Europa fala em fechar acordo com Mercosul em 2023
A União Europeia fez um aceno ao presidente Lula de
que está disposta a ceder para chegar a um acordo comercial com o Mercosul
ainda neste ano. O embaixador do bloco europeu no Brasil, Ignacio Ybáñez,
avalia que seria ruim para os dois lados jogar fora mais de duas décadas de
negociações. “Seria muito ruim tanto para a União Europeia como para o
Mercosul, sobretudo para o Brasil. Seria uma pena não chegar a um acordo”,
avaliou em entrevista à Coluna.
Uma das principais críticas de Lula é sobre o
artigo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais nos países do bloco sul-americano, e vice-versa.
"Nós vamos ser flexíveis. Para nós, o acordo é muito mais
importante do que as compras públicas, que pequenos detalhes que podem se
fechar ao final da negociação", disse Ybáñez.
"O acordo é uma aposta mirando para o futuro,
e pensamos que as duas partes ganham. Se não ganhamos em tudo, já buscaremos
uma certa compensação olhando pra frente", acrescentou.
Segundo o diplomata, "seria uma pena" não
concluir o acordo comercial, que é discutido há mais de 20 anos pelos dois
blocos.
Lula é o atual presidente pro tempore do Mercosul e
já reiterou em diversas ocasiões que deseja fechar o pacto ainda em 2023, porém
deixou claro que não abrirá mão das compras públicas como instrumento de
política industrial.
O presidente Lula está na presidência temporária do
Mercosul e quer aproveitar as discussões do aditivo de ações de
sustentabilidade – previsto a partir do acordo de 2019 e apresentado em março
deste ano – para incluir outras renegociações, como as regras que definem as
relações dos Estados dos dois blocos com compras públicas dos países.
A inclusão das compras governamentais no acordo
UE-Mercosul é um ponto criticado por Lula. Ybáñez garante, no entanto, que isso
não será empecilho para o avanço do acordo.
“Nós vamos ser flexíveis. Para nós, o acordo é
muito mais importante do que as compras públicas, que pequenos detalhes que
podem se fechar ao final da negociação. O acordo é uma aposta mirando para o
futuro e pensamos que as duas partes ganham. Se não ganhamos em tudo, já
buscaremos uma certa compensação olhando pra frente”, afirmou.
“Nós vamos ser flexíveis. O acordo é muito mais
importante do que pequenos detalhes”
Do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, sobre o acordo
comercial entre o bloco e o Mercosul
Os países do Mercosul querem garantir que as
compras governamentais poderão ser usadas para mais políticas públicas locais.
Pelo acordo negociado em 2019, as empresas dos dois blocos econômicos podem
participar de licitações em condições de igualdade com as firmas locais. Porém,
são incluídas algumas exceções, como aquisição de produtos da lista do SUS e
para programas de segurança alimentar.
O embaixador da União Europeia considera legítimo o
presidente Lula, que tomou posse este ano, tanto no Brasil como na presidência
pro tempore do Mercosul, reavaliar os termos que foram assinados por outros
presidentes. Ybáñez lembra que a única parte que havia ficado pendente para
discussão, após 2019, era referente às exigências ambientais, mas reforça que o
surgimento do debate sobre as compras públicas não fecha a porta.
“Se chegam propostas no âmbito das compras públicas
é uma coisa que não estava pensada na declaração de 2020. Isso não quer dizer
que não vamos aceitar, pois não sabemos o que vão pedir. Pode ser que as coisas
que os países do Mercosul peçam sejam boas e possamos aceitar”, concluiu.
Quando o governo brasileiro recebeu da União
Europeia, neste ano, exigências adicionais na área ambiental para finalizar o
acordo de livre comércio com o Mercosul, o presidente Lula reagiu. Considerou
uma ameaça, por exemplo, um trecho que proíbe que a Europa importe produtos de
áreas desmatadas, e reclamou de os termos serem colocados agora.
O embaixador europeu negou que haja a possibilidade
de sanções e explicou que o aditivo só foi apresentado neste ano porque não
havia ambiente durante o governo Jair Bolsonaro para avançar nessa pauta.
“Em 2019, os dados sobre desmatamento foram fora da
curva e o Brasil ficaria fora dos compromissos do Acordo de Paris. Depois,
avaliamos positivamente a mudança de discurso com a troca dos ex-ministros
Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais). Mas,
a prática não mudou”, relembrou.
Ybáñez diz que agora é diferente. O governo Lula
põe a questão ambiental no centro da pauta e entregou o Ministério do Meio
Ambiente a Marina Silva, reconhecida internacionalmente pelos seus esforços
para reduzir drasticamente o desmatamento.
“Não é verdade que estivemos esperando a chegada do
presidente lula e apresentamos a ele documento que era pensado para o governo
anterior. O documento é para o futuro, porque o acordo vai pra frente”,
concluiu.
Ø Maiores economias da União Europeia apresentam sinais de recessão,
aponta mídia
Dados estudados pela agência norte-americana
Bloomberg indicam contração na indústria e nos serviços na França e na
Alemanha, as duas maiores economias do bloco europeu.
A Alemanha e a França iniciaram o terceiro
trimestre com contrações em suas economias do setor privado, informou na
segunda-feira (24) a agência norte-americana Bloomberg.
Assim, o Índice Flash de Gerentes de Compras da
S&P Global para a Alemanha caiu para o nível mais baixo deste ano, de 48,3
em julho, sendo que níveis abaixo ou acima de 50 representam contração e
crescimento, respetivamente. O desempenho negativo foi impulsionado pelo setor
industrial, que está abaixo de 50 há mais de um ano e agora está perto dos
níveis vistos pela última vez no início da pandemia em 2020. Enquanto isso, o
crescimento dos serviços desacelerou pelo segundo mês.
"Há uma probabilidade maior de que a economia
entre em recessão no segundo semestre do ano", prevê Cyrus de la Rubia,
economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.
"Nos últimos meses, vimos uma queda de cair o
queixo tanto nos novos pedidos quanto nas pendências de trabalho, que agora
estão diminuindo em suas taxas mais rápidas desde a onda inicial da COVID-19 no
início de 2020. Isso não é um bom presságio para o resto do ano", disse.
A França teve um desempenho ainda pior, atingindo
um valor de 46,6, o pior desde novembro de 2020. Na França, o setor de
fabricação em particular, mas também o de serviços, sofreram novas contrações.
"Os dados sinalizam um arrefecimento
perceptível da economia, mostrando a redução mais acentuada da atividade
empresarial desde novembro de 2020, que precedeu uma contração do PIB" na
França, lembrou Norman Liebke, economista do Hamburg Commercial Bank.
Os números para ambos os países foram piores do que
o previsto por qualquer economista nas pesquisas da Bloomberg, segundo a
agência, que não vê isso como um bom sinal para a economia da União Europeia.
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'Inaceitável e antieuropeu': Zelensky critica
intenção de manter proibição para exportações de grãos
O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky,
argumentou que preservar a atual proibição de grãos ucranianos para alguns
países-membros do bloco europeu violaria valores da União Europeia (UE).
As nações do Leste Europeu que pretendem preservar
a atual proibição de importação de grãos da Ucrânia estão violando os valores
da UE, afirmou Zelensky.
A proibição foi imposta pela Comissão Europeia em
maio sob pressão da Polônia, Hungria, Eslováquia, Romênia e Bulgária, que
buscavam proteger os agricultores locais da concorrência ucraniana. Em um vídeo
na segunda-feira (24), Zelensky instou Bruxelas a deixar a restrição expirar no
dia 15 de setembro, para quando está prevista.
Qualquer extensão da medida seria "inaceitável
e obviamente antieuropeia", declarou o presidente. A UE é capaz de
"agir de forma mais racional do que fechar esta ou aquela fronteira para
este ou aquele bem", disse Zelensky. Kiev quer uma solução que
"corresponda ao espírito da nossa Europa", acrescentou nas redes
sociais.
Embora a Ucrânia não faça parte da UE, ela afirma
compartilhar os valores do bloco. Zelensky fez as observações após uma reunião
do governo sobre comércio agrícola.
O bloco europeu inicialmente levantou tarifas e
cotas para as exportações ucranianas em uma tentativa de apoiar o país em seu
conflito armado com a Rússia. No entanto, os alimentos mais baratos que
inundaram o mercado comum do bloco derrubaram os preços e causaram protestos em
massa de agricultores do Leste Europeu. As cinco nações impuseram restrições
unilaterais antes que Bruxelas acabasse cedendo às suas exigências de
proibição.
A campanha para manter as restrições em vigor além
do prazo foi alimentada pelo colapso no início deste mês da Iniciativa de Grãos
do Mar Negro, um esquema que permitia a Kiev exportar seus grãos em navios
comerciais.
A Rússia desistiu do acordo um ano após sua
assinatura, alegando que o acordo não cumpriu sua lógica humanitária. As
autoridades russas também observaram que as sanções econômicas às exportações
russas de alimentos e fertilizantes não foram suspensas, ao contrário do que a
ONU, um dos mediadores do acordo, havia prometido a Moscou.
Na semana passada, o primeiro-ministro ucraniano,
Denis Shmygal, citou o fim do acordo ao criticar a posição da Polônia sobre as
restrições de importação apoiadas pela UE. A posição era "hostil e
populista" e "afetaria gravemente a segurança alimentar global e a
economia da Ucrânia", reclamou ele no Twitter.
O ministro das Relações Exteriores da Polônia,
Pawel Jablonski, ignorou as críticas, afirmando que seu país estava ajudando
muito a Ucrânia. No entanto, acrescentou, Varsóvia é guiada por seus próprios
interesses, inclusive quando se trata de ajudar a Ucrânia.
