Projeto verão: como pressão por corpo
“ideal” pode afetar a saúde mental
Com a chegada do verão, muitas pessoas se sentem
pressionadas a atender expectativas estéticas relacionadas ao “corpo ideal”.
Essa pressão pode impactar negativamente a saúde mental, levando a transtornos
de ansiedade, compulsão alimentar, distúrbios de imagem corporal e até mesmo
agravando preconceitos como a gordofobia.
Especialistas destacam que essa cobrança, muitas vezes
internalizada, surge de padrões estéticos inatingíveis e pode desencadear
comportamentos prejudiciais, como dietas extremas, excesso de
exercícios físicos ou o desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia,
bulimia ou transtorno de compulsão alimentar. Em casos mais graves, essas
questões podem evoluir para quadros de ansiedade, depressão e até
isolamento social.
“A busca pelo corpo
‘perfeito’ imposta por padrões irreais de beleza pode gerar impactos
significativos na saúde mental das pessoas. Esse ideal inatingível é
frequentemente reforçado pelas redes sociais e pela mídia, levando a
comparações constantes e à sensação de inadequação. Isso pode desencadear
sentimentos de fracasso e baixa autoestima. Muitas pessoas passam a adotar
práticas extremas, como dietas restritivas, restrição da ingestão de grupos
alimentares e exercícios exaustivos, o que pode evoluir ou agravar transtornos
alimentares, de humor e de ansiedade”, explica a psicóloga Andrea Levy,
cofundadora da ONG Obesidade Brasil.
A gordofobia também se torna mais evidente nesse
período, reforçando preconceitos que já existem durante o ano. Além disso, o
estigma presente na sociedade agravam o sofrimento psicológico, já que o corpo
de pessoas com sobrepeso e obesidade é frequentemente desvalorizado e alvo de
discriminação.
“Promover a aceitação corporal, buscar ajuda
especializada e valorizar a saúde integral, e não apenas a estética, é
fundamental para o bem-estar mental e físico”, acrescenta Levy.
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Saúde deve ser prioridade
Para evitar impactos negativos da pressão estética,
especialistas recomendam estratégias focadas na saúde e no bem-estar. E para
que isso não se transforme em uma fonte de sofrimento, é essencial mudar o foco
do “projeto verão” para uma jornada de autocuidado.
Em vez de metas irreais e prazos curtos, é importante
priorizar o bem-estar geral. Isso inclui práticas sustentáveis, como a inclusão
gradual de alimentos nutritivos e prazerosos, a busca por atividades físicas que
proporcionem prazer e o respeito ao próprio ritmo e ao próprio corpo. Mais
importante do que alcançar um “corpo ideal” para o verão, é cuidar do corpo e
da mente ao longo de todo o ano.
“É importante buscar ajuda profissional quando a
preocupação com a aparência física ou o peso começa a interferir na sua
qualidade de vida. Pular refeições, fazer dietas muito restritivas ou episódios
de compulsão alimentar frequentes são sinais de alerta assim como pensamentos constantes
sobre peso e imagem corporal, seguidos de sentimento de culpa. O alerta fica
ainda maior quando começa a acontecer restrições de interações sociais por
receio de julgamento sobre a aparência física ou quando a alimentação passa a
ser utilizada como forma de lidar com estresse, tristeza ou
outras emoções difíceis”, acrescenta Valeska Bassan, psicóloga especialista em
transtorno alimentar.
¨ Existe bronzeado saudável? Entenda e
veja como proteger a pele
Com o verão, logo começam os planos para “colocar o
bronzeado em dia”. No entanto, passar horas embaixo do sol ou realizar
bronzeamento artificial pode trazer riscos à saúde, como o câncer
de pele,
que é um dos mais prevalentes no Brasil, além de acelerar o envelhecimento
da pele.
“Não existe
bronzeado saudável obtido através da exposição solar desprotegida. Quando a
pele muda de cor, é um sinal de que já houve dano causado pelos raios ultravioletas”,
explica a dermatologista Fátima Tubini.
De acordo com a especialista, a exposição solar intensa
traz riscos tanto a curto prazo quanto a longo prazo.
“A curto prazo, existe o risco de queimadura solar, de
insolação e de desidratação. A longo prazo, você vai ter um aumento das chances
do desenvolvimento do câncer de pele e do
envelhecimento precoce”, esclarece Tubini.
A radiação ultravioleta também pode causar danos aos
olhos, de acordo com a dermatologista. Por isso, é fundamental usar óculos de
sol ao se expor a áreas abertas e com grande irradiação solar.
O mesmo vale para bronzeamento
artificial.
“A longo prazo, ele vai induzir a mutação celular, desenvolvimento de câncer de
pele e, também, o envelhecimento precoce”, afirma.
<><> Como reduzir os danos do sol no verão
De acordo com Tubini, é importante evitar a exposição
solar em horários em que a radiação ultravioleta B tem seu pico, ou seja, entre
as 10 e 15 horas . “Então, é possível tomar sol antes ou depois desse período,
sempre com filtro solar e em intensidade menor”, orienta a dermatologista.
Além disso, a especialista recomenda não se expor
diretamente ao sol por longas horas. Ela explica que é interessante tomar sol
ao fazer caminhada, por exemplo, ao
invés de deitar-se diretamente sob os raios solares.
Outra opção para quem deseja se bronzear neste verão é
utilizar autobronzeador, um produto composto por uma substância chamada
di-hidroxiacetona.
“Esse composto vai reagir com as células da camada
superficial da pele e criar uma coloração marrom temporária, semelhante a um
bronzeamento, com duração de cinco a sete dias”, explica Tubini. “Além de ser
uma forma segura de obter uma coloração bronzeada, não há o risco de
envelhecimento precoce da pele, nem de câncer. Alguns produtos, ainda, colocam
na sua formulação substâncias hidratantes”, completa.
