segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Alcolumbre é alvo de investigação que mira empresa beneficiada por emendas parlamentares

Investigação tem como alvo a empresa Saúde Link, que em 2023 foi responsável por um programa de cirurgias de cataratas que infectou 104 pacientes, feito com apoio de Alcolumbre por meio de emendas parlamentares.

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), candidato à presidência do Senado em 2025, é alvo de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) que apura possíveis atos de improbidade administrativa em relação ao programa de cirurgia de cataratas Mais Visão, que em 2023 causou infecção ocular em 104 pacientes, deixando sete deles cegos.

O programa foi feito pela empresa Saúde Link, com apoio de Alcolumbre, segundo informava uma mensagem na página da empresa na internet.

"O Programa +Visão teve início no começo de 2021, com a iniciativa do senador Davi Alcolumbre em parceria com o Governo do Estado do Amapá", dizia a mensagem.

Segundo noticiou a CNN Brasil, em 2021, sob o argumento de complementar o serviço de saúde pública no estado, a Secretaria de Saúde do Amapá contratou a ONG Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate, pelo valor de R$ 15,4 milhões, por um período de quatro meses.

O valor foi pago em três parcelas de R$ 5,1 milhões. O programa realizado em 2023 era mantido por meio de recursos federais. No entanto, ele resultou em um surto de endoftalmite, uma infecção ocular grave, que afetou a visão dos pacientes. Naquele ano, Alcolumbre destinou, por meio de emendas parlamentares, R$ 6,4 milhões à Secretaria de Saúde do Amapá, e mais R$ 8,6 milhões neste ano, totalizando R$ 15 milhões.

Em paralelo, Alcolumbre é alvo de outra investigação do TRE-AP, que apura o uso de um jatinho particular, de propriedade da empresa Saúde Link. Segundo testemunhas, o jatinho da empresa é usado por Alcolumbre para deslocamento entre Brasília e o Amapá, onde pousa na fazenda da família do senador.

Segundo documentos da Força Aérea Brasileira (FAB), o deslocamento no percurso foi registrado em agosto de 2022, em meio às eleições gerais no país. A investigação do TRE-AP apura se Alcolumbre usou os aviões particulares para fazer campanha eleitoral. O processo em curso pede a cassação do mandato do senador.

 

¨      Deputados bolsonaristas usam cota parlamentar para gastos controversos como vinho e viagens a destinos turísticos

A Câmara dos Deputados desembolsou R$ 212 milhões em cotas parlamentares ao longo de 2024, conforme levantamento do Estadão. Destinada a custear atividades legislativas, a verba foi utilizada para cobrir despesas como viagens, alimentação e locomoção. Contudo, casos de uso controverso, como o reembolso por vinho no Uruguai e passagens para Bonito (MS), trouxeram à tona questionamentos sobre a fiscalização desses recursos públicos.

Os deputados submetem notas fiscais para reembolso, e a Câmara é responsável por avaliar a conformidade dos gastos. Apesar disso, irregularidades resultaram em bloqueio de R$ 1 milhão em despesas somente neste ano. Alguns desses casos estão sendo investigados pela Polícia Federal, levantando dúvidas sobre a transparência no uso do dinheiro público.

<><> Vinho e turismo com verba pública

Um dos casos mais emblemáticos envolve o deputado Giovani Cherini (PL-RS), que solicitou reembolso por um almoço no Uruguai com vinho e cordeiro na brasa, no valor de R$ 286,62. Apesar de a legislação proibir o custeio de bebidas alcoólicas, a Câmara reembolsou a despesa. Procurado, Cherini afirmou que o erro não foi seu. “A Câmara tem muitos funcionários só para cuidar de notinha. Não pode passar. Jamais vou fazer coisas que não estão dentro da lei”, justificou.

Já a deputada Carla Zambelli (PL-SP) usou R$ 3,8 mil da cota parlamentar para financiar passagens aéreas até Bonito (MS), famoso destino turístico. Durante a viagem, Zambelli foi vista realizando trilhas e atividades recreativas com o marido. Questionada, a deputada afirmou que esteve na cidade para um “evento político-partidário”, embora não tenha registrado a atividade em suas redes sociais.

