terça-feira, 8 de abril de 2025

Maioria dos brasileiros é contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8/1, diz nova pesquisa Quaest

A nova pesquisa Quaest, divulgada neste domingo (6), mostra que 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2022, enquanto 34% defendem que o grupo seja solto (ou porque a prisão nem deveria ter ocorrido, ou porque já está preso há tempo demais). O restante (10%) não sabia ou não respondeu.

O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, considerou as respostas das 2.004 pessoas entrevistadas, entre 27 e 31/03. O nível de confiabilidade é de 95% , e a margem de erro, de 2 pontos.

•        O que pensam os eleitores de Bolsonaro? E os de Lula?

A pesquisa revela que, entre quem votou no então candidato Lula no 2º turno das eleições de 2022, 77% acreditam que os envolvidos nos ataques devem continuar presos por mais tempo e cumprirem suas penas. Entre os eleitores de Bolsonaro, o índice é de 32%; e no grupo de quem não votou ou votou branco/nulo, de 53%.

A defesa à anistia é manifestada por:

•        15% de quem votou em Lula;

•        61% de quem votou em Bolsonaro;

•        31% de quem não foi votar ou votou branco/nulo.

<><> O que os brasileiros pensam sobre o envolvimento de Bolsonaro nos ataques?

Em relação à pesquisa de dezembro de 2024, não houve oscilação nos índices relativos à participação de Bolsonaro no planejamento dos ataques: 49% dos brasileiros continuam acreditando que o ex-presidente participou da tentativa de golpe, enquanto 35% dizem que não. Veja o gráfico abaixo:

O levantamento também mostra que 49% das pessoas consideram justa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em tornar Bolsonaro réu; 36% classificam a decisão como injusta", e 12% não souberam ou não quiseram responder.

As opiniões são diferentes em cada eleitorado: entre quem votou em Lula em 2022, 80% aprovaram a decisão do STF; entre quem escolheu Bolsonaro, 16%. Os brasileiros que anularam o voto ou que votaram em branco estão mais divididos: 51% consideraram o posicionamento do STF justo (30% acharam injusto, e 19% não quiseram ou não souberam responder).

"Fica bem evidente essa divisão quando estudamos os dados por tipo de eleitor. O lulista aposta na prisão de Bolsonaro (56%), o bolsonarista, não (55%). E entre quem alienou o voto, há um empate número 42% x 42%. Dá pra perceber como as duas ‘torcidas’ se dividem neste caso", afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest.

49% vê participação de Jair Bolsonaro em planos de tentativa de golpe

Quase metade dos brasileiros enxerga participação do ex-presidente Jair Bolsonaro nos planos da tentativa de golpe contra o governo Lula em 2022. Segundo pesquisa da Genial/Quaest, 49% veem envolvimento, e 35% não. Outros 15% não souberam ou não quiseram responder.

Em relação ao levantamento feito em dezembro de 2025, houve alta de 1 ponto porcentual em ambas as respostas. À época,48% acreditavam que Bolsonaro teve participação nos planos, enquanto 34% apontavam que não.

Mais da metade dos entrevistados (52%) considera justa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar Bolsonaro réu. Já 36% acha a decisão injusta, enquanto 12% não sabem ou não responderam.

A Genial/Quaest perguntou também a opinião sobre uma possível prisão de Bolsonaro. São 46% os que acham que o ex-presidente será preso - 43% acreditam que não.

¨      Maioria diz que decisão do STF contra Bolsonaro foi justa

A maioria dos brasileiros considera justa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que instaurou ação penal e tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo, 6, 52% dos entrevistados disseram concordar com o ato do STF. Já para 36% a decisão foi injusta. Outros 12% não sabem ou não responderam.

Entre os entrevistados por região, a maioria que considera que o julgamento da Suprema Corte foi justo está no Nordeste, reduto eleitoral petista, com 61% corroborando com os ministros. Nas demais regiões, o índice ficou entre 44% no Sul, e 51% no Sudeste - com 50% dos entrevistados das regiões Centro-Oeste e Norte.

Por religião, o índice dos que avaliam que Bolsonaro foi justamente tornado réu é de 56% entre os católicos, enquanto 33% deles acredita que a decisão foi injusta (11% não respondeu ou não sabe). Entre os evangélicos, 46% acha que Bolsonaro sofreu injustiça, e 39% apoiam a decisão dos ministros (15% não respondeu).

