quarta-feira, 26 de julho de 2023

Juros altos e crise levam à disparada dos pedidos de recuperação judicial no 1º semestre

A crise econômica dos últimos 3 anos motivada pela pandemia da Covid-19, retração do Produto Interno Bruto (PIB), alta taxa de juros praticada no país e o comportamento da inflação levaram a uma disparada nos pedidos de recuperação judicial, na avaliação de especialistas em Direito Empresarial. Só no primeiro semestre deste ano, foram 593 requerimentos ingressados na Justiça, segundo levantamento da Serasa Experian. Esse total representa um aumento de 52,1% em relação igual período de 2022, quando houve 390 solicitações do gênero.

O volume de pedidos apresentados na primeira metade de 2023 só perde para o registrado em 2020, quando houve 601 pedidos em igual época. Os dados do Serasa mostram que a maioria dos requerimentos do gênero ocorreu no setor de serviços, com 261. Depois aparecem o comércio (168), indústria (112) e o segmento primário (52).

Em meio a esse contingente do início deste ano, estão os casos mais emblemáticos, que se tornaram conhecidos da opinião público. Entre eles, destacam-se a Lojas Americanas, o Grupo Petrópolis, a Light, a Oi, a Raiola, a Nexpre e a Avibras. Essas empresas precisaram recorrer ao pedido de Recuperação Judicial para se proteger contra credores e buscar uma reestruturação para evitar o risco de falência.

“O aumento nos pedidos de recuperação judicial tem atingido não só grandes empresas, mas também as corporações de todos os portes nos mais variados seguimentos e ramos de atuação”, avalia Filipe Denki, advogado especializado em Direito Empresarial e Recuperação Judicial e sócio do escritório Lara Martins.

Em meio a esses casos mais conhecidos, Denki vai mais além. O especialista destaca que esse crescimento dos pedidos de recuperação judicial trará impactos negativos à economia brasileira.

“Os pedidos de recuperação judicial que estavam represados durante os primeiros anos de pandemia agora estão sendo propostos, somente no mês de maio tivemos um aumento de 105,2% se comparado ao mesmo período do ano passado”, ressalta o advogado.

Para o segundo semestre, o advogado acredita que novos pedidos dessa natureza devem ser apresentados, se esse contexto econômico permanecer da mesma forma.

 

       Quais ações podem se beneficiar com a reforma tributária?

 

O projeto da reforma tributária em andamento no Congresso visa a unificação e padronização dos impostos federais, estaduais e municipais. A primeira fase, já aprovada na Câmara e em tramitação no Senado, prevê a extinção de cinco tributos que incidem sobre o consumo: Pis, Cofins e IPI a nível federal, ICMS a nível estadual e ISS a nível municipal. Em substituição, serão criados dois novos impostos, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) para os tributos federais, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) para o ICMS e ISS. Essa fase não terá impacto direto na vida dos investidores, mas a segunda fase, ainda não enviada ao Legislativo, promete trazer consequências mais significativas.

André Meirelles, da InvestSmart, aponta que a segunda parte da reforma se concentrará na tributação dos dividendos, no fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) e em mudanças no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), “o que pode gerar um impacto significativo nos lucros das empresas”.

Atualmente, a proposta foi aprovada apenas no Plenário da Câmara dos Deputados, em 7 de julho. Agora, a matéria precisará ser discutida pelo Senado, onde podem surgir alterações em todo o conteúdo. Apesar da tramitação incerta e longa, já é possível visualizar quais setores da bolsa poderão ser beneficiados pela proposta.

Setores que podem se beneficiar com a reforma incluem saúde, educação, transportes coletivos e insumos agrícolas, que terão uma redução de 60% na alíquota, favorecendo essas áreas.

Phil Soares, da Órama, destaca dois papéis do setor de agronegócio que podem se beneficiar: 3Tentos (TTEN3) e Agrogalaxy (AGXY3). Já para o setor de saúde, a recomendação é a Rede D’Or (RDOR3).