<><> Gastos sob investigação

Além dos casos de reembolsos irregulares, a Polícia Federal realizou duas operações de busca e apreensão em 2024, envolvendo deputados investigados por desvio de recursos da cota parlamentar. As apurações apontam para um esquema envolvendo agentes públicos e empresários, que teria desviado recursos destinados à atividade legislativa. Entre os alvos estão os deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Os gastos com divulgação de atividades parlamentares somaram R$ 81,8 milhões, o maior volume registrado neste ano. Junto com o aluguel de veículos, essas despesas representam mais de 50% de tudo que foi desembolsado pela Câmara.

Casos como esses reacendem o debate sobre o controle da cota parlamentar e a transparência no uso de recursos públicos, destacando a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para evitar abusos e irregularidades.

>>>> Ainda de acordo com a reportagem, os deputados podem ganhar o reembolso da Câmara via cota parlamentar caso gaste dinheiro com:

·        passagens aéreas (foram gastos R$ 31,3 milhões);

·        contato telefônico do telefone funcional do deputado, dos gabinetes, dos escritórios nos Estados e dos imóveis funcionais (foram gastos R$ 25,8 milhões);

·        Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar — caso de aluguel de imóveis, energia elétrica, água e esgoto, acesso à internet, etc. (foram gastos R$ 29,2 milhões);

·        Assinatura de publicações, como jornais (foram gastos R$ 71,5 mil);

·        Alimentação exclusivamente do deputado (foram gastos R$ 1,1 milhão);

·        Hospedagem, exceto no Distrito Federal (foram gastos R$ 3,3 milhões);

·        Localização ou fretamento de aeronaves (foram gastos R$ 1,8 milhão);

·        Locação ou fretamento de veículos, com limite de R$ 12.713,00 mensais e contratação de seguro (foram gastos R$ 37,9 milhões);

·        Localização ou fretamento de embarcações (foram gastos R$ 221,7 mil);

·        Serviços de táxi, Uber, pedágio e estacionamento, com limite de R$ 2.700 mensais (foram gastos de R$ 1 milhão);

·        Passagens terrestres, marítimas ou fluviais (foram gastos R$ 116,7 mil);

·        Combustíveis e financiamentos, com limite mensal de R$ 9.392 (foram gastos R$ 20,9 milhões);

·        Serviços de segurança de empresas especializadas, com limite de R$ 8.700,00 mensais (foram gastos R$ 1,38 milhão);

·        Divulgação da atividade parlamentar, com a exceção dos 120 dias anteriores à data das eleições, se o deputado for candidato (foram gastos R$ 81,8 milhões);

·        Participação em cursos, congressos ou eventos, realizados por instituição especializada, com limite mensal de R$ 7.697,17 (foram gastos R$ 54,9 mil);

·        Complementação de auxílio-moradia, com limite mensal de R$ 4.148,80 (não houve gasto do tipo);

·        Aquisição de tokens e certificados digitais (foram gastos R$ 14,6 mil).

 

¨      Exército cancela e suspende contratos de R$ 236 mi suspeitos de fraude

O Comando do Exército cancelou e suspendeu contratos com empresas suspeitas de fraude em licitações milionárias para a compra de materiais como barracas, capacetes, cantis, coldres e outros equipamentos militares.

O caso foi revelado pelo Metrópoles há um ano e a participação das empresas se deu em licitações que chegam ao valor de R$ 236,2 milhões.

O Exército cancelou três contratos que já estavam suspensos por suspeita de fraude desde fevereiro de 2023. Somados, os termos rescindidos chegam a R$ 3 milhões. Ainda há outros sob apuração de irregularidades. As empresas punidas são a Camaqua Comércio de Confecções e Serviços e a Duas Rainhas Comércio de Artigos Militares. Juntas, elas levaram R$ 18,2 milhões em licitações.

O Metrópoles apurou que empresas com sócios e ex-sócios em comum chegaram a competir entre si. Inclusive, forneciam atestados de capacidade umas às outras. Esse documento serve para mostrar a pregoeiros que conduzem as licitações que as empresas que estão concorrendo no certame têm condições de entregar o produto. Ele precisa ser assinado por outra empresa ou órgão público para o qual a concorrente tenha prestado serviços no passado.

