Nova onda de escalada entre o Hezbollah e
Israel: temos uma 3ª guerra à espreita? Analista responde
Completando quase um
ano, as tensões entre o Hezbollah e Israel entraram em fase crítica. Segundo
analistas ouvidos pela Sputnik, o momento beira um clima de Terceira Guerra
Mundial.
As Forças de Defesa de
Israel (FDI) afirmaram que, durante a noite de 21 de setembro e nas primeiras
horas do dia seguinte, cerca de 150 foguetes, mísseis e outros projéteis foram
lançados contra o seu território. Milhares de israelenses se abrigaram em abrigos
antiaéreos, enquanto casas foram destruídas perto da cidade de Haifa, no norte
do país.
Em resposta aos
ataques contra dispositivos de comunicação libaneses, o Hezbollah revidou. O
movimento xiita também afirmou ter atacado a base aérea israelense de Ramat
David, perto de Haifa.
À Sputnik, Michael
Maloof, ex-analista de política de segurança do Gabinete da Secretaria de
Defesa, afirmou, referindo-se à crescente hostilidade entre o Hezbollah e
Israel:
"O deslocamento
de pessoas é um grande problema para o governo israelense. É por isso que eles
decidiram agora deixar Gaza de lado e começar a expandir para o norte, porque
precisam tentar reabrir essa parte norte, muitos dos quais dizem que nunca mais
regressarão. Agora, o governo israelense precisa encontrar lugares e novos
locais para eles. Eles têm de pagar por isso, e isso está esgotando a economia
israelense."
"O Irã terá de
responder em breve porque o Hezbollah é, devo dizer, o Líbano, não apenas o
Hezbollah, mas o Líbano está sendo atacado agora com mísseis. Em breve será com
forças terrestres. São tropas vindo de Gaza e tanques rumando para o norte para
entrar no sul do Líbano", diz o analista.
Ele acrescenta que a
situação está se tornando cada vez mais arriscada. Não se trata apenas de um
acerto de contas. O conflito se intensifica diariamente e isso pressagia algo
muito sério.
"Eles [o
Hezbollah] ainda não lançaram seus mísseis de alta precisão, e é possível que
estejam planejando fazer na área de Haifa. Entendo que Haifa tenha sido
bastante atacada, mas todas as notícias foram escondidas", explica Maloof.
Atritos
Na segunda-feira (23),
Israel lançou uma série de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em áreas
residenciais do sul do Líbano. Milhares de famílias que fugiram dos bombardeios
ficaram presas em um engarrafamento que bloqueou a principal estrada para Beirute,
demorando mais de oito horas para percorrer uma viagem de menos de 80
quilômetros.
De acordo com o
Ministério da Saúde do Líbano, como resultado da agressão armada de 23 de
setembro, o número de pessoas mortas foi de 492, entre elas mais de 90 mulheres
e crianças, e o número de feridos ultrapassou 1.600.
Já na manhã desta
terça-feira (24), conforme ressaltou a mensagem da representante oficial do
Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, uma família inteira
de dez pessoas foi morta após outro ataque aéreo militar israelense no vale de
Bekaa.
Anteriormente, em 20
de setembro, a morte de mais de 50 pessoas foi o resultado da "operação de
força pontual" de Israel na forma de ataque aéreo em um bairro densamente
povoado em Beirute.
¨ 'Ataque de Israel ao Hezbollah é estratégia de alto risco'
Parece difícil
acreditar que faz menos de uma semana que dispositivos de comunicação do Hezbollah começaram a explodir em
todo o Líbano.
Os dias que se
seguiram representaram uma série de reveses catastróficos para
a temida milícia xiita apoiada pelo Irã.
Com suas redes de
comunicação interrompidas, combatentes mutilados, liderança assassinada e
infraestrutura militar sob constante bombardeio, o Hezbollah enfrenta a sua
pior crise em quatro décadas.
Agora, o ministro da
Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirma que a campanha está "se
aprofundando", como mostram as mortes - 558, segundo o governo do Líbano -
causadas pelos bombardeios israelenses desde a segunda-feira.
Mas é uma estratégia
de alto risco, na qual a capacidade de resposta do Hezbollah não pode ser
ignorada.
Com sirenes de alerta
soando constantemente em todo o norte de Israel, Gallant pediu à população para
"demonstrar compostura, disciplina e total obediência às diretrizes do
Comando Militar de Defesa Civil".
Vimos tudo isso na
mesma proporção quando visitamos a pequena comunidade de Givat Avni, a uma
curta distância a oeste de Tiberíades.
David Yitzhak nos
mostrou o local onde um foguete de 120 mm atravessou o telhado da casa da sua
família na hora do almoço na segunda-feira (23/9).
Como as sirenes de
alerta estavam soando, David levou a esposa e a filha de seis anos para o
cômodo seguro da casa, segundos antes da explosão.
"Um metro (de
distância) entre a vida e a morte", disse David, indicando a curta
distância entre o cômodo seguro e o buraco no quarto da filha.
Ele afirma que não
sente nenhuma animosidade em relação ao povo do Líbano, mas diz que o Hezbollah
iniciou a guerra sem motivo.
"Então, agora,
estamos retribuindo. E vai ficar tudo bem."
Mas Givat Avni fica a
30 quilômetros da fronteira com o Líbano, longe da zona de retirada de civis
estabelecida pelas autoridades há quase um ano.
Uma hora depois,
quando chegávamos ao Kibutz Lavi, na vizinhança, que abriga famílias
desalojadas do extremo norte, as sirenes soaram novamente.
Foguetes apareceram no
céu e, quando fomos conduzidos a um abrigo subterrâneo repleto de crianças e
suas obras de arte, ouvimos uma série de estrondos profundos e ressonantes.
Uma hora depois, mais
sirenes de alerta, outro cômodo seguro e explosões mais distantes.
O Hezbollah vinha
disparando foguetes contra Israel, mesmo antes da última escalada do conflito.
Mas agora uma faixa ainda maior do norte de Israel está na linha de fogo.
Tudo isso está
adicionando um senso de urgência às ações do governo.
Após uma reunião com
os chefes da Defesa, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse
que Israel estava mudando o equilíbrio de poder no norte.
"Estamos
enfrentando dias complexos", disse. "Não esperamos por uma ameaça.
Nós a antecipamos. Em qualquer lugar, em qualquer arena, a qualquer hora.
Eliminamos autoridades de alto escalão, eliminamos terroristas, eliminamos
mísseis."
Após terem tomado a
iniciativa, os militares de Israel parecem determinados a manter o Hezbollah na
posição defensiva, na esperança de concretizar o objetivo do governo de levar
de volta às suas casas os civis desalojados ao longo da fronteira norte.
Na manhã de
segunda-feira, deu um passo além, e ordenou aos moradores libaneses que
deixassem os locais onde acredita que o Hezbollah esconde suas armas mais
potentes.
As autoridades
militares mostraram aos jornalistas um vídeo de um ataque aéreo no qual Israel
afirma ter destruído um míssil de cruzeiro russo modificado, escondido dentro
de uma casa.
Em outra
"ilustração", eles apresentaram uma maquete em 3D da estrutura de um
vilarejo no sul do Líbano, repleto de armas e equipamentos escondidos.
A maquete e as
instruções para que os civis deixassem o local ecoavam os esforços de Israel
para explicar suas ações em Gaza.
Mas as autoridades
militares insistem que, diferentemente de Gaza, os alertas não significam que o
Exército esteja preparado para avançar no terreno no sul do Líbano.
"Atualmente,
estamos nos concentrando apenas na campanha aérea israelense", disse uma
autoridade de alto escalão na segunda-feira.
Parece que, por
enquanto, Israel vai ver o que consegue alcançar a partir do ar.
Um ex-comandante, em
entrevista ao Channel 12 de Israel, disse que, até agora, a Força Aérea tinha
mostrado apenas uma fração das suas capacidades.
Mas há um limite para
o que Israel é capaz de alcançar a partir do ar, mesmo que, como parece
possível, os aviões estejam prestes a devastar vilarejos inteiros.
Em algum momento, uma
invasão terrestre — por mais limitada que seja — parece inevitável.
Mas isso seria
sensato?
"Isso é
exatamente o que o Hezbollah quer", disse Jacques Neria, pesquisador do
Centro de Segurança e Relações Exteriores de Jerusalém, ao i24 News.
"Os moradores do
sul do Líbano são soldados do Hezbollah", disse. "E, assim, teremos
que lutar contra uma massa que não conhecemos, em condições
desconhecidas."
Em discurso na semana
passada, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, desafiou Israel a tentar criar
uma zona tampão (região considerada neutra, entre dois Estados em conflito) no
sul do Líbano, algo que o chefe do Comando do Norte de Israel estaria pressionando.
Tal esforço, ele
disse, teria "consequências terríveis" para Israel.
No momento, não há
sinal de saída diplomática.
Os esforços liderados
pelos EUA para neutralizar o conflito entre Israel e o Hezbollah foram por água
abaixo, assim como as negociações destinadas a garantir um cessar-fogo em Gaza
e a libertação dos reféns israelenses.
A lógica militar fria
— de ataque e contra-ataque — parece ter assumido o controle.
Esta não é uma batalha
entre iguais. Israel sabe que pode derrotar o Hezbollah.
Existe uma assimetria
completa no nível de destruição e sofrimento que cada lado pode infligir ao
outro.
Mas para onde vai o
conflito e até que ponto vai piorar antes de terminar, ninguém sabe.
<><>
Moscou afirma que 'a dramática deterioração da situação no Líbano é motivo de
profunda preocupação'
A Rússia condena
veementemente os ataques militares israelenses em grande escala contra o
Líbano, disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da
Rússia, Maria Zakharova.
"Condenamos
veementemente os ataques militares em larga escala contra o Líbano. Gostaríamos
especialmente de enfatizar nossa posição de princípio sobre a inadmissibilidade
categórica de ataques indiscriminados contra civis", afirmou.
Zakharova sublinhou a
necessidade de parar a espiral de violência antes que a situação fique
completamente fora de controle.
"Pedimos a
cessação imediata das hostilidades, o que evitaria mais derramamento de sangue
e criaria condições para que a situação se encaminhasse para um acordo político
e diplomático."
A representante
oficial do Ministério das Relações Exteriores russo destacou, ainda, que deve
ser feito "tudo o que for possível" para evitar que o Oriente Médio
mergulhe em um conflito armado de grande escala.
Ela reiterou que a
capital Moscou, inclusive, está pronta para coordenar parcerias, a fim de
evitar esse cenário catastrófico. "Acreditamos que a segurança de qualquer
Estado da região não deve ser garantida às custas de outros", acrescentou.
Na segunda-feira (23),
Israel lançou uma série de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em áreas
residenciais do sul do Líbano. Milhares de famílias que fugiram dos bombardeios
ficaram presas em um engarrafamento que bloqueou a principal estrada para Beirute,
demorando mais de oito horas para percorrer uma viagem de menos de 80
quilômetros.
De acordo com o
Ministério da Saúde do Líbano, como resultado da agressão armada de 23 de
setembro, o número de pessoas mortas foi de 492, entre elas mais de 90 mulheres
e crianças, e o número de feridos ultrapassou 1.600.
Já na manhã desta
terça-feira (24), conforme ressaltou a mensagem da porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores russo, uma família inteira de dez pessoas foi morta após
outro ataque aéreo militar israelense no vale de Bekaa. Anteriormente, em 20 de
setembro, a morte de mais de 50 pessoas foi o resultado da "operação de
força pontual" de Israel na forma de ataque aéreo em um bairro densamente
povoado em Beirute.
Fonte: Sputnik Brasil/BBC
News
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