quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O abalo político causado pelo controverso candidato ao governo de Estado-chave da eleição apoiado por Trump

A controvérsia em torno de um candidato republicano a governador da Carolina do Norte está causando turbulência política em um Estado decisivo para Donald Trump.

A BBC perguntou a alguns conservadores o que eles acham desse escândalo.

Foi durante uma reunião regular do comitê das Mulheres Republicanas do Condado de Johnston, na Carolina do Norte, que elas ouviram a notícia.

Na quinta-feira (19/9), em toda a Carolina do Norte, republicanos e democratas souberam de uma denúncia que para muitos foi considerada bombástica sobre o vice-governador republicano Mark Robinson, que é apoiado por Trump.

O fabricante de móveis que virou político e concorre para ser o primeiro governador negro do Estado se autodenominou um "nazista negro" em um site pornográfico há mais de uma década, de acordo com uma reportagem da CNN.

Robinson, que se identifica como um cristão evangélico, classificou a reportagem como uma "mentira de tabloide". A BBC não verificou de forma independente as afirmações da CNN.

Porém, quando a notícia finalmente foi divulgada, ela quase não causou agitação, ao menos entre aquela reunião conservadora de mulheres no condado de Johnston.

“Se as acusações forem corretas, é algo que ele e a esposa terão que lidar. Não é da minha conta. É uma questão conjugal”, afirmou Adele Walker, de 52 anos.

Logo depois, o grupo discutiu a doação planejada de US$ 200 para a campanha de Robinson, que nas pesquisas aparece atrás do candidato democrata Josh Stein, procurador-geral do Estado.

“O que decidimos é que vamos doar ainda mais dinheiro ao senhor Robinson”, disse Walker.

As opiniões de mulheres conservadoras como Walker são observadas de perto nesta eleição, não apenas na Carolina do Norte, mas em todos os Estados Unidos.

A Carolina do Norte tem uma das disputas mais acirradas do país conforme a eleição de novembro se aproxima.

Trump já havia oferecido um apoio importante a Robinson, chamando-o de "Martin Luther King com esteroides".

Mesmo antes da reportagem da CNN ser publicada, Robinson já estava sob escrutínio público.

Ele enfrentou reações negativas por causa de comentários feitos em 2019 num vídeo do Facebook sobre aborto, quando disse que as mulheres deveriam ser "responsáveis ​​o suficiente para manter a saia abaixada".

Em 2021, ele disse que as crianças nas escolas não deveriam aprender sobre "transgenerismo, homossexualidade, nenhuma dessas imundícies", e mais tarde se recusou a fazer pedidos de desculpas.

"Acho que é justo chamar a campanha de Robinson de um incêndio no lixo neste momento", avalia o cientista político da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Steven Greene.

Há temores entre alguns republicanos de que a figura de Robinson possa fazer com que seus eleitores fiquem em casa — ou impulsionar uma participação democrata.

A Carolina do Norte permanece "teimosamente republicana", acredita Greene. Barack Obama foi o único democrata a vencer no estado em 44 anos. E ele só conseguiu esse feito em uma das eleições, em 2008.

Mas os crescentes centros urbanos do Estado inclinaram a balança política para os democratas, que esperam que este seja o ano em que eles possam deixar a Carolina do Norte pintada de azul (cor que faz referência ao partido).

Uma pesquisa da Emerson College Polling/The Hill divulgada na quinta-feira (19/9), antes da reportagem da CNN sobre Robinson ser publicada, mostrou Harris à frente de Trump por um ponto percentual.

A vantagem se encontra dentro da margem de erro, o que significa que a corrida está de fato muito acirrada.

Esse Estado é essencial para o candidato republicano à Casa Branca, segundo Greene.

"É muito mais difícil ver Donald Trump chegando a 270 sem a Carolina do Norte do que Kamala Harris", disse ele, se referindo ao número de votos do colégio eleitoral necessários para garantir a presidência dos EUA.

Scott Lassiter, um republicano que concorre ao Senado estadual na Carolina do Norte, expressou decepção por Robinson não ter desistido antes do prazo permitido na quinta-feira (19/9), o que poderia abrir espaço a outro candidato do partido.

Lassiter afirma que Robinson é um presente para os democratas, que “adorariam que todas as disputas eleitorais fossem sobre Mark Robinson neste momento”.

Outrora frequentador assíduo dos eventos de campanha de Trump no Estado, Robinson não compareceu ao comício do ex-presidente realizado em Wilmington, no sábado (21/9).

Mas o círculo mais próximo a Robinson ainda o apoia.

O presidente do condado de Guilford, Chris Meadows, um republicano, disse que conhece Robinson há anos.

“Nossa posição é que essas alegações e acusações são infundadas”, disse ele.