Ø Desenvolvendo laços com Rússia, países africanos não escolhem entre ela
e Ocidente, diz Moscou
O desenvolvimento das relações com a Rússia não
impede que os países da África estabeleçam cooperação com os Estados ocidentais
– o fortalecimento dos laços com Moscou não significa que na África façam a
escolha "ou a Rússia ou o Ocidente", disse Oleg Ozerov, embaixador
especial do MRE da Rússia, em entrevista à Sputnik.
"Tratamos os nossos parceiros africanos como
iguais, com base no princípio da igualdade soberana dos Estados, não como
muitos países ocidentais – como professores os alunos negligentes. Isso não
deve acontecer nas relações internacionais", apontou Ozerov.
Ele também observou que a cooperação entre a Rússia
e África difere da do Ocidente na medida em que não tem um caráter de bloco e
não é dirigida contra países terceiros.
Ele lembrou que, na primeira cúpula Rússia-África
em 2019, o presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi
"citou como exemplo que o país recebe uma chamada ajuda e assistência dos
países ocidentais no valor de US$ 9 bilhões [R$ 42,55 bilhões], mas são retirados
recursos no valor de US$ 42 bilhões [R$ 198,55 bilhões]".
"Este é o padrão de trabalho do Ocidente com
os países africanos. Eles não querem mais isso. Ao aumentar as relações com a
Rússia, eles não estão fazendo uma escolha: a Rússia ou o Ocidente. Eles desenvolvem
relações conosco da mesma forma que com a China, a Índia, a Turquia, a União
Europeia. Sua principal tarefa é atender aos seus interesses nacionais. E nós
saudamos isso", ressaltou Ozerov.
Além disso, o embaixador russo destacou que os
países ocidentais tentaram usar a situação com o motim do chefe do Grupo Wagner
Yevgeny Prigozhin para influenciar os laços entre a Rússia e a África, mas isso
não obteve nenhum resultado.
"Os países africanos não nos colocaram tais
questões. E até a data isso não se refletiu nem a nível da sua participação,
nem na qualidade da sua participação. Outra coisa é que nossos parceiros
ocidentais tentaram explorar essa situação lançando a propaganda apropriada.
Mas não houve resultado. Estou convencido de que nem vai haver", enfatizou
Ozerov.
A segunda cúpula e o fórum econômico Rússia–África
serão realizados em 27-28 de julho de 2023 em São Petersburgo. Sputnik é um
parceiro informacional do evento.
Ø Apesar das sanções à Rússia, Dilma vai encontrar Putin na 4ª em reunião
pelo NDB, diz mídia
A ex-presidente Dilma Rousseff, atual chefe do Novo
Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) do BRICS, vai se reunir
nesta quarta-feira (26) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O encontro
está marcado para ocorrer em São Petersburgo.
Dilma, que assumiu o NDB em março, com a missão de
ampliar o banco e fortalecer a ideia de que a relação entre seus membros possa
ocorrer em moedas locais, vai se encontrar com o líder russo que atualmente
enfrenta sanções internacionais e uma forte pressão diplomática e financeira
por parte dos EUA e da União Europeia (UE) de acordo com apuração da UOL.
Em maio deste ano, Dilma já esteve com o
primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin na sede do banco, em Xangai, na
China, quando a atual gestora do banco garantiu que a instituição cumpriria
suas obrigações perante "todos os membros fundadores, incluindo a
Rússia". Isso incluiria o trabalho de "atrair empréstimos nos
mercados de capitais".
Na mesma ocasião o ministro de Finanças da Rússia,
Anton Siluanov, alertou que "durante o ano passado, pudemos observar que o
sistema tradicional de instituições internacionais de desenvolvimento e os
laços financeiros podem se desfazer facilmente por motivos políticos, criando
riscos e custos adicionais em todo o mundo".
"Infelizmente, na nova realidade, os
interesses do desenvolvimento estão sendo varridos em favor da política",
disse Siluanov destacando no entanto que "o objetivo do BRICS é unir, não
dividir".
Para o ministro, o NDB "deve dar atenção
especial a áreas como a facilitação da transferência de tecnologia e a promoção
da inovação, a abordagem de problemas de segurança alimentar e energética, o
desenvolvimento de infraestrutura sustentável e a criação de capacidade para o
desenvolvimento", algo que a presidente Dilma salientou em seu discurso de
posse como sendo os pilares de sua gestão.
Em 2021, o banco destinou US$ 1,3 bilhão (cerca de
R$ 6,1 bilhões) em empréstimos aos russos, contra US$ 800 milhões (quase R$ 3,8
bilhões) em 2020. Em 2019, foram mais US$ 1,3 bilhão em créditos para a Rússia,
além de outros US$ 900 milhões (aproximadamente R$ 4,9 bilhões) em 2018.
Fonte: Agencia Estado/Sputnik Brasil
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