É verdade que mulheres precisam dormir mais
que os homens? Entenda
Uma boa
noite de sono é fundamental para a nossa saúde e embora todos precisem de uma
quantidade adequada de descanso, pesquisas indicam que as mulheres necessitam
de mais tempo de sono do que homens – de 10 a 30 minutos a mais.
E isso
acontece por diversos fatores. Estudos realizados por instituições como a
Universidade de Duke, nos Estados Unidos, apontam que o mulheres normalmente
executam mais de uma tarefa ao mesmo tempo, seu cérebro tende a trabalhar de
maneira mais complexa ao longo do dia, exigindo um descanso maior para a sua
recuperação.
Além da
sobrecarga mental, oscilações hormonais, como as variações nos níveis de
estrogênio e progesterona ao longo do ciclo menstrual, também influenciam a
qualidade e a duração do sono das mulheres.
Embora
pareça pouco essa quantidade a mais de sono que as mulheres precisam, a
privação pode trazer impactos significativos à saúde, como o risco de
depressão, ansiedade, doenças cardiovasculares e obesidade.
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Mulheres também são mais propensas a problemas de sono
Aliado
a isso, as mulheres ainda têm 40% mais chances de sofrer de insônia, segundo relatório
da Sociedade para a Pesquisa em Saúde da Mulher. Isso acontece devido a fatores
como flutuações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez, pré-menopausa e
menopausa.
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“As
mulheres têm ciclo menstrual, TPM, pode ter cólica menstrual, pode ter uma
gestação e, certamente, ela vai entrar na menopausa em algum momento. E cada
uma dessas fases da vida, tem peculiaridades, tanto biológicas como
psicossociais. Então, esse conjunto de situações faz com que as necessidades e
os riscos de problemas de sono sejam diferentes entre os homens e as mulheres”,
explica Helena Hachul, ginecologista e médica do Sono, membra da Academia
Brasileira do Sono.
Um
estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism apontou
que mulheres com menos horas de sono também apresentam maior predisposição à
inflamação e ao estresse, fatores que contribuem para o desenvolvimento de
doenças crônicas.
Apesar
das diferenças entre os gêneros, a recomendação geral para um sono saudável
varia entre sete e nove horas por noite. No entanto, especialistas destacam que
a qualidade do sono é tão
importante quanto sua duração.
Práticas
como manter um horário regular para dormir, evitar telas antes de se deitar e criar um
ambiente propício ao descanso podem ajudar a melhorar a recuperação do
organismo durante a noite. Mas não é só isso!
“É
importante ter uma boa rotina durante o dia e a noite. Fazer exercício físico,
ter horário fixo para comer e fazer suas atividades, não exagerar no trabalho e
ficar deitado demais ajudam na hora de dormir. Pessoas que ficam muito tempo
deitado na cama ou se fica tirando vários cochilos, perde a pressão para o
sono. Não comer muito também antes de dormir e não consumir cafeína à noite
ajuda a ter uma boa noite de sono”, acrescenta Hachul.
¨ Telas impedem que
cérebro saiba que é hora de dormir, diz médica
Um dos
principais mandamentos da higiene do sono é evitar o uso de telas antes de
dormir. A pneumologista do Instituto do Sono, Erika Treptow, explica por que
celulares e tablets prejudicam quem busca um sono de melhor qualidade.
Segundo
a especialista, o uso de dispositivos eletrônicos tem dois grandes impactos na
saúde do sono. O primeiro é relacionado ao estímulo mental: “Não é incomum
começarmos a pesquisar algo na internet e, de repente, estarmos vendo cinco ou
seis coisas adicionais”, afirma Treptow.
O
segundo impacto, e talvez o mais significativo, está relacionado à luz emitida
por esses aparelhos. “Essa luz, principalmente quando muito próxima aos olhos,
causa um estímulo dentro do nosso cérebro que retarda a secreção de melatonina, um hormônio
relacionado ao escuro e ao anoitecer”, explica a pneumologista.
A
melatonina é fundamental para que o corpo entenda que está próximo o horário de
dormir. Quando há exposição à luz das telas, o cérebro interpreta como se ainda
fosse dia, dificultando o processo natural de preparação para o sono.
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Recomendações para melhorar o sono
Para
garantir uma boa noite de sono, especialistas recomendam evitar o uso de
dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de ir para a cama. Além
disso, criar um ambiente escuro e tranquilo no quarto, manter uma rotina
regular de sono e praticar atividades relaxantes antes de dormir são outras
estratégias que podem contribuir para uma melhor qualidade de sono.
O Dia
Mundial do Sono serve como um lembrete da importância de priorizar o descanso
adequado em nossas vidas. Adotar boas práticas de higiene do sono não apenas
melhora a qualidade do descanso, mas também contribui para a saúde geral e o
bem-estar ao longo do dia.
¨ Treino de resistência
ajuda a combater insônia, diz novo estudo
Quer um
sono melhor na terceira idade? Então, é hora de pegar alguns pesos. O
exercício, especialmente os treinos que incorporam resistência para melhorar a
força muscular, pode ser benéfico para idosos com insônia, de acordo com um
novo estudo publicado na terça-feira (4) no periódico BMJ Family Medicine and
Community Health.
