quarta-feira, 26 de julho de 2023


 Europa fala em fechar acordo com Mercosul em 2023

A União Europeia fez um aceno ao presidente Lula de que está disposta a ceder para chegar a um acordo comercial com o Mercosul ainda neste ano. O embaixador do bloco europeu no Brasil, Ignacio Ybáñez, avalia que seria ruim para os dois lados jogar fora mais de duas décadas de negociações. “Seria muito ruim tanto para a União Europeia como para o Mercosul, sobretudo para o Brasil. Seria uma pena não chegar a um acordo”, avaliou em entrevista à Coluna.

Uma das principais críticas de Lula é sobre o artigo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais nos países do bloco sul-americano, e vice-versa.

"Nós vamos ser flexíveis. Para nós, o acordo é muito mais importante do que as compras públicas, que pequenos detalhes que podem se fechar ao final da negociação", disse Ybáñez. 

"O acordo é uma aposta mirando para o futuro, e pensamos que as duas partes ganham. Se não ganhamos em tudo, já buscaremos uma certa compensação olhando pra frente", acrescentou.

Segundo o diplomata, "seria uma pena" não concluir o acordo comercial, que é discutido há mais de 20 anos pelos dois blocos.

Lula é o atual presidente pro tempore do Mercosul e já reiterou em diversas ocasiões que deseja fechar o pacto ainda em 2023, porém deixou claro que não abrirá mão das compras públicas como instrumento de política industrial. 

O presidente Lula está na presidência temporária do Mercosul e quer aproveitar as discussões do aditivo de ações de sustentabilidade – previsto a partir do acordo de 2019 e apresentado em março deste ano – para incluir outras renegociações, como as regras que definem as relações dos Estados dos dois blocos com compras públicas dos países.

A inclusão das compras governamentais no acordo UE-Mercosul é um ponto criticado por Lula. Ybáñez garante, no entanto, que isso não será empecilho para o avanço do acordo.

“Nós vamos ser flexíveis. Para nós, o acordo é muito mais importante do que as compras públicas, que pequenos detalhes que podem se fechar ao final da negociação. O acordo é uma aposta mirando para o futuro e pensamos que as duas partes ganham. Se não ganhamos em tudo, já buscaremos uma certa compensação olhando pra frente”, afirmou.

“Nós vamos ser flexíveis. O acordo é muito mais importante do que pequenos detalhes”
Do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, sobre o acordo comercial entre o bloco e o Mercosul

Os países do Mercosul querem garantir que as compras governamentais poderão ser usadas para mais políticas públicas locais. Pelo acordo negociado em 2019, as empresas dos dois blocos econômicos podem participar de licitações em condições de igualdade com as firmas locais. Porém, são incluídas algumas exceções, como aquisição de produtos da lista do SUS e para programas de segurança alimentar.

O embaixador da União Europeia considera legítimo o presidente Lula, que tomou posse este ano, tanto no Brasil como na presidência pro tempore do Mercosul, reavaliar os termos que foram assinados por outros presidentes. Ybáñez lembra que a única parte que havia ficado pendente para discussão, após 2019, era referente às exigências ambientais, mas reforça que o surgimento do debate sobre as compras públicas não fecha a porta.

“Se chegam propostas no âmbito das compras públicas é uma coisa que não estava pensada na declaração de 2020. Isso não quer dizer que não vamos aceitar, pois não sabemos o que vão pedir. Pode ser que as coisas que os países do Mercosul peçam sejam boas e possamos aceitar”, concluiu.

Quando o governo brasileiro recebeu da União Europeia, neste ano, exigências adicionais na área ambiental para finalizar o acordo de livre comércio com o Mercosul, o presidente Lula reagiu. Considerou uma ameaça, por exemplo, um trecho que proíbe que a Europa importe produtos de áreas desmatadas, e reclamou de os termos serem colocados agora.

O embaixador europeu negou que haja a possibilidade de sanções e explicou que o aditivo só foi apresentado neste ano porque não havia ambiente durante o governo Jair Bolsonaro para avançar nessa pauta.

“Em 2019, os dados sobre desmatamento foram fora da curva e o Brasil ficaria fora dos compromissos do Acordo de Paris. Depois, avaliamos positivamente a mudança de discurso com a troca dos ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais). Mas, a prática não mudou”, relembrou.

Ybáñez diz que agora é diferente. O governo Lula põe a questão ambiental no centro da pauta e entregou o Ministério do Meio Ambiente a Marina Silva, reconhecida internacionalmente pelos seus esforços para reduzir drasticamente o desmatamento.

“Não é verdade que estivemos esperando a chegada do presidente lula e apresentamos a ele documento que era pensado para o governo anterior. O documento é para o futuro, porque o acordo vai pra frente”, concluiu.

