensagens no grupo, permitindo que apenas
administradores do canal se comunicassem.
• "Parece que nós, bolsonaristas,
somos otários": o barraco de deputados do PL no WhatsApp
A
implosão do PL, partido de Jair Bolsonaro, na votação da Reforma Tributária -
quando 20 deputados da sigla votaram a favor da proposta do governo Lula -
resultou em um barraco no grupo de WhatsApp que reúne parlamentares da legenda.
Líder
do partido, Altineu Cortês (PL-RJ) teve que bloquear o grupo, impedindo os
deputados de enviarem mensagens, após a troca de farpas entre a ala
bolsonarista e aqueles que votaram a favor da reforma.
A
discussão começou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) reclamou da perseguição de
"extremistas" contra os 20 que votaram a favor da reforma.
"Só
não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço
respeito, cada um tem seu eleitor", escreveu Gurgel, emendando em seguida:
"Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem
pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é
comissão que vai me eleger!".
A
mensagem foi rebatida pela armamentista Júlia Zanatta (PL-SC), uma das aliadas
mais ferrenhas de Bolsonaro. "Não sei por que tanto choro. Se tinham tanta
certeza do voto, por que estão se explicando até agora?".
Júnio
Amaral (PL-MG), da ala bolsonarista radical do partido saiu em defesa da colega
e desabafou.
"Essas
tentativas de justificar o voto aqui no grupo da bancada fica parecendo que
nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um
posicionamento verdadeiro a favor do texto, me ajuda aí. Como se ninguém
soubesse como funciona", escreveu.
Em
seguida, Gurgel jogou a toalha: "Amigo, pede minha expulsão! Aqui não tem
clima mais com vcs!!". O parlamentar, antigo na sigla, ainda falou que é
uma "tristeza vocês terem vindao pro PL".
André
Fernandes (PL-CE), um dos mais radicais, indagou: "Vocês quem?". E
leu de Gurgel: "Vc, amigo, é um deles, pede expulsão, não respeita!
Preferia vc em outro partido".
Fernandes
rebate: " Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade".
Com
os ânimos exaltados, Cortês bloqueou novas mensagens e pôs fim à discussão.
• Outro lado
Procurado
pelo Metrópoles, o deputado não respondeu aos questionamentos até a publicação
desta reportagem. Em nota, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) alegou que é
“normal” haver divergências em um partido tão grande como o PL.
“É
normal, em um partido tão grande, haver divergências. Votei contra a reforma
tributária, como a maioria dos colegas do partido, mas teve gente do grupo que
votou a favor. Cada um que lide com seu voto”, avaliou a parlamentar.
A
deputada federal Bia Kicis (PL-DF) explicou que chegou a sugerir que o partido
fechasse questão oficialmente contra a reforma, para que todos votassem do
mesmo jeito. Como não houve consenso, cada parlamentar ficou livre para votar
da forma que quisesse.
“Se
o partido tivesse fechado questão contra a reforma, como cheguei a sugerir,
todos teriam de votar do mesmo jeito. Como isso não aconteceu, cada um pode
votar de acordo com o seu próprio entendimento e a expectativa dos seus
eleitores”, pontuou a deputada.
20
votos favoráveis no primeiro turno
As
críticas de Bolsonaro e da oposição à reforma não foram suficientes para
atrapalhar a tramitação do texto. A matéria foi aprovada com folga na madrugada
de sexta-feira (7/7): 382 votos favoráveis e 118 contrários no primeiro turno.
No segundo, foram 375 a favor e 113 contra.
Na
Câmara, a bancada orientou que os parlamentares votassem contra o texto. Dos 99
deputados da legenda, 20 votaram a favor da reforma no primeiro turno.
• Deputados ameaçam deixar partido
Após
a votação divergente da reforma tributária na Câmara dos Deputados,
parlamentares do PL, partido de Jair Bolsonaro, trocaram farpas em um grupo de
WhatsApp da bancada, conforme informações do jornal O Globo. A troca de
mensagens envolve xingamentos, acusações e até mesmo ameaças de saída do
partido.
