Lula: “Vinde a mim
todos os homens de boa fé, pois serão acolhidos”
“Lula
não abre espaço no governo para a centro-direita que o ajudou a derrotar
Bolsonaro”, leu-se muito até recentemente, agora menos. Ora, não faltam nomes
da centro-direita no governo.
Ou
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços, deixou de ser da centro-direita porque migrou do PSDB para
o PSB de Dino?
Ou
Simone Tebet (MDB-MS), ministra do Planejamento e Orçamento, virou uma
esquerdista, bem como Daniela Do Vaguinho (União-RJ), ministra de saída do
Turismo?
Quantos
votos a centro-direita entregou a Lula nas eleições de 2022? Desconhece-se
cálculo a respeito, se é que há. A esquerda foi quem ganhou. Ou melhor: Lula,
que é maior do que ela.
Na
sexta-feira 12 de maio último, depois de colher derrotas no Congresso, Lula
afirmou em Fortaleza que nenhum parlamentar é obrigado a votar naquilo que o
governo quer:
“O
deputado pode pensar diferente, pode querer fazer uma emenda, pode querer mudar
um artigo, e nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático”.
A
democracia pode ser relativa para Lula quando ele fala de países governados por
amigos dele, onde imperam ditaduras que não são relativas. É o caso da
Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Mas
Lula, nos seus dois governos, tratou a democracia como uma coisa séria. Dilma
Rousseff, nos seus dois governos, fez o mesmo. Quem não fez foi o órfão
confesso da ditadura de 64.
Ainda
segundo Lula, no atual formato da Constituição, é o Poder Executivo que precisa
do Congresso, e não o contrário. Lembrou que o PT tem apenas 69
deputados de um total de 513:
“Tenho
que conversar com todo mundo, não tenho que perguntar que partido que ele é.
[…] Tenho que conversar com quem gosta e quem não gosta de mim”.
É
fácil discordar dele, mas não gostar é difícil, admitem parlamentares de todos
os partidos que um dia já se reuniram com Lula. Alguns até evitam encontrá-lo
para não serem seduzidos.
Como
Lula poderia ter ido mais cedo à caça de apoios se com uma semana no cargo
irrompeu um golpe em Brasília para derrubá-lo? Tinha que dar tempo ao tempo
para reavaliar suas forças.
Tinha
que dar tempo ao tempo para saber melhor com quem poderia contar no Congresso
e, como suas primeiras medidas repercutiram na vida dos brasileiros. A
repercussão tem sido boa.
A
inflação caiu, a taxa de juros está para cair, os investimentos aumentaram, o
Produto Interno Bruto deverá crescer para além do previsto, e banqueiros e
empresários fizeram o “L”.
A
hora de ir à caça de apoios é esta. E a centro-direita e os extremistas
arrependidos serão o alvo de Lula. Vinde a mim todos os homens de boa fé, eis
que serão acolhidos, dirá Lula.
Amém!
·
Minirreforma
ministerial vem aí; o que pode mudar no time de Lula
Com
a troca confirmada de Daniela Carneiro
pelo bolsonarista Celso Sabino no ministério do Turismo, o
presidente Lula (PT) mostrou que a minirreforma ministerial está mais perto do
que se imaginava. Além das emendas parlamentares recorde, pastas do governo
também foram negociadas para os temas econômicos avançarem na Câmara na última
semana.
As
mudanças devem acontecer em meados de agosto, quando enfim o
Republicanos, partido bolsobarista ligado a Igreja Ubiversal, entrará no
governo.
A sigla de Marcos Pereira deve abocanhar os Esportes, da ainda ministra Ana
Moser. O indicado à pasta é o deputado Silvio Costa Filho (PB).
O
Republicanos há tempos cavava espaço na equipe de Lula, tanto que fechou
questão pela reforma tributária e votou na maioria pela MP dos Ministérios.
Apesar disso, já avisou que vai se colocar contra à esquerda nas pautas de
costumes.
O PP também flerta com
o governo,
mas esse cenário pode ser mais difícil de ser desenhado. Isso porque o
controlador do partido, senador Ciro Nogueira (PI), ainda tem resistências
contra Lula. Apesar disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), já
conversa para conquistar o ministério das Cidades ou o do Desenvolvimento Social.
Lula
prometeu aos seus ministros que o Partido dos Trabalhadores não perderia espaço
na Esplanada, por isso Wellington Dias pode ganhar um novo cargo, a ser
definido.
O
nome do PP nos ministérios de Lula provavelmente será o de André Fufuca (MA),
líder do partido na Câmara.
Toda
essa negociação se deu na sexta-feira (07/07), quando Lula reuniu deputados no
Palácio da Alvorada para agradecer o “empenho” pela aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição da reforma tributária.