 

Ø  Maiores economias da União Europeia apresentam sinais de recessão, aponta mídia

 

Dados estudados pela agência norte-americana Bloomberg indicam contração na indústria e nos serviços na França e na Alemanha, as duas maiores economias do bloco europeu.

A Alemanha e a França iniciaram o terceiro trimestre com contrações em suas economias do setor privado, informou na segunda-feira (24) a agência norte-americana Bloomberg.

Assim, o Índice Flash de Gerentes de Compras da S&P Global para a Alemanha caiu para o nível mais baixo deste ano, de 48,3 em julho, sendo que níveis abaixo ou acima de 50 representam contração e crescimento, respetivamente. O desempenho negativo foi impulsionado pelo setor industrial, que está abaixo de 50 há mais de um ano e agora está perto dos níveis vistos pela última vez no início da pandemia em 2020. Enquanto isso, o crescimento dos serviços desacelerou pelo segundo mês.

"Há uma probabilidade maior de que a economia entre em recessão no segundo semestre do ano", prevê Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.

"Nos últimos meses, vimos uma queda de cair o queixo tanto nos novos pedidos quanto nas pendências de trabalho, que agora estão diminuindo em suas taxas mais rápidas desde a onda inicial da COVID-19 no início de 2020. Isso não é um bom presságio para o resto do ano", disse.

A França teve um desempenho ainda pior, atingindo um valor de 46,6, o pior desde novembro de 2020. Na França, o setor de fabricação em particular, mas também o de serviços, sofreram novas contrações.

"Os dados sinalizam um arrefecimento perceptível da economia, mostrando a redução mais acentuada da atividade empresarial desde novembro de 2020, que precedeu uma contração do PIB" na França, lembrou Norman Liebke, economista do Hamburg Commercial Bank.

Os números para ambos os países foram piores do que o previsto por qualquer economista nas pesquisas da Bloomberg, segundo a agência, que não vê isso como um bom sinal para a economia da União Europeia.

·         'Inaceitável e antieuropeu': Zelensky critica intenção de manter proibição para exportações de grãos

O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, argumentou que preservar a atual proibição de grãos ucranianos para alguns países-membros do bloco europeu violaria valores da União Europeia (UE).

As nações do Leste Europeu que pretendem preservar a atual proibição de importação de grãos da Ucrânia estão violando os valores da UE, afirmou Zelensky.

A proibição foi imposta pela Comissão Europeia em maio sob pressão da Polônia, Hungria, Eslováquia, Romênia e Bulgária, que buscavam proteger os agricultores locais da concorrência ucraniana. Em um vídeo na segunda-feira (24), Zelensky instou Bruxelas a deixar a restrição expirar no dia 15 de setembro, para quando está prevista.

Qualquer extensão da medida seria "inaceitável e obviamente antieuropeia", declarou o presidente. A UE é capaz de "agir de forma mais racional do que fechar esta ou aquela fronteira para este ou aquele bem", disse Zelensky. Kiev quer uma solução que "corresponda ao espírito da nossa Europa", acrescentou nas redes sociais.

Embora a Ucrânia não faça parte da UE, ela afirma compartilhar os valores do bloco. Zelensky fez as observações após uma reunião do governo sobre comércio agrícola.

O bloco europeu inicialmente levantou tarifas e cotas para as exportações ucranianas em uma tentativa de apoiar o país em seu conflito armado com a Rússia. No entanto, os alimentos mais baratos que inundaram o mercado comum do bloco derrubaram os preços e causaram protestos em massa de agricultores do Leste Europeu. As cinco nações impuseram restrições unilaterais antes que Bruxelas acabasse cedendo às suas exigências de proibição.

A campanha para manter as restrições em vigor além do prazo foi alimentada pelo colapso no início deste mês da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, um esquema que permitia a Kiev exportar seus grãos em navios comerciais.

A Rússia desistiu do acordo um ano após sua assinatura, alegando que o acordo não cumpriu sua lógica humanitária. As autoridades russas também observaram que as sanções econômicas às exportações russas de alimentos e fertilizantes não foram suspensas, ao contrário do que a ONU, um dos mediadores do acordo, havia prometido a Moscou.

Na semana passada, o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmygal, citou o fim do acordo ao criticar a posição da Polônia sobre as restrições de importação apoiadas pela UE. A posição era "hostil e populista" e "afetaria gravemente a segurança alimentar global e a economia da Ucrânia", reclamou ele no Twitter.

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Pawel Jablonski, ignorou as críticas, afirmando que seu país estava ajudando muito a Ucrânia. No entanto, acrescentou, Varsóvia é guiada por seus próprios interesses, inclusive quando se trata de ajudar a Ucrânia.