Essas empresas foram abertas por um mesmo contador, chamado Luiz Romildo de Mello, e contêm em seus registros na Receita Federal um e-mail usado pelo mesmo empresário: Artur Washeck. No entanto, formalmente, estão em nome de jovens de 20 e 21 anos do Rio de Janeiro e de Blumenau (SC), que se alternam em seus quadros societários.

Washeck afirma ao Metrópoles que abriu as empresas — apesar de não ser formalmente sócio delas — e que as vendeu para o empresário Alexandre Pereira, de Santa Catarina, responsável por participar das licitações no Exército. Além do valor delas, segundo o empresário, ficaram acordadas comissões sobre eventuais contratos.

Formalmente, a empresa não está em nome de Pereira, mas de seu filho, que tinha 21 anos à época do edital. Antes, estava em nome de um jovem de 20 anos de idade que era do círculo de confiança de Washeck.

O Exército aplicou às empresas penas de inabilitação para novas concorrências. Os contratos ainda são investigados em cinco inquéritos do Ministério Público Militar. Essas empresas participaram de 157 licitações da corporação – em parte delas, competiram entre si.

Em outra frente, o Comando do Exército também conseguiu manter no Tribunal de Contas da União (TCU) o banimento da empresa M R Confecções em uma licitação de R$ 218 milhões. Naquela disputa, ela estava vencendo R$ 58 milhões em lotes do edital. O resultado foi suspenso após o Exército suspeitar da idoneidade do atestado de capacidade técnica apresentado pela empresa M R Confecções, que está formalmente em nome de Washeck.

A M R Confecções levou parte dos lotes em disputa em uma grande licitação de R$ 217 milhões para compra de camas, mochilas, óculos, barracas, coldres e outros itens. Inicialmente, o Exército suspendeu a contratação porque entendeu que o atestado de capacidade técnica dado à M R Confecções foi emitido por outra empresa que tem Washeck como dono, a Comercial Maragatos.

A empresa contratada recorreu ao TCU, sob o argumento de que o empresário Wascheck ainda não era sócio da Maragatos quando ela emitiu o atestado de capacidade técnica. O TCU acolheu a manifestação da empresa e, inicialmente, suspendeu a determinação do Exército. Em atendimento a um recurso do Exército, porém, o TCU revogou a sua decisão no dia 4 de dezembro.

Em seu voto, o ministro Vital do Rêgo, relator do caso, afirmou concordar com o argumento da M R, segundo o qual o atestado fornecido por empresas do mesmo grupo, por si só, não é uma irregularidade.

No entanto, ele considerou que, para além disso, há outros indícios de que o atestado fornecido seria mais uma “autodeclaração de capacidade técnica, que não pode ser aceita, sob pena de referendar a prática de fraudes a licitações e tornar inócua a exigência de habilitação em questão”.

“Embora o Sr. Artur Neto somente tenha se tornado proprietário único da MR Confecções e Representações Ltda. em 2021, foram coligidas evidências nos inquéritos militares que ele tem ingerência nas empresas investigadas, dentre elas a subscritora do atestado questionado”, afirma Vital do Rêgo.

O ministro menciona, por exemplo, a coincidência de um e-mail nos registros da empresa que já foi usado por Washeck em licitações no passado. Ainda reforça que, em processos sancionadores, o Exército declarou inidôneas as empresas Duas Rainhas e Camaqua, sob suspeita de serem ligadas ao empresário.

O Exército afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que “a instituição conduz seus processos licitatórios de acordo com rigorosa observância da legislação vigente”.

“A grande maioria das informações prestadas aos órgãos de controle externo, como o TCU, por exemplo, são fornecidas pelos órgãos de controle interno da Força, que mantêm constante postura proativa e imparcial, a fim de garantir o cumprimento das normas e a eficiência na gestão da Força. Por fim, a instituição preza pelo constante aperfeiçoamento dos mecanismos de controle e transparência dos processos administrativos”, afirma.

¨      General alertou TCU sobre fraudes em contratos milionários do Exército

O general Addelson Robbi, chefe do centro de Obtenções do Exército, enviou um ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU) no qual alertou para supostas fraudes em contratos milionários assinados pela instituição. No documento, ele afirma que a manutenção os negócios com empresas suspeitas pode “abalar a confiança da sociedade nas ações da administração pública, em particular ao Exército Brasileiro”.

