terça-feira, 11 de julho de 2023

“Divórcio do sono”: dormir separado pode melhorar a relação do casal? Entenda

Dormir em quartos separados pode mais saudável para as relações de casais? Uma pesquisa da Sleep Foundation aponta que um a cada cinco casais americanos que moram juntos tem optado por dormir em quartos diferentes.

A prática, que recebeu o nome de “divórcio do sono”, tem sido uma alternativa usada para casais que buscam respeitar a individualidade um do outro.

O sono é uma necessidade básica e essencial para a saúde e bem-estar de qualquer indivíduo. Durante o descanso, o corpo se recupera, o cérebro processa as informações e ocorre a consolidação da memória. No entanto, diversos fatores podem prejudicar uma noite de sono tranquila, e compartilhar a cama com o parceiro, ainda de acordo com o estudo, pode ser um deles.

Distúrbios do sono como ronco, insônia ou movimentos constantes durante a noite são comuns em muitos casais. Essas perturbações podem levar a noites mal dormidas, irritabilidade durante o dia e até mesmo problemas de saúde a longo prazo. Conscientes disso, alguns casais estão optando por dormir em quartos separados para evitar tais interrupções e melhorar sua qualidade de sono.

Embora possa parecer incomum à primeira vista, essa prática não necessariamente precisa ser vista como um sinal de problemas conjugais. Pelo contrário, é um passo que os casais modernos estão dando para promover a saúde e o bem-estar pessoal e, por consequência, fortalecer o relacionamento.

A psicóloga e mestre em Psicologia e Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Ana Streit explica que, acima de tudo, é preciso cuidar da relação.

“O essencial é avaliar o quanto dormir em camas separadas, de fato, beneficiará a relação. Ou seja, é preciso pensar se é uma solução ou se está apenas camuflando algum problema não resolvido que pode ser da relação ou mesmo algum problema de saúde”, diz a psicóloga.

Em outra pesquisa realizada neste ano pela Sleep Foundation. com 1.250 adultos também americanos, 1,4% dos entrevistados dormiram separados dos parceiros durante um ano ou mais.

Um pouco mais da metade (52,9%) dos participantes afirmaram que dormir sozinho melhorou a qualidade do sono. A especialista afirma, no entanto, que a atitude de dormir em quartos diferentes pode gerar um distanciamento físico e acarretar em distanciamento emocional.

“O relacionamento amoroso tem um caráter diferente de todos os outros, no caso, a atração. Ao aceitar uma relacionamento amoroso pobre em atração e conexão emocional, a pessoa deixa de viver uma relação em sua plenitude e, com isso, perde o que só o envolvimento entre um casal pode oferecer.”

Ana provoca uma reflexão para os casais que estiverem pensando em dormir separados. “Quais os momentos que o casal terá de intimidade e conexão, para além das relações sexuais? Qual a profundidade da sintonia emocional do casal? É preciso ficar atento para não estar sozinho dentro de um relacionamento”, diz.

É essencial que os casais que optem por dormir em quartos separados mantenham uma comunicação aberta e honesta para evitar qualquer sentimento de rejeição ou distanciamento. Compreender as necessidades individuais de cada um e encontrar maneiras de fortalecer a conexão e a intimidade fora do quarto é fundamental para que a escolha seja benéfica para ambos.

 

Ø  Traição pode gerar impactos negativos para a saúde mental; psicóloga explica

 

Semana que passou, um assunto ganhou força nas redes sociais: a suposta traição do jogador Neymar com a namorada, Bruna Biancardi. O fato da influencer estar esperando o primeiro filho do casal e da “infidelidade” ter acontecido na véspera do Dia dos Namorados fez com que a história ganhasse ainda mais peso.

Para a psicóloga e mestre em psicologia e saúde Ana Streit, o impacto das consequências negativas da quebra de confiança pode afetar diretamente a saúde mental da pessoa traída.

“Alguns estudos apontam que uma traição pode gerar em quem foi traído um quadro de sintomas muito semelhante ao do TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Isso quer dizer que, emocionalmente e fisicamente, quem foi traído experimenta reações de um pós-trauma, como alguém que foi assaltado ou sofreu um grave acidente de carro, por exemplo. Nesta situação, pensamentos recorrentes e ruminativos sobre a traição geram a sensação de vulnerabilidade e perda de controle em quem sofreu o trauma”, comenta a especialista.

Além disso, de acordo com a psicóloga, a traição pode desencadear quadros de ansiedade e hipervigilância, como problemas de sono, concentração, isolamento, raiva ou desejo de vingança.

“É exatamente o que mostra o estudo publicado no Sexual Addiction & Compulsivity, que revelou que as esposas dos homens que tinham um alto padrão de infidelidade, quando confrontadas aos eventos de deslealdade de seus parceiros, experimentaram sintomas de estresse semelhantes aos vividos pelos indivíduos com TEPT.”

·         Como evitar que uma traição aconteça?

Superar uma traição é um processo longo e desafiador. Por isso, afim de evitá-la, é preciso que o casal construa uma relação com alta métrica de confiança e conexão. Quanto maior essa métrica, menor a chance da infidelidade ser tida como uma possibilidade presente na mente das pessoas no relacionamento, pois os esforços de ambos estarão no fortalecimento da relação, diz uma das dicas da especialista.

Segundo a psicóloga, diálogo e sinceridade são sempre bons aliados em uma relação amorosa. “Com uma alta métrica de confiança, ambos experimentam a sensação de ter uma base sólida, o que aumenta a probabilidade do relacionamento permanecer feliz a longo prazo. Uma métrica baixa de confiança indica que o casal precisa ter conversas honestas sobre a relação, sobre o quanto confiam um no outro e estão dispostos a construir mais transparência e investimento na relação, seja sozinhos ou buscando ajuda especializada, como uma terapia de casal”, explica.

Ana Streit enfatiza, ainda, a importância da ajuda psicológica ou psiquiátrica para superar um trauma causado por uma traição. “Duas atitudes são essenciais: acionar a rede de apoio, amigos, família, pessoas que possam acolher e oferecer apoio físico e emocional, enquanto o indivíduo se reestrutura, e buscar tratamento profissional para que possa se recuperar do trauma. O acompanhamento especializado tem o objetivo de fazer a pessoa ter eficácia e agilidade para lidar com a ferida do apego que é a traição, bem como não se perder em meio a dor e ao sofrimento, podendo se reorganizar o quanto antes e seguir em frente.”

As dicas de Streit revelam que o caminho da cura pode ser árduo, mas é possível. Com ajuda profissional, resiliência e determinação, qualquer indivíduo pode superar os impactos negativos de uma traição e redescobrir a confiança em um relacionamento.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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