 

Ø  Desenvolvendo laços com Rússia, países africanos não escolhem entre ela e Ocidente, diz Moscou

 

O desenvolvimento das relações com a Rússia não impede que os países da África estabeleçam cooperação com os Estados ocidentais – o fortalecimento dos laços com Moscou não significa que na África façam a escolha "ou a Rússia ou o Ocidente", disse Oleg Ozerov, embaixador especial do MRE da Rússia, em entrevista à Sputnik.

"Tratamos os nossos parceiros africanos como iguais, com base no princípio da igualdade soberana dos Estados, não como muitos países ocidentais – como professores os alunos negligentes. Isso não deve acontecer nas relações internacionais", apontou Ozerov.

Ele também observou que a cooperação entre a Rússia e África difere da do Ocidente na medida em que não tem um caráter de bloco e não é dirigida contra países terceiros.

Ele lembrou que, na primeira cúpula Rússia-África em 2019, o presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi "citou como exemplo que o país recebe uma chamada ajuda e assistência dos países ocidentais no valor de US$ 9 bilhões [R$ 42,55 bilhões], mas são retirados recursos no valor de US$ 42 bilhões [R$ 198,55 bilhões]".

"Este é o padrão de trabalho do Ocidente com os países africanos. Eles não querem mais isso. Ao aumentar as relações com a Rússia, eles não estão fazendo uma escolha: a Rússia ou o Ocidente. Eles desenvolvem relações conosco da mesma forma que com a China, a Índia, a Turquia, a União Europeia. Sua principal tarefa é atender aos seus interesses nacionais. E nós saudamos isso", ressaltou Ozerov.

Além disso, o embaixador russo destacou que os países ocidentais tentaram usar a situação com o motim do chefe do Grupo Wagner Yevgeny Prigozhin para influenciar os laços entre a Rússia e a África, mas isso não obteve nenhum resultado.

"Os países africanos não nos colocaram tais questões. E até a data isso não se refletiu nem a nível da sua participação, nem na qualidade da sua participação. Outra coisa é que nossos parceiros ocidentais tentaram explorar essa situação lançando a propaganda apropriada. Mas não houve resultado. Estou convencido de que nem vai haver", enfatizou Ozerov.

A segunda cúpula e o fórum econômico Rússia–África serão realizados em 27-28 de julho de 2023 em São Petersburgo. Sputnik é um parceiro informacional do evento.

 

Ø  Apesar das sanções à Rússia, Dilma vai encontrar Putin na 4ª em reunião pelo NDB, diz mídia

 

A ex-presidente Dilma Rousseff, atual chefe do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) do BRICS, vai se reunir nesta quarta-feira (26) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O encontro está marcado para ocorrer em São Petersburgo.

Dilma, que assumiu o NDB em março, com a missão de ampliar o banco e fortalecer a ideia de que a relação entre seus membros possa ocorrer em moedas locais, vai se encontrar com o líder russo que atualmente enfrenta sanções internacionais e uma forte pressão diplomática e financeira por parte dos EUA e da União Europeia (UE) de acordo com apuração da UOL.

Em maio deste ano, Dilma já esteve com o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin na sede do banco, em Xangai, na China, quando a atual gestora do banco garantiu que a instituição cumpriria suas obrigações perante "todos os membros fundadores, incluindo a Rússia". Isso incluiria o trabalho de "atrair empréstimos nos mercados de capitais".

Na mesma ocasião o ministro de Finanças da Rússia, Anton Siluanov, alertou que "durante o ano passado, pudemos observar que o sistema tradicional de instituições internacionais de desenvolvimento e os laços financeiros podem se desfazer facilmente por motivos políticos, criando riscos e custos adicionais em todo o mundo".

"Infelizmente, na nova realidade, os interesses do desenvolvimento estão sendo varridos em favor da política", disse Siluanov destacando no entanto que "o objetivo do BRICS é unir, não dividir".

Para o ministro, o NDB "deve dar atenção especial a áreas como a facilitação da transferência de tecnologia e a promoção da inovação, a abordagem de problemas de segurança alimentar e energética, o desenvolvimento de infraestrutura sustentável e a criação de capacidade para o desenvolvimento", algo que a presidente Dilma salientou em seu discurso de posse como sendo os pilares de sua gestão.

Em 2021, o banco destinou US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 6,1 bilhões) em empréstimos aos russos, contra US$ 800 milhões (quase R$ 3,8 bilhões) em 2020. Em 2019, foram mais US$ 1,3 bilhão em créditos para a Rússia, além de outros US$ 900 milhões (aproximadamente R$ 4,9 bilhões) em 2018.

 

Fonte: Agencia Estado/Sputnik Brasil

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