Apostas esportivas:
saiba quando vira vício e como se livrar
As apostas
esportivas sempre
estiveram presentes na sociedade. Contudo, elas ganharam popularidade e
influência com a ascensão de novas casas de apostas em aplicativos de celular.
A prática, porém, tem se tornado cada vez mais preocupante, uma vez que pode
desencadear vício nos usuários.
O
fato de que jogos de azar podem viciar não é novidade, e ter a plataforma de
apostas na
palma da mão facilita o desenvolvimento do problema. O psiquiatra Fábio Aurélio
Leite, do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, afirma que o número de pessoas com
compulsão em apostas tem crescido em seu consultório.
“Muitos jovens estão viciados em apostas
esportivas online, especialmente de futebol. O vício em apostas esportivas
online é, na verdade, um transtorno que pode ser chamado de ludomania ou jogo
patológico. Torna-se preocupante a partir do momento em que atrapalha as
atividades sociais do jogador ou faz ele cometer loucuras para continuar
apostando”, explica o psiquiatra.
Ele
conta que um dos problemas é que existem quadrilhas que emprestam dinheiro para
que o indivíduo aposte, mas, ao perder, o grupo começa a fazer ameaças. “Já
tive pacientes que chegaram a perder o próprio imóvel, ficaram com dívidas
enormes, os casamentos acabaram, foi bem trágico”, alerta.
Como
o vício se desenvolve
Quando
os jogadores observam o resultado da aposta, ocorre um aumento de atividade no
sistema cerebral. Neurotransmissores como a dopamina, hormônio
associado ao prazer, são liberados e a pessoa se sente bem.
Uma
pesquisa publicada na revista Science
Direct analisou
1.248 participantes para constatar que o cérebro entende esse processo como uma
recompensa. Para sentir a sensação novamente, a pessoa repete a aposta e tenta
ganhar a qualquer custo.
Ainda
segundo a pesquisa, o perfil de indivíduos com ludomania é predominantemente de
jovens solteiros com alta escolaridade.
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Fatores de risco para o vício:
- Começar a
apostar;
- Tratar a
aposta como investimento financeiro/fonte de renda;
- Ter na família
alguém com um vício, seja em álcool, drogas ou em compras;
- Incentivo de
amigos, influenciadores digitais e outras pessoas para apostar;
- Ter hábito de
jogar desde criança;
- Ter algum
outro vício.
O
vício é reconhecido por atitudes como olhar o aplicativo o tempo todo, gastar
mais do que ganha, tentar reduzir as apostas mas não conseguir, ficar irritado
ao não apostar, continuar jogando para recuperar o dinheiro perdido, mentir
sobre o quanto perde ou o quanto ganha nas apostas, e preferir o aplicativo em
vez de se socializar.
Tratamento
“O
primeiro passo para vencer o vício é o paciente querer. Enquanto ele não quiser
parar, o transtorno vai continuar. A próxima etapa é desinstalar o aplicativo e
parar de consumir aquilo que lhe dá gatilho para apostar. A pessoa pode ainda
praticar psicoterapia ou participar de grupos de apoio para tratar a
ludomania”, ensina Leite.
Ø
Especialistas
explicam o que vai mudar com regulamentação das apostas
Regulamentar
o mercado de apostas esportivas no país, esse é o objetivo do Ministério da
Fazenda ao anunciar a edição de uma Medida Provisória
para organizar os jogos online. Dentre as medidas estão outorga de R$
30 milhões e alíquota de 15% sobre toda a receita descontados os prêmios pagos.
A
coluna Futebol Etc foi ouvir a opinião de três especialistas para saber o que
vai mudar no universo das apostas online, a partir dessa decisão do governo.
Que
a regulamentação venha logo
“O
mercado torce para que essa regulamentação venha logo, porque é grande o
apetite dos agentes operadores em entrar no Brasil, é grande a necessidade do
Estado Brasileiro por mais recursos e é grande a necessidade e a demanda dos
apostadores por mais proteção. O mais importante nessa história toda é que se
deu o pontapé inicial. Não podemos correr o risco de buscar uma regulação
ótima, uma regulação excepcional. A melhor regulação é aquela que temos, e ela
é muito melhor do que o quadro atual, em que nós não temos rigorosamente nada.
Então, eu acho muito prudente que se dê o primeiro passo com aquilo que o
Ministério da Fazenda considera que já está maduro para que eventuais mudanças
e aprimoramentos sejam feitos durante a tramitação no Congresso
Nacional”- Fabiano Jantalia é
advogado especialista em Direito de Jogos e Bancário, sócio-fundador do
Jantalia Advogados.
·
Vai
acabar com a instabilidade
“As
informações ainda são especulativas, apenas com o texto aprovado e publicado é
que teremos a dimensão do impacto que a regulamentação gerará no mercado. No
entanto, vemos com bons olhos o intuito em regular a atividade o quanto antes.
Atualmente, todos as casas de apostas estão sediadas no exterior, criando um
cenário de instabilidade para as plataformas e, principalmente, para os
usuários, além de fazer com que o país perca arrecadação. Uma regulamentação
adequada trará estabilidade e trairá investimentos para o mercado, além de
políticas de conscientização dos usuários e de eventuais patrocínios, propaganda
e publicidade” – Marcelo Mattoso é
especialista no mercado de Games e eSports, sócio do Barcellos Tucunduva
Advogados.
·
Cuidados
com a publicidade
“A
regulação vai atingir também a publicidade, visto que decorre, sobretudo, do
fato de que as apostas esportivas são produtos com restrições ou mesmo
impróprios para determinados públicos e faixas etárias. Então, as comunicações
na mídia, as publicidades, devem ser seguras, bem definidas, estruturadas
conforme a legislação permite, socialmente responsáveis e éticas. Em resumo, é
necessária bastante transparência nesse tipo de casos, em especial por se
tratar de um mercado ainda incipiente no País, cujo consumo excessivo e oferta
exagerada podem ser bastante traiçoeiros e prejudiciais à sociedade como um
todo. Do contrário, as apostas deixarão de ser entretenimento e se tornarão
caso de saúde pública (patologia, vício, compulsão), com o potencial de
culminar num superendividamento e bancarrota econômico-financeira dos
apostadores/consumidores”- Felipe
Crisafulli – Especialista em Direito Desportico do Ambiel Advogados
Fonte:
Metrópoles
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