No entanto, a dermatologista recomenda alguns cuidados
ao utilizar o autobronzeador, como esfoliar a pele antes e aplicar o produto de
forma uniforme para não formar manchas.
“Também é preciso cuidado ao aplicar o produto em
regiões onde a pele é mais espessa, como, por exemplo, joelhos e cotovelos, e
lavar bem as mãos depois da aplicação. O ideal é aplicar com uma luva para
proteger as mãos”, orienta.
¨ Câncer de pele: como saber quais
manchas podem ser perigosas?
A gerente de enfermagem, Renata, recebeu a recomendação
de realizar acompanhamentos médicos anuais após detectarem uma lesão
pré-cancerígena em sua pele, mas acabou negligenciando a orientação.
Posteriormente, procurou uma nova consulta devido a uma mancha em seu rosto,
que foi considerada inofensiva, mas a médica detectou uma pinta que se revelou
ser um melanoma em estágio inicial.
“Foi por insistência da médica, que decidiu examinar
minha pele por completo, que o diagnóstico foi feito. Uma lesão que eu jamais
suspeitaria acabou revelando o câncer mais agressivo de pele”, conta Renata. A
detecção e remoção rápidas garantiram um desfecho positivo e transformaram sua
visão sobre os cuidados com a saúde.
A história de Renata destaca a importância do
diagnóstico precoce do câncer de pele, o tipo de tumor
mais frequente no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Detectar precocemente a doença é fundamental para aumentar as chances de cura,
especialmente no caso do melanoma, o tipo mais raro e agressivo do câncer de
pele, de acordo com Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês.
“Os principais sinais de alerta do câncer de pele são
alterações de pintas ou manchas pré-existentes, como mudança de cor, tamanho,
textura, ou o surgimento de sangramento ou coceira sobre a lesão. Por isso é
tão importante conhecer e observar sempre a própria pele, para que as eventuais
mudanças sejam notadas”, ressalta.
<><> Como identificar quais manchas podem
ser sinais de câncer?
De acordo com Luísa Juliatto, dermatologista do Alta
Diagnósticos, laboratório pertencente à Dasa, é importante ficar atento a
pintas novas, em crescimento, com diferentes cores ou com formato irregular,
além de pintas antigas que podem ter sofrido mudanças.
“Feridas que não
cicatrizam também devem ser avaliadas. Lesões com sangramento, dor e
crescimento rápido também precisam ser avaliadas e isso pode ser indicativo de
lesão mais agressiva”, afirma.
Para confirmar se a mancha ou lesão é cancerígena, é
necessário passar por uma série de exames. Um deles é a dermatoscopia, um exame
dermatológico feito em consultório.
“O mapeamento corporal de nevos [pintas] com
dermatoscopia digital pode ser solicitado para fazer a avaliação na totalidade
da pele. Em casos de lesões maiores ou mais profundas, o ultrassom
dermatológico pode ser indicado. Em um caso de suspeita, o exame
anatomopatológico após biópsia de pele fará o diagnóstico final”, afirma
Juliatto.
Para garantir o diagnóstico precoce, é importante
consultar o dermatologista com recorrência — pelo menos, uma vez por ano, se
não há histórico de câncer anterior ou na família. “Se tiver algum histórico,
antecedente pessoal ou familiar de câncer de pele, pode haver a necessidade de
um acompanhamento mais específico, ou mais próximo do médico. O dermatologista
irá indicar a melhor conduta”, completa.
Quais manchas e pintas não são perigosas?
De acordo com Juliatto, nem sempre uma mancha na pele
será sinal de câncer.
“Temos vários tipos de manchas que podem ser
inofensivas, como, por exemplo, as manchas solares, as efélides (sardas,
manchas na pele causadas pelo aumento da produção de melanina), ceratoses
seborreicas e melasma, que não são preocupantes”, afirma. “Temos também os
nevos comuns”, relembra.
<><> Exposição solar é o principal fator de
risco
De acordo com Sahade, o principal fator de risco para o
câncer de pele é a exposição solar prolongada e
repetitiva, especialmente durante a infância e a adolescência. No entanto,
outros fatores merecem atenção.
“Pessoas com pele, olhos e cabelos claros, que se
queimam facilmente, têm maior predisposição, mas é fundamental lembrar que
pessoas negras também podem desenvolver a doença. Além disso, imunossuprimidos,
indivíduos com histórico familiar de câncer de pele e aqueles que utilizam
câmaras de bronzeamento artificial estão no grupo de risco”, alerta.
No caso de Renata, fatores como a pele clara e o
histórico familiar – seu pai teve câncer de pele e carcinoma espinocelular –
podem ter contribuído para o desenvolvimento da condição. Após o diagnóstico, a
enfermeira iniciou acompanhamentos médicos regulares e passou a adotar uma
rotina ainda mais rigorosa em relação à exposição solar.
“Evito ao máximo a exposição ao sol, principalmente nos
horários de maior intensidade de radiação. Uso bloqueadores solares diariamente
e, quando sei que estarei mais exposta, recorro a roupas especiais, chapéu e a
uma medicação específica que preciso tomar dois dias antes”, relata.
>>>> Para prevenir o surgimento do câncer
de pele, Juliatto indica as seguintes medidas:
- Aplicação do protetor solar a cada
duas horas, com fator de proteção solar (FPS) de, pelo menos, 30;
- Evitar exposição solar no horário de
pico (entre 10 horas e 15 horas);
- Usar barreiras físicas, como camisetas
com tratamento UV, boné, óculos de sol e barracas/guarda-sol.
Fonte: CNN Brasil
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