segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Projeto verão: como pressão por corpo “ideal” pode afetar a saúde mental

Com a chegada do verão, muitas pessoas se sentem pressionadas a atender expectativas estéticas relacionadas ao “corpo ideal”. Essa pressão pode impactar negativamente a saúde mental, levando a transtornos de ansiedade, compulsão alimentar, distúrbios de imagem corporal e até mesmo agravando preconceitos como a gordofobia.

Especialistas destacam que essa cobrança, muitas vezes internalizada, surge de padrões estéticos inatingíveis e pode desencadear comportamentos prejudiciais, como dietas extremas, excesso de exercícios físicos ou o desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia, bulimia ou transtorno de compulsão alimentar. Em casos mais graves, essas questões podem evoluir para quadros de ansiedade, depressão e até isolamento social.

 “A busca pelo corpo ‘perfeito’ imposta por padrões irreais de beleza pode gerar impactos significativos na saúde mental das pessoas. Esse ideal inatingível é frequentemente reforçado pelas redes sociais e pela mídia, levando a comparações constantes e à sensação de inadequação. Isso pode desencadear sentimentos de fracasso e baixa autoestima. Muitas pessoas passam a adotar práticas extremas, como dietas restritivas, restrição da ingestão de grupos alimentares e exercícios exaustivos, o que pode evoluir ou agravar transtornos alimentares, de humor e de ansiedade”, explica a psicóloga Andrea Levy, cofundadora da ONG Obesidade Brasil.

A gordofobia também se torna mais evidente nesse período, reforçando preconceitos que já existem durante o ano. Além disso, o estigma presente na sociedade agravam o sofrimento psicológico, já que o corpo de pessoas com sobrepeso e obesidade é frequentemente desvalorizado e alvo de discriminação.

“Promover a aceitação corporal, buscar ajuda especializada e valorizar a saúde integral, e não apenas a estética, é fundamental para o bem-estar mental e físico”, acrescenta Levy.

<><> Saúde deve ser prioridade

Para evitar impactos negativos da pressão estética, especialistas recomendam estratégias focadas na saúde e no bem-estar. E para que isso não se transforme em uma fonte de sofrimento, é essencial mudar o foco do “projeto verão” para uma jornada de autocuidado.

Em vez de metas irreais e prazos curtos, é importante priorizar o bem-estar geral. Isso inclui práticas sustentáveis, como a inclusão gradual de alimentos nutritivos e prazerosos, a busca por atividades físicas que proporcionem prazer e o respeito ao próprio ritmo e ao próprio corpo. Mais importante do que alcançar um “corpo ideal” para o verão, é cuidar do corpo e da mente ao longo de todo o ano.

“É importante buscar ajuda profissional quando a preocupação com a aparência física ou o peso começa a interferir na sua qualidade de vida. Pular refeições, fazer dietas muito restritivas ou episódios de compulsão alimentar frequentes são sinais de alerta assim como pensamentos constantes sobre peso e imagem corporal, seguidos de sentimento de culpa. O alerta fica ainda maior quando começa a acontecer restrições de interações sociais por receio de julgamento sobre a aparência física ou quando a alimentação passa a ser utilizada como forma de lidar com estresse, tristeza ou outras emoções difíceis”, acrescenta Valeska Bassan, psicóloga especialista em transtorno alimentar.

 

¨      Existe bronzeado saudável? Entenda e veja como proteger a pele

Com o verão, logo começam os planos para “colocar o bronzeado em dia”. No entanto, passar horas embaixo do sol ou realizar bronzeamento artificial pode trazer riscos à saúde, como o câncer de pele, que é um dos mais prevalentes no Brasil, além de acelerar o envelhecimento da pele.

 “Não existe bronzeado saudável obtido através da exposição solar desprotegida. Quando a pele muda de cor, é um sinal de que já houve dano causado pelos raios ultravioletas”, explica a dermatologista Fátima Tubini.

De acordo com a especialista, a exposição solar intensa traz riscos tanto a curto prazo quanto a longo prazo.

“A curto prazo, existe o risco de queimadura solar, de insolação e de desidratação. A longo prazo, você vai ter um aumento das chances do desenvolvimento do câncer de pele e do envelhecimento precoce”, esclarece Tubini.

A radiação ultravioleta também pode causar danos aos olhos, de acordo com a dermatologista. Por isso, é fundamental usar óculos de sol ao se expor a áreas abertas e com grande irradiação solar.

O mesmo vale para bronzeamento artificial. “A longo prazo, ele vai induzir a mutação celular, desenvolvimento de câncer de pele e, também, o envelhecimento precoce”, afirma.

<><> Como reduzir os danos do sol no verão

De acordo com Tubini, é importante evitar a exposição solar em horários em que a radiação ultravioleta B tem seu pico, ou seja, entre as 10 e 15 horas . “Então, é possível tomar sol antes ou depois desse período, sempre com filtro solar e em intensidade menor”, orienta a dermatologista.

Além disso, a especialista recomenda não se expor diretamente ao sol por longas horas. Ela explica que é interessante tomar sol ao fazer caminhada, por exemplo, ao invés de deitar-se diretamente sob os raios solares.

Outra opção para quem deseja se bronzear neste verão é utilizar autobronzeador, um produto composto por uma substância chamada di-hidroxiacetona.

“Esse composto vai reagir com as células da camada superficial da pele e criar uma coloração marrom temporária, semelhante a um bronzeamento, com duração de cinco a sete dias”, explica Tubini. “Além de ser uma forma segura de obter uma coloração bronzeada, não há o risco de envelhecimento precoce da pele, nem de câncer. Alguns produtos, ainda, colocam na sua formulação substâncias hidratantes”, completa.