Depois
da polêmica discussão no grupo, alguns parlamentares favoráveis à reforma
tributária estão considerando a possibilidade de solicitar à Justiça permissão
para deixar o PL sem infringir a regra de fidelidade partidária. No entanto,
esses parlamentares são minoria dentro do partido, que conta com 99 deputados e
se tornou o maior da Câmara após a adesão em massa de aliados de Bolsonaro.
• Acusações e xingamentos
Diante
do intenso debate ocorrido no grupo, o líder do partido, Altineu Côrtes
(PL-RJ), tomou a decisão de bloquear o grupo, impedindo que os membros
enviassem novas mensagens. Mas não adiantou. Expressões como "melancias
traidores" (comunista) e "extremistas" passaram a circular no
grupo.
"Tá
igual ao PSL", escreveu um dos deputados que comparou a situação atual com
o ocorrido no antigo PSL, que se desintegrou em 2019 devido a uma briga interna
entre apoiadores leais a Bolsonaro e outra parte da bancada. A disputa interna
resultou na divisão do partido, antes de sua fusão com o Democratas para formar
o União Brasil.
A
discussão no grupo do PL se intensificou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) começou
a criticar os "extremistas" e a perseguição nas redes sociais aos 20
parlamentares do partido que apoiaram a reforma. Gurgel foi um dos deputados
que apoiaram a proposta.
De
acordo com um deputado próximo a ele, as tensões vêm se acirrando desde a
votação do arcabouço fiscal.
"Só
não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço
respeito, cada um tem seu eleitor!", escreveu o parlamentar. "Não sou
esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha
suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é comissão que
vai me eleger!", completou.
Deputados se dizem perseguidos por voto a
favor da reforma tributária
Deputados
do PL afirmam que são perseguidos por colegas da bancada se não votarem
alinhados às posições do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) na Câmara. As
denúncias foram feitas depois que o Estadão obteve fotos de mensagens trocadas
no grupo de WhatsApp dos deputados federais do partido, neste domingo, 9, em
que bolsonaristas radicais atacaram deputados que divergem das posições do
ex-presidente. Houve revide e o clima esquentou tanto que o líder do PL na
Casa, Altineu Côrtes (RJ), precisou restringir novas publicações, permitidas
agora só aos administradores do canal.
Parlamentares
da legenda se dizem perseguidos desde que deram votos favoráveis ao governo na
votação do arcabouço fiscal na Câmara. Na ocasião, 30 deputados do PL votaram a
favor do governo. Mas deputados dizem que os ataques dos colegas bolsonaristas
aumentaram depois dos 20 votos na bancada do PL a favor da reforma tributária.
A liderança do partido orientou voto contra a reforma e Bolsonaro se empenhou
pessoalmente em convencer correligionários a se posicionarem contra o texto. Só
que, além dos ataques internos, a desobediência a Bolsonaro também provoca
perseguição de milicianos digitais nas redes, diz quem diverge da cartilha
bolsonarista.
Deputados
perseguidos dizem que são assediados por cerca de 10 "radicais" da
bancada, que são assim classificados por eles por praticarem ataques pessoais a
quem não segue a cartilha bolsonarista. Em entrevista ao Estadão, os deputados
Vinicius Gurgel (PL-AP) e Yury do Paredão (PL-CE) relataram ataques de
bolsonaristas da bancada e disseram que o comportamento deles destoa até de
Eduardo Bolsonaro (SP), o filho "Zero Três" do ex-presidente, que
poupa os dissidentes de ofensas pessoais, embora turbine os argumentos do pai
nas redes.
Quem
diverge de Bolsonaro calcula que, na bancada de 99 deputados do PL, a maior da
Câmara, há cerca de 10 bolsonaristas "radicais", porque atacam
correligionários, e outros 20 bolsonaristas fiéis, porém "respeitosos"
aos colegas.
Gurgel
(PL-AP) disse que sua filha foi assediada por colegas na escola, porque
bolsonaristas tacharam ele de "traidor" de Bolsonaro em montagens nas
redes, depois que votou em favor do governo federal. "Perguntaram para
minha filha na escola: 'por que teu pai traiu o Bolsonaro?' Eu não traí
ninguém", relatou Gurgel, que é deputado federal desde 2011 e rejeita
qualquer dívida com Bolsonaro por seu desempenho eleitoral.