Gabriel Maringelli, da Arton Advisors, ressalta que o setor industrial sofre com alta incidência tributária devido à acumulação de impostos na cadeia. Com a promessa de redução dos tributos sobre a produção industrial, esse setor pode ser favorecido. Atualmente, cerca de 40% do valor total da produção é destinado ao pagamento de impostos. Nesse sentido, a Weg (WEGE3) é um destaque.

Entretanto, há setores que podem ser prejudicados pela proposta. Empresas de Mineração e Siderurgia, Petróleo, Gás e Petroquímicos podem ser obrigadas a pagar um Imposto Seletivo adicional (ainda a ser definido) por exercerem atividades prejudiciais ao meio ambiente. Além disso, produtores de bebidas alcoólicas também podem enfrentar um imposto específico devido ao impacto negativo à saúde, o chamado “imposto do pecado”, o que pode afetar os ativos da Ambev (ABEV3).

O setor de telecomunicações também pode ser afetado, com a carga tributária potencialmente dobrando, chegando a uma alíquota de até 35%. O setor de varejo pode ser prejudicado, uma vez que é bastante dependente de benefícios fiscais, principalmente relacionados ao ICMS, de acordo com Maringelli.

 

       Governo prepara medidas para zerar déficit nas contas em 2024

 

O governo federal está se preparando para implementar um conjunto de medidas com o objetivo de aumentar as receitas e eliminar o déficit no Orçamento de 2024, como proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A proposta orçamentária será enviada ao Congresso no dia 31 de agosto, e até lá, o governo pretende encaminhar diversos projetos para análise.

As estimativas internas apontam a necessidade de arrecadar mais de R$ 120 bilhões para zerar o déficit no próximo ano. Em 2023, o déficit nas contas públicas deve se aproximar de R$ 100 bilhões. Ao lançar as medidas agora, a Fazenda visa incluir as receitas estimadas na proposta orçamentária.

Dentre as novidades planejadas, uma das mudanças sinalizadas pelo ministro Haddad é a alteração na tributação dos fundos exclusivos destinados a indivíduos de alta renda. A proposta é que o imposto seja cobrado a cada seis meses, e não apenas no momento do resgate, como ocorre atualmente. Essa medida, conhecida como “come-cotas,” poderia resultar em uma arrecadação anual de cerca de R$ 10 bilhões.

Outro ponto em discussão é a possibilidade de incluir alterações ou extinção dos juros de capital próprio (JCP), que funcionam atualmente como uma forma de remuneração aos sócios sobre os investimentos nas empresas, com tratamento contábil vantajoso. Ainda não há decisão sobre essa medida, e, consequentemente, não existem estimativas de arrecadação.

Além disso, o governo planeja enviar um projeto de lei para tributar investimentos no exterior (offshore). A proposta estabelece alíquotas de 15% para rendimentos entre R$ 6 mil e R$ 50 mil e 22,5% para valores acima desse patamar. Rendimentos de até R$ 6 mil ficariam isentos, resultando em uma possível arrecadação de cerca de R$ 4 bilhões em 2024.

Outra medida incluída na lista de novidades é a regulamentação das apostas eletrônicas, para a qual o governo estima arrecadar R$ 2 bilhões em 2024. A tributação incidiria tanto sobre os prêmios recebidos pelos apostadores, com alíquota de 30% e isenção para valores até R$ 2.112, quanto sobre os operadores, com uma alíquota de 16% sobre a receita obtida com os jogos, após subtração dos prêmios.

Ainda no intuito de aumentar a receita, o governo pretende incluir no Orçamento uma previsão de arrecadação em caso de vitória no Superior Tribunal de Justiça (STJ), permitindo a cobrança de impostos federais sobre benefícios fiscais concedidos pelos estados através do ICMS. Estima-se inicialmente que essa medida possa arrecadar R$ 70 bilhões ao ano, com parte do montante sendo repartido com os estados.

Outras medidas consideradas para equilibrar as contas em 2024 são relacionadas aos preços de transferência de exportações de produtos brasileiros, podendo gerar R$ 30 bilhões em arrecadação, especialmente no setor de petróleo, com o valor sendo repartido com os estados.