“Na era do aprimoramento da Inteligência Artificial, eu realmente não coloco nenhuma credibilidade em nada, até que ele mesmo admita."

“A CNN tem muitos problemas de credibilidade há vários anos”, opina Meadows.

Para Greene, a corrida presidencial se resumirá à participação eleitoral — e não está claro como Robinson afetará a corrida eleitoral na Carolina do Norte.

O especialista lembra que o atual vice-governador já era conhecido por declarações bizarras — e as pessoas provavelmente já estão em grande parte decididas sobre o voto.

Essa impressão parece se confirmar no condado de Johnston.

Um eleitor republicano, que não quis ser identificado pela reportagem, disse que não votaria em Robinson, que, segundo ele, “fala alto”. Mas ele não tem problemas em votar em Trump.

“Não sei o que Trump sabia sobre Robinson. A notícia de Robinson não tem efeito sobre mim”, disse ele.

Evelyn Costelloe, de 66 anos, que votou nos republicanos em eleições passadas, mas não nas mais recentes, disse que apoiará os democratas devido à sua posição pessoal em relação ao aborto. E os comentários de Robinson também não ajudam em nada, segundo ela.

“Não sei sobre todas essas acusações, mas sei o que ele disse. Coisas assim me fazem querer votar com certeza”, disse ela à BBC.

Considerando que Trump só venceu na Carolina do Norte com uma vantagem de cerca de 75 mil votos em 2020, mesmo um pequeno dano político proveniente de Robinson pode fazer diferença.

Ao menos por enquanto, porém, esse Estado parece continuar com um tom profundo de roxo — ao misturar o vermelho dos republicanos com o azul dos democratas.

 

¨      A resposta de Trump sobre concorrer novamente à Presidência caso perca este ano

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não espera concorrer à eleição novamente em 2028 caso seja derrotado no pleito de novembro.

Trump, de 78 anos, foi o candidato republicano nas últimas três eleições nacionais e reformulou o partido nos últimos oito anos.

Em entrevista com o Sinclair Media Group, ele foi perguntado se conseguia vislumbrar mais uma candidatura caso perca para a vice-presidente, a democrata Kamala Harris.

"Não, não vejo. Eu acho que seria isso aí", disse Trump. "Eu não vejo de forma alguma."

Mas acrescentou: "espero que seremos muito bem-sucedidos".

A lei americana impede que presidentes tenham mais de dois mandatos, sejam eles consecutivos ou não. Ou seja, se Trump vencer agora, ele não poderá concorrer em 2028.

No passado, o bilionário do setor imobiliário raramente reconhecia sequer a possibilidade de perder uma eleição, sempre agitando seus apoiadores com discursos e posts nas redes sociais prometendo vitória.

Mas esta é a segunda vez em quatro dias que ele menciona a possibilidade de derrota.

Em um evento no Conselho Israelita-Americano, na quinta-feira, ele cogitou a possibilidade de não vencer, e sugeriu que uma derrota seria parcialmente culpa dos eleitores judeus.

"Eles sabem que diabos estará acontecendo caso eu não vença esta eleição?", disse Trump. "E o povo judeu teria muito a ver com isso, caso aconteça, porque com 40% [de apoio a Trump] isso significa que 60% das pessoas estão votando no inimigo."

Os comentários foram criticados pela campanha de Harris e pelas entidades apartidárias Comitê Judeu Americano e Liga Antidifamação.

As declarações de Trump sobre possibilidade de derrota podem estar refletindo a mudança das perspectivas de Harris desde que ela assumiu a campanha democrata, com a desistência do presidente Joe Biden.

Sua campanha arrecadou mais de US$ 190 milhões em agosto, comparado com os US$ 130 milhões que Trump arrecadou no mesmo período.

Agregados nacionais de pesquisas de opinião pública monitorados pela BBC indicam que Kamala Harris está na frente de Trump. Uma pesquisa divulgada pela CBS no domingo mostra a democrata com 52% e Trump com 48%. No entanto, esses resultados mostram a preferência nacional. Pelo sistema eleitoral americano, é possível perder a eleição mesmo recebendo mais votos nacionalmente.

Em Estados considerados fundamentais para ganhar a eleição, Harris tem uma liderança mais apertada: de 51% contra 49%, o que é uma leve melhora em relação aos 50% observados no mês passado, em pesquisa da CBS.

Outra pesquisa divulgada no domingo pela NBC mostra Harris com uma vantagem de cinco pontos em todo os EUA.

A pesquisa também mostra que 48% dos eleitores registrados têm uma visão positiva dela, comparado com 32% em julho — o maior salto registrado desde 2001, quando a popularidade de George W Bush cresceu após os atentados de 11 de setembro.

Mas como outras pesquisas, o levantamento mostra que Trump tem uma vantagem clara junto a eleitores em alguns dos principais temas, como economia, custo de vida e imigração.