A
insônia pode ser um grande problema, especialmente com o avanço da idade.
“Entre 30% e 48% dos idosos reclamam de sonolência, enquanto 12% a 20% têm
problemas de insônia”, afirmaram os autores do estudo.
Além
disso, a falta de sono tem sido
associada a condições como depressão, ansiedade e síndromes metabólicas,
acrescenta o estudo.
A
pesquisa foi uma meta-análise que analisou 25 estudos realizados entre 1996 e
2021. A análise investigou dados sobre exercício e sono de 2.170 pessoas com
pelo menos 60 anos de idade.
“Os
resultados deste estudo indicam que o exercício de fortalecimento é o mais
eficaz, seguido pelo exercício aeróbico e pelo exercício combinado”, escreveram
os autores. “No entanto, todos esses tipos de exercício melhoram a qualidade do
sono.”
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Por que o treinamento de resistência funciona?
Quando
se trata de dar conselhos sobre como obter o melhor sono, um estudo no estilo
meta-análise tem tanto pontos fortes quanto fracos, segundo Jade Wu, psicóloga
do sono e fundadora da Thrive Sleep Clinic, na Carolina do Norte.
Ela não esteve envolvida na pesquisa.
Os
pesquisadores reuniram dados de vários estudos, criando um grupo maior de
participantes, o que reduz a chance de viés ou resultados aleatórios, explicou
Wu. No entanto, como cada estudo utilizou uma metodologia diferente, pode ser
difícil determinar o impacto exato de cada tipo de exercício sobre o sono.
Mesmo
assim, faz sentido que idosos que praticam treinamento de resistência durmam
melhor, segundo Wu.
“O sono
é essencialmente um processo de recuperação do desgaste sofrido pelo corpo ao
longo do dia”, explicou. “O treinamento de resistência causa desgaste literal
nos músculos, e o sono é necessário para repará-los e fortalecê-los.”
“Aprender
novos movimentos também cria novas conexões no cérebro e estimula o sono, pois
revisitamos novas habilidades durante certas fases do sono. Em resumo, o
treinamento de resistência ‘merece’ o sono de forma muito eficaz”, acrescenta
Wu.
Estudos
anteriores já mostraram que o exercício de resistência pode reduzir a pressão arterial, melhorar os níveis
de açúcar no sangue, melhorar o colesterol, aumentar a força
das pernas, reduzir a depressão e a ansiedade e melhorar a qualidade de vida,
segundo Shalini Paruthi por e-mail. Paruthi é professora adjunta da Faculdade
de Medicina da Universidade de Saint Louis e médica especialista em sono no John
Cochran VA Medical Center, também em Saint Louis. Ela não participou do
estudo.
Dito
isso, pode ser que o fator mais importante para a insônia não seja o tipo
de exercício que você pratica, mas sim encontrar uma atividade que você consiga
manter de forma consistente, de acordo com Rachel Salas, neurologista
especializada em sono no Johns Hopkins Center for Sleep and Wellness,
em Maryland. Ela também não esteve envolvida na pesquisa.
“O
treinamento de resistência pode ser uma boa opção para muitas pessoas, pois não
é um exercício intenso e tem baixo risco de quedas”, afirma. “Mas há fatores
que levamos em consideração ao recomendar exercícios para idosos.”
Paruthi
acrescenta que, contanto que a pessoa esteja se movimentando, isso já deve
trazer melhorias para o sono.
“O
exercício beneficia a mente tanto quanto o corpo, e isso tem um efeito positivo
na capacidade de adormecer, manter o sono e na qualidade geral do descanso”,
afirma.
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Como melhorar o sono
A
insônia não é um problema exclusivo dos idosos, observou Paruthi. A maioria das
pessoas provavelmente enfrentará dificuldades para dormir em algum momento da
vida.
O
exercício é apenas uma das muitas estratégias que podem ajudar a melhorar o
sono.
“Há
várias medidas que podem ser adotadas, começando por garantir que o ambiente
seja propício ao sono – ou seja, um quarto escuro, silencioso, fresco e sem
eletrônicos por pelo menos 30 a 60 minutos antes de apagar as luzes”, diz
Paruthi por e-mail.
Seguir
uma rotina também pode ajudar a regular o ritmo circadiano, o relógio biológico
de 24 horas do corpo, de acordo com Salas.
“Sempre
orientamos os pacientes a manter um horário regular para dormir e acordar, mas
eu costumo ir além e incentivá-los a comer e se exercitar em horários
consistentes diariamente”, afirma.
Fazer alongamentos leves
antes de dormir pode
ser uma ótima maneira de relaxar os músculos e sinalizar ao corpo que é hora de
desacelerar, acrescenta Salas.
Alguns
problemas de sono podem indicar condições médicas, como apneia obstrutiva do
sono ou síndrome das pernas inquietas, alerta Paruthi.
“Se as
dificuldades para dormir persistirem por mais de duas semanas, é fundamental
procurar um médico de atenção primária ou um especialista certificado em sono
para entender o que está acontecendo e receber um tratamento adequado e baseado
em evidências”, conclui.
Fonte: CNN Brasil
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