·
Lula
promete ao PT que o partido não perderá espaço com minirreforma ministerial
Ao
abrir as portas do governo para partidos que apoiaram o governo Bolsonaro, o
presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta o desafio de
não desagradar o próprio partido. Atualmente, a legenda ocupa dez dos 37
ministérios da Esplanada.
A
políticos petistas, Lula assegurou, na sexta-feira (7), que irá escolher os
locais para acomodar os novos aliados, sem sangrar o PT. O compromisso é de
fazer as mudanças somente em agosto, o que daria tempo para amadurecer algumas
das promessas feitas a neo-governistas como Republicanos e Progressistas (PP).
“Todos
para dentro do governo. Mas só em agosto”, afirmou à CNN um dos líderes que
esteve na reunião com Lula no Palácio da Alvorada. O presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), também esteve no encontro. “Lula está apalavrado conosco”,
disse um líder do centrão.
Na
mira das novas mudanças na Esplanada, o ministro de Desenvolvimento Social,
Wellington Dias, poderia ir para outra pasta, se confirmada a mudança.
O
PP indicou o líder do partido na Câmara, André Fufuca (PP-MA), para o lugar de
Dias, que também se elegeu senador pelo PT em 2022. Mas Lula tem planos de não
tirar Dias do primeiro escalão de governo e, se necessário, transferi-lo para
outro ministério, o que ainda está em discussão.
A
ministra do Esporte, Ana Moser, perderia a pasta para Silvio Costa Filho
(Republicanos-PE). A ex-atleta é considerada ministra da cota de Lula e não de
partido.
Prestes
a assumir uma posição no time, o Republicanos comunicou ao governo que, mesmo
com a cadeira de ministro, manterá divergências com o governo sobre pautas de
costume.
Para
simbolizar o novo momento de articulação política, lideranças da Câmara se
preparam para uma cerimônia de posse conjunta com muitos políticos convidados.
As
mudanças foram negociadas após a aprovação da Reforma Tributária na Câmara dos
Deputados, na madrugada da sexta-feira.
Ø
Ministérios
de Lula chefiados por mulheres são os mais cobiçados por aliados e centrão
Os
ministérios chefiados por mulheres têm sido os alvos mais frequentes da pressão
de parlamentares que buscam mais espaço no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Recentemente,
o presidente precisou fazer uma defesa pública da ministra da Saúde, Nísia Trindade, diante das
insinuações de neoaliados de que a pasta estaria em jogo.
“Tenho a certeza de que poucas vezes tivemos a
chance que temos hoje, de ter uma mulher com a qualidade da Nísia Trindade para
cuidar do povo”, disse Lula em discurso na Conferência Nacional de Saúde.
Ex-presidente
da Fiocruz, Nísia Trindade foi alçada a ministra por ser técnica. Não é filiada
à partido político.
Em
condição semelhante, a ministra Ana Moser também tem
visto sua pasta ser cobiçada, sobretudo, por deputados do chamado centrão.
O
ministério do Esporte tem orçamento baixo se comparado a outras áreas do
governo. Para 2023 a previsão é de R$ 1,9 bilhão.
No
entanto, esse valor pode ser turbinado com emendas parlamentares e com a renda
que poderá ser obtida com a regulamentação das apostas esportivas no país. A
proposta está prestes a ser encaminhada ao Congresso Nacional.
Ao
contrário das duas colegas que estão se mantendo no cargo, com a ministra do
Turismo, Daniela Carneiro, não deu certo.
Depois
de integrantes do governo confirmarem que ela seria substituída, a aliada do
presidente colocou o cargo à disposição. A troca deve ocorrer nesta semana.
Com
as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e a dos Povos
Indígenas, Sônia Guajajara, não houve
pressão pública para “entrega dos ministérios” em troca de apoio.
No
entanto, as duas pastas foram esvaziadas quando os deputados e senadores
votaram a medida provisória que reestruturou o governo.
Questões
importantes, como Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a demarcação de terras
indígenas, passaram a ser tratadas por outros ministérios.
·
Caixa na mira
A
busca por espaço por parte dos novos aliados não está restrita à administração
direta. E assim como a “coincidência” em relação aos ministérios, o alvo é
ocupado por mulher: a presidência da Caixa Econômica.
Atualmente,
o cargo é ocupado pela funcionária de carreira do banco Rita Serrano.
Segundo
apurou a CNN, o posto
passou a ser desejado por integrantes do centrão tão logo a Câmara dos Deputados
aprovou a reforma tributária.
Ø
Saiba
quais indicações Lula fará ao Judiciário até o fim de 2023
O
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) fará
ao menos quatro indicações para o Judiciário no segundo semestre de 2023. A
principal será para o Supremo Tribunal
Federal (STF),
que terá a aposentadoria da atual presidente da Corte, Rosa Weber.
A
saída de Rosa Weber deverá acontecer em outubro deste ano, quando a magistrada
completa 75 anos, idade máxima para ocupar uma cadeira no Supremo. A tendência
é de que Lula mantenha o quórum feminino e escolha uma mulher para a vaga.
