Qual
a diferença entre tender e presunto
Para aqueles que
não são fãs de frango ou de peru, o tender pode ser uma alternativa para o
prato principal da ceia de Natal. Mas você sabe qual a diferença entre o
presunto e este produto? Na verdade, o tender é um tipo de presunto, mas passa por etapas diferenciadas
em sua produção.
O tender é um
produto originário dos Estados Unidos. No país, ele é
conhecido como "glazed ham", que traduzido ao português significa
"presunto glaceado".
Já no Brasil, ele
ficou conhecido como "tender" depois de uma marca que comercializava
o produto divulgar o slogan "tender made", que em português significa
"feito com carinho", aponta o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
Federais Agropecuário (Anffa).
>>>> Entenda abaixo
quais requisitos são exigidos para cada tipo de produto.
<><> Tender
🐖É feito apenas do pernil do porco, ou seja, das
pernas traseiras, que são mais musculosas e uniformes. Isso permite que o corte
já se aproxime do formato redondo do tender, explica Elsio Figueiredo,
pesquisador da unidade Suínos e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa).
🐖 Para o seu preparo, o tender é
marinado, recebe injeção de temperos, sais dissolvi dos em água. Ele fica em
ambiente refrigerado para curar por cerca de 3 dias. Depois, ele é cozido e
defumado.
<><> Presunto cru
🐖 Se trata de todo presunto que não é cozido.
🐖 Existem diversas formas de preparar
presuntos crus. Alguns exemplos dos mais famosos são o parma e
o jamon espanhol.
🐖 É feito a partir das peças inteiras
do pernil e, em alguns casos, das paletas (os braços) do porco, diz Figueiredo.
🐖 Normalmente, o único tempero usado
é sal.
🐖Este tipo de presunto costuma passar
por um período maior de maturação, entre 9 meses e 3 anos. Durante o processo,
o produtor precisa passar uma pasta de banha para evitar a proliferação de
bactérias, além de escovar a peça para evitar fungos, explica o pesquisador da
Embrapa.
<><> Presunto
cozido
🐖São os presuntos mais comuns nos
supermercados.
🐖Nesta categoria, estão os produtos
obtidos de cortes íntegros de pernil de porco, curado, cozido, defumado ou não,
desossado ou não, com adição de ingredientes.
🐖Existem três formas de preparar o
presunto:
·
cozido: é possível usar carne moída,
para preencher o alimento, já que, após ser fatiado, ficam buracos em sua
forma. Mas não pode ter pele;
·
cozido superior: não pode ter
carne moída, mas pode ter pele;
·
cozido tenro: é
obrigatoriamente defumado;
Em 2023, as regras
para produção de presunto mudam pela primeira vez em 20 anos. Confira aqui as novas
exigências.
<><> Apresuntado
🐖É feito da paleta e do acém.
🐖Tem um maior percentual de gordura.
🐖Após a seleção das peças, a carne é
transformada em uma massa, que é temperada e submetida a um processo térmico.
¨
Ceia de Natal tem perua (não peru) e frango
geneticamente selecionado
O peru de Natal é
considerado um símbolo da ceia, mas, na verdade, apesar de o macho levar a
fama, quem realmente é preparada para
as festas é a fêmea.
O motivo de ela ser
quem acaba indo para o forno no dia 24 é que as peruas crescem menos que os machos, sendo mais
vantajoso para o produtor comercializá-los no mercado de pedaços, explica o
pesquisador Elsio Figueiredo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Suínos e Aves.
Já com a
alternativa para o prato principal, o frango natalino, também conhecido pela
marca Chester, que pertence à Perdigão, acontece o oposto: o principal produto
é o macho. A razão é que eles crescem mais, então a fêmea acaba sendo vendida
como um produto para o dia a dia.
Para o frango
atingir o tamanho ideal para a ceia, o produtor deve ainda fazer uma seleção genética, priorizando
as características desejadas.
