Negacionismo: Mais uma criança morre nos EUA
em piora de surto de sarampo, doença antes declarada eliminada do país
Mais
uma criança morreu de sarampo durante um surto do vírus, que atinge o oeste do
Texas, nos Estados Unidos.
A
menina tinha 8 anos e não estava vacinada. Ela não tinha problemas de saúde
prévios e foi hospitalizada por complicações decorrentes da doença, disse à BBC
Aaron Davis, vice-presidente de um hospital em Lubbock, no Texas.
Robert
F. Kennedy Jr., secretário de Saúde do governo Donald Trump e que ficou
conhecido por seu ceticismo em relação às vacinas, visitou o Estado após a
notícia da morte. Ele enfrenta críticas por sua gestão do surto.
O Texas
registrou mais de 480 casos de sarampo neste ano até a última sexta-feira
(4/4), um aumento de 60 casos em relação ao início da semana. O surto se
estendeu aos Estados vizinhos ao Texas.
"Este
infeliz acontecimento sublinha a importância da vacinação", disse Davis em
um comunicado.
"O
sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode levar a complicações graves,
particularmente para aqueles que não estão vacinados."
A
criança morreu na madrugada de quinta-feira.
Em
fevereiro, uma menina de seis anos não vacinada da comunidade menonita local
foi a primeira criança a morrer de sarampo nos EUA em uma década. Em março, um
homem não vacinado morreu no Estado do Novo México após contrair o vírus,
embora a causa da morte ainda esteja sob investigação.
Houve
mais casos de sarampo nos EUA durante os primeiros três meses de 2025 do que em
todo o ano de 2024, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças
(CDC).
O
departamento de saúde do Estado do Texas e o Departamento Federal de Saúde não
listaram a morte em suas contagens de casos na sexta-feira.
Em um
comunicado, Kennedy confirmou a morte da menina.
"Minha
intenção era vir aqui discretamente para consolar as famílias e estar com a
comunidade em seu momento de luto", disse o secretário no comunicado.
Ele
também disse que estava em contato com autoridades locais para "apoiar os
funcionários de saúde do Texas e aprender como nossas agências podem fazer uma
parceria melhor com eles para controlar o surto de sarampo".
Kennedy
disse que estava enviando uma equipe, como fez em março, para ajudar a
distribuir vacinas, medicamentos e outros suprimentos, entre outros serviços de
apoio.
"A
maneira mais eficaz de prevenir a propagação do sarampo é a vacina MMR",
escreveu Kennedy.
Antes
de ser nomeado por Trump para comandar a saúde, Kennedy se notabilizou por sua
posição crítica em relação às vacinas — e por liderar movimentos que questionam
a regulamentação e a segurança dos produtos farmacêuticos.
Em
2007, RFK Jr. fundou a organização Children's Health Defense, uma entidade
dedicada a denunciar o que considera práticas nocivas da indústria
farmacêutica.
A ONG é
considerada por parte da comunidade científica como uma fonte perigosa de
desinformação sobre vacinas.
¨ Doador australiano
com sangue raro salvou a vida de 2 milhões de bebês
Um dos
doadores de sangue de maior sucesso do mundo — cujo plasma salvou a vida de
mais de 2 milhões de bebês — morreu aos 88 anos.
James Harrison
morreu dormindo em uma casa de repouso em Nova Gales do Sul, na Austrália, em 17 de fevereiro.
Conhecido
na Austrália como o homem do braço de ouro, o sangue de Harrison continha um
anticorpo raro, o Anti-D, que é usado para fazer medicamentos dados a mães
grávidas cujo sangue corre o risco de atacar seus bebês ainda não nascidos.
O
Serviço de Sangue da Cruz Vermelha Australiana, que prestou homenagem a
Harrison, disse que ele prometeu se tornar um doador após receber transfusões
durante uma grande cirurgia torácica quando tinha 14 anos.
Ele
começou a doar seu plasma sanguíneo quando tinha 18 anos e continuou fazendo
isso a cada duas semanas até os 81.
Em
2005, ele tinha o recorde mundial de mais plasma sanguíneo doado — um título
que manteve até 2022, quando foi ultrapassado por um homem nos EUA.
A filha
de Harrison, Tracey Mellowship, disse que seu pai estava "muito orgulhoso
de ter salvado tantas vidas, sem nenhum custo ou dor".
"Ele
sempre disse que não dói, e a vida que você salva pode ser a sua", disse
ela.
Mellowship
e dois netos de Harrison também receberam a imunoglobulina anti-D. "Ficou
[James] feliz em ouvir sobre as muitas famílias como a nossa, que existiram por
causa de sua gentileza", disse ela.
As
vacinas anti-D protegem os bebês em gestação de um distúrbio sanguíneo mortal
chamado doença hemolítica do feto e do recém-nascido.
A
condição ocorre na gravidez quando os glóbulos vermelhos da mãe são
incompatíveis com os do bebê em crescimento.
O
sistema imunológico da mãe então vê as células sanguíneas do bebê como uma
ameaça e produz anticorpos para atacá-las. Isso pode prejudicar seriamente o
bebê, causando anemia grave, insuficiência cardíaca ou até mesmo a morte.
Antes
que a vacina imunoglobulina anti-D fosse desenvolvida em meados da década de
1960, um em cada dois bebês diagnosticados com doença hemolítica morria.
Não
está claro como o sangue de Harrison se tornou tão rico em imunoglobulina
anti-D, mas há suspeitas de que o quadro tenha relação com a transfusão de
sangue maciça que ele recebeu aos 14 anos.
Existem
menos de 200 doadores anti-D na Austrália, mas eles ajudam cerca de 45 mil mães
e seus bebês todos os anos, de acordo com o Serviço de Sangue da Cruz Vermelha
Australiana, também conhecido como Lifeblood.
A
Lifeblood tem trabalhado com o Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall
da Austrália para desenvolver anticorpos anti-D em laboratório replicando
células sanguíneas e imunológicas de Harrison e outros doadores.
Os
pesquisadores envolvidos esperam que o anti-D feito em laboratório possa um dia
ser usado para ajudar mulheres grávidas em todo o mundo.
"Criar
uma nova terapia tem sido um 'santo graal' há muito tempo", disse o
diretor de pesquisa da Lifeblood, David Irving.
Ele
observou a escassez de doadores comprometidos com a doação regular, que sejam
capazes de produzir anticorpos em qualidade e quantidade suficientes.
Fonte: BBC News

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