No entanto, a dermatologista recomenda alguns cuidados ao utilizar o autobronzeador, como esfoliar a pele antes e aplicar o produto de forma uniforme para não formar manchas.

“Também é preciso cuidado ao aplicar o produto em regiões onde a pele é mais espessa, como, por exemplo, joelhos e cotovelos, e lavar bem as mãos depois da aplicação. O ideal é aplicar com uma luva para proteger as mãos”, orienta.

 

¨      Câncer de pele: como saber quais manchas podem ser perigosas?

A gerente de enfermagem, Renata, recebeu a recomendação de realizar acompanhamentos médicos anuais após detectarem uma lesão pré-cancerígena em sua pele, mas acabou negligenciando a orientação. Posteriormente, procurou uma nova consulta devido a uma mancha em seu rosto, que foi considerada inofensiva, mas a médica detectou uma pinta que se revelou ser um melanoma em estágio inicial.

“Foi por insistência da médica, que decidiu examinar minha pele por completo, que o diagnóstico foi feito. Uma lesão que eu jamais suspeitaria acabou revelando o câncer mais agressivo de pele”, conta Renata. A detecção e remoção rápidas garantiram um desfecho positivo e transformaram sua visão sobre os cuidados com a saúde.

A história de Renata destaca a importância do diagnóstico precoce do câncer de pele, o tipo de tumor mais frequente no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Detectar precocemente a doença é fundamental para aumentar as chances de cura, especialmente no caso do melanoma, o tipo mais raro e agressivo do câncer de pele, de acordo com Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês.

“Os principais sinais de alerta do câncer de pele são alterações de pintas ou manchas pré-existentes, como mudança de cor, tamanho, textura, ou o surgimento de sangramento ou coceira sobre a lesão. Por isso é tão importante conhecer e observar sempre a própria pele, para que as eventuais mudanças sejam notadas”, ressalta.

<><> Como identificar quais manchas podem ser sinais de câncer?

De acordo com Luísa Juliatto, dermatologista do Alta Diagnósticos, laboratório pertencente à Dasa, é importante ficar atento a pintas novas, em crescimento, com diferentes cores ou com formato irregular, além de pintas antigas que podem ter sofrido mudanças.

 “Feridas que não cicatrizam também devem ser avaliadas. Lesões com sangramento, dor e crescimento rápido também precisam ser avaliadas e isso pode ser indicativo de lesão mais agressiva”, afirma.

Para confirmar se a mancha ou lesão é cancerígena, é necessário passar por uma série de exames. Um deles é a dermatoscopia, um exame dermatológico feito em consultório.

“O mapeamento corporal de nevos [pintas] com dermatoscopia digital pode ser solicitado para fazer a avaliação na totalidade da pele. Em casos de lesões maiores ou mais profundas, o ultrassom dermatológico pode ser indicado. Em um caso de suspeita, o exame anatomopatológico após biópsia de pele fará o diagnóstico final”, afirma Juliatto.

Para garantir o diagnóstico precoce, é importante consultar o dermatologista com recorrência — pelo menos, uma vez por ano, se não há histórico de câncer anterior ou na família. “Se tiver algum histórico, antecedente pessoal ou familiar de câncer de pele, pode haver a necessidade de um acompanhamento mais específico, ou mais próximo do médico. O dermatologista irá indicar a melhor conduta”, completa.

Quais manchas e pintas não são perigosas?

De acordo com Juliatto, nem sempre uma mancha na pele será sinal de câncer.

“Temos vários tipos de manchas que podem ser inofensivas, como, por exemplo, as manchas solares, as efélides (sardas, manchas na pele causadas pelo aumento da produção de melanina), ceratoses seborreicas e melasma, que não são preocupantes”, afirma. “Temos também os nevos comuns”, relembra.

<><> Exposição solar é o principal fator de risco

De acordo com Sahade, o principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição solar prolongada e repetitiva, especialmente durante a infância e a adolescência. No entanto, outros fatores merecem atenção.

“Pessoas com pele, olhos e cabelos claros, que se queimam facilmente, têm maior predisposição, mas é fundamental lembrar que pessoas negras também podem desenvolver a doença. Além disso, imunossuprimidos, indivíduos com histórico familiar de câncer de pele e aqueles que utilizam câmaras de bronzeamento artificial estão no grupo de risco”, alerta.

No caso de Renata, fatores como a pele clara e o histórico familiar – seu pai teve câncer de pele e carcinoma espinocelular – podem ter contribuído para o desenvolvimento da condição. Após o diagnóstico, a enfermeira iniciou acompanhamentos médicos regulares e passou a adotar uma rotina ainda mais rigorosa em relação à exposição solar.

“Evito ao máximo a exposição ao sol, principalmente nos horários de maior intensidade de radiação. Uso bloqueadores solares diariamente e, quando sei que estarei mais exposta, recorro a roupas especiais, chapéu e a uma medicação específica que preciso tomar dois dias antes”, relata.

>>>> Para prevenir o surgimento do câncer de pele, Juliatto indica as seguintes medidas:

  • Aplicação do protetor solar a cada duas horas, com fator de proteção solar (FPS) de, pelo menos, 30;
  • Evitar exposição solar no horário de pico (entre 10 horas e 15 horas);
  • Usar barreiras físicas, como camisetas com tratamento UV, boné, óculos de sol e barracas/guarda-sol.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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