O documento foi enviado ao TCU em um processo no qual o Exército conseguiu reverter uma decisão que restabelecia a contratação da empresa M R Confecções por R$ 58 milhões para fornecer camas, mochilas, óculos, barracas, coldres e outros itens. O Exército questiona a validade do atestado de capacidade técnica apresentado pela empresa.

O atestado veio de uma empresa que tem como sócio o próprio dono da M R Confecções. Trata-se do empresário Arthur Wascheck Neto. O atestado é um documento por meio do qual outras empresas ou órgãos públicos afirmam que a firma inscrita na licitação tem condições de fornecer os itens a serem comprados.

Os lotes foram vencidos em uma grande licitação cujos itens somados chegam aos R$ 218 milhões. No ofício, o general cita reportagens do Metrópoles que mostraram que empresas ligadas a Washeck, com um contador em comum, mas que tinham no papel sócios jovens de 20 e 21 anos, levaram até R$ 18 milhões em contratos de 2023. Os nomes dessas empresas são Camaqua Comércio de Confecções e Serviços e a Duas Rainhas Comércio de Artigos Militares.

As duas empresas não têm Washeck como sócio formal, mas o endereço do e-mail usado pelo empresário estava no registro delas junto à Receita Federal. Ele afirma ao Metrópoles que abriu as empresas e as vendeu para o empresário Alexandre Pereira, de Santa Catarina, que foi o responsável por participar das licitações.

Além do valor delas, ficou acordado o pagamento de comissões sobre eventuais contratos. Procurado pela reportagem, Pereira não respondeu. Formalmente, a empresa não está em nome dele, mas de seu filho, que tinha 21 anos à época do edital.

Após a publicação da reportagem, contratos foram suspensos pelo Exército e o Ministério Público Militar abriu cinco inquéritos para apurar a conduta das empresas. Como repercussão do caso, o general afirmou que o Exército apertou o cerco contra a participação de empresas com atestados emitidos por outra do mesmo grupo, para evitar fraudes.

Neste ano, a própria M R Confecções venceu lotes de uma nova licitação do Exército, no valor de R$ 58 milhões. O atestado de capacidade técnica foi apresentado pela Comercial Maragatos, que também tem Washeck como sócio. Ele se defende dizendo que o atestado é de 2017, quando a empresa não era dele.

O Exército, no entanto, afirma que ele estava no comando da empresa à época em que ele foi assinado. Investigações do Ministério Público Militar compartilhadas com o TCU levantam a suspeita de que ele controlou a empresa mesmo na época em que não era seu sócio.

Inicialmente, o TCU aceitou um pedido da M R Confecções e suspendeu a decisão do Exército que cancelou a vitória da empresa na licitação. Após um recurso do Exército, no dia 4 de dezembro, o TCU voltou atrás e manteve a desclassificação da empresa da concorrência.

Foi na fase de recurso, e um dia antes do julgamento, que o general Addelson Robbi enviou um ofício ao TCU com um apelo para que os ministros não endossassem o contrato com a empresa.

Ele justifica que, apesar de não estar na letra fria da lei que empresas de um mesmo grupo poderiam dar atestados de capacidade técnica umas para as outras, a norma no edital foi adotada pelo Exército para evitar fraudes, em reação ao caso revelado pelo Metrópoles. Afirmou, ainda, que a regra teve endosso da consultoria jurídica da Advocacia Geral da União (AGU).

“Os indícios de conluio e irregularidades em processos licitatórios, como a coincidência de contadores e vínculos entre representantes de empresas, destacam a necessidade do pregoeiro agir com cautela e aderência às normas e à jurisprudência do TCU”, diz o general.

Segundo ele, a “eventual volta à fase de habilitação da licitante MR tem potencial risco de comprometer a integridade e a eficiência das contratações no âmbito do Comando do Exército”. “A reinserção da representada pode sinalizar uma propensão ao descumprimento de normas legais e éticas, aumentando a probabilidade de fraudes ou inexecução contratual”.

“Além disso, a habilitação da empresa MR pode descredibilizar o processo licitatório, desestimular a participação de empresas idôneas e comprometer o princípio da moralidade”, disse.