<><> Perua de Natal
Por se
desenvolverem em ritmos diferentes, os perus e as peruas são criados
separadamente. Caso o contrário, quando o macho fica maior do que a fêmea, ele
pode acabar pegando toda a comida para si, deixando ela sem nada.
De acordo com Figueiredo,
o peru consegue desenvolver cerca de 10 kg a mais do que a fêmea consumindo a
mesma quantidade de ração.
O abate das peruas
acontece quando elas têm por volta de 10 semanas de idade, época em que
ultrapassam os 5 kg de peso, obtendo uma carcaça de 4 kg, ideal para o Natal.
Mas,
fugir da ceia não significa que os perus escapam do abate. Eles vivem até 20
semanas, chegando a 25 kg, o seu potencial máximo de crescimento. A sua carne é
usada no setor de pedaços, para fazer peito de peru, salsicha, defumados, entre
outros.
Além disso, nem todas as fêmeas vão para as ceias, algumas são
criadas para o mesmo fim que os machos, sendo encaminhadas para o mercado de
pedaços após 20 semanas. Nesse período, elas atingem o peso de 15 kg. Contudo,
o inverso não ocorre, o macho raramente é vendido inteiro.
“Não vale a pena
para o produtor matar o peru antes (de 20 semanas) porque ele deixa de ganhar
dinheiro. Imagina tu vender um macho que vai poder vender com 25 kg, por R$
150, e tu vai matar ele com 10 semanas, com metade do peso que rende menos.
Então, está na economia da produção”, explica Elsio Figueiredo.
<><> Por que a ave
é tão cara?
Apesar de saboroso,
um peru para o Natal não cabe no bolso de todos, pois costuma ser uma ave mais
cara. A razão disso está ainda no começo da linha de produção: os pintos e os ovos da espécie custam mais, relata o
pesquisador da Embrapa.
“Por isso você os
cria até o máximo de idade, porque custou caro aquele pinto, tem que agregar o
máximo de valor“, diz.
Já o motivo de o
pinto e de o ovo serem caros é porque a fêmea coloca poucos ovos. De acordo com
Figueiredo, uma galinha comum põe cerca de
180 ovos, enquanto a perua apenas por volta de 80.
<><> Seleção a dedo
Os frangos de Natal
costumam ser um pouco maiores do que aqueles que compramos para o dia a dia.
Para obter esse resultado, os produtores levam cerca de um ano organizando a
reprodução entre linhagens genéticas específicas, explica Figueiredo.
O Chester, um dos
produtos mais famosos dessa linha, por exemplo, tem a característica do peito
grande. A seleção desse atributo começa na geração de bisavós.
Ao todo, 4
variedades são escolhidas para a reprodução, cada uma denominada com uma letra
(A, B, C e D). Cada linha tem um traço de interesse, por exemplo: o peito
maior, melhor rendimento de peso em relação à ração, capacidade de colocar mais
ovos, entre outros.
A partir disso, as
linhas são cruzadas entre si até nascer a geração ABCD, que é o frango vendido para as festas.
Diferente dos seus
antecedentes, o frango de Natal não é
usado para reprodução, mas apenas para o abate, por isso todos os
anos os criadores devem começar todo o processo de linhagem novamente.
Em oposição ao
peru, o que vai para as ceias de Natal é o macho. O motivo é que eles ganham
mais peso, se adequando mais a este mercado. Como a fêmea não cresce tanto,
acaba sendo vendida como um frango normal.
¨ Arroz com ou sem uva-passa?
Arroz, panetone,
farofa, salpicão. No Natal, quase todos os pratos levam a uva-passa, que, por
não agradar a todos, costuma gerar discórdia na hora da ceia.
No Brasil, a
produção dela é quase inexistente e, por isso, o país precisa importar
praticamente tudo o que consome. O clima e os custos elevados
para desidratar a uva dificultam a produção por aqui.
"Temos apenas
pequenas produções feitas por poucas pessoas", comenta o pesquisador da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Reginaldo Teodoro de Souza.