Mais de 70% dos entrevistados tinha conhecimento da decisão e o restante ficou sabendo dela no momento da entrevista. A mesma pesquisa indicou ainda que 46% apostam que o ex-presidente vai ser preso contra 43% que não acreditam na prisão. Entre seus próprios eleitores em 2022, 36% acha que Bolsonaro será preso, enquanto 55% avalia que não será. Já entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 56% aposta no ex-presidente na prisão, enquanto 35% é cético quanto ao destino.

Comparado a última pesquisa do instituto, de dezembro do ano passado, a opinião dos entrevistados pouco variou acerca da participação ou não de Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado, no final de 2022. Antes, 48% acreditava a trama golpista teve o envolvimento de Bolsonaro, e agora são 49%. Já 34% achava que ele não participou do plano, um ponto porcentual a menos que os atuais 35%. Antes 17% não souberam ou não opinaram, contra 15% agora. Somente 1% respondeu negando a existência de uma tentativa de golpe — em dezembro eram 2%.

•        A condição de Motta para avançar com a anistia

Pressionado por bolsonaristas a pautar a proposta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem colocado uma condição para eventualmente avançar com o projeto da anistia aos condenados do 8 de Janeiro.

Em conversas recentes com interlocutores e aliados, Motta tem dito que todos seus movimentos em relação ao tema deverão ser acordados previamenente com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Segundo aliados, Motta pretende, inclusive, conversar com Alcolumbre sobre o projeto da anistia nos próximos dias. Caso seja aprovada pelos deputados, a proposta ainda terá de ser analisada pelos senadores.

Para Motta, o movimento coordenado com Alcolumbre seria necessário para evitar que ele avance com o projeto sozinho, sem respaldo do Senado, ficando com o desgate sozinho perante ministros do STF.

Atualmente, o projeto da anistia está parado na Câmara. Para aliviar a pressão dos bolsonaristas, Motta tem prometido criar uma comissão especial na Casa para analisar o mérito da proposta.

A oposição, no entanto, pressiona o presidente da Câmara a pautar um requerimento de urgência, para que o projeto seja votado diretamente no plenário, sem passar por comissões temáticas.

•        Mulher grita “sem anistia” antes de ato em SP e é hostilizada

Uma mulher que gritou “sem anistia” e “Bolsonaro na Papuda” na Avenida Paulista, em São Paulo, foi hostilizada por manifestantes bolsonaristas na manhã deste domingo (6/4), antes do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

A confusão foi registrada pelo Metrópoles. Nas imagens é possível ver que a mulher está na calçada, próximo ao local onde está o caminhão de som que deve receber Bolsonaro a partir das 14h, e começa a gritar em direção aos manifestantes bolsonaristas. Um deles, um homem que veste camisa amarela, reage, dando início a uma discussão tensa.

O rapaz manda a mulher ir embora. “Tá maluca! Mete o pé”, diz ele. Ela segue gritando “sem a anistia”, e o apoiador de Bolsonaro se aproxima dela, xingando. “Tá achando que está falando com quem? Vai tomar no cu, caralho.” Quando o homem se retira, outras pessoas portando bandeiras do Brasil e usando chapéus e camisetas da seleção cercam a mulher e gritam: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

•        Batom vira símbolo do ato bolsonarista pela anistia na Paulista

A manifestação bolsonarista realizada na manhã deste domingo (5), na avenida Paulista, em São Paulo, ganhou um novo símbolo da extrema direita: o batom. O objeto virou destaque entre camisetas, cartazes e infláveis exibidos na concentração ato que pede anistia aos envolvidos no levante golpista de 8 de janeiro de 2023 e que visa livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão.

O cosmético faz referência à cabelereira Débora Rodrigues dos Santos, apelidada de "Débora do Batom", que pichou a frase "perdeu, mané" na estátua “A Justiça”, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante os ataques aos Três Poderes.

<><> Débora do Batom e a estratégia de vitimização de Bolsonaro

Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, participa do ato acompanhado de aliados como o governador Tarcísio de Freitas e o pastor Silas Malafaia. O ex-presidente tenta usar o caso de Débora como ferramenta simbólica para se vitimizar e justificar o discurso em defesa da anistia – o que o livraria de uma possível prisão.