<><> Senadores dos EUA tentam impedir o México de assumir controle de porto situado na costa mexicana

Um grupo bipartidário de senadores dos Estados Unidos está propondo legislação para pressionar o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador a recuar nos planos de expropriar um porto e uma pedreira de calcário da empresa Vulcan Materials, sediada no Alabama.

O projeto de lei, que deve ser apresentado nesta segunda-feira (23) segundo a Bloomberg, impediria que barcos que usam o porto, se apropriado pelo México, descarreguem ou recebam reparos nos EUA ou em territórios como Porto Rico ou as Ilhas Virgens.

A nova medida pretende tornar o porto, na costa caribenha do México, inútil para embarques ou cruzeiros, de acordo com assessores do senador republicano Bill Hagerty, do Tennessee, autor do projeto de lei.

Uma proposta semelhante foi apresentada pela Câmara dos Representantes em maio deste ano, relata a mídia.

"Condeno veementemente as ameaças de López Obrador contra a Vulcan. Nenhuma nação ou presidente, e especialmente um dos nossos maiores parceiros comerciais, deve ter permissão para intimidar uma empresa americana sem consequências", afirmou Hagerty.

Lopéz Obrador disse no mês passado que seu governo estava passando por todos os processos legais necessários para transformar a terra que a Vulcan possui e desenvolveu por décadas em uma área natural protegida, o que a empresa alega ser ilegal e equivalente à expropriação.

A Vulcan Materials é uma empresa americana sediada em Birmingham, Alabama. Ela está envolvida principalmente na produção, distribuição e venda de materiais de construção.

¨      Empresário dos EUA indica em que pode consistir o 'plano de paz' de Zelensky

O sucessivo plano de paz ucraniano de Vladimir Zelensky será novamente rejeitado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, declarou o bilionário norte-americano David Sacks.

"Zelensky veio aos EUA para apresentar seu tão falado 'plano da vitória' ao presidente Biden. No que isso consiste? Primeiro é a adesão imediata à OTAN. Segundo, ataques de mísseis de longo alcance na Rússia. Em outras palavras, uma Terceira Guerra Mundial. Biden já rejeitou ambas as opções. Esperemos que ele possa se lembrar por quê", escreveu o empresário na rede social X.

A 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas teve início em Nova York no dia 10 de setembro.

Anteriormente, a revista The Economist escreveu que Zelensky e Biden se encontrarão no decorrer deste evento. Segundo a notícia, esta será a última chance para Kiev convencer Washington a mudar sua posição sobre o uso de armas ocidentais para atacar o território russo longe do conflito.

Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin declarou que ataques com mísseis de longo alcance ocidentais aos territórios russos que estão longe da zona do conflito significarão o envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.

Ele acrescentou que o envolvimento direto dos países ocidentais no conflito ucraniano muda a natureza das hostilidades e que a Rússia vai ser forçada a tomar decisões em conformidade com essas ameaças.

·        Crise no programa de submarinos da Marinha é outro sinal do declínio do poder militar dos EUA

Em meio a uma série de notícias negativas para a Marinha dos EUA, a crise de custos excessivos no programa de construção de submarinos é o mais recente sinal do declínio dos Estados Unidos como potência militar.

A produção de submarinos dos EUA, quer para suas forças militares, quer para as forças aliadas do Reino Unido e Austrália, é considerada essencial para uma eventual guerra com a China na região do Pacífico.

"Em uma palavra, estes programas estão em crise", disse o congressista Ken Calvert na quinta-feira (19) em resposta à notícia de que o programa de submarinos da Marinha está cerca de US$ 17 bilhões (R$ 93,6 bilhões) acima do orçamento, com construções enfrentando atrasos de até três anos.

"Sem exceção, eles estão ficando para trás", acrescentou. "Eles ficam cada vez mais acima do orçamento. Se não houver uma intervenção já, eu tenho zero confiança de que a construção naval da Marinha vá voltar ao caminho certo."

Calvert acusou a liderança da Marinha, alegando que ela "tinha retido informações sobre custos e atrasos" e alegando que seus "planos para resolver" a crise na construção naval "são basicamente ilusórios". O legislador observou que o serviço está comprometido a produzir dois submarinos da classe Virginia por ano, mas tem tido dificuldades em construir uma média de 1,3 submarino por ano.

O congressista afirmou que os oficiais da Marinha haviam escondido esta crise dos legisladores e do público americano.

"É claro que a Marinha e os construtores navais sabem sobre esse déficit há pelo menos 18 meses", disse o legislador.

A mídia europeia relatou anteriormente que, desde que a frota naval chinesa está em expansão, os EUA enfrentam novos contratempos na construção de submarinos e navios de guerra.

 

Fonte: BBC News/Sputnik Brasil

 

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