O clima ideal para
fazer a secagem da uva é o desértico, que tem um calor muito forte e uma
umidade muito baixa. O Nordeste brasileiro é seco, mas tem mais umidade que o
clima desértico;
A secagem em fornos
demanda um alto custo com energia elétrica.
<><> Maioria
vem da Argentina
De janeiro a
novembro de 2023, o Brasil comprou milhões de toneladas de uva-passa, no
valor de US$ 48,5 milhões, segundo o Ministério da
Agricultura. O órgão não tem
dados da produção interna.
Do total importado,
67% veio da Argentina, o que, segundo
a Embrapa, se justifica mais
pela facilidade de transporte e isenções de tarifas estabelecidas pelo Mercosul (os dois países fazem parte
deste bloco).
O país vizinho é o
10º principal produtor mundial de uva-passa, atrás de Turquia, Estados Unidos, Irã, Grécia,
Chile, África do Sul, Uzbequistão, Afeganistão e Austrália.
<><> Colher
no ponto certo
Um dos segredos
para que a uva-passa chegue com qualidade à mesa do consumidor é o seu ponto de
colheita.
"Você precisar
colher a uva madura, como se você fosse consumi-la para a mesa. Isso garante a
qualidade, a doçura, o sabor. Se você colher antes, por exemplo, ela fica
ácida", afirma Souza.
Ele explica que a
uva-passa tem as mesmas propriedades e benefícios nutricionais que os de uma
uva fresca. "A única diferença é que ela é desidratada, perde água",
explica. Após a secagem, a uva-passa fica apenas com 33% do seu peso inicial,
detalha o pesquisador.
<><> Como
as uvas são secas
Há, basicamente,
duas maneiras de secar as uvas. Uma delas é deixá-las expostas ao sol, assim
como acontece com a secagem do café em terreiro. A outra opção é a secagem em
fornos.
Segundo Souza,
da Embrapa, o Brasil possui
desvantagens para produzir em larga escala por meio dessas duas formas, na
comparação com os principais países produtores.
Quanto à secagem natural,
ele afirma que a condição climática ideal é a desértica, que tem uma
temperatura bastante alta e umidade muito baixa, o que garante uma boa e rápida
secagem das uvas. É esse clima, inclusive, que faz a Turquia ser um dos maiores produtores
do mundo.
"Embora exista
um clima seco no Nordeste do Brasil, não é desértico. Aqui temos mais
umidade", afirma.
Para fazer a
secagem, as uvas são colocadas em esteiras ou em plataformas e é preciso
revirá-las de tempos em tempos para que elas sequem por todos os lados.
<><> Secagem
em fornos
Outra alternativa é
a secagem das uvas em fornos, porém o elevado custo de energia elétrica no
Brasil torna essa opção praticamente inviável, por enquanto, na avaliação de
Souza.
"O que
acontece é que a uva-passa importada chega bem mais barata aqui. Se a gente for
colocar o custo com a secagem no preço [da uva-passa], ela fica muito mais cara
do que comprar de fora. A Turquia, por exemplo, consegue produzir em
grande quantidade e com custo baixo ", diz o pesquisador.
Uma das vantagens é
que, nesse modelo, as uvas não escurecem, como as que são expostas ao sol.
Antes de entrar nos
equipamentos, as uvas são lavadas e recebem um produto que retira a oleosidade
da casca. O objetivo é fazer com que a fruta desidrate mais rápido. Depois
disso, as uvas são colocadas em bandejas e seguem para os fornos.
Em algumas
fábricas, as frutas recebem, antes de irem para as máquinas, uma substância
chamada anidrido sulfuroso para que a cor seja fixada. Durante o aquecimento, o
químico evapora.
O processo de
secagem no forno leva cerca de 90 dias. Após esse processo, tanto as
uvas-passas secadas ao sol, quanto as desidratadas nos fornos, são lavadas,
centrifugadas e selecionadas.
Fonte: g1
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