Atualmente, das 11 cadeiras da Corte, apenas duas são ocupadas mulheres.
Entre
os nomes ventilados, estão Maria Elizabeth Rocha, primeira mulher indicada para
o Superior Tribunal Militar, a desembargadora Kenarik Boujikian e as advogadas
Flávia Rahal e Dora Cavalcanti.
Para
assumir uma vaga no STF, no entanto, o indicado precisa ter o nome aprovado
pelo Senado.
STJ
Lula
poderá indicar dois nomes para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até 31 de
maio, Tribunais de Justiça Estaduais (TJs) enviaram os nomes dos
desembargadores interessados em concorrer às duas vagas de ministro que estão
abertas desde a aposentadoria do ministro Jorge Mussi e do falecimento do
ministro Paulo de Tarso Sanseverino. No total, 59 nomes concorrerão aos cargos.
No
dia 23 de agosto, o Pleno do STJ realizará sessão para votar quais desembargadores
irão compor uma lista com quatro nomes a ser encaminhada para escolha de Lula.
A
composição do STJ é formada por três grupos: juízes dos tribunais regionais
federais, desembargadores dos tribunais de Justiça dos estados e advogados e
integrantes do Ministério Público.
Há
ainda uma terceira vaga, de Felix Fisher, que também se aposentou. Esta, no
entanto, deve ser ocupada por um nome indicado pela Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB).
PGR
Em
setembro, acaba o segundo mandato de Augusto Aras como procurador-geral da
República. Desde que assumiu o cargo, Aras foi duramente criticado por suposto alinhamento
ao Planalto e
leniência em relação a investigações contra o ex-presidente Bolsonaro. Apesar
disso, fontes do governo Lula indicam que há chance de o petista indicá-lo a um
terceiro mandato.
Cabe
ao procurador-geral da República chefiar o chefe do Ministério Público Federal
(MPF) e representá-lo no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Existe
ainda uma lista tríplice, elaborada pela
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Com a indicativa de
Lula de que não seguirá a lista, apenas três nomes se inscreveram: Mario Bonsaglia,
Luiza Frischeisen e José Adonis Callou.
Luiza
Frischeisen foi a mais votada da última lista, elaborada em 2021. Ela foi a
primeira mulher a liderar a lista. Por sua vez, Bonsaglia foi o segundo. O nome
de Adonis é inédito na disputa. Ele foi coordenador do grupo de trabalho da
Operação Lava Jato na PGR e
pediu para deixar o cargo em 2020 após desentendimentos com Augusto Aras.
Outro
nome cotado é do vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, autor do parecer
que defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro.
Ø
Rui
Costa foi contra a lei que assegura igualdade salarial entre gêneros
O
ministro da Casa Civil, Rui Costa, expressou
contrariedade com a lei que instituiu
punições para
empresas que não pagam salários iguais para homens e mulheres que desempenham
as mesmas funções.
nenhum
país tinha legislação semelhante. Ele afirmou a integrantes do governo que a
lei deveria fazer apenas uma recomendação às empresas.
Se
a opinião de Costa prevalecesse, o governo não poderia aplicar punições contra
os empresários que desrespeitam a legislação. Os mecanismos de fiscalização são
um diferencial para a lei da CLT, que já previa a
igualdade salarial sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.
A
proposta, enviada ao Congresso em março, foi aprovada pelo Senado em junho.
Lula sancionou a lei na segunda-feira
(3/7), em cerimônia na Base Aérea de Brasília. Costa não participou do evento.
·
Governo
avalia priorizar pessoas em situação de rua no Minha Casa Minha Vida
O
governo Lula avalia
priorizar pessoas em situação de rua no programa habitacional Minha Casa Minha
Vida.
Com aval dos ministros, as áreas técnicas do Ministério das Cidades e
Ministério dos Direitos Humanos já começaram a trabalhar na proposta.
Os
ministros das duas pastas, Jader Filho e Silvio Almeida, trataram sobre o tema
em uma reunião na última quarta-feira (5/7). Também ficou acertado que o
Ministério das Cidades dará apoio ao Moradia Primeiro, programa que o
governo lançará para acolher quem não tem onde morar.
Na
quinta-feira (6/7), a Caixa atualizou as regras do Minha Casa Minha Vida. A
faixa um, que contemplava famílias com renda mensal de até R$ 2 mil, estendeu o
rendimento para R$ 2,6 mil. Contudo, pessoas em situação de rua costumam ficar
de fora do programa por diversos fatores, como a miséria e a falta de
documentos.
O
Censo que foi publicado recentemente, que aborda os últimos 12 anos, não
incluiu a população de rua. A Justiça Federal havia dado uma decisão para mudar
o questionário, mas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da
gestão Bolsonaro ignorou a ordem.
Fonte:
Metrópoles/CNN Brasil
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