"Sou
1001% PL e presidente Valdemar Costa Neto. Minha pior votação foi agora quando
Bolsonaro veio para o partido, mas não tenho nada contra o ex-presidente.
Infelizmente, quando não votamos com a pauta bolsonarista, somos agredidos nas
redes sociais. Tem que ter respeito mútuo. A gente não fica criticando
Bolsonaro ou bolsonaristas", disse o deputado.
Também
turbinado por redes sociais, Yury avalia que os ataques dos seguidores de
Bolsonaro na bancada são tentativas de manter seus eleitores engajados. Ele diz
que não vai deixar bolsonaristas que lhe atacam interferirem em suas votações.
"A gente se elegeu com a pauta diferente deles. Mas fazem tudo para ganhar
likes", afirmou ao Estadão. "Não vamos deixar deputados radicais
interferirem na forma de conduzir nosso mandato", acrescentou.
Gurgel
diz que se absteve de votar na MP dos Ministérios, em que seria favorável à
medida do governo, justamente para não ser atacado por bolsonaristas. Ainda
assim, foi punido pelo partido - perdeu assento na Comissão de Agricultura, na
Comissão de Integração Nacional e na Comissão de Saúde.
Deputados
atacados por bolsonaristas avaliam que outros parlamentares deixaram de votar
contra os interesses de Bolsonaro depois que os ataques começaram nas redes
sociais, quando 30 deputados do PL votaram no dia 23 de maio a favor do
arcabouço fiscal, proposto pelo governo.
A
confusão deste domingo, 9, estourou depois que o deputado federal André
Fernandes (PL-CE) resgatou uma foto postada pelo seu colega Yury do Paredão
(PL-CE), em que este aparece ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
durante uma visita presidencial ao Ceará em maio. Como mostrou o Estadão, Yury
foi um dos oito deputados punidos pelo PL com a perda da participação em
comissões, por terem votado de maneira favorável ao governo na Medida
Provisória (MP) que colocou em prática a divisão de ministérios idealizada por
Lula. Além deles, Gurgel também foi punido pela abstenção. A punição foi
aplicada sob a justificativa de que o PL "fechou questão" contra a
aprovação da MP dos Ministérios.
Filho
do senador Carlos Viana (Podemos-MG), o deputado Samuel Viana (PL-MG) fez uma
longa argumentação no grupo de WhatsApp do PL, em que criticou atitudes dos
bolsonaristas de fazer oposição a qualquer projeto do PT, "contra tudo a
qualquer custo", sem propor nada em troca. Ele reclamou especialmente da
postura na rejeição à reforma tributária.
"Vocês
foram para o plenário posicionar enquanto o jogo estava rolando. Ninguém se
preocupou em chamar os governadores, associações, se juntar a bancada
ruralista, indústrias, etc. e tentar fazer do 'limão uma limonada'. Ser o pai
das alterações no texto e estar mais perto da construção que estava sendo feita
para ser o 'pai da criança' ou mostrar que a oposição da direita seria
diferente da esquerda. Que faria com que aquele texto inicial, cheio de problemas,
fosse alterado a pedido e trabalho da oposição. Isso é ruim não é pra mim, é
pro próprio PL", reclamou Samuel Viana no grupo dos deputados do PL.
"Ser
um partido bolsonarista é agir assim? Como o PT e PSOL fazem? Contra tudo a
qualquer custo? Temos muito mais qualidade aqui. O príncipe conhece demais de
tributário", afirmou Viana, em referência ao deputado federal Luiz
Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP).
Depois
de restringir as publicações no grupo de WhatsApp, Côrtes, o líder do PL na
Câmara, afirmou que vai conversar com o presidente nacional do PL, Valdemar
Costa Neto, e com Bolsonaro "para que possamos juntos com a bancada
discutir e estabelecer nossos limites".
"Bolsonaro
colocou na última reunião que nessa votação da reforma tributária não era o
caso de fechar questão! Vamos manter a calma, com agressão não vamos resolver
nada", afirmou Côrtes aos deputados no grupo de WhatsApp.
Fonte:
Metrópoles/Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário