O abalo político causado pelo controverso
candidato ao governo de Estado-chave da eleição apoiado por Trump
A controvérsia em
torno de um candidato republicano a governador da Carolina do Norte está
causando turbulência política em um Estado
decisivo para Donald Trump.
A BBC perguntou a
alguns conservadores o
que eles acham desse escândalo.
Foi durante uma
reunião regular do comitê das Mulheres Republicanas do Condado de Johnston, na
Carolina do Norte, que elas ouviram a notícia.
Na quinta-feira
(19/9), em toda a Carolina do Norte, republicanos e democratas souberam de uma
denúncia que para muitos foi considerada bombástica sobre o vice-governador
republicano Mark Robinson, que é apoiado por Trump.
O fabricante de móveis
que virou político e concorre para ser o primeiro governador negro do Estado se
autodenominou um "nazista negro" em um site pornográfico há mais de
uma década, de acordo com uma reportagem da CNN.
Robinson, que se
identifica como um cristão evangélico, classificou a reportagem como uma
"mentira de tabloide". A BBC não verificou de forma independente as
afirmações da CNN.
Porém, quando a
notícia finalmente foi divulgada, ela quase não causou agitação, ao menos entre
aquela reunião conservadora de mulheres no condado de Johnston.
“Se as acusações forem
corretas, é algo que ele e a esposa terão que lidar. Não é da minha conta. É
uma questão conjugal”, afirmou Adele Walker, de 52 anos.
Logo depois, o grupo
discutiu a doação planejada de US$ 200 para a campanha de Robinson, que nas
pesquisas aparece atrás do candidato democrata Josh Stein, procurador-geral do
Estado.
“O que decidimos é que
vamos doar ainda mais dinheiro ao senhor Robinson”, disse Walker.
As opiniões de
mulheres conservadoras como Walker são observadas de perto nesta eleição, não
apenas na Carolina do Norte, mas em todos os Estados Unidos.
A Carolina do Norte
tem uma das disputas mais acirradas do país conforme a eleição de novembro se
aproxima.
Trump já havia
oferecido um apoio importante a Robinson, chamando-o de "Martin Luther
King com esteroides".
Mesmo antes da
reportagem da CNN ser publicada, Robinson já estava sob escrutínio público.
Ele enfrentou reações
negativas por causa de comentários feitos em 2019 num vídeo do Facebook sobre
aborto, quando disse que as mulheres deveriam ser "responsáveis o suficiente para manter a saia abaixada".
Em 2021, ele disse que
as crianças nas escolas não deveriam aprender sobre "transgenerismo,
homossexualidade, nenhuma dessas imundícies", e mais tarde se recusou a
fazer pedidos de desculpas.
"Acho que é justo
chamar a campanha de Robinson de um incêndio no lixo neste momento",
avalia o cientista político da Universidade Estadual da Carolina do Norte,
Steven Greene.
Há temores entre
alguns republicanos de que a figura de Robinson possa fazer com que seus
eleitores fiquem em casa — ou impulsionar uma participação democrata.
A Carolina do Norte
permanece "teimosamente republicana", acredita Greene. Barack Obama
foi o único democrata a vencer no estado em 44 anos. E ele só conseguiu esse
feito em uma das eleições, em 2008.
Mas os crescentes
centros urbanos do Estado inclinaram a balança política para os democratas, que
esperam que este seja o ano em que eles possam deixar a Carolina do Norte
pintada de azul (cor que faz referência ao partido).
Uma pesquisa da
Emerson College Polling/The Hill divulgada na quinta-feira (19/9), antes da
reportagem da CNN sobre Robinson ser publicada, mostrou Harris à frente de
Trump por um ponto percentual.
A vantagem se encontra
dentro da margem de erro, o que significa que a corrida está de fato muito
acirrada.
Esse Estado é
essencial para o candidato republicano à Casa Branca, segundo Greene.
"É muito mais
difícil ver Donald Trump chegando a 270 sem a Carolina do Norte do que Kamala
Harris", disse ele, se referindo ao número de votos do colégio eleitoral
necessários para garantir a presidência dos EUA.
Scott Lassiter, um
republicano que concorre ao Senado estadual na Carolina do Norte, expressou
decepção por Robinson não ter desistido antes do prazo permitido na
quinta-feira (19/9), o que poderia abrir espaço a outro candidato do partido.
Lassiter afirma que
Robinson é um presente para os democratas, que “adorariam que todas as disputas
eleitorais fossem sobre Mark Robinson neste momento”.
Outrora frequentador
assíduo dos eventos de campanha de Trump no Estado, Robinson não compareceu ao
comício do ex-presidente realizado em Wilmington, no sábado (21/9).
Mas o círculo mais
próximo a Robinson ainda o apoia.
O presidente do
condado de Guilford, Chris Meadows, um republicano, disse que conhece Robinson
há anos.
“Nossa posição é que
essas alegações e acusações são infundadas”, disse ele.
“Na era do
aprimoramento da Inteligência Artificial, eu realmente não coloco nenhuma
credibilidade em nada, até que ele mesmo admita."
“A CNN tem muitos
problemas de credibilidade há vários anos”, opina Meadows.
Para Greene, a corrida
presidencial se resumirá à participação eleitoral — e não está claro como
Robinson afetará a corrida eleitoral na Carolina do Norte.
O especialista lembra
que o atual vice-governador já era conhecido por declarações bizarras — e as
pessoas provavelmente já estão em grande parte decididas sobre o voto.
Essa impressão parece
se confirmar no condado de Johnston.
Um eleitor
republicano, que não quis ser identificado pela reportagem, disse que não
votaria em Robinson, que, segundo ele, “fala alto”. Mas ele não tem problemas
em votar em Trump.
“Não sei o que Trump
sabia sobre Robinson. A notícia de Robinson não tem efeito sobre mim”, disse
ele.
Evelyn Costelloe, de
66 anos, que votou nos republicanos em eleições passadas, mas não nas mais
recentes, disse que apoiará os democratas devido à sua posição pessoal em
relação ao aborto. E os comentários de Robinson também não ajudam em nada,
segundo ela.
“Não sei sobre todas
essas acusações, mas sei o que ele disse. Coisas assim me fazem querer votar
com certeza”, disse ela à BBC.
Considerando que Trump
só venceu na Carolina do Norte com uma vantagem de cerca de 75 mil votos em
2020, mesmo um pequeno dano político proveniente de Robinson pode fazer
diferença.
Ao menos por enquanto,
porém, esse Estado parece continuar com um tom profundo de roxo — ao misturar o
vermelho dos republicanos com o azul dos democratas.
¨ A resposta de Trump sobre concorrer novamente à Presidência caso
perca este ano
O ex-presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, disse que não espera concorrer à eleição novamente
em 2028 caso seja derrotado no pleito de novembro.
Trump, de 78 anos, foi
o candidato republicano nas últimas três eleições nacionais e
reformulou o partido nos últimos oito anos.
Em entrevista com o
Sinclair Media Group, ele foi perguntado se conseguia vislumbrar mais uma
candidatura caso perca para a vice-presidente, a democrata Kamala Harris.
"Não, não vejo.
Eu acho que seria isso aí", disse Trump. "Eu não vejo de forma
alguma."
Mas acrescentou:
"espero que seremos muito bem-sucedidos".
A lei americana impede
que presidentes tenham mais de dois mandatos, sejam eles consecutivos ou não.
Ou seja, se Trump vencer agora, ele não poderá concorrer em 2028.
No passado, o
bilionário do setor imobiliário raramente reconhecia sequer a possibilidade de
perder uma eleição, sempre agitando seus apoiadores com discursos e posts nas
redes sociais prometendo vitória.
Mas esta é a segunda
vez em quatro dias que ele menciona a possibilidade de derrota.
Em um evento no
Conselho Israelita-Americano, na quinta-feira, ele cogitou a possibilidade de
não vencer, e sugeriu que uma derrota seria parcialmente culpa dos eleitores
judeus.
"Eles sabem que
diabos estará acontecendo caso eu não vença esta eleição?", disse Trump.
"E o povo judeu teria muito a ver com isso, caso aconteça, porque com 40%
[de apoio a Trump] isso significa que 60% das pessoas estão votando no inimigo."
Os comentários foram
criticados pela campanha de Harris e pelas entidades apartidárias Comitê Judeu
Americano e Liga Antidifamação.
As declarações de
Trump sobre possibilidade de derrota podem estar refletindo a mudança das
perspectivas de Harris desde que ela assumiu a campanha democrata, com a
desistência do presidente Joe Biden.
Sua campanha arrecadou
mais de US$ 190 milhões em agosto, comparado com os US$ 130 milhões que Trump
arrecadou no mesmo período.
Agregados nacionais de
pesquisas de opinião pública monitorados pela BBC indicam que Kamala Harris
está na frente de Trump. Uma pesquisa divulgada pela CBS no domingo mostra a
democrata com 52% e Trump com 48%. No entanto, esses resultados mostram a preferência
nacional. Pelo sistema eleitoral americano, é possível perder a eleição mesmo
recebendo mais votos nacionalmente.
Em Estados
considerados fundamentais para ganhar a eleição, Harris tem uma liderança mais
apertada: de 51% contra 49%, o que é uma leve melhora em relação aos 50%
observados no mês passado, em pesquisa da CBS.
Outra pesquisa
divulgada no domingo pela NBC mostra Harris com uma vantagem de cinco pontos em
todo os EUA.
A pesquisa também
mostra que 48% dos eleitores registrados têm uma visão positiva dela, comparado
com 32% em julho — o maior salto registrado desde 2001, quando a popularidade
de George W Bush cresceu após os atentados de 11 de setembro.
Mas como outras
pesquisas, o levantamento mostra que Trump tem uma vantagem clara junto a
eleitores em alguns dos principais temas, como economia, custo de vida e
imigração.
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Senadores dos EUA tentam impedir o México de assumir controle de porto situado
na costa mexicana
Um grupo bipartidário
de senadores dos Estados Unidos está propondo legislação para pressionar o
presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador a recuar nos planos de
expropriar um porto e uma pedreira de calcário da empresa Vulcan Materials,
sediada no Alabama.
O projeto de lei, que
deve ser apresentado nesta segunda-feira (23) segundo a Bloomberg, impediria
que barcos que usam o porto, se apropriado pelo México, descarreguem ou recebam
reparos nos EUA ou em territórios como Porto Rico ou as Ilhas Virgens.
A nova medida pretende
tornar o porto, na costa caribenha do México, inútil para embarques ou
cruzeiros, de acordo com assessores do senador republicano Bill Hagerty, do
Tennessee, autor do projeto de lei.
Uma proposta
semelhante foi apresentada pela Câmara dos Representantes em maio deste ano,
relata a mídia.
"Condeno
veementemente as ameaças de López Obrador contra a Vulcan. Nenhuma nação ou
presidente, e especialmente um dos nossos maiores parceiros comerciais, deve
ter permissão para intimidar uma empresa americana sem consequências",
afirmou Hagerty.
Lopéz Obrador disse no
mês passado que seu governo estava passando por todos os processos legais
necessários para transformar a terra que a Vulcan possui e desenvolveu por
décadas em uma área natural protegida, o que a empresa alega ser ilegal e
equivalente à expropriação.
A Vulcan Materials é
uma empresa americana sediada em Birmingham, Alabama. Ela está envolvida
principalmente na produção, distribuição e venda de materiais de construção.
¨ Empresário dos EUA indica em que pode consistir o 'plano de paz'
de Zelensky
O sucessivo plano de
paz ucraniano de Vladimir Zelensky será novamente rejeitado pelo presidente dos
EUA, Joe Biden, declarou o bilionário norte-americano David Sacks.
"Zelensky veio
aos EUA para apresentar seu tão falado 'plano da vitória' ao presidente Biden.
No que isso consiste? Primeiro é a adesão imediata à OTAN. Segundo, ataques de
mísseis de longo alcance na Rússia. Em outras palavras, uma Terceira Guerra Mundial.
Biden já rejeitou ambas as opções. Esperemos que ele possa se lembrar por
quê", escreveu o empresário na rede social X.
A 79ª sessão da
Assembleia Geral das Nações Unidas teve início em Nova York no dia 10 de
setembro.
Anteriormente, a
revista The Economist escreveu que Zelensky e Biden se encontrarão no decorrer
deste evento. Segundo a notícia, esta será a última chance para Kiev convencer
Washington a mudar sua posição sobre o uso de armas ocidentais para atacar o território
russo longe do conflito.
Por sua vez, o
presidente russo Vladimir Putin declarou que ataques com mísseis de longo
alcance ocidentais aos territórios russos que estão longe da zona do conflito
significarão o envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os
ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.
Ele acrescentou que o
envolvimento direto dos países ocidentais no conflito ucraniano muda a natureza
das hostilidades e que a Rússia vai ser forçada a tomar decisões em
conformidade com essas ameaças.
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Crise no programa de
submarinos da Marinha é outro sinal do declínio do poder militar dos EUA
Em meio a uma série de
notícias negativas para a Marinha dos EUA, a crise de custos excessivos no
programa de construção de submarinos é o mais recente sinal do declínio dos
Estados Unidos como potência militar.
A produção de
submarinos dos EUA, quer para suas forças militares, quer para as forças
aliadas do Reino Unido e Austrália, é considerada essencial para uma eventual
guerra com a China na região do Pacífico.
"Em uma palavra,
estes programas estão em crise", disse o congressista Ken Calvert na
quinta-feira (19) em resposta à notícia de que o programa de submarinos da
Marinha está cerca de US$ 17 bilhões (R$ 93,6 bilhões) acima do orçamento, com
construções enfrentando atrasos de até três anos.
"Sem exceção,
eles estão ficando para trás", acrescentou. "Eles ficam cada vez mais
acima do orçamento. Se não houver uma intervenção já, eu tenho zero confiança
de que a construção naval da Marinha vá voltar ao caminho certo."
Calvert acusou a
liderança da Marinha, alegando que ela "tinha retido informações sobre
custos e atrasos" e alegando que seus "planos para resolver" a
crise na construção naval "são basicamente ilusórios". O legislador
observou que o serviço está comprometido a produzir dois submarinos da classe
Virginia por ano, mas tem tido dificuldades em construir uma média de 1,3
submarino por ano.
O congressista afirmou
que os oficiais da Marinha haviam escondido esta crise dos legisladores e do
público americano.
"É claro que a
Marinha e os construtores navais sabem sobre esse déficit há pelo menos 18
meses", disse o legislador.
A mídia europeia
relatou anteriormente que, desde que a frota naval chinesa está em expansão, os
EUA enfrentam novos contratempos na construção de submarinos e navios de
guerra.
Fonte: BBC News/Sputnik
Brasil
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