Ademais, o Ministério da Fazenda também estima uma arrecadação entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em decorrência do projeto de lei que prevê o retorno do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), já aprovado pela Câmara e aguardando análise do Senado.

Essas medidas refletem os esforços do governo em buscar formas de aumentar a receita e alcançar a meta de déficit zero no Orçamento de 2024. No entanto, é importante observar que algumas delas já foram tentadas em ocasiões anteriores e enfrentaram resistência no Congresso. Portanto, a aprovação dessas propostas pode depender do contexto político e da viabilidade de sua implementação.

 

       Proteção de informações sensíveis é um compromisso dos correspondentes bancários. Por  Gabriel Ramalho

 

No mundo moderno, onde a tecnologia e a conexão digital permeiam cada aspecto da sociedade, a segurança e a proteção de dados assumiram um papel crítico em diversas atividades, incluindo o trabalho dos correspondentes bancários, instituições e profissionais que desempenham um papel vital na oferta de serviços financeiros, atuando como intermediários entre os bancos e os clientes.

Com essa posição central, a segurança dos dados tornou-se uma questão de extrema importância, com instituições financeiras e correspondentes bancários comprometidos a proteger a privacidade e a confidencialidade das informações de seus clientes.

De acordo com Gabriel Ramalho, fundador da Universidade Gerando Resultados, um hub de treinamentos e cursos direcionados a despertar a alta performance e desempenho para correspondentes bancários, existem várias razões pelas quais a segurança e a proteção de dados são essenciais para a realização desse tipo de operação. “O primeiro ponto é a confiança do cliente, que é a base de qualquer relacionamento com as instituições financeiras. Espera-se que as informações pessoais sejam tratadas com um alto nível de sigilo, e a falta de segurança pode resultar em perdas e danos à reputação”, pontua.

O especialista aponta que a exposição de dados sensíveis pode abrir portas para atividades fraudulentas, como roubo de identidade, clonagem de cartões e outros golpes financeiros. “Por esse motivo, os correspondentes bancários devem adotar medidas de segurança robustas visando mitigar esses riscos e proteger seus clientes de potenciais prejuízos”, declara.

Segundo Ramalho, o setor financeiro é altamente regulamentado e os correspondentes bancários devem cumprir uma série de normas e leis, incluindo a Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD no Brasil ou o Regulamento Geral de Proteção de Dados - GDPR na União Europeia. “O não cumprimento dessas regulamentações pode resultar em penalidades severas, como multas significativas e, até mesmo, a suspensão ou revogação da autorização para atuar no mercado financeiro”, revela.

A tecnologia surge como uma aliada na proteção de dados sensíveis. “Investir em medidas de segurança da informação, como criptografia, autenticação de dois fatores e firewalls é essencial para proteger os dados confidenciais dos clientes e prevenir eventuais acessos não autorizados realizados por terceiros”, relata.

Conforme apontado pelo fundador da Universidade Gerando Resultados, a ocorrência de incidentes de segurança, como ataques cibernéticos ou vazamentos representa uma ameaça significativa para os correspondentes bancários, podendo resultar na interrupção das operações e causar prejuízos financeiros substanciais. “A proteção adequada dos dados torna-se, portanto, imprescindível para assegurar a continuidade dos negócios de forma mais robusta, garantindo a confiança dos clientes e mitigando riscos potenciais de exposição e uso indevido das informações sensíveis”, declara.

O especialista acredita que os correspondentes bancários devem investir em tecnologias e processos que garantam a proteção dos dados de seus clientes. Para isso, a conscientização sobre a importância da segurança cibernética deve ser promovida entre todos os funcionários. “Esse movimento, se eficaz, é capaz de mitigar práticas negligentes que possam colocar em risco a integridade dos dados e a segurança financeira dos clientes”, finaliza.

 

Fonte: M2 Comunicação Jurídica/Forbes/O Globo/Carolina Lara Comunicação

 

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