Débora foi presa em 17 de março de 2023 e estava detida na Penitenciária Feminina de Rio Claro, interior paulista. Ao contrário do que alegam bolsonaristas, sua prisão não se deu apenas pela pichação, mas também por sua participação em acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército, na invasão ao STF e ao Congresso, e pela tentativa de obstrução de justiça ao apagar provas digitais.

No dia 28 de março, o ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e concedeu a ela o benefício da prisão domiciliar.

Durante a concentração do ato na avenida Paulista, manifestantes carregavam cartazes e vestiam camisetas com frases como “A revolta dos batons” e “Cuidado, essa arma condena a 14 anos”. Segundo o repórter da Fórum, Luiz Carlos Azenha, até mesmo um “hino” sobre o batom foi reproduzido em alto-falantes, arrancando aplausos da claque bolsonarista.

<><> "Patriotas" que bajulam os EUA

Outro destaque curioso do ato foi a presença de bandeiras dos Estados Unidos, além de faixas em apoio a Donald Trump, mesmo após o presidente estadunidense anunciar tarifas contra produtos brasileiros. O culto aos EUA expõe a contradição de um setor que se diz “patriota”, mas que exalta símbolos de uma potência estrangeira.

<><> Bolsonaro leva pai de santo, padre e rabino para ato pró-anistia em SP

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu lideranças de ao menos quatros religiões no ato pró-anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, no domingo (6/4), na Avenida Paulista, em São Paulo.

Segundo os organizadores, há diversos pastores evangélicos, além de ao menos um padre representando católicos, um pai de santo representando religões de matrizes africanas e um rabino judeu.

•        Pai de Santo Sérgio Pina;

•        Padre Sandro Salvista;

•        Rabino Sany Sonnenreich.

Assim como as outras manifestações lideradas por Bolsonaro, o ato deste domingo, vale lembrar, tem o pastor evangélico Silas Malafaia como principal organizador.

•        Homem que participou do 8/1 viaja de MG a SP para manifestação pró-anistia e se apoia em cruz

O mineiro André Luiz Rhouglas, de 64 anos, que participou dos atos de 8 de janeiro de 2023, viajou de Ponta Nova a São Paulo, uma distância de 680 quilômetros, para participar da manifestação deste domingo, 6, a favor da anistia para os envolvidos nos ataques. Ao Terra, ele conta ter ido à Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde ficou apoiado nessa mesma cruz, pedindo pelo impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Condenado em 2024 por envolvimento nos atos, Rhouglas relata ter pagado multa de R$ 13.500 à Justiça para não ficar preso em prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica. Hoje, na Avenida Paulista, palco da manifestação, ele pede "anistia" e "liberdade" para aqueles que foram presos "injustamente" e estão longe de suas famílias.

"Em 1979, o presidente Figueiredo [João Figueiredo, último presidente do Brasil na ditadura militar] assinou a lei da anistia. E agora, por que não podemos dar liberdade para aquelas pessoas que usaram um batom, aquelas pessoas que não usaram arma, para aquelas pessoas que estavam lá fazendo, lutando por um país diferente?", questiona Rhouglas. "Não somos contra a democracia, mas sim a favor de uma liberdade igual à que nós estamos vivendo hoje."

Rhouglas conta que, ao longo de 25 anos de engajamento em lutas políticas, já fez seis dias de greve de fome e outros sacrifícios em prol de suas convicções. Agora, afirma estar há mais de 24 horas apoiado em uma cruz, sem dormir, e diz que o faz "com prazer". A ideia é ficar nessa posição até as 17h deste domingo. Ainda hoje, ele deve voltar para Ponte Nova.

A manifestação deste domingo, com início previsto para as 14h, é uma estratégia do bolsonarismo para mostrar que o projeto da anistia tem força nas ruas. Após o protesto esvaziado no Rio de Janeiro e com o assunto travado na Câmara dos Deputados, lideranças da extrema direita afirmam que o protesto é fundamental para pressionar o legislativo.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e outros caciques da casa, sinalizaram que a anistia não é prioridade e que estão direcionando esforços para aprovar projetos relacionados à economia, segurança pública e à liberação de emendas de 2024. O único partido fechado com a pauta da anistia é o Novo, que tem somente quatro deputados de um total de 513.

 

Fonte: g1/Agencia Estado/Metrópoles/Redação Terra

 

Nenhum comentário: