terça-feira, 11 de julho de 2023

“Labirintite”: manobra inspirada em meme pode resolver crises

Sente vertigem? Saiba que você pode estar a apenas alguns movimentos de resolvê-la. Segundo um artigo científico publicado por neurologistas brasileiros, as tonturas podem ser tratadas a partir da realização de uma única manobra de reposicionamento.

A labirintite é um distúrbio do ouvido interno que altera a sensação de equilíbrio e a capacidade de audição. O termo labirintite, embora originalmente designe uma inflamação no interior do ouvido, é popularmente usado para falar da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). Neste caso, a labirintite é um “apelido” usado para indicar doenças que geram tontura (e são dezenas).

A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) corresponde à sensação de sentir a cabeça rodando. Alguns movimentos da cabeça alteram a posição dos cristais, estruturas do ouvido interno relacionadas ao equilíbrio, e, por isso, a sensação aparece. A condição é mais comum após os 40 anos.

De 20 tentativas para 1

No tratamento convencional, há 20 movimentos possíveis para alterar a posição dos cristais e devolvê-los ao seu local após uma crise de tontura ou de labirintite. De acordo com o estudo publicado em maio no The Journal of International Advanced Otology, é possível fazer uma manobra única, a manobra de reposicionamento universal.

A manobra de reposicionamento para VPPB, porém, deve ser realizada por profissional de saúde treinado (médico, fisioterapeuta ou fonoterapeuta).

Um dos idealizadores da manobra, o fisioterapeuta Renato Barreto, diz que a ideia surgiu após ele assistir um meme na internet de um abridor de latas gigante usado para abrir todas as garrafas de um engradado ao mesmo tempo.

“Pensei em bolar uma manobra para ser como esse abridor, resolver tudo de uma vez? Assim fica muito mais fácil para o profissional de saúde tratar e ajudar seus pacientes com VPPB, a popular labirintite, pois ele precisará saber somente essa única manobra e não mais dezenas como antes”, afirma ele.

A manobra tem que ser realizada por um fisioterapeuta profissional para ter cuidado no reposicionamento e na angulação da cabeça. Nela, a pessoa é colocada deitada de lado em uma maca com a cabeça para fora do suporte e é levada a girar de lado e a ser colocada de volta sentada em um movimento fluido.

As imagens são ilustrativas. A manobra não deve ser realizada sem um profissional. Busque um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento de tontura e de labirintite.

“Próximo passo é aplicarmos no máximo de pessoas para provar de maneira prática que ela funciona bem em todos os tipos de VPPB, e assim profissionais de saúde do mundo comecem a realizá-la em seus pacientes”, afirma o neurologista Saulo Nadder, co-autor do estudo que hoje atua forte como comunicador sobre tontura.

Quais os sintomas da VPPB

O principal sintoma da VPPB são tonturas e vertigens. Na vertigem, a sensação é que o ambiente gira ao redor do corpo, ou que o corpo roda em relação ao ambiente. Na tontura, a sensação é de desequilíbrio, instabilidade, de pisar no vazio, de queda. Outros sintomas associados são:

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Suor excessivo;
  • Alterações gastrointestinais;
  • Perda ou diminuição da audição;
  • Zumbido.

 

Ø  Cientistas propõem teste de equilíbrio para avaliar saúde. Entenda

 

Você consegue se equilibrar em um pé só por 10 segundos? Pessoas de meia-idade e idosos que não conseguem executar a posição com sucesso correm mais risco de morrer em uma década em comparação com as que conseguem, segundo revela um estudo internacional publicado no British Journal of Sports Medicine.

Durante 12 anos – entre 2008 e 2020 – cientistas avaliaram 1.702 pessoas com idades entre 51 e 75 anos para entender a relação entre equilíbrio e longevidade.

Eles pediram que os participantes permanecessem em um único pé por 10 segundos, sem nenhum apoio adicional. Depois o teste foi padronizado com os voluntários tendo que encostar o pé livre atrás da perna enquanto estendiam os braços ao lado do corpo, olhando fixamente para a frente. Eles tinham apenas três tentativas e 21% dos voluntários falhou.

Na década seguinte, 123 participantes morreram por causas diversas. Depois de ajustar fatores que poderiam influenciar os resultados, como idade, sexo e condições subjacentes, os pesquisadores calcularam que a incapacidade de se equilibrar por 10 segundos na posição está associada a um risco 84% maior de morte nos dez anos seguintes.

Os pesquisadores explicam que manter o equilíbrio requer força muscular, coordenação, visão e raciocínio rápido. Estudos anteriores já associaram a capacidade de sentar e levantar do chão como outro indicador de saúde para pessoas idosas.

A pesquisa, liderada pelo médico Claudio Gil Araújo, da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), no Rio de Janeiro, contou com especialistas brasileiros, do Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Finlândia.

Os cientistas lembram que o estudo é observacional e não pode estabelecer causa, mas sugerem que um teste de equilíbrio seja incluído nos exames de rotina de idosos.

 

Fonte: Metrópoles

 

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