Segundo o general, a “reincidência de práticas conhecidamente lesivas pelos sócios e ex-sócios da teia de relacionamento entre essas empresas pode resultar em prejuízos financeiros ao erário, além de abalar a confiança da sociedade nas ações da administração pública, em particular ao Exército Brasileiro”.

O Exército afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que “a instituição conduz seus processos licitatórios de acordo com rigorosa observância da legislação vigente”.

“A grande maioria das informações prestadas aos órgãos de controle externo, como o TCU, por exemplo, são fornecidas pelos órgãos de controle interno da Força, que mantém constante postura proativa e imparcial, a fim de garantir o cumprimento das normas e a eficiência na gestão da Força. Por fim, a instituição preza pelo constante aperfeiçoamento dos mecanismos de controle e transparência dos processos administrativos”, afirma.

 

¨      Venda de sentença: desembargadores lavaram dinheiro com casas de luxo

Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (20/12), a 2ª Fase da Operação Sisamnes, com o objetivo de investigar o crime de lavagem de dinheiro decorrente do esquema de venda de decisões judiciais revelado após a 1ª fase, ocorrida em 26 de novembro.

Segundo as investigações, foram detectadas sucessivas operações imobiliárias suspeitas envolvendo mansões e promovidas pelos investigados, com aparente propósito de dissimular a origem ilícita do dinheiro.

Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), são cumpridos mandados de busca e apreensão, afastamento das funções públicas de servidores do Poder Judiciário, proibição de contato e saída do país, recolhimento de passaportes, além do bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro dos imóveis adquiridos por um magistrado.

O nome da operação faz referência a um episódio da mitologia persa, durante o reinado de Cambises II da Pérsia, que narra a história do juiz Sisamnes. Ele teria aceitado um suborno para proferir uma sentença injusta.

<><> Memória

Em novembro deste ano, a corporação deflagrou a Operação Sisamnes, com o objetivo de investigar o esquema de corrupção, organização criminosa e violação de sigilo funcional envolvendo integrantes do Judiciário mato-grossense e outros agentes públicos.

As investigações estão centradas em dois desembargadores do Tribunal de Justiça (TJMT): Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. Ambos são suspeitos de vender decisões judiciais e vazar informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.

A coluna não localizou a defesa dos magistrados. O espaço segue aberto para possíveis posicionamentos.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema envolvia advogados, lobistas, empresários e assessores que atuavam como intermediários entre os magistrados e os interesses privados.

As apurações revelam que valores eram solicitados para garantir decisões favoráveis aos clientes dos envolvidos, além do vazamento de informações sigilosas sobre investigações policiais.

O nome da operação faz alusão ao juiz Sisamnes, uma figura histórica que teria aceitado subornos para emitir uma sentença injusta durante o reinado de Cambises II da Pérsia. Assim como o juiz mitológico, os desembargadores investigados teriam se beneficiado financeiramente ao realizar atos contrários à ética judicial.

Além de pedidos de prisão e buscas e apreensões em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal, a operação também cumpre medidas cautelares, como o afastamento de funções públicas de servidores envolvidos, bem como a indisponibilidade de bens e valores dos investigados.

<><> Fraudes

O desembargador João Ferreira Filho também tornou-se alvo de uma notícia-crime enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A acusação, protocolada pelo locutor de rodeio Juan Carlos Brandespin Rolon, envolve a omissão do magistrado em um esquema de fraudes no processo de espoliação de terras, avaliadas em R$ 300 milhões.

A denúncia aponta que um advogado teria fraudado documentos de cessão de direitos, com a validação de decisões judiciais pelo desembargador João Ferreira Filho, mesmo após a descoberta da falsificação.

Os documentos apresentados por Rolon alegam que o magistrado ignorou provas claras de falsificação e proferiu decisões que validaram fraudes no processo. A situação resultou no confisco de terras e na emissão de notas fiscais falsas, causando grandes prejuízos ao sistema fiscal.

<><> Presentes

A Corregedoria Nacional de Justiça também determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos magistrados Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho e outros envolvidos, além de iniciar processos disciplinares contra eles.

As investigações apontam que ambos tinham uma relação estreita com o falecido advogado Roberto Zampieri, que atuava como lobista no TJMT, sugerindo que os desembargadores teriam recebido “presentes de elevado valor” em troca de decisões favoráveis.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil 247